sexta-feira, 12 de setembro de 2008

MEDELLÍN NÃO, NÃO, CARTEL DO RAP DE FOZ.



MEDELLÍN NÃO, NÃO, CARTEL DO RAP DE FOZ.
BANCA CDR FAZENDO JUSTIÇA COM A VOZ (Música de Negro Jonne).

“A Chave é a União (...) Meu caráter é minha escada”, canta o refrão que abre o primeiro cd da Banca CDR (Cartel do Rap). No ano de 2005 o Cartel participou do programa Dia da Banda do Jornal Hoje, Rede Globo. Os jornalistas filmaram, tiraram fotos e entrevistaram a galera. Meses depois foi ao ar. A apresentadora abriu o programa dizendo:
“A união faz a música. No oeste do Paraná, para enfrentar a falta de grana, vários grupos de rap da periferia de Foz do Iguaçu dividem equipamentos, local de ensaio e até CD. Essa espécie de cooperativa musical tem até um nome: Cartel do Rap. Para quem acha o nome agressivo, a turma avisa que é da paz e que trabalha para defender o respeito ao próximo”.
Na edição da matéria “esqueceram” de colocar a parte que falava sobre o tráfico de informação.
Mv Bill e Facção Central tiveram videos clipes censurados por mostrar - sem cortes - a dura realidade brasileira. Shows de rap são parados pela polícia. Os primeiros militantes da cultura hip-hop no Brasil sofreram forte repressão policial. Cascão (TSG) estava palestrando para adolescentes na periferia, quando chegou a polícia e revistou todos os presentes (até os menores), “à procura de drogas”. O Rap incomoda enquanto ganha terreno. As músicas não são só de entretenimento, passam um alto grau de informação em suas letras que falam sobre temas importantes. Trava uma grande luta contra o sistema capitalista, contra a corrupção, o abandono, o desrespeito aos direitos garantidos pela constituição, etc... O Rap resgata o orgulho e a auto-estima do negro e do favelado. Em recente música o grupo Realidade Cruel enfatizou: “O Rap fez uma pá de favelado, preto e pobre se vê como gente”.

Essas informações são ilegais, por isso o tráfico de informação. Por que com essa ascensão do Hip-Hop a elite perde e perde muito. O movimento hip-hop teve uma grande contribuição para que hoje na América Latina tenha governantes de esquerda no poder.
No mês de agosto passado alguns manos do Cartel do Rap foram até a Foz TV para fazer uma matéria sobre o Fanzine do Cartel e as outras atividades desenvolvidas pela Banca CDR. O programa era ao vivo, então - como não teria edição - fizemos justiça e falamos em alto e bom som: “somos traficantes de informação”.
E para continuar com nossa informação clandestina, nessa edição descemos até o beco - Jd. América - e trocamos idéia com o Clan do Beco que está desenvolvendo um cursinho pré-vestibular para que a galera que não tem condições de pagar uma faculdade particular tente a UNIOESTE. O Mano Will - de Curitiba - traz um artigo mostrando como algumas organizações de hip-hop estão se articulando politicamente. Do blog do Wemerson Augusto publicamos um texto sobre a TVBUS que já está instalada em alguns banzas de Foz do Iguaçu. O grafite do mês é do mano Alessandro.
Embarque nesse trem e fique sabendo também o que aconteceu no show que rolou no Casulo Rock Bar que contou com dois combates de rima.

A favela chora a morte do mano Robson (Iélo) assassinado no Jd. Tropical - Porto Meira - no finalzinho de agosto. Descanse em paz mano.

Boa leitura a todos e fiquem na paz.

Chega de violência.

THIAGÃO E OS KAMIKAZES DO GUETO EM FOZ!!!




Cartel do Rap
Comemora 8 anos a apresenta:

THIAGÃO e os
KAMIKAZES do gueto

13 de setembro
22:00 hs
Otroplano - Vila A
(Av. Silvio Américo Sasdelli
ao lado da ACDD).

Haverá apresentação de Break
com Cartel do Break.

+
apresentação de grupos locais

Adquira seu ingresso antecipado
na Vertical (Av. Brasil) por R$:5,00

ESPETÁCULO DE DANÇA DE RUA



Está acontecendo desde maio desse ano o projeto Cultura & Solidariedade do Teatro Plaza Foz. Em comemoração aos 20 anos de inauguração, uma segunda-feira por mês rola um evento beneficente. Toda a renda é destinada para instituições. No dia 15 de setembro estará acontecendo o espetáculo de dança de rua “Danças Urbanas?”. Participará do Espetáculo Urban Way (Foz e Itaipulândia), Aero Street Company (Paraguai), Cartel do Break (Foz), Mano Zeu, Santiago, Guilherme e Dj Tim (Cartel do Rap de Foz).
O ingresso custa cinco reais e a renda será doada para a Fundação Nosso Lar. O espetáculo - que conta com o apoio da Fundação Cultural - acontecerá no Teatro Plaza Foz com início às 20:30 hs.
(BR 277 / Km 206), Próx. ao Hotel Muffato. Busão que passa em frente: Três Lagoas.

Trocando Idéia no Beco




O Cartel do Rap desceu até o Beco (Jd. América) onde trocou idéia com os manos do Clan do Beco que está desenvolvendo o cursinho pré-vestibular “O Estudo é o Escudo / Contra o Opressor isso é Tudo”. O Curso é na faxa e serve como preparação para os manos e minas que vieram de escolas públicas tentarem a UNIOESTE.

Trocando Idéia com Ademir (Clan do Beco).

Z - Você faz parte do Clan do Beco. Poderia explicar pra gente que organização é essa?

Ademir: O Clan do Beco é uma organização informal. Surgiu na rua no lugar onde a gente mora, no início foi mais pra participar dos eventos e com o tempo foi se organizando e hoje promove algumas coisas que trazem benefícios pra comunidade.

Z - É um grupo de jovens, né? Quais atividades vocês estão desenvolvendo?

Ademir: Atualmente estamos desenvolvendo o cursinho pré-vestibular e também uma parceria com a Casa do Teatro onde o pessoal vem passar filmes pra comunidade.
Z - Ano passado vocês já desenvolveram esse cursinho. Teve algum resultado? Alguém conseguiu passar no vestibular através do cursinho?

