quinta-feira, 31 de julho de 2008

duelo de TITÃS

DIA 09 DE AGOSTO NO CASULO ROCk BAR / BAR DA CRIS...

DUELO DE TITÃS E MORTAL KOMBAT DE FREESTYLE...

SHOW COM CARTEL DO RAP.
DISCOTECAGENS DE DJS.
APRESENTAÇÃO DA CREW CARTEL DO BREAK

terça-feira, 15 de julho de 2008

FANZINE 38 / JULHO DE 2008

NÓIS FUMO, MAIS NÓIS VORTEMO!!!!

Salve amigos e amigas, leitores do Fanzine do Cartel do Rap. O grande Raúl Seixas foi bruxo ao cantar: “não pense que a cabeça agüenta se você parar”. O Fanzine já está a seis meses fora do ar e a saudade é enorme. Nós da Banca CDR, amantes da informação, resolvemos fazer essa edição e pedir apoio de todos para que possamos dar continuidade ao nosso projeto. Vamos continuar com o tráfico de informação, na medida do possível, e os eventos da Banca também acontecerão, mas por enquanto em períodos maiores; de dois em dois meses vamos organizar eventos, para não deixar a chama do movimento hip-hop apagar-se. Essa edição do fanzine vem com novidades. Estamos estreando o quadro Idéia pra periferia, do meu irmão de hospício Mano Edo, poeta, b. boy, arte-educador e estudante de letras em Foz do Iguaçu. A Carol, após viagem à Curitiba, traz um ensaio fotográfico para as páginas do zine. A história do Cidadão José segue seu ritmo, dando continuidade a Novela da Vida Real, que ficou de molho por esses seis meses. Jão vive mais uma triste história, mostrando como o ser humano é cruel e egoísta. Viajamos para Campo Mourão e cobrimos pelo segundo ano consecutivo o evento Rap é o Som Festival onde se reuniu grupos de rap de todo o interior do Paraná. Vocês vão conferir nas páginas seguintes diversos outros textos, artigos e poesias e uma entrevista muito loka com o mano Will Capa Preta, de Curitiba. Ele que colou em Foz do Iguaçu na Conferencia Livre do Movimento Hip-Hop, me encontrou novamente em Curitiba, num Congresso da UJS e me cedeu essa entrevista. Eu estava sem gravador, fiz as perguntas em um papel e ele enviou as respostas por e-mail. Voltamos com o quadro Um Grafite e os grafiteiros da cidade podem mandar seu trabalho para ser publicado no fanzine. O grafite desse mês é do mano Santiago que já grafitou por toda a cidade com o pseudônimo de Woloco!!!

Envie-nos sugestões, participem, escrevam para o fanzine. Leiam, comentem, divulguem, tirem xérox, espalhem... Sua ajuda é importante. Quem desejar ajudar financeiramente o fanzine entre em contato pelo e-mail:
fanzinecarteldorap@hotmail.com

Precisamos de ajuda para tirar as cópias e toda a contribuição será bem vinda. O Fanzine do Cartel agora está na Web. Acesse nosso Blog e tenha acesso às outras edições e fique sabendo dos eventos que estão sendo organizados: www.fanzinecarteldorap.blogspot.com.
Agradeço aqui a todos os leitores que acompanham o fanzine e me cobraram a continuidade dele. Todos os que sentiram sua falta e todos os que respeitam esse corre.

Um salve especial para o Mano Hood, de Guarapuava, por divulgar os textos do Zine em seu programa de rádio. Mano Hood é locutor do programa Sintonia Hip-Hop, da Rádio Cacique AM 760 e Rádio 92 Fm. O programa vai ao ar todo domingo das 17:00 hs as 18:00 hs e das 22:00 hs as 00:00 hs. Sintonizem pela internet: www.radio92fm.com.br e
www.radiocaciqueam.com.br

Outro salvão especial para a equipe do site Megafone de Foz do Iguaçu, por divulgar na Net os escritores e poetas independentes de nossa cidade. Acessem o site do megafone: www.megafone.inf.br.
A favela chora a perda do Mano Fuinha de Santa Terezinha, assassinado no mês de junho. Vamos orar por ele, e que ele olhe por nós.

Mano Fuinha descanse em Paz!!!

Boa leitura a todos e fiquem na paz!!!

Porque esse mundo precisa de paz.

UM GRAFITE (Woloco).

ATÉ QUANDO? (Por Lizal)

Ultimamente ando muito distraído. Se eu estou lendo algo, minha mente desconcentra-se do texto e começa a lembrar de outros fatos. Eu estava lendo uma poesia do poeta polonês Zbigniew Herbert e ela me lembrou de uma triste realidade de nossa história que aconteceu aqui em Foz do Iguaçu. A poesia chama-se Cinco Homens e narra em seus versos: “Eles os levam para fora de manhã / para o pátio de pedra / e os botam contra a parede / cinco homens / dois muitos jovens / os outros de meia idade (...) quando o pelotão / ergue as armas / tudo se revela de repente / na luz invasiva do óbvio / a parede amarela / o azul gelado / o fio preto na parede / em vez de um horizonte (...) antes da bala chegar / o olho percebe o vôo do projétil / o ouvido capta um rumor metálico / as narinas se enchem de fumaça amarga / uma pétala de sangue roça o céu da boca / o tato se encolhe e depois afrouxa / agora eles estão caídos na pedra (...)”.
Parei no meio da poesia e comecei a matutar. Já ouvi história parecida. Depois me lembrei da chacina que aconteceu na favela do Monsenhor Guilherme há mais de uma década atrás. O crime aconteceu no dia 10 de outubro de 1997. Oito policiais e um delegado invadiram a favela, capturaram quatro jovens e executaram-nos encostados num muro. Um jovem de18 anos, dois de 17 e um de 16, foram assassinados covardemente.
Me revoltei, fechei a revista e fui dar um rolê. Quando voltei, fui ler outra revista e me deparei com um texto do Ferrez de nome: O Som do Silêncio. O texto dizia: “A ave não voa ao contrário, por isso sem meias palavras, nem frases bonitas. (...) A máquina do tempo não poupa sofrimento. Senta na cadeira, em frente à mesa, onde sua maior arma está. Muita calma nessas horas, é preciso colocar o colete à prova de bala antes de digitar. (...) Nós perdemos o orgulho, enchemos os bares, gritamos pros policiais que somos programados pra morrer. (...) Ouça o som do silêncio filho. É só acordar, lavar o rosto e descer pra favela, os ratos cinzas vão te dar geral, enquanto a Blazer passa batida, cheia de droga pra abastecer, então é nesse dia que o moleque se revolta, tapa na cara faz ele mudar de propósito. Onde tá a paz que a gente está plantando?”.
Nessa hora desconcentro-me do texto e fico pensando, me perguntando. Onde está a paz que eu plantei? Há tempo estou ouvindo o som do silêncio. A chacina do Monsenhor está completando onze anos e nenhum policial foi julgado. Continuam na ativa em Foz do Iguaçu, fazendo vítimas e saindo impune. Quantos protestos feitos pra nada. Quantas poesias, quantos textos? Quantas letras de rap? As leis continuam jogando contra o povo da favela. E nós continuamos perdendo de goleada, levando lé da justiça que é injusta e falha.
O Ferrez fecha o seu texto com a seguinte frase: “Bem aventurados os que atiram primeiro, porque num dá resultado a fala, então fala a bala”.
Eu continuo lutando com outras armas.
Mas, até quando?

TESTE PRA ENTRAR NA PM

Responda sim ou não.

1- Sua mãe é suspeita de furto. Você a penduraria e aplicaria uns choques pra ela confessar?
2- No supermercado, você vê a mulher com bebê no colo pôr uma lata de leite em pó na bolsa. Leva-a presa sem uma ponta de compaixão, porque ela não passa de uma vagabunda como qualquer outra?
3- O rádio avisa: assaltaram uma loja. Passam três rapazes “suspeitos”, dois brancos e um negro. Você só consegue acertar um, então acerta o negro?
4- Você e um colega, fardados, estão bebendo em serviço; dois moços chegam ao bar e um deles comenta com o outro que isso não está certo: você e o colega ouvem e dão um “esculacho” neles, principalmente no “abelhudo”, certo?
5- Você reconhece a bordo de um carro de luxo o magnata que adulterou leite em pó das cestas básicas: chama-o de doutor e abre passagem dizendo de si para si que aquilo é com a Polícia Federal. Concorda?
6- Na favela, em caso de suspeita, primeiro atirar, depois perguntar: é a atitude correta?
7- Um garoto de 15 anos é acusado de roubo. Sua equipe chega à casa humilde de madrugada. Sem mandado, vocês entram berrando, lincham o menino em seu quarto, na presença da mãe e da irmã. Vocês agiram como bons policiais, porque não passava de um vagabundo, perfeito?
8- Um assaltante foge pelo túnel do metrô e aparece na estação central, lotada, há velhos, mulheres, crianças. Você saca o revólver e inicia o tiroteio, pondo em risco centenas de inocentes. Não faz mal, a polícia está acima de tudo, sim ou não?
9- Hoje em dia quase todo o mundo fuma seu baseadinho, inclusive em bairros nobres. Mas temos de ser contra a liberação, porque vamos perder um belo motivo de flagrante nas periferias, correto?
10- Direitos humanos para os humanos direitos eis a máxima que nos guia: bandido bom é bandido morto, positivo?

Se você respondeu “sim” às 10 questões, preenche os requisitos: será um peeme com louvor.
De 7 a 9: um dia você chega lá, caso se esforce tem que endurecer e jogar a ternura no lixo.
De 3 a 6: você precisa livrar-se dos complexos de culpa que o impedem de ser mais agressivo.
De 1 a 3: caso difícil. Quem sabe você consiga um serviço burocrático, tocar na banda da corporação.
Respondeu “não” a todas: caso perdido. Tente filosofia, poesia, trabalhos braçais, você é um reles humanista.

(Fonte: Coluna Enfermaria de Mylton Severiano revista Caros Amigos, n° 135).

UMA ENTREVISTA

Salveeeeee!!! O Fanzine do Cartel do Rap presenteia a favela com essa loca entrevista com o mano Will Capa preta, de Curitiba, Paraná. Oilson Antonio Alves (Will), 31 anos, natural de Água Doce, cidadezinha do interior de Santa Catarina, mudou-se para São Paulo ainda criança e hoje mora em Curitiba. Como toda criança pobre de periferia, já sofreu muitas mazelas: morou na rua, passou fome, apanhou da polícia... Conheceu o Movimento Hip-Hop em 1989 e completou em 2008, 17 anos de correria por essa cultura. Hoje faz parte de diversas organizações: FRF (Frente Revolucionária das Favelas), Associação 4 Elementos, Nação Hip-Hop Brasil e é candidato a vereador em Curitiba.


Z - Como foi a sua infância?

Will - A minha infância foi como a maioria dos irmãos negros ou pardos pobres do Brasil que nasceram e tiveram o inicio da sua infância no final dos anos 70 e inicio dos 80, ou seja, em um momento onde o Brasil estava ainda respirando o período da ditadura. De um lado a classe média sufocada pelo regime militar que proibia setores jovens de manifestar seu pensamento político, do outro lado os negros que não tinham nenhum direito constituído e respeitado. A minha infância até os dez anos foi marcada pela desestruturação familiar, e muita fome. Eu acredito que apesar do sofrimento de ver a minha mãe sendo espancada todos os dias pelo meu pai, carregando um sentimento de impotência, que só foi parcialmente superada quando eu atirei um copo de vidro em cima do olho do meu pai, para salvar a minha mãe que tinha uma faca pressionada no seu pescoço. Apesar desses acontecimentos, tive uma infância criativa, típico de criança da minha idade. Com 8 anos de idade fui preso inocentemente pela primeira vez e torturado pelo delegado da cidade, acusado de ter roubado um relógio de um menino da mesma idade que eu, a diferença que ele era rico e branco, e eu pobre e preto. O delegado me bateu com um arreio de cavalo e com muito ódio nos olhos. Apesar dessas circunstâncias eu sempre desenvolvi alternativas de sobrevivência, desde catar frutas silvestres, escalar pinheiro para derrubar pinha, e depois vender pinhão na cidade, roubar melancia e galinha da roça dos italianos, e vender maçã do amor no circo, quando visitavam a cidade. Posso dizer que eu e meus coleguinhas, todos pobres como eu, tivemos uma infância bem alimentada graças à natureza. Nós vivíamos caçando algo para comer e tomando banho de rio, afinal em casa não tinha comida e nem água encanada. Tudo isso aconteceu até os meus 10 anos de idade, quando minha mãe foi embora eu não vi mais nenhum sentido de continuar vivendo com o meu pai. É daí que começa o segundo capitulo da minha infância, “A Rua”, muito frio, muita fome, muita droga e sofrimento. Uma viagem de Água Doce até São Paulo, de uma pequena cidade de 10 mil habitantes para uma das ruas mais caóticas do mundo, fria e sem sentimento. Como cheguei em São Paulo? R: Trabalhei para um vendedor de abacaxi, com um caminhão Chevrolet velho, esse foi o meu passaporte.

Z - Como se deu seu envolvimento com o Hip Hop?

Will - Então eu tenho isso muito marcado e forte na minha vida. Em São Paulo eu era menino de rua, morava na Praça da Sé. Fazia parte de uma gangue de molecada, todos com corrente de cachorro no pescoço. Nós pedíamos dinheiro para comer, as vezes fazíamos uns “cavalo loko” nas velhinhas que passavam pela praça, ou ia procurar comida dentro das latas de lixo dos restaurantes. Tínhamos um tempo para fazer tudo, porque as 8:00hs começa os desenhos do programa da Xuxa. Não podíamos entrar na loja, então ficávamos na vitrine do lado de fora, tentando adivinhar o que os personagens diziam, porque o áudio era sempre desligado pelo gerente da loja. Em um dia desses eu vi um vídeo clip, com uns negrão cantando com muita raiva, cheios de correntes no pescoço, então comentei com um camarada, olha esses caras são como nós. Eu não sabia o que eles estavam fazendo, muito menos que aquilo era rap. Passado dois anos vim saber que aqueles negros com aquelas correntes eram o Public Enemy. “Aí meu já era, tudo dominado.” Nessa época eu tinha uns 12 anos de idade, ou seja em 1989, mas somente com uns 14 anos eu conheci (ouvi) os primeiros rappers nacionais, Thayde e Racionais. Mas somente com 16 anos comecei a entender a filosofia do Movimento Hip Hop e desenvolver a minha militância.

Z - Você faz parte da F.R.F (Frente Revolucionária das Favelas), é uma organização do Hip Hop? Em que área atua?

Will - Eu sou o idealizador da F.R.F, e acredito que deve ser uma organização não só do Movimento Hip-Hop, mas de todos os moradores de favelas, periferias e cortiços do Brasil. Eu parto do princípio de que ninguém cria ou constrói nada sozinho, nós precisamos sempre que outras pessoas sintam a necessidade de mudança, enxergar a sua própria realidade. Todos os Movimentos Sociais que surgiram no Brasil, a exemplo do MST, e agora com a FRF que tem a sua bandeira, construída aqui no Paraná, foram criados partindo de uma necessidade. Hoje o MST tem frentes no Brasil inteiro e desenvolvem um trabalho fundamental na luta pela Reforma Agrária. O mesmo queremos da FRF, o MST não tem o dever de sair do campo para promover a Reforma Urbana na cidade. Essa luta nos compete. Muitas pessoas acham que o Hip-Hop é um movimento simplesmente para ser artistas de periferia, mas esquecem que temos muitas outras necessidades básicas como moradia, trabalho, saúde, escola e qualidade de vida. A FRF vem para direcionar as lutas da periferia, mudar a visão do povo de que apenas os prefeitos das cidades e a burguesia mandam na cidade e dizem como e onde devemos morar. Queremos morar nas áreas que permitam uma maior mobilidade e acessibilidade a cidade. Não queremos mais ser empurrados para longe dos centros das cidades, apenas para os playboys construírem seus condomínios de luxo, seus shopping center. Vamos lutar pela Reforma Urbana, ocupar prédios e terrenos que não estejam desempenhando sua função social. Pressionar os prefeitos das cidades para elaboração de políticas públicas e investimentos pesados em moradias no sentido de suprir o grande déficit habitacional no Brasil inteiro.