Ademir: O ano passado foi uma experiência, começou com bastante alunos, alguns foi desistindo. Terminou o ano com vinte alunos e dois conseguiram ingressar na faculdade pública, que é o objetivo, eles não estão estudando pra entrar na faculdade particular, o cursinho almeja a UNIOESTE.

Z - Eu noto que vocês acompanham o Movimento Hip-Hop do Brasil. Como vocês vêem o movimento aqui de Foz, comparando com outras cidades?

Ademir: Eu vejo uma organização muito grande aqui dentro da cidade. Falta recurso, da pra notar isso, mas apesar de tudo os manos do rap aqui de Foz levam a sério essa idéia de fazer hip-hop e essa luta constante que é feita nas periferias mesmo com pouco incentivo de empresários e até da própria prefeitura.

Z - Você que ta em um grupo de jovens grande, como vê a influencia da música rap na vida das pessoas? Quem escuta segue a ideologia, o rap tem esse poder de mudar a atitude e melhorar a vida das pessoas?

Ademir: Com certeza, quem escuta a letra e leva a sério... igual o 5° Naipe disse no show “esquece o batidão, escuta a letra”. Então eu acho que aquele que escuta a letra com certeza ele vai pra rua com outros pensamentos, vai pra escola com outros pensamentos, ele tem outra atitude diante dos pais, dos amigos... mas, todo movimento tem os que não vê por esse lado, né. Você vê aí nas apreensões da polícia tem bastante mano com camisa de Rap, que vê por outro lado a nossa ideologia. Ela foi construída com muito trabalho, está sendo contada a história, mas tem gente que está levando por água abaixo isso aí.

Z - Nesse período eleitoral você tem uma idéia pra essa rapaziada nova, que ta tirando o título de eleitor agora e que em outubro vai às urnas participar desse processo?

Ademir: Política é uma coisa complicada. Eu já me decidi e tal e peço pra essa galera que ta tirando o título agora pra olhar ao redor pra ver o que ta certo, o que ta errado. Você não votar em branco é muito importante, procurar ver se as propostas são viáveis e se tem cabimento.

Z - Pra finalizar você podia deixar uma idéia pros irmãos.

Ademir: Primeiramente eu queria deixar uma idéia do nosso cursinho, a gente ta com escassez de alunos, fizemos o projeto, corremos muito atrás disso imaginando que teria bastante alunos e tem pouco. Quem quiser vir estudar com a gente aqui, tem vaga ainda. Quem realmente estudar vai ter oportunidade de competir de igual pra igual com qualquer um, vai do interesse da pessoa. Pra finalizar eu vou deixar um salve pra rapaziada do rap. Na verdade esse cursinho surgiu numa palestra do Mv Bill, a gente se encontrou tudo lá, a idéia surgiu lá com a rapaziada do rap. Eu fiz uma pergunta lá pro Mv Bill, perguntei se lá no Rio de Janeiro eles tinham um projeto ou alguma solução pro jovem de periferia ingressar na faculdade e perguntei se ele era formado em alguma coisa. Eu lembro que ele falou “não sou formado, aconselho que não siga meus passos com relação à escola, incentivo vocês a estudar”... Ele respondeu essa pergunta e não respondeu a outra, se lá tinha algum projeto. Aí no final da palestra veio um mano conversar com a gente, perguntou onde a gente morava e tal e conversou com a gente a respeito de um cursinho e na hora a gente já aderiu a idéia. Eu queria deixar uma idéia pra rapaziada do rap pra cada vez levar mais a sério o movimento, não jogar por água a baixo o que pessoas começaram a muitos anos atrás. Vocês sabem que o único órgão governamental que chega até o moleque de periferia é a polícia, dando soco, às vezes derrubando porta de barraco. A gente ta querendo levar um outro órgão que seria a educação.


Trocando idéia com João Augusto (Casa do Teatro)




Z - O que você acha dessa iniciativa do Clan do Beco?

João Augusto: É uma iniciativa ótima, né, desde o ano passado que eles estão aí na luta. E não é só isso, estão fazendo várias outras coisas, e é uma idéia muito boa porque tem a necessidade de todos ta estudando. A concorrência que existe às vezes é muito desigual porque muitos vêm de escola pública e não tem condições de entrar numa faculdade pública também e acaba indo pra uma faculdade particular. O que falta na verdade é investimento, né, tem que ter mais melhorias, porque a comunidade mais carente fica sem ter acesso ao curso superior.

Z - Como você começou a participar desse projeto?

João Augusto: Na verdade eu sabia que no ano passado já tinha, né, e nesse ano me convidaram pra ajudar, pra dar uma ajuda aí. Com a Casa do Teatro já tem o cinema que eu tava passando com o pessoal do Clan do Beco, aí vai rolar essa parceria pra ta ajudando a melhorar o cursinho, né.

Z - E como está sendo essa ajuda de vocês?

João Augusto: A gente vai trazer o cinema, trazer filmes temáticos, né, falando de história, filmes que tem dentro da literatura, né, que está sendo exigido pela UNIOESTE e também outros filmes, documentários pra ajudar na redação e em outras matérias.

Z- Geralmente nos cursos pré-vestibular não tem cinema, você acha que é uma novidade, o pessoal ta assistindo esses filmes e adquirindo uma informação extra pra ta aplicando no dia da prova do vestibular?

João Augusto: É, vai ta ajudando. Na verdade o cinema já é distante da comunidade faz muito tempo, né, ta se fechando salas de cinema cada vez mais, o acesso ao cinema está ficando cada vez mais caro. E as escolas públicas também não têm essa parceria, não vê o cinema como algo pedagógico, pra ta ajudando. Acho uma iniciativa muito legal do Clan do Beco e da Casa do Teatro fazendo esse trabalho em conjunto porque isso só vai ampliar o conhecimento da galera e vai melhorar muito.

Z- São só filmes nacionais?

João Augusto: A intenção é passar só filmes nacionais, mas não necessariamente, né. A intenção é que sejam filmes nacionais para a valorização do cinema nacional, né. Mas de repente trazemos outros filmes para estar aplicando no cursinho porque ele é mais direcionado, né, pro cursinho pré-vestibular.


Trocando idéia com Professor Gustavo
(Disciplina de Química)





Z - Qual a importância desse cursinho pra comunidade carente que não tem condições de pagar uma escola particular?

Professor Gustavo: Olha o nosso ensino público, né, ele ta um pouco atrás do ensino particular, das escolas particulares, então esse tipo de iniciativa que o pessoal aqui da vila fez é muito válido, é muito importante porque tenta suprir essa falta que às vezes o Estado tem no nosso dia a dia, pra dar oportunidade a essa rapaziada sem acesso ao ensino de qualidade. A maioria aqui quer tentar a UNIOESTE então eu acho que isso é a principal importância; e no meu caso eu como acadêmico de escola pública, de ensino superior público, eu me sinto na obrigação de tentar passar um pouco do que eu aprendo lá pro pessoal. Tentar não ser egoísta, de estudar e depois sair fora fazer meu dinheiro, mas sim passar isso pro pessoal, tentar dar a oportunidade que eu to tendo pra outras pessoas.

Z - Inverteram-se os valores? As pessoas que têm condições de pagar a faculdade particular estão estudando na pública de graça e as pessoas sem condições fazem o ENEM e tem que pagar meia bolsa.

Professor Gustavo: É esse o reflexo do ensino estadual mediano. Eu acho que a falta de apoio que os professores estaduais têm, a falta de apoio ao jovem porque o jovem não pode só estudar tem que trabalhar também, e essa questão financeira de não poder pagar um cursinho particular, esse tipo de coisa também dificulta. Então iniciativas como essas tentam suprir a falta que às vezes o governo faz, a falta de dinheiro que às vezes a pessoa pode ter, tenta igualar, tornar a luta justa.


Trocando idéia com Júlio
(Aluno do Cursinho)



Z - Com esse cursinho você acha que tem mais chances de passar no vestibular? Ta aprendendo bastante coisas que não aprendeu durante o ensino médio?

Júlio: Claro, aqui a gente ta aprendendo muita coisa que a gente nem chegou a estudar no colégio, entendeu. Aqui são todos os professores voluntários e são todos acadêmicos. Então estão todos com vontade. Tem matérias que está passando no quadro que a gente nunca viu no colégio porque o ensino em si é fraco. Então esse curso veio pra ajudar mesmo o pessoal que não tem condições de estudar, de fazer uma faculdade tentar sonhar e tentar entrar numa universidade pública.

Z - O Estudo é O Escudo, como diz o slogan do cursinho?

Júlio: Existem duas formas hoje do Favelado sair da miséria, ou ele sendo jogador de futebol ou é pelo estudo mesmo. O lema do cursinho é O Estudo é o Escudo Contra o Opressor isso é tudo, acho que é uma grande verdade. A única coisa que a pessoa não pode tirar de você é o conhecimento, hoje a classe rica não tem interesse de que o pobre tenha conhecimento, porque a partir do momento que o pobre começar a conhecer, a entender as coisas, vai começar a saber de seus direitos e começar a protestar. E isso não interessa a eles, entendeu? Eles querem estar sempre manipulando como se fôssemos marionetes. A partir do momento que esse povo souber de seus direitos vai começar a cobrar por isso.




Se você quer participar do Cursinho entre em contato:

Ademir: 9934-4148
Binho: 3027-0076
Júlio: 3028-3268

As aulas estão acontecendo no colégio Elenice Melhorança, no Jd. América.

É TUDO OU NADA (POR: Michael Gimenez “MORCEGÃO”)

Estamos próximos de mais um processo eleitoral. Segundo nossa Carta Magna escolheremos logo mais o prefeito e o vereador de nossa preferência.
Me vejo como um privilegiado por ter nascido aqui, pois enquanto acompanhamos pelo noticiário países em guerra, aqui temos mais de 70 etnias vivendo em PAZ, um exemplo para o mundo; sem falar das belezas naturais, as belezas das cataratas e a nossa ITAIPU, um povo acolhedor, participativo e solidário. Existem problemas sim, como em qualquer lugar do mundo, como em Cuba, China, Estados Unidos, Noruega, Finlândia, Suíça, Suécia, Argentina, etc... Mas nossos problemas são resolvidos, basta investir mais em saúde e educação, qualidade de professores, qualidade no ensino gratuito e universal, melhora nos salários dos profissionais da área de educação, saúde, segurança; e reciclagem para esses profissionais, pois é plantando que se colhe.

A juventude deve estar em alerta, esse ano vão aparecer muitos salvadores da pátria, prometendo até fazer chover, prometendo até a mãe “e não entregam no prazo”. Digo isso por experiência própria, depois são 4 anos de sua vida, de seus amigos, ou seja, é muita responsabilidade galera.
Vejo a JUVENTUDE como solução dos problemas, não só porque são maioria dos eleitores, mas por serem os grandes líderes dessa cidade. Nos grêmios estudantis, nos centros acadêmicos, entidades, sindicatos, associações em geral, são os grandes formadores de opinião.
Muitos empresários estão de olho é no dinheiro da arrecadação da cidade, dos royalties que vão acabar em 2023 e ninguém fala nada. Muitas associações de bairros e entidades servem somente como trampolim político. “Separem o joio do trigo. Pelos frutos que produzem se conhecem o pé”.

Então o recado é o seguinte: “Abram os olhos, não VOTEM em políticos profissionais, em candidatos sem passado limpo, sem história, sem propostas coerentes, consistentes”. Depende de vocês o FUTURO de nossa cidade, investigue a vida do candidato, pergunte, pesquise você mesmo, não acredite em pesquisas, a melhor pesquisa é aquela que você faz. Não acredite no diz-que-diz-que em cima das eleições, no “ouvi falar”, nos fofoqueiros de plantão, de carterinha assinada.
O que está em JOGO é o seu futuro, o futuro de sua família, da sua cidade, de seus amigos.
Lembrem-se:
“Me diga com quem andas e te direi quem és”.
E que Deus ilumine a todos.

RELAÇÃO DE CANDIDATOS NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2008 COM AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO PROPOSTAS PELOS PROMOTORES ELEITORAIS DO ESTADO.

Foz do Iguaçu:
Celso Samis da Silva - Prefeito - (Vida pregressa)
Daniel Alves de Novais - Vereador - (Vida pregressa)
Delano Krubniki Torno - Vereador - (Vida pregressa)
Emerson Wagner - Vereador - (Vida pregressa)
Sergio Leonel Beltrami - Vereador - (Vida pregressa)
Valdir de Souza - Vereador - (Contas rejeitadas)

(Michael é acadêmico
de história em Foz).

Combates de Rima no Casulo Rock Bar.