Z - Qual é o envolvimento da FRF com a Nação Hip Hop Brasil e com outras organizações sociais?

Will - Tudo, e sou um militante da Nação Hip Hop Brasil. No final de 2006 teve um encontro nacional da Nação Hip Hop em Belo Horizonte. Eu apresentei essa bandeira para o Aliado G, ele não entendeu muito bem, pensava que era uma espécie de ONG igual a muitas outras. Então depois de muita conversa ele entendeu. A FRF é muito maior do que imaginamos, sabemos que teremos muitas dificuldades como ataques de setores conservadores, da burguesia brasileira, porque vamos meter o dedo na ferida. Temos um projeto de reconstrução da cidade para atender a todos, mas muitas pessoas não vão aceitar que o povo da periferia decida o seu destino, isso pode soar como uma grande ousadia para eles, mas para nós será a garantia dos nossos direitos, na forma de pressão popular. Nós temos apoio dos principais Movimentos Nacionais que trabalham diretamente com as questões de moradias como MNLM, CMP, CONAN, UMP, e outros movimentos. A maioria deles são compostos pelos próprios moradores das favelas, mas acreditamos que a FRF pode trazer a juventude e fortalecer a rebeldia das lutas populares.

Z - Como é a cena do Movimento Hip- Hop Curitibano hoje?

Will - O Hip-Hop Curitibano tem muitas coisas boas como por exemplo o Expresso da Rima, que há 4 anos organiza eventos, no coração de Curitiba, onde vários grupos se apresentam. Mas é importante ressaltar que não temos apoio de nenhuma estrutura do governo, seja Secretariaou Fundação Cultural. Hoje temos em Curitiba aproximadamente 200 grupos só de rap, o mais importante de tudo é que cada grupo tem características próprias. Mas de outro lado temos um grande problema com o inchaço do Hip-Hop. Temos muitos adeptos, mas na mesma proporção vários alienados, muitos se vestem como se fosse do Movimento, ou seja, calça larga, bombeta, peita de grupos de rap como Racionais, Facção Central, Sabotage, mas não entendem nada e não conhecem a historia do Hip-Hop. Hoje nosso problema não é fazer o Movimento Hip-Hop crescer, mas dar conta dos que já fazem parte, politizar e formar novos militantes.

Z - A CUFA (RJ) tem um núcleo em Curitiba? Qual é a ajuda dessa organização no Movimento Hip-Hop Curitibano?

Will - A Cufa, todos sabem, é uma ONG. O seu fundador é ex policial da Rota de São Paulo, o Celso Athaíde. Todos nós sabemos o que a Rota representa para os mano de São Paulo. O Mv Bill é um músico, um puta músico, mas é apenas um mascote da Cufa. Na verdade quem comanda essa entidade são pessoas que não tem nada haver com o Hip-Hop. Em Curitiba é o Davi o responsável, mas a sua equipe vai de universitário, professor de capoeira, a qualquer um que gosta de tudo que aparece na Globo. Em Curitiba só piorou porque eles tentam comprar tudo sempre dizendo que tem muito dinheiro, os manos cabeça fraca cresce o olho e “vão cegos de joelhos”. A Cufa não é um Movimento Social, apenas entrega a favela de bandeja para a Globo. Por fim quando alguém fala com entusiasmos da Cufa em Curitiba vira piada... (Risos).

Z - O que o Hip-Hop significa para você?

Will - Porra irmão muitas coisas. Não é algo tão simples, eu canto solo e todos me conhecem por Will Capa Preta, tenho muito respeito pelo Movimento Hip-Hop, porque tenho certeza que se não tivesse o encontrado, eu já não estaria mais vivo. O Hip-Hop para mim vai além do imaginável, é transcendente, é onde eu busco a minha força e orientação para a vida. Eu devo muitas coisas para o Movimento e não aceito a falta de compromisso de alguns rappers preocupados apenas com dinheiro e fama, mesmo porque tenho uma outra visão do Hip-Hop. Eu acredito muito no potencial transformador. Gostaria que todos se sentissem como guardiões desta Expressão Sociocultural.

Z Hip-Hop e Política... É a “mão e a luva” ou “água e óleo?

Will - Lógico que é a mão e a luva, nós temos que entender que existe política em tudo que fazemos, a nossa própria relação em casa com a família. Quando acaba o gás por exemplo e você tá desempregado, não tem dinheiro, tudo que passa pela cabeça nesse momento é como fazer para resolver o problema. Como e com quem vai conseguir dinheiro, você vai emprestar, vai fazer um assalto, ou comprar fiado? O processo de convencimento do amigo ou mesmo o dono da empresa de gás a vender fiado, é política. Tudo que inclui planejamento e estratégia é política. Acontece que na política convencional nós é que sempre estivemos distante. A rejeição pela política por parte do povo se deve ao fato que deixamos sempre os nossos destinos nas mãos daqueles que sempre nos exploraram. Analisando de forma mais crítica fica fácil saber por que nada muda para nós, não é verdade? Temos que construir uma unidade de força popular, fortalecer os irmãos do próprio Movimento Hip-Hop, e começar a disputar esses espaços de poder econômico, não para si mesmo, mas para o coletivo. Nós temos capacidade de conquistar muitas coisas, mas da forma que fazemos é errada, não representamos uma ameaça de fato para ninguém. Se quisermos estabelecer as nossas conquistas somente da forma que o sistema nos empurrou, já sabemos qual será o nosso fim. A revolução precisa de financiamento e devemos brigar pela fatia do mercado econômico, que por muitos anos está na mão dos nossos inimigos. E o que eles não querem que saibamos, é que a Política é o caminho mais rápido e fácil para nossa ascensão.

Z - Em Curitiba tem o prêmio de Hip-Hop chamado 5 Elementos. Qual a importância deste prêmio e do Hutus?

Will - Na verdade o premio 5 Elementos não existe mais, eu poderia dizer que era uma coisa boa, mas não foi. O premio 5 Elementos fazia parte de uma vaidade individual, eram sempre os mesmos que ganhavam e acabou caindo na rejeição dos irmão. Eu particularmente no início achava legal, mas depois percebemos que só dividia a rapaziada, depois não acho que alguém pode julgar se essa musica é legal, ou aquela é ruim. Cada irmão escreve música da forma que vê o mundo. Sobre o Hutus a minha visão é a mesma, perdeu a essência e acabou premiando sempre os mesmos.

Z - Finalizando, deixe uma idéia pros leitores do fanzine.


Will - Eu gostaria de elogiar o seu Fanzine que é uma iniciativa extremamente importante, é um material alternativo que chega aonde os meios de comunicação convencional não chegam. A prova disso é que eu conheci o trabalho do Lizal e a cena do Movimento Hip-Hop de Foz do Iguaçu pelo seu Zine. Eu não sou muito bom para conselho, mas gosto de por o meu ponto de vista. Eu acho que a rapaziada do movimento Hip-Hop precisa ampliar o seu conhecimento, somente assim vamos ser ouvidos, temos que ter conhecimento de causa e ousadia. As iniciativas como essa que veiculam informações verdadeiras e críticas fortalecem mais elementos para a conscientização e mobilização da juventude. Quero mandar um abraço para todos os irmãos que conheci em Foz, e dizer que temos que trabalhar em sincronia afinal o Movimento Hip-Hop não tem Fronteiras.

Mais um Cidadão José, Cap. 28

Mais um Cidadão José, Cap. 28

José sentou-se nos tijolos no chão, cumprimentou os malucos e ficou em silêncio. Havia mais de trinta pessoas na casa. Alguns desconhecidos para ele. “Deve ser os loko que trampam no outro turno” pensou. Quem começou a reunião foi o Mano Branco, pois o Mano Gê ainda não havia chegado. Dois malucos seguraram um mapa aberto na parede, e ele com uma régua na mão começou a explicar novamente a rota do tráfico. Dessa vez o mapa trazia mais detalhes e alguns dados. A quantidade de droga, armas e contrabando que passam aproximadamente por toda a fronteira. Em outro mapa mostrava todo o trajeto do Rio Paraná e os futuros portos clandestinos que serão abertos. Disse quantos homens trabalharão em cada região somando um total de 400 loko, 50 em cada porto. Quando o Mano Branco falava, seus olhos brilhavam cifrões. Um maluco bolou um baseado e começou a fumar. Outro acendeu um cigarro. Logo tinha vários lokos fumando e a fumaça tomou toda a casa (tipo nas reuniões de Marx, Engels e Bakunim, quando trabalhavam num jornal clandestino e reuniam-se em uma pequena sala). Mas a revolução ali era outra. Dali não sairia as escrituras do Manifesto Comunista. Não sairia as idéias anarquistas de Bakunim. Dali não sairia homens espalhando a ideologia socialista. Jornais independentes distribuídos clandestinamente. Cartazes colados nas paredes das fábricas. Muros pichados com frases revolucionárias. A conversa era outra. Dali sairia armas de destruição: toneladas de drogas pra abastecer esse gigantão chamado Brasil. Metralhadoras, granadas, revólveres de diversos calibres e munição que não acaba mais (carro sem gasolina não anda). Quando o Estado é falho, o crime se organiza e José, o simples cidadão José, caiu de pára-quedas. O destino é frio e calculista e faz tricô com a vida dos malucos. Se o seu caminho não é bordado a fé, você pode cair numa das armadilhas desse jogo mortal. Ali estava José, sem estudo, sem escudo, sem proteção e com duas opções: Se apoiar nessa nova família e buscar um cargo no mais alto escalão do tráfico, quem sabe viajar e conhecer outros países da América Latina, Colômbia, Bolívia; ou poderia abandonar tudo e se exilar em outra cidade, se mocosar numa cidadezinha do interior e tentar vida nova, trabalhando na roça.
Um carro estaciona próximo dali e interrompe seus pensamentos. O som estava ligado e a música alta atrapalhou a reunião. A música atravessou as paredes de madeira e os loko puderam ouvir: “revolução, vem do coração / preste atenção, se liga ladrão”. Os malucos saíram pra fora pra ver quem estava chegando. O som tava bem alto, o porta mala aberto mostrava as cornetas e os alto-falantes novos que o Mano Gê tinha colocado em seu carro. Em um canto ele conversava com um chinês e a música continuava: “Entre as dez mais violentas do Brasil, Foz ta na fita / E se tu se orgulha disso a sua estupidez me irrita / Campeã da venda de maconha coca e brita / Sempre no disbaratino se não a PIC complica / Ladrão de apetite por aqui tem de monte / Tipo aqueles que ganharam o Banco do Brasil da ponte (...)”.
- Carái!!!! Que sonzêra!!! disse um maluco que segurava um baseado. - É o som daqueles malucos que cantaram aqui na quebrada aquela mão, no show do rap. Lembra? Falou outro maluco.
- Do show eu lembro, do som não, eu tava muito chapado. Ahahahah...
- Então você tava normal. Ahahahahhaah.
Mano Gê desligou o som, entrou na casa e fez um gesto pedindo pros malucos entrarem. Dois lokos que estavam com ele trouxe uma caixa cheia de envelopes e colocou no chão. O chinês ficou no carro. Mano Gê tirou uma quadrada prateada da cintura e colocou sobre a mesa. De dentro da caixa tirou um livro: A Arte da Guerra, de Sun Tzu. Leu em voz alta um trecho do livro:
- A guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso manejá-la bem. Não refletir seriamente sobre tudo o que lhe concerne é dar prova de uma culpável indiferença no que diz respeito à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e isso não deve ocorrer entre nós.
Enquanto falava, estufava o peito, como um general a exibir suas medalhas.
- Na guerra vocês tem que ser rápidos como o trovão, que retumba antes de que possam tapar os ouvidos e velozes como o relâmpago que brilha antes de que possas piscar.
Largou o livro e ergueu a caixa com os envelopes sobre a mesa. Continuou a falar:
- Os guerreiros superiores atacam enquanto os inimigos estão projetando seus planos. Logo desfazem suas alianças. É imprescindível lutar contra todas as facções inimigas para obter uma vitória completa, de maneira que o beneficio seja total. Esta é a lei da estratégia.
Continuou a falar e dessa vez olhando fixamente para o Mano Branco.
- Para o êxito positivo de uma batalha é imprescindível a ajuda de espiões. Os espiões devem fidelidade total aos seus generais. Se algum assunto de espionagem seja divulgado antes que o espião seja informado, este e o que o divulgou deve ser eliminado.
Após declarar isso, acenou com a cabeça para os dois rapazes que estavam aoseu lado e eles foram até o Mano Branco. Seguraram ele pelo braço e saíram porta á fora seguindo à caminho da barranca. José não botava fé no que estava acontecendo. Logo o Mano Branco que era o seu truta de trampo mais chegado. E se estava fazendo aquilo com ele, que era de confiança, imagina o que poderia fazer com os demais.
- Trairagem não será tolerada nesse exército. Todos aqui são importantes, mas ninguém é insubstituível. disse Mano Gê, com tom ameaçador.
Quando acabou de falar, ouviu-se quatro tiros seguidos, fazendo eco lá na barranca do rio. O corpo de José estremeceu, uma lágrima quis sair de seus olhos, mas ele a conteve, para evitar desconfianças. O Mano Gê, com a ajuda dos dois malucos que voltaram, distribuiu um envelope para cada pessoa presente na reunião. Pediu para que prestassem bem atenção que não explicaria uma segunda vez.
- Nossos inimigos são esses que estão dentro desses envelopes. Quando zerarmos eles, não teremos mais preocupações, o caminho estará aberto para executarmos o nosso plano. O controle do tráfico será nosso e será o fim da miséria. Dentro de cada envelope tem todas as informações sobre a pessoa que vocês terão de zerar. Nome, endereço, telefone, local de trabalho, fotos, locais que freqüentam, horários etc... Tem também uma quantia em dinheiro de 3.000 reais para poderem executar o serviço com segurança. Das 40 pessoas que teremos que dar fim a princípio, 6 são policiais. E quem teve a sorte de pegar o envelope que está um gambé, depois do serviço feito vai ganhar uma gratificação extra de dois mil reais. O prazo pra fazer o trabalho é de 15 dias. Boa sorte pra todos.

(Lizal. Na próxima edição, mais um capítulo)

Idéia Pra Periferia (Mano Edo)

Um salve para todos os guerreiros e guerreiras do movimento Hip-Hop de Foz e região. Esta é uma nova coluna que está sendo iniciada no Zine do Cartel do Rap. Agradeço a Deus e a todos por participar compartilhando com a Cultura de Rua.

Idéia do bairro (Por: Mano Edo)

Num dia de tempo nublado na favela da Morenitas II, região do Porto Meira, periferia de Foz. Dois meninos, quando andavam, falavam de pescaria. E como o tempo estava nublado resolveram tentar pescar em uma valeta que passa pelo meio da favela, que no caso seria em frente à casa de um dos meninos que resolvera pescar. Os barracos que se pode observar ali são de alta escassez, um verdadeiro “Castelo de Madeira” sem estrutura e qualidade de vida. Porém o meio nos influência a morar em lugares como esses, além de tudo, como a violência que está estampada em diversos habitantes da localidade. Momentos de martírio e discriminação como preconceitos de classes sempre há em lugares como este. Os dois meninos foram então até onde se localiza um terreno que a Prefeitura administra que é o Horto Municipal de Foz do Iguaçu, para solucionar o problema arrancando minhocas para começarem a pescar. De enxadas na mão de um menino com o nome de Gustavo e a lata para apanharem as minhocas na mão do outro menino de apelido Gugu, morador da favela desde quando fora invadida. Quando o tempo começou a garoar Gugu disse para o Gustavo andar rápido para que eles conseguissem chegar a casa de Gugu para pegar uma outra lata, porém, maior um pouco, que é para colocarem as morenitas, tilápias, mussuns e lambaris quando pescarem. Saindo da cerca do terreno do Horto um menino que passava com um cavalo cavalgando ficou olhando os dois meninos saindo do Horto com a lata e a ferramenta que ajudou a arrancar as minhocas. Gustavo fixou os olhos para o cavaleiro infantil e expressou que um sonho dele era conhecer as Cataratas à cavalo e também conhecer o rio Paraná para pescar. Até no momento Gustavo apenas conhecia cavalo olhando, nem na escola ele nunca havia escrito a palavra cavalo. Repetente de anos de séries na escola, o que dominava era os pequenos peixes que pescava quando tinha sorte, e ainda na angustia, de ficar com fome quando não havia sorte.