Muita Rima, muita Música, muita Dança, muita idéia, muita energia positiva. Esse foi o resumo do evento realizado pelo Cartel do Rap no Casulo Rock Bar no dia 09 de agosto. O 7º Mortal kombate de freestyle pegou fogo e os rimadores se enfrentaram na disputa do título que garantia vaga para o Duelo de Titãs. Improvisando rimas na hora (no estilo dos repentistas) os malucos disputaram amigavelmente para ver quem conseguia rimar mais. Quem se deu melhor foi o Mc Ratão, que venceu o combate, seguido por Dioníro, Santiago e Guilherme. Na sequência rolou o Duelo de Titãs, disputado só pelos campeões do Mortal Kombate. O campeão do Duelo leva para casa os troféus dos outros competidores.
Quem levou o título foi o Mano Lizal, seguido por Mano Máscara. A premiação será realizada no Show do dia 13 de setembro no Otroplano.

Outra atração do evento foi os b.boys e b.girls que dançaram no break das batidas do dj. O Cartel do Break apresentou sua dança, tirando aplausos do público presente. E a galera amontou-se para assistir a apresentação dos grupos que fazem parte do Cartel do Rap.
Apresentaram-se no evento os grupos: Santiago, DNA do Rap, Eloquentes, Face Criminal, Pesadelo Real, ADP, Inimigos da Guerra e Mano Zeu.
Até a próxima!!!



(Dj Tim, Face Criminal)

O Cartel do Rap Informa: Estamos há 8 anos sem tretas em shows de Rap.


SENSO CRÍTICO VS. CONSUMISMO (Por: Fabio Ferrari)



O consumismo é o comportamento distorcido de supervalorizar bens materiais em detrimento da autorreflexão. Desse modo, o propósito da própria existência se torna algo secundário ou mesmo completamente ignorado no campo de prioridades do indivíduo. Neste caso, a pessoa evita aprofundar qualquer pensamento direcionado para sua própria realidade intelectual, psicológica ou emocional. E o que não falta hoje é uma grande variedade de coisas, produtos, atrativos para absorver a nossa atenção.
Basta um passeio nas ruas para encontrarmos “produtos indispensáveis”, que “precisamos ter”. Neste caso, é preciso o desenvolvimento da autocrítica criteriosa a fim de evitar desperdícios e os equívocos pessoais causadores do desequilíbrio na vida psíquica. Há quem viva continuamente insatisfeito buscando, através do consumo dos bens materiais, substituir os vazios internos. Este é um erro comum de abordagem decorrente da falta de uma educação e cultura pessoal direcionada para o autoconhecimento. Quem não se conhece bem, erra com mais freqüência.Toda carência deve ser compreendida e superada através do estudo e da racionalidade. Se agir por impulsividade é sempre contraproducente, virar o rosto para os aspectos que conhecemos mas nos incomodam é apenas um adiamento de uma resolução.

Com relação à vida psíquica nem tudo pode ser resolvido na velocidade do saque de um cartão de crédito. E a sociedade consumista, muitas vezes, gera a ilusão do imediatismo na solução dos problemas. As propagandas e os comerciais de TV são os maiores vendedores de ilusões da nossa sociedade. Através de técnicas e estudos especializados buscam atingir as carências e insuficiência da população, a fim de induzí-la a pensar que sua vida, de fato, irá melhorar se adquirir determinado produto. Quem tem maior nível de espírito crítico é capaz de perceber as manipulações sociais evitando cair nos mata-burros da propaganda distorcida. Por isso, é importante nos mantermos sempre lúcidos em relação às incessantes informações que recebemos a fim de discriminar aquelas que são realmente importantes e relevantes e as informações descartáveis e superficiais.


* Fábio Ferrari é psicologo em Foz do Iguaçu e colunista do MEGAFONE

Fonte: www.megafone.inf.br

Movimento Hip-Hop No Processo Político

Estamos vivendo um momento importante do ponto de vista político, histórico e econômico no Brasil. Nós somos frutos do nosso meio, como também espelho da nossa realidade. Quando falamos dessa importância nos referimos e consideramos as várias lutas travadas por jovens contra regimes de totalitarismo estabelecidos no mundo. Essa visão é importantíssima para que possamos ter uma compreensão menos simplista do quadro político atual, como também o quanto a política representa e influencia o nosso meio social. Para fazermos uma análise da conjuntura política em que vivemos, não podemos deixar de considerar a importância histórica e política dos mártires, pessoas vitimadas pela violência brutal impetrada no governo da ditadura militar no Brasil. O Movimento Estudantil foi fundamental no processo de reestabelecimento da democratização, que foi amordaçada e engessada pelo regime político militar vigente na década de 60, 70, 80, que não só negava o direito de ir e vir como tirava o direito a liberdade, de expressão e do livre pensamento.

Esse momento pesado da nossa história provou que a luta política é necessária e fundamental para qualquer nação soberana, que apesar das duras penas como torturas, assassinatos e exílio de muitos militantes jovens, que deram uma contribuição significativa no campo das ações e das idéias, possibilitaram uma visão socialista na construção de uma nova república democrática e progressiva.
Porém ressaltamos que as lutas devem ser permanentes para garantirmos as conquistas, e vigiarmos as já conquistadas, tendo em consideração as lutas que ainda temos pela frente. Nós sabemos que não só o Movimento Estudantil sofreu com a Ditadura Militar durante esse período, mas também os Negros e pobres das periferias, favelas e cortiços do Brasil. Como exemplo citamos o Movimento Black Power (ou Poder Negro), vanguarda do Movimento Hip-Hop, que foram perseguidos e fuzilados nos becos escuros das trincheiras urbanas pela polícia militar.

Algumas coisas mudaram de lá pra cá, menos as torturas e assassinatos, que até hoje vitimam jovens de periferia e das favelas do Brasil, sendo que muitos deles representam essa realidade no Movimento Hip-Hop. Só que diariamente o sangue dessa juventude mancha as páginas dos jornais, deixando como único registro histórico matérias nazistas do tipo “mais um bandido que resistiu à prisão e foi alvejado com 5 tiros na cabeça pelo Comando da Polícia Militar”. Esse é o nosso maior desafio, desmascarar e acabar com essa realidade, porque acreditamos que esse genocídio contínuo está relacionado com a falta do reconhecimento do Hip-Hop como um Movimento Sociocultural legítimo, e pelo fato de que sempre tivemos afastados dos debates para as construções políticas do Brasil, resultando nas dificuldades de manter uma força maior de representatividade política.