TRABALHO SOCIAL:

Como o Cartel do Rap já há anos vem fazendo sucesso como Cultura em Foz, o Mano Edo, camarada dos irmãos do movimento, também está fazendo a sua parte em parceria com o Cartel do Rap. Em determinadas reuniões da organização foi fundada a CREW de Break da banca: CARTEL DO BREAK, onde as aulas estão sendo praticadas na Casa Branca, ministradas pelo Arte-educador Mano Edo. A luta continua: a Crew Cartel do Break com propostas em forma de projeto consegue conquistar mais um espaço para fortalecer o elemento break em Foz, desta vez no ColégioGustavo Dobrandino da Silva, com a autorização da diretora Maria. E as oficinas de break na SCNSA (Sociedade Civil Nossa Senhora Aparecida) no projeto CAIA (Centro de Atenção Integral ao Adolescente) estão na ativa já faz um ano. Para a banca e os interessados em aprender um pouco da verdade do break ou ser um b.boy ou b. girl as aulas tem início às 14:00 hs e término às 16:00 hs, nas quartas feiras e nos sábados. Entrem em contato: 91067734

(Mano Edo é poeta, b. boy, arte-educador e estudante de letras em Foz do Iguaçu).

Poesias e Pensamentos

Crime Imperdoável

Com sua filha de bondade infinda,
Maria Rita, encantadora e bela,
Morava a viúva dona Carolinda,
Junto ao engenho do senhor Favela.

Paciente e boa e cheia de carinho,
Passava os dias sem pensar na dor
Reinava ali, naquele tosco ninho,
Um grande exemplo do mais puro amor.

A linda jovem, flor de simpatia,
De olhos brilhantes e cabelo louro,
Além de arrimo e doce companhia
Era da mãe o virginal tesouro.

Tinha uma voz harmoniosa e grata
Maria Rita, a filha da viúva,
Igual a voz do sabiá da mata,
Quando êle canta na primeira chuva.

Maurício, um filho do senhor do engenho,
Um estudante, bacharel futuro,
Apaixonou-se, com o maior empenho
De saciar o coração impuro.

E com promessas de um porvir brilhante,
Fazendo juras de casar com ela,
Tanto insistiu o traidor pedante
Que conquistou a infeliz donzela.

Tornou-se em pranto da menina o riso,
Anuveou-se o doce amor materno,
Aquêle rancho, que era um paraíso,
Foi transformado em verdadeiro inferno.

Depois, expulsas pelo mundo afora,
Sorvendo a taça de amargo fel,
Soluça a mãe e a triste filha chora,
Horrorizadas do chacal cruel.

Vive o monstro a prosseguir no estudo,
Enquanto o manto da miséria as cobre,
Porque só o rico tem direito a tudo,
Não há justiça para quem é pobre...

(Patativa do Assaré)


De tudo
Compartilharei com meu amor,
desde as mais secretas confidências
até os mais singelos elogios,
desde os mais insistentes pigarros,
até, os mais barulhentos escarros.

(Marcus)



Mesmo que aumente

Mesmo que aumente a dor da ferida,
Remédio haverá que a cure.

Mesmo que perdurem os dias de prisão,
Dia virá em que seremos livres.

(Siddîq Turkistânî)


ROMEU E JULIETA

Romeu era cego,
Mas quando conheceu Julieta
Foi amor à primeira vista.
Julieta enxergava bem,
Mas ficou cega de amor
Quando viu Romeu.
Nos becos e vielas
Não se fala de outra coisa:
A história de Shakespeare
Na versão da favela.
Ah, as famílias que eram contra,
Se mataram com o veneno
Da inveja.


(Sérgio Vaz)


(f) ODE A FOZ

Foz feia / Foz fascinante
Foz fétida / Foz fraterna
Foz fulêra / Foz fiel
Foz falsa / Foz fina
Foz falida / Foz formosa
Foz fiasquenta / Foz faceira
Foz fedorenta / Foz famosa
Foz fajuta / Foz feliz
Foz facínora / Foz favela

(Lizal, Foz)

Poema da morte

Tomem meu sangue.
Tomem meu sudário e
Meus restos mortais.
Tirem fotografias de meu cadáver
na cova, solitário.
Espalhem-nas pelo mundo,
Entre os juízes e
Pessoas de consciência,
Entre os homens de princípios
e os justos.

E que eles arquem com o fardo culposo,
perante o mundo,
Desta alma inocente.
Que arquem com o fardo,
perante seus filhos e a História,
Desta alma desperdiçada, impoluta,
Desta alma que sofreu nas mãos dos
“protetores da paz”.

(Jum'ah Al-Dûssarî)

Desperte!

Do silêncio dormente
Da voz que se cala
Do vazio da mente
E da fome que abala.
Abra a boca que já não fala,
Abra os olhos
Do corpo que rala.

(Carol, Foz)


A SAFRA

Em meu quintal
Na minha horta
Plantei uma semente
Brotou uma planta
Continuei a plantar
Plantei um pé de rosa
Nasceu uma roseira
Com lindas rosas
E também plantei uma casa
E nasceu um lar unido
Plantei a amizade
E nasceu uma amizade e tanto
Semeei a alegria
Germinou a felicidade
Plantei um tijolo
Nasceu uma cidade
Plantei a ignorância
Brotou a violência
Plantei uma desgraça
Nasceu a miséria
Plantei a sabedoria
Nasceram as tecnologias
Na minha horta
Tudo aquilo que plantei
Tanto hoje como amanhã
Vamos colher

(Edson de Carvalho, Foz).

ENSAIO FOTOGRÁFICO (Carol)

Sobre a importância de nos verem fracos.

“Todos Juntos Somos Fortes Não Há Nada A Temer” (Chico Buarque)

Nós somos tão pequenos e inseguros que não confiamos na nossa força. Mas, ao mesmo tempo, somos tão grandes e imponentes que não conseguimos medir nossos passos. Nessa nossa dualidade, deixamos que um ventinho tolo e individualista apagasse nossa chama sem questionar. Nosso fogo, então, frágil e sem luz foi perdendo a força que tinha para resistir a imposições violentas e hipócritas. Nesta terra fria e apagada, que aprendemos a aceitar, muitas diferenças são inexplicáveis e inaceitáveis. São diferenças que nos agridem, porém não lhes atribuímos o nome de violência-palavrinha com um conceito bem amplo.

Para Pierre Bordieu, Sociólogo Francês, a violência pode ser conceituada como todo e qualquer ato de coerção de uma força sobre a outra, sem que seja percebida como tal por estar inserida nas tramas de relações de poder naturalizadas. Como, por exemplo, as pessoas que não podem assumir o que são; pessoas que são discriminadas pela sua cor; quando nos obrigam a ouvir e calar; se nos são negados subsídios básicos de sobrevivência como saúde, educação, moradia e cidadania. Quando nos ferem com sua selvageria, nos mostram como somos fracos e aceitando essa idéia não vemos soluções para nossos problemas.

Contudo, qual o interesse para nos verem apáticos e sem mobilidade? Eu penso que se nos chamam de fracos é por que sabem da força do nosso punho. Se nos chamam de incapazes é porque sabem da nossa capacidade de organização. E se somos tudo isso por que tanto medo? Eles sabem que vai chegar a hora em que cansaremos de ver as crianças nas ruas, que cansaremos de ser desrespeitados, que cansaremos de ficar pedindo esmola e que, finalmente, descobriremos a grandeza da nossa existência e da nossa importância na construção de um mundo mais justo.

(Carol é estudante de letras em Foz)

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ensaio Fotográfico (Carol)




Ensaio Fotográfico (Carol).





óIA sÓ (Por Lizal)

óIA sÓ!!! Por: Lizal

O evento Rap é o Som Festival, que reuniu nas suas duas edições em Campo Mourão, grupos de rap de todo o Interior do Paraná, é o Fórum Social Mundial do Rap do Interior Paranaense.

(Salveeeeeeeeeeee!!!!).


OPERAÇÃO FOZ SEGURA 1:

Dois manos caminhavam tranquilamente pela Praça do Mitre quando ouve os policiais que estavam desencadeando mais uma Operação Foz segura.
- Atenção seus vagabundos!!! Mãos no cavalo!!!

(Pedrêra...)
Pergunta:
- Pra que serve a faixa de pedestre?
Resposta:
- Pro povo ser atropelado.

Pergunta:
- Pra que serve os telejornais?
Resposta:
- Pro povo ser enganado.



Hoje em dia é correria; só dá loco pra cima e pra baixo, pra lá e pra cá, igual charuto em boca de bêbado. E ainda sobra tempo pra ficarem 4 horas na internet.

(O sistema é frio e calculista; a brecha que a Tv deixa, o Computador preenche).


ESCREVEU FREI BETTO:

“Cidadania rima com Democracia. Neoliberalismo rima com Egoísmo”.

(Betto rima com Correto).


Música do grupo Facção Central:

Nada difere o fabricante de bebida do de arma, os dois vendem velório na caixa, lucram com sua desgraça. Vejo o DENARC prender o vendedor de cocaína e deixar livre o de Ferrari que te mata com pinga.


A PROCURA DA MULHER PERFEITA

O poeta Ulisses Tavares escreveu que procura uma mulher simples e básica, como ele. Uma mulher que aceite críticas e correções; uma mulher estranha, diferente, única, independente. O poeta pensou bem e afirmou: “A mulher que procuro sou eu de saias. Por isso nunca a encontro. E, quando encontro, saio correndo. De medo”.

(Fuja loco!!!!!!!!!)




Escreveu Gilberto Felisberto:

“(...) Ao contrário da mitologia oficial, a história brasileira é a história da violência, vigilância e castigo. A estrutura do latifúndio torturou escravos e trabalhadores livres: pau-de-arara, tronco, gargalheira, chicote, rabo de tatu. A classe senhorial dominante preservou o latifúndio depois da abolição da escravatura”.


OPERAÇÃO FOZ SEGURA 2:

Um truta foi morar numa cidadezinha do interior do Paraná. Cidade a pampa com umas meia dúzia de habitantes. Ficou surpreso com as novidades; policial lá anda de bicicleta, estilingue, e dá bom dia pras pessoas na rua. Veio de férias pra Foz do Iguaçu bem na época da Operação Foz Segura. No primeiro dia já levou uma girica dos gambé em plena Av. JK. Todo mundo que passava de busão via a cena “dos próximos capítulos”. Nos cinco dias que ele ficou em Foz levou três enquadros cinematográficos.

(Dá pra escrever uma Canção de Exílio: “As polícias que aqui enquadram, não enquadram como lá”...)



Uma pessoa que ninguém critica, é pior que um parasita.
“Até os parasitas são criticados”.


TRAFICANDO INFORMAÇÃO, “LITERALMENTE”.

Sábado, dia 07 de junho, rolou a Noite do Hip-Hop na Fartal. Os Djs tocaram só sonzêra, enquanto os B.boys desenvolviam o Break de chão no asfalto áspero do CTG Charrua. Um grafiteiro tirou um Spray branco da mochila e escreveu no asfalto a palavra Paz. Para reforçar, os Mc's cantaram suas músicas espalhando a mensagem de consciência, paz, amor e união do movimento Hip-Hop.
Terminado o show, começou outro show: dois guardas municipais abordaram os irmãos que se apresentaram e começaram a revistá-los. Armas em punho, voz autoritária (no estilo BOPE) e uma arrogância que já é notória. Deixo aqui uma pergunta: será que revistaram a dupla Sérgio Menotti e Fabiano após a sua apresentação?
(O Rap é o Tráfico de Informação e dessa vez os gambé não conseguiram prender os traficantes. O fragrante - que é a informação - estava na mente).


Frase de Ice Cube:

“Culpar o RAP pelos problemas da sociedade é como culpar o espelho pela imagem refletida”.


O gambé Matias, do filme Tropa de Elite subiu no palco do Hutus para cantar um Rap. André Ramiro (seu nome verdadeiro) é natural do Rio de Janeiro e afirmou que já cantava Rap antes de estrear no cinema. Muitos manos não quiseram nem saber e durante a apresentação ouviu-se de um maluco: “sai daí”. Ramiro se afirmou como favelado e continuou a apresentação.
(O mano Cascão TSG mandou um salve pro Celso Athaíde em seu novo álbum. “Tem um ex Pm que matava lá no morro / hoje é dono do Hutus e entrega prêmio pro meu povo”. André Ramiro tá em casa).


ÓIA SÓ:

Sérgio Fernando Paranhos Fleury, um dos maiores torturadores da ditadura militar, virou nome de rua em São Carlos - interior de São Paulo. Alguns moradores dessa rua, que fica próxima a universidade federal USFCar, estão tentando mudar o nome da rua. Um dos moradores, Julio César Bastoni, mora em uma pequena quitinete com uma modesta bibliotecazinha repleta de livros. Entre os clássicos da literatura encontra-se em sua biblioteca livros de Marx, Lênin e Engels.
(Se fosse há 40 anos atrás, é quase certeza de que seria invadida, quem sabe até por Fleury. Mano Brown foi categórico ao cantar: “Fleury e sua gangue vão nadar numa piscina de sangue”).

A BANCA DE FOZ DO IGUAÇU COLOU NO RAP É O SOM FESTIVAL

RAP É O SOM FESTIVAL - 2008

O busão saiu de frente do TTu às 07:00 hs da manhã. Trinta pessoas lotaram o banza em destino à Campo Mourão, cidade do interior do Paraná, onde acontece pelo segundo ano consecutivo o evento Rap é o Som Festival. Esse evento reúne nas dependências do SESC de Campo Mourão, grupos de rap de todo o interior paranaense.

Chegamos em solo mourãoense perto das 12:00 hs e um vento frio dava as boas vindas aos iguaçuenses. Próximo as 14:00 hs, a quadra do SESC (onde estava montada a estrutura do show) estava repleta de manos e minas. Em um canto da quadra estava montada uma barraca, onde um mano comercializava roupas de sua própria grife: Boss Class, marca de Hip-Hop criado esse ano em Campo Mourão pelo Dj Papa-Léguas (RJD). Os grupos que tinham CDs gravados, aproveitaram e locarizaram-se ao lado da barraca, para vender seus Cds.. O evento começou e os B.Boys e B.Girls presentes fizeram uma enorme roda de Break. Enquanto os Djs discotecavam eles dançavam no meio da quadra do SESC. Quando os primeiros grupos de rap se preparavam para as apresentações, os B.Boys reuniram-se em outro espaço, para dançarem, confraternizarem juntos e trocarem informações e contatos.

Os dois primeiros grupos a cantar no evento são de Foz do Iguaçu. DNA do Rap e Profecia da Fronteira subiram ao palco do Rap é o Som para representar o Rap iguaçuense e mostrar seu trabalho ao público presente. Da Zona Leste de Campo Mourão colou o grupo Força do Rap e de Umuarama o grupo Impacto MC's. Representando o rap gospel, o grupo Conquista Final também de Campo Mourão subiu pelo segundo ano consecutivo ao palco do Rap é o Som; quem esteve lá ano passado percebeu a evolução desse grupo que traz boas mensagens em suas músicas. Da cidade de Paranavaí colou no evento o grupo Drama Real. O grupo que já tem um cd na rua com o titulo de Dramático, mas Realista, está finalizando um novo trampo. O sétimo grupo a apresentar-se foi o grupo Filhos da Noite, de Maringá; grupo que passou por diversas formações e colou para mostrar uma nova proposta.