Gostaria de ressaltar que a ignorância política dos jovens do Movimento Hip-Hop é fruto das estratégias e ações minuciosamente elaboradas pelos órgãos de controle e repressão do estado brasileiro que existem desde a ditadura militar, patrocinado pelo setor conservador da sociedade que é a burguesia, para domesticar e alienar o povo brasileiro. Os meios de comunicação como Globo,Sbt, Record, MTV e rádiosAM e FM, ou seja, 90% dos meios de comunicação, estão nas mãos das mesmas 10 Famílias de Playboy, que são as mesmas que roubaram as terras dos Índios, e escravizaram os Negros há gerações atrás.

Precisamos recuperar o nosso prejuízo histórico, não só montando grupos de rap, break, graffite e dj's, mas politizando e criando novos militantes com total domínio de causa, promovendo a verdadeira visão crítica e protesto consciente, libertando a mente do domínio capitalista e consumista, como também rompendo com essas mídias conservadoras, racistas e hipócritas. Termos a plena convicção e clareza que “amigos da Globo, são nossos inimigos”, e que os Playboys nunca serão nossos aliados simplesmente porque tem as grandes gravadoras em poder, afinal isso nunca foi ideologia do Movimento Hip-Hop. Se alguém quiser fazer você acreditar nisso, reflita sobre a história do Movimento Hip-Hop e sua missão com a transformação social, a reivindicação, o protesto e o compromisso com a juventude, e não apenas com o lazer ou com ganhar dinheiro. A Nação Hip-Hop Brasil tomou um desafio e listou 69 nomes de pré-candidatos a vereador para as Câmaras Municipais das principais cidades do Brasil, para mostrar para a sociedade a nossa capacidade organizacional e como tomaremos o poder sem dinheiro. E isso acontece a exemplo de como já dominamos o cenário musical nacional sem dinheiro e sem ajuda da Globo.

ISSO É REVOLUÇÃO DE VERDADE, NÓS PODEMOS FAZER ISSO!

Em Curitiba e região Metropolitana está tudo errado, se esqueceram há tempos que não é mais aquela velha cidade somente para gringos. Curitiba é a minha e a tua Cidade, então deve ser a nossa casa também, temos direito e vamos conquistar esses direitos no voto, para lutar na garantia do acesso a moradia, trabalho alimentação saudável, transporte público (Passe Livre), e posto de saúde (em todos os bairros 24h), entre outros serviços e deveres que o Poder Público Municipal deve disponibilizar para seus habitantes.

Creio que esta pequena análise de conjuntura seja já o suficiente para percebemos de início que a política não é nossa inimiga, mas sim muitos políticos, que sempre fizeram política somente para os ricos. É desse ponto de vista que o Movimento Hip-Hop assim como a Nação Hip-Hop Brasil, pensa o seu projeto político para o Brasil. “Nós vamos para as cabeças” o maior projeto de guerrilha urbana é a tomada do poder, que sempre nos foi negado.

(Will Capa Preta, Militante do Movimento Hip-Hop em Curitiba).

“Por último não dá para misturar partes de um todo. O Hip-Hop sempre teve e sempre terá influência política, mesmo que o irmão diga que nisso ele não se envolve. Pois é a política que diz qual será o valor do seu CD, é uma política cultural que faz a música do Eminem e do 50 Cents chegar lá no Acre onde o rap do grupo de Brasília que é muito mais perto não chega. Relação perigosa do rap com a política é o cara cantar num palanque sem saber qual é a idéia do político que ele ta apoiando. Depois dos 15 minutos de fama, ele desce do palco todo malandrão dizendo que nem vai votar no cara. Aí sobe o KLB e faz um show por 50 mil. É extremamente necessário entender que hip-hop não é só cantar, dançar, graffitar, discotecar, vender discos, comprar ouro, pendurar no pescoço e andar de carro importado. Hip-hop é compromisso”.

(Aliado G Face da Morte).

NOVELA DA VIDA REAL

Mais um Cidadão José Cap. 30

- “Carái”!!! Que fita!!! - pensou José.
O gambé Farias estava ali na sua frente. Vai revista-lo e encontrar o envelope com suas fotos e seus dados. Como José vai explicar isso ali. Certamente será algemado, levado pra um lugar sombrio e torturado até falar a verdade, ou até a morte. José pensou que se estivesse com o revólver talvez atirasse contra a viatura e correria pra quebrada novamente em busca de reforço. Mas ele estava descalço, nem canivete tinha. Só um envelope e 3.000 reais na carteira. Só tinha uma opção, subornar os policiais e não deixar que eles vissem o envelope. O policial que estava junto com o soldado Farias desceu da viatura gritando:
- Não precisa nem falar, né?
Engatilhou o revolver apontou pra cabeça de José e gritou novamente enquanto caminhava até ele:
- Mão na nuca. Não se mexe, não tenta nada.
A sacola que estava na mão de José, agora estava nas suas costas e os policiais podiam vê-la. O gambé chutou suas pernas afastando-as e começou a revistá-lo. Enquanto revistava falava asperamente:
- Cadê o fragrante vagabundo? O que você jogou ali na grama quando viu a viatura? Porque você tentou fugir? Vamos, fala.
A cada pergunta dava um soco em uma parte do corpo de José. Ao ver que ele estava desarmado, deu um soco forte na barriga e voltou a perguntar?
- Cadê o canhão? Onde você dispensou?
Ele pegou a sacola da mão de José. Sentiu que estava leve. José abriu a boca para falar algo, tentar fazer um acerto, mas a voz não saiu. O policial pediu sua carteira para pegar seus documentos e puxar sua capivara. José tirou a carteira do bolso
“Porque pediu a carteira e não os documentos? Que filho-da-puta”, -
Perguntou-se José. “Agora o coxinha vai ver o dinheiro na carteira”.

Entregou a carteira para ele. Nesse momento o celular do Soldado Farias começa a tocar. O toque do celular era a trilha sonora da abertura do programa policial Naipi Aqui Agora. José ficou imaginando no dia seguinte a manchete do programa: Bandido é morto após entrar em confronto com a polícia. Em Foz do Iguaçu, manchetes como essas são comuns nos jornais. Mas ninguém comenta o fato de esses assassinatos cometidos pela polícia serem praticados por tiros a-queima-roupa, tiros na nuca à alguns centímetros das vítimas, tiros nas costas, etc... Nos noticiários sempre aparece como confrontos. Segundo esses noticiários, os supostos “bandidos” a maioria entre 18 e 25 anos de idade e muitos sem antecedência criminal são abordados pela viatura da polícia; sacam armas e saem em fuga efetuando dispapros. A polícia atinge os “ladrões” em “legitima defesa”, para salvar a própria pele. Os tiros são em regiões letais, cabeça, tórax, regiões do peito. Nos laudos do IML mostra que os assassinatos foram cometidos com tiros a-queima-roupa, pois deixam área de chama, com marca de pólvora e áreas de esfumaçamento. Essas marcas só aparecem no corpo dos cadáveres quando o tiro foi a uma distância de no máximo 20 cm. Resumindo: “a maioria foi executada” e não morta em confronto como diz a polícia.
O gambé estava abrindo a carteira de José quando o Soldado Farias atende o celular:

- Fala que eu te escuta.

- Aquela lá já ta encima.

- Entendeu. To indo praí.

- Firmeza, vou ficar no aguardo.

Farias chamou o seu parceiro e disse olhando pra José:

- Deixa esse merda aí. Bora lá, temos coisas mais importantes pra resolver.

O policial jogou a carteira de José no chão, entrou no carro e saíram em disparada. José pegou sua carteira e tirou dinheiro pra pagar a passagem, o ônibus estava encostando no ponto. Quando sentou no banco sentiu um alívio, mas logo passou, percebeu que o gambé havia levado a sacola.

Dentro da viatura, o soldado jogou a sacola no banco de trás. Nem quis ver o que tinha dentro. Poderia ser documentos importantes para José, currículos ou qualquer outra coisa que pra outra pessoa não teria serventia nenhuma. Ele até devolveria a sacola, mas esqueceu e não voltaria ali só para fazer um favor pra “um merda qualquer”. Pegou a sacola do banco de trás, deu uma olhada pra ela e jogou pela janela.

José desceu do busão na sua quebrada. As ruas ainda estavam vazias, em alguns minutos estava em casa. Tirou o pisante e a camisa, foi até uma gaveta e tirou o treizoitão. Enquanto manuseava a arma ele lembrava do policial falando: “deixa esse merda aí”. Viu nos olhos do gambé a face mais sombria do ódio. Como eles podem ter tanto ódio de quem eles nem conhecem? Pensou José, enquanto girava o tambor do calibre. José lembrou que uma mão dentro do busão havia dois rapazes conversando sobre repressão policial. “Eles prendem os malucos, mas na verdade quem está preso são eles mesmos. Presos dentro de um sistema, dentro de uma viatura, de uma farda. Enquanto os seres-humanos normais estão por aí vivendo, namorando, jogando futebol, curtindo, eles estão nas ruas levando tiro; matando e morrendo”. “Eu sou a favor da desmilitarização da polícia. Esse negócio de botar terror na população está errado. Polícia militar é treinada pra agir contra terroristas, sua escola é a mesma escola da ditadura militar que fez tanta desgraça. Torturou pessoas inocentes, matou e criou uma legião de desaparecidos, queimados, mortos e enterrados em cemitérios clandestinos. O povo não é terrorista. Essa polícia treinada para agir contra terroristas, está nas ruas e usam seu treinamento pra agir contra o povo”. “Eu concordo. Pra mim polícia tem que ser é psicólogo. Segurança é igualdade Social”. “A coisa mais digna que um policial faz é botar fogo na viatura, queimar a farda e ir pra casa cuidar da mulher e dos filhos, abandonar essa vida criminosa e procurar um trabalho que seja útil pra população”.
José estava deitado na cama olhando
pro teto, mergulhado em seus pensamentos. Pegou no sono, a arma escorregou da sua mão caindo sobre o colchão.

Os policiais entraram na quebrada com a viatura. Encostaram na beira de uma rua sem calçamento. O gambé Farias pediu pro outro coxinha ficar por ali que voltaria dois palito. O policial saiu da viatura e ficou olhando pra quebrada lá embaixo e pro labirinto de vielinhas que davam acesso aos barracos. De uma goma próxima dali, um maluco curtia som num volume alto demais pra potencia do aparelho e o som se distorcia com o batidão do Rap. Mesmo assim conseguia-se entender o que a música dizia:
“Falsidade, ambição, maldade aqui é mato / na madruga, barulho de coturno pode crê que é os fardados / na função da missão bem sucedida / troca de tiro com os bandidos, apavora várias famílias / no dia seguinte é desespero, mãe que chora desesperada / vendo seu filho morto pela RONE na calçada” (...).

A canção Zona Sul em Guerra é de autoria do grupo Inimigos da Guerra de Foz do Iguaçu, grupo de rap que narra as crueldades da guerra para que o povo entenda que isso não pode continuar. O gambé ali fora ouvia o som e fazia de conta que não fazia parte daquela história.
O Mano Japão esperava na entrada de um beco.

- Salve, salve chefia.

- Onde tá grana?

- Muita calma, vamos lá buscar.

O gambé Farias seguiu o Japão até um barraco no fim da viela. Entraram no barraco e o Japão pediu para ele sentar-se que ia buscar a maleta em um dos quartos. O Japão entrou no quarto, pegou o celular e deu um toque pra um maluco. Alguns segundos depois dois homens armados enquadram o gambé que ficou do lado de fora. Farias percebeu a demora do Japão e se levantou. Antes de sacar a arma sentiu o cano de uma doze roçar sua nuca.

(Lizal, na próxima edição mais um capítulo).

O HOMEM (Por: Carol)




Baixo, pele negra, cabelos curtos e olhos castanhos, este é ele.
De roupas sujas, pés descalços e com o nariz escorrendo, é o mesmo homem.
Ele ia pela rua empurrando seu carrinho. E no carrinho carregava caixas de papelão, garrafas Pet, sonhos e ilusões.
Sai cedinho de casa e volta só ao anoitecer trazendo consigo alguns trocados no bolso. Dinheiro que garantirá a janta e uma surra a menos no seu currículo.