Um grupo que se destacou no evento veio da cidade de Rolandia e chama-se Resistência. Encantou o público pela boa performance de palco, sincronia, boas músicas e os refrões contagiantes da backing vocal. O grupo Resistência tem um trampo gravado: O Vale daSombra da Morte. De Cianorte colou Exito, que faz parte da Banca DPQ. Outros manos que também apresentaram-se ano passado é do grupo Consciência Ativa, de Campo Mourão. Em breve poderemos conhecer melhor seu trampo através de um álbum que estão finalizando. Representando Paysandu, apresentou-se no evento o grupo União Periférica. Os manos estão a miliano na correria e evoluindo dia após dia. O grupo Reféns do Crime Campo Mourão se apresentou pelo segundo ano no evento. A quadra do SESC estava lotada e a noite vinha chegando. A lua brilhava imponente no céu e o evento começava a esquentar, apesar do clima frio daquela noite.

Outro grupo de Umuarama, Diário Cruel, apresentou-se pela primeira vez em Campo Mourão. O grupo está finalizando o Cd Não Julgue o Livro Pela Capa. No ano passado o Mano Will no Control apresentou-se solo e estava lançando seu primeiro trampo. Nesse ano juntou-se ao grupo Pensamento Racional - que também cantou ano passado - e cantaram os sons que sairá no álbum do grupo, CD bem esperado pelos ouvintes de Rap Nacional.

Uma das horas rush do evento foi quando subiu ao palco o grupo Conexão do Gueto, da cidade de Umuarama. Com a parceria do Mano Thiagão botaram o público para cantar juntos os versos da música Tático Assassino (que já é Hit nas cidades paranaenses). Na seqüência subiu ao palco o grupo Rajada MC's, de Campo Mourão, idealizadores do evento. Com ótimas performances do Dj Papa-Léguas, apresentaram os sons de seu novo single, lançado a algumas semanas atrás. Rajada Mc's já é destaque no Hip-Hop paranaense e prepara novo álbum pra registrar a nova fase do grupo. Resumo os sons novos do Rajadas em uma frase: “Músicas feitas com sentimento”.

O Mano Thiagão mostrou que tem público e novamente fez tremer o chão da quadra do SESC. Desta vez com o seu grupo Thiagão e os Kamikazes do Gueto. Os manos e minas puderam ouvir o som Tático Assassino parte III, com refrão que certamente deixará os gambé puto: “Polícia é tudo sangue bom!!! / sangue bom de derramar”. O grupo já fez barulho com o CD Jardim de Pedras e está finalizando um novo trampo. Outro grupo de Cianorte que colou no evento: Verso Agressivo. Ano passado já haviam marcado presença. O grupo tem um Cd na rua (Tendência Suicida) e está finalizando outro (O Religioso Profano). O grupo Atitude Consciente representou sua terra (Campo Mourão). Os manos que também apresentaram-se ano passado estavam pré-lançando seu 2° CD (Soldado 121). Seu primeiro trampo (Na Mira do Mal) teve boa aceitação pelos irmãos.

De Foz do Iguaçu colou também o grupo ADP Aliados da Periferia que lançou seu CD de demonstração recentemente. O grupo comemora 9 anos de correria pelo Hip-Hop. “Vai mano, acredite mais, acredite em você” foram as palavras de incentivo cantadas na música piras conscientes.

E pra fechar com chave-de-ouro o evento, subiu ao palco a Banca denominada MPC 288. Mais de 10 manos revezaram-se nos microfones para cantar canções feitas em parceria. A Banca é formada por Djs e Mc's de diversos grupos de rap e lançará um selo para gravar os integrantes da Família. No estilo Wu-Tang Clan.

SALVEEEEEEEE.... até a próxima.

Roda de Break - Rap é o Som - Campo Mourão.

DNA do Rap (Foz do Iguaçu) - Rap é o Som Festival - 2008.

Profecia da Fronteira (Foz) - Rap é o Som Festival - 2008.

Rap é o Som Festival - 2008 - Campo Mourão.

B.Boy Michael (Foz), Rap é o Som Festival 2008

Resistência (Rolandia) Rap é o Som 2008 - Campo Mourão

Rap é o Som Festival 2008 (Campo Mourão).

Rap é o Som Festival 2008

Rajada Mc's (Rap é o Som Festival)

Dj Papa-Léguas (Rajada Mc's)

Dj Fernando ADP (Aliados da Periferia)

sexta-feira, 11 de julho de 2008

JÃO EM: A ÚLTIMA CEIA (Por Lizal)

JÃO EM: A ÚLTIMA CEIA (Por Lizal)

Jão parou no ponto de ônibus. Era uma tarde de sábado como outra qualquer e os pontos estavam cheios de pessoas voltando do trabalho. Distribuiu alguns papéis para as pessoas. Pedia uma ajuda para comprar alimentos.

A tarde estava fria e Jão estava enrolado em um cobertor velho, sujo e rasgado. O cobertor não segurava o frio nem o mau cheiro de dias sem tomar banho. Uma mulher devolveu-lhe o papel e se afastou, para não vomitar. Alguns deram-lhe moedas, torcendo para que ele saísse logo dali. Outros o ignoraram e nem pegaram o papel. Do lado do ponto de ônibus um restaurante e do outro lado da rua uma churrascaria. As carnes já estavam sendo assadas para a noite. Todo sábado a churrascaria fica lotada de clientes. O cheiro invadia a rua e embrulhou o estômago de Jão, que estava o dia inteiro sem comer nada. Saiu andando, para alívio das pessoas no ponto. Contou as moedas e parou em frente a um mercadinho. O dono do estabelecimento tentou impedir sua entrada, mas ele já estava lá dentro procurando algo nas prateleiras. Comprou um pacote demacarrão dos mais baratos e uma garrafinha de pinga Javá. Saiu do estabelecimento e caminhou pela rua dando uns goles na garrafinha.

O frio aumentava e logo teria que se recolher em um canto, para se esconder dele. Mas, antes foi até o CEASA para pegar alguns legumes. Revirou as latas de lixo e encheu uma sacola com chuchu, cenoura, batata e tomate, estragados.

Jão chegou ao seu esconderijo na boca da noite. Era um terreno baldio no centro da cidade. O mato tomava conta do lugar e uma montanha de lixo dificultava a entrada no terreno. Sacolas, vidros e potes abrigavam água parada onde possivelmente se proliferará o mosquito da dengue. Num canto havia um papelão que queria ser cama e dois tijolos no chão que queriam ser fogão. Ele recolheu alguns galhos secos e acendeu um fogo colocando sobre ele uma velha panela, que de tão preta de fumaça, parecia panela com teflon. Em um litro de coca-cola descartável pegou a água que encheu a panela. Colocou o macarrão e cortou os legumes com casca e tudo e misturou o sal que guardava em um pequeno vidro sem tampa. Até a sopa cozinhar já tinha tomado toda a pinga. Com uma colher comeu na panela mesmo, não tinha com quem dividir a sopa e nem a solidão.

Depois da ceia guardou a panela e colocou mais lenha na fogueira, a noite prometia ser gelada. Jão deitou no papelão, enrolou-se no cobertor, fechou os olhos e dormiu. Nessa noite fez zero grau em Foz. Jão dormiu para não acordar mais; ou para, quem sabe, acordar em um lugar melhor, em um mundo mais justo. Os jornalistas indagaram se Jão morreu de frio. Ele estava com o cobertor e de manhã, quando um rapaz que voltava da balada entrou no terreno para urinar, na fogueira ainda restavam brasas acesas.

Ninguém conseguiu explicar a morte.