É... Ele ainda apanha...
Mas é um homem pequeno e muito forte.
Seu caminhar gingado parece uma dança. Seu olhar intrigante revela dúvidas, certezas e incertezas. E o seu palavreado denuncia o abandono de um homem...
Do homem que sem querer já é.
Ele não estuda, mas de vez em quando, nos finais de semana, ele consegue escapar do trabalho e sai para jogar uma bola ou empinar uma pipa com a molecada da rua de baixo.

Mas isso é só de vez em quando...
E é nessa hora que ele se desarma e deixa de ser homem para poder viver por alguns segundos a infância que lhe roubaram.
Ele corre, grita, dribla, xinga, marca, chuta e sorri...
Voltar para casa nesse dia é uma verdadeira tortura e para encarar a tristeza ele se faz forte novamente. Enfrenta briga, problema, falta de comida, falta de dinheiro, encara porrada, soco e pontapés...
Ouve tudo, vê tudo, sente tudo e vai dormir. Essa é sua fuga, seu momento de paz...
Mas ele é forte e se arma para enfrentar mais outro dia.
É de cortar o coração e a alma...

Hoje, quando saí de casa, vi este homem...
Com o mesmo carrinho, o mesmo olhar e a mesma mão calejada.
Ele parou na beira da calçada e viajou por uns segundos...
Reparei seus olhos que fitavam um brinquedo que estava nas mãos de um menino.

De um menino que não precisa ser homem.

(Carol é estudante de letras em Foz)

TV NO BUSÃO (Por: Wemerson Augusto)





No Brasil, a primeira aparição da telinha dentro dos ônibus do transporte
coletivo foi no ano de 2006, na cidade de Dourados (MS). Experiência que já é
uma realidade no cotidiano dos passageiros europeus há quase 10 anos.
Em solos n acionais, a patente da Mídia é da TVBUS Comunicação Audiovisual. De acordo com o posicionamento de seus idealizadores, este tipo de mídia também contribui para a disseminação de informações educativas, culturais e sociais. E foi pensando no tempo ocioso que os passageiros passavam dentro dos coletivos que o empresário Alberto Sanguine implantou a TV BUS. Para ele, entretenimento e informação no interior do transporte podem tornar o itinerário mais agradável. E é com este pensamento que outras cidades brasileiras estão sendo seduzidas pela nova mídia.
Em Foz do Iguaçu (PR) conhecida pelas fantásticas cataratas do Iguaçu, a usina hidrelétrica de Itaipu e diversidades culturais dos vizinhos argentinos e paraguaios, a TV Bus também se faz presente.

Interesses comerciais. Nesta cidade do Oeste do Paraná, as tradicionais arrancadas, paradas e gingadas do busão estão passando quase despercebidas por alguns entusiasmados telespectadores. As técnicas utilizadas para expor as mensagens são as mesmas de outras localidades brasileiras. Isto é, um monitor LCD e um DVD embutido afixados no interior dos coletivos. Devido ao ânimo de muitos passageiros com o eclético conteúdo veiculado , o sistema, que está em fase de avaliação até o mês de fevereiro, tem tudo para ser aprovado pelo público. Cabe agora à miscelânea de telespectadores com passageiros vigiar e solicitar aos mantenedores da mídia informações e orientações do interesse da maioria. Os passageiros não podem permitir que interesses comerciais transformem a nova mídia em um mecanismo de irritação sonora e visual na viagem de milhares de outros cidadãos que utilizam o transporte coletivo para chegar aos lares e ao trabalho, entre outros destinos.

Wemerson Augusto é jornalista em Foz do Iguaçu
e participa do projeto MEGAFONE de comunicação cidadã.

Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa.
Republicado no Forum Nacional pela Democratização da Comunicação.

Fonte:

www.cearanews.blogspot.com

óIA sÓ (Por: Lizal)

NÃO É XEROX

TRECHOS DA MATÉRIA DE MARCELO SALLES
REVISTA CAROS AMIGOS N°136 JULHO DE 2008

A técnica é igual à que apresentamos no número de maio passado, em reportagem de João de Barros sobre a “limpeza social” na capital paulista. No Rio, numa de suas ações de “reintegração de posse” contra moradores de área em processo de valorização, a prefeitura carioca coloca como réus “os ocupantes da Vila Autódromo” e “objetiva reprimir dano ao meio ambiente urbano, dano ao meio ambiente natural, dano estético, paisagístico e turístico (...), tomando-se providências para retirada de pessoas e coisas”. Pessoas como coisas. E, tal como em São Paulo e Rio de Janeiro têm o fato de pertencer ao DEM, ex-PFL, ex-PSD, ex-ARENA.
Os despejos violentos conduzidos pela prefeitura costumam seguir um padrão: quando uma empresa se interessa por determinada área ocupada, funcionários da Secretaria de Habitação visitam a comunidade e negociam a saída dos moradores pelo valor mais baixo, geralmente insuficiente para se comprar outro imóvel na região como determina o artigo 429 da Lei Orgânica do Município. Quando há resistência, funcionários passam a ameaçar: “se não aceitar, vamos demolir de todo jeito” (...).

(O coordenador do Ibase morador da Favela Santa Marta - que estuda o tema desde a década de 70, criticou o Jornal O Globo, que fez grande campanha a favor dos despejos. Ele acredita que o diário quer reforçar a idéia de que a favela é a não-cidade. “as leis para a cidade não se aplicam na favela. A polícia pode matar sem julgamento, pode invadir a sua casa, alegando apenas que perseguia um bandido. Essa campanha não quer fazer o debate. Só quer convencer a população que a favela é ilegal e, por isso, os favelados não precisam ser respeitados pelas leis”).

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Eu não desfilo no 07 de setembro. Fico de luto pela morte de Tupac Shakur. 2 Pac foi assassinado no dia 07 de setembro de 1996 em Las Vegas. O maluco é inspiração para vários manos do Rap Nacional.

(Depois que ele se foi apareceu dezenas de músicas novas de sua autoria. Há rumores de que logo aparecerá um novo álbum).

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O Rapper 50 Cent afirmou em entrevista recente para a revista GQ:
“George Bush tem um talento. Ele tem bem menos compaixão que um ser humano. Em todos os sentidos, eu não aspiro ser como ele”.
Em uma entrevista em 2005, 50 Cent havia declarado:
“Gostaria de conhecer Bush, apertar sua mão e dizer o quanto de mim vejo nele”.