Senado aprova projeto de lei que coloca Filosofia e Sociologia de volta à grade curricular

Senado aprova projeto de lei que coloca Filosofia e Sociologia de volta à grade curricular

No dia 08 de maio, o Senado aprovou projeto de lei que traz de volta à grade curricular do ensino médio as disciplinas de Filosofia e Sociologia. Excluídas desde o regime militar, as matérias esperam apenas a sanção do presidente Lula para serem introduzidas novamente na carga horária das escolas.
Além de garantir uma formação mais sólida e humanista para os estudantes, a aprovação abre portas para a inserção de outras disciplinas, como Psicologia. Outro projeto que vai na cola é o da implementação de eleições diretas para presidente nas escolas, levado a cabo pela UBES. Desde 2006, uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) já estava em vigor e estabelecia Sociologia e Filosofia no Ensino Médio. Porém, alguns Estados - entre eles São Paulo - se recusavam a seguir a orientação federal. Com o projeto de lei, toda a rede pública será obrigada a se readaptar. Vale lembrar também que o mesmo texto havia sido aprovado em 2001, mas fora vetado pelo ex-presidente FHC..

Fonte: blogdopetta.blig.ig.com.br



Por que somos contra a proposta de redução da idade limite para imputabilidade penal.


ACESSE O SITE DA NAÇÃO HIP-HOP BRASIL E FIQUE BEM INFORMADO.

www.nacaohiphopbrasil.com.br

Acesse o site do vermelho:

www.vermelho.org.br

BRASILEIRO (Por: Luiz Henrique Dias da Silva)

BRASILEIRO (Por: Luiz Henrique Dias da Silva)

Certo dia Rosa chegou do trabalho e encontrou um bilhete. Pequeno. Enroscado no trinco, bem na porta do barraco. Como nos tempos de criança pensou que poderia ser um aviso do príncipe que em breve viria buscá-la em seu cavalo branco e levá-la para longe daquela vida sofrida. Mãe solteira. Assalariada. Poderia ser um bilhete de um apaixonado que a queria pedir em casamento. Ou quem sabe uma viva alma que lhe oferecia um emprego melhor, que lhe trouxesse uma renda digna e uma vida mais justa. Ou poderia, quem sabe, ser um bilhete premiado? Sim. Um bilhete de loteria que lhe desse a vida que ela todo dia assiste na televisão, seu único lazer. Havia, portanto, muitas possibilidades felizes para aquele bilhete. Respirou fundo e pegou o papel que dizia: “... aviso de desligamento. Por não constar em nossos registros o pagamento das faturas referentes a dezembro e janeiro, efetuamos o corte ao fornecimento de sua luz. Assim que a situação for regularizada, entre em contato com nosso atendimento para restabelecermos seu fornecimento. Obrigado”. Hoje não vai ter novela.

(Luiz Henrique Dias da Silva, Foz do Iguaçu, é escritor, dramaturgo e estudante de arquitetura).
Contatos: imobz@hotmail.com e www.avidagira.blogspot.com

Fonte: Zine A Vida Gira, n° 01, Junho de 2008.

RAP NO CASULO ROCK BAR

RAP NO CASULO ROCK BAR

No dia 21 de Junho a Banca CDR apresentou-se no Casulo Rock Bar (Bar da Cris). Oito grupos de rap fizeram o show, cheio de calor humano e energia positiva. Nessa noite o Cartel do Rap lançou sua crew Cartel do Break e os b.boys e b.girls confraternizaram com uma batalha da amizade. O show rolou na paz com muita rima, Freestyle, scratches e poesia marginal.
O mano Ademir (Clan do Beco) subiu ao palco para divulgar o cursinho pré-vestibular que estão promovendo para as comunidades carentes. “Nosso lugar não é na cadeia, na rua, no cemitério; nosso lugar é dentro da universidade pública” – declarou Ademir.
Os grupos que se apresentaram no evento foram: Santiago, Eloqüentes, Mano F, DNA do Rap, Inimigos da Guerra, ADP, Pesadelo Real e Mano Zeu.

O Cartel do Rap informa:

“Estamos a 7 anos e 10 meses sem tretas em shows de rap”.

HIP-HOP NA FARTAL 2008

HIP-HOP NA FARTAL 2008

A FARTAL 2008 veio com novidades. Entre elas, a Noite do Hip-Hop, que rolou no sábado, dia 07 de junho, das 19:00 hs as 21:00 hs.

Sempre existiram no Movimento Hip-Hop, grupos de resistência, contra o Rap ocupar outros espaços fora da favela e essa resistência é importantíssima. Esse ano não seria diferente. Rendeu até um tópico em uma comunidade do ORKUT: “O que você acha do rap ta na FARTAL?”. A pesquisa causou polêmica no Movimento da cidade e dezenas de pessoas acessaram a página para deixar sua idéia a respeito do Rap ta participando de um evento que coincide com o dia do aniversário da cidade. Algumas idéias contra e outras a favor. Entre as mais expressivas estão Daniel LL: “aê tio na moral, o que temos pra comemorar lá?? o preconceito, o descaso a injustiça?? são vários mano que se vão a cada ano, isso é motivo pra comemorar?? penso eu que o rap é a música da favela, a nossa música, nossa música não ta aê pra ganhar prêmio no Grammy, ta aê pra fazer revolução, morô. Porém cada um tem consciência daquilo que faz entendeu. Mas é desse jeito tio, é como a rosa traz espinho morô, em todos os movimentos vai ter isso, porém, deixo claro meu respeito a todos. E a opinião vem de cada um; essa é a minha. Paz a todos. DEUS é mais!!”.
E Clan do Beco: “Então irmão, cada um é cada um, como já disseram antes. Respeitamos a opinião de todos. Eu sou a favor do Rap na Fartal, é uma porta que ta se abrindo pro Rap de Foz, pros Manos divulgarem a sua mensagem. É válido, mas nunca esquecendo das quebradas, porque ali sim estão os verdadeiros guerreiros... Salveee!!!”.

O Hip-Hop nasceu nas periferias, da necessidade de lutar por direitos humanos e por igualdade social. De início o movimento não se envolveu politicamente, mas se opôs ao capitalismo. Hoje várias organizações de Hip-Hop são também organizações políticas e têm rappers disputando o poder político, inclusive para prefeito. O Movimento ganhou as páginas de revistas e jornais e depois programas de televisão. E junto com tudo isso veio as críticas dos militantes: “O lugar do Rap é na favela; temos que criar nossas mídias independentes, porque se você for na televisão estará legitimando ela”. “O Rap tem que ocupar os meios de comunicação. Se o rap não for, o pagode vai, o funk e o sertanejo vão”. Muitos aceitam se apresentar em programas de televisão, desde que seja ao vivo, para os produtores não editar a matéria e levar ao ar só o que interessa para a emissora.
O certo é que faz tempo que o Rap ta na FARTAL: 2004 e 2005 (Zero Ponto Um), 2006 e 2007 (Quinto Naipe). O que diferenciou esse ano é que foram contratados oito grupos de rap, uma crew de break e um grafiteiro. “Quando a esmola é demais o Santo desconfia”, ainda mais em ano eleitoral.
Hoje o Rap e o Break ta nos teatros, o grafite nas galerias de arte, nos museus. Estamos sendo vistos por outros olhos que não sentiram na pele o que nós sentimos e ainda não nos acostumamos com isso. É muito estranho pra um Movimento que nasceu sabendo exatamente o que não quer, mas até hoje não sabe direito o que quer e como alcançar o que almeja. Então o debate é valido, só assim o Hip-Hop vai evoluir ideologicamente e chegar num consenso coletivo. Se os elementos do Hip-Hop não conversarem entre si, logo, logo pode desunir-se aquilo que o Afrika Bambaataa uniu na década de 70. A opinião de cada guerreiro - cantor ou ouvinte - é de suma importância.

RESPONDA:
- O que você acha do Hip-Hop ocupar outros espaços fora da Favela?

quinta-feira, 3 de julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008

SALVEEEEEEEEEEE!!!!!!!1

EM BREVE VOCÊS PODERÃO ACOMPANHAR AQUI TODAS AS MATÉRIAS, CONTOS, POESIAS E TEXTOS PUBLICADOS NOS FANZINES DO CARTEL DO RAP. E MUITAS OUTRAS NOVIDADES, AGENDA DE SHOWS, LETRAS DE MÚSICAS, ETC...