(Esse não vale 50 centavos)

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Em 1846 o pensador americano Henry David Thoreau preferiu ser preso do que pagar imposto para bancar a guerra que roubou do México o Texas e a metade da Califórnia. Ele afirmou que “o único lugar digno do justo é a cadeia”.

(Mandela já dizia que só conhece um país quem esteve dentro de suas cadeias).

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Pra uns “Candeias”
Pra outros Cadeias...

(Tá na hora do povo ir
pras ruas dar um susto).

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Música do grupo A Família:

“Só não pode confundir
Meu coração com minha aparência”.

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Frase de Khalil Gibran:
Tartarugas conhecem as estradas melhor do que os coelhos.

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Dirija / não beba

(Já disse o Santiago: álcool e
ser humano não combinam)

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O Festival Extremo TAPA NA CARA
que rolou no otroplano dia 30 de
agosto foi um TAPA NA CARA
de quem não apóia
a cultura underground da cidade.

(Mano Digão, sem palavras o convite).

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GOG EM ENTREVISTA AO PORTAL RAP NACIONAL:

“Podemos produzir, cds, dvds, clips, espetáculos, vinis, roupas, livros, quadros, telas, profissionais em diversas áreas, programas de rádios, milhares de outras coisas e ficamos atrás de verbas, cargos ou carreiras políticas? Sou totalmente contra as candidaturas por parte de integrantes do hip-hop, esse é um passo a ser dado bem mais adiante, mediante a maturidade do movimento e uma acalorada discussão. Organizados poderíamos gerar centenas de milhares de empregos diretos e indiretos, sem depender de algo que pode sair muito caro”.

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CASSETA E PLANETA:

- Mãos ao alto! Isso é um político!

- O cinismo de nossos governantes é igual a suas contas na Suíça: não tem limite.
- Partido político é que nem dança de São João: antes de começar tem que formar quadrilha.
- Ao se molhar a mão de um político com uma solução de água e papel moeda, observa-se o fenômeno da evaporação de verbas.
- Os eleitores devem se conscientizar de que o voto é a sua arma. Mas também, com alguns candidatos, só matando.
- Muitos homens públicos despertam tardiamente para a política. É que em Brasília ninguém trabalha de manhã.
- A política é a arte de fazer alianças. Derretendo cordão de ouro roubado.
- Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço no horário eleitoral gratuito, a não ser que um dê o seu espaço ao outro em troca de trinta mil dólares ou um ministério, o que pintar primeiro.

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Antes de tirar o título de eleitor a rapaziada tem que tirar o título de leitor.

(Aí é só incluir o livro na lista da cesta básica e ta feita a revolução).

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José Gilberto de Souza, vereador mourãoense de 1996 a 2000, ficou desapontado ao ver seu projeto de lei ser desaprovado pela Assembléia Legislativa de Campo Mourão. Triste por sua filha ter ficado cega por falta de prevenção contra a rubéola criou o projeto de lei que obrigava jovens de 16 a 18 anos se vacinar. Desapontado resolveu infernizar os companheiros de trabalho criando diariamente dezenas de projetos. No ano 2000 não se reelegeu, mas dos quase mil projetos que colocou em votação, 237 se tornaram lei. Souza achou uma forma de unir o útil ao agradável. Criou um site onde vende seus projetos para vereadores do Brasil inteiro. No site tem um catálogo de 1500 projetos que vai de leis que prevê a existência de rampamentos para deficientes físicos a leis ambientais. Um pacote fechado com dez projetos sai a 15 reais a unidade, se levar cem projetos paga 7,50 cada um. Na página principal do site encontram-se frases tentadoras para vereadores sem criatividade na criação de projetos: “Como atingir os objetivos como representante do povo? Como estarei perante os meus eleitores? Quantos projetos de lei apresentarei? Serão de interesse popular?”.
E ele mesmo responde:
“Não fique na dúvida. Nós temos a solução para um mandato eficiente”.

(Vereadores de Foz acessem: www.projetosdelei.com.br).

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Depois das caipiras vem as piras.

(Diz o véio deitado)

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Disse um Filósofozinho:

Uma pessoa que não bebe álcool
É difícil de ser enganada.

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Assim disse o Nário:

Venda seu voto
e vote em outro.

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Poesias e Pensamentos

O LOUCO

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
Aproxima-se mais à essência etérea.

Achou pequeno o cérebro que o tinha:
Suas idéias não cabiam nele;
Seu corpo é que lutou contra sua alma,
E nessa luta foi vencido aquele.

Foi uma repulsão de dois contrários;
Foi um duelo, na verdade insano:
Foi um choque de agentes poderosos:
Foi o divino a combater com o humano.

Agora está mais livre. Algum atilho
Soltou-se-lhe do nó da inteligência;
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne,
Entrou agora em sua própria essência.

Agora é mais espírito que corpo:
Agora é mais um ente lá de cima;
É mais, é mais que um homem vão de barro:
É um anjo de Deus, que Deus anima.

Agora, sim - o espírito mais livre
Pode subir às regiões supernas:
Pode, ao descer, anunciar aos homens
As palavras de Deus, também eternas.

E vós, almas terrenas, que a matéria
Ou sufocou ou reduziu a pouco,
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas,
E zombando o chamais, portanto: - um louco!

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
aproxima-se mais à essência etérea.
(Junqueira Freire)

Soneto para um lulismo sem sismo

Quem fala mal do Lula tem mordido
a língua. Eu, inclusive: se de amores
eu antes não morria, agora as dores
tomei dele e me rendo, convertido.

Reparo e, então, comparo. E me decido:
é Lula lá, apesar dos dissabores!
Bolsa-família, bolsa de valores,
vai tudo às maravilhas, sem partido.

Fez ele o que os rivais tucanos não
tiveram competência de fazer:
o mínimo do básico à nação.

Nem mesmo aboletar-se no poder
souberam, com seu dólar e apagão.
Que o Lula mais mandatos possa ter!

(Glauco Mattoso)

Anjo de uma asa só

eu o vejo
a semi caminhar
semi olhar
e semi voar
o desequilíbrio o impede
de ir além dos seus sonhos
além das planícies douradas
o sol poente se esconde e convida
mas ele não pode chegar
a sua asa está ferida
e sangra
o desequilíbrio é aparente...
vem meu anjo da-me a tua mão fria
juntos fazemos um par de asas
e ao encontro do poente iremos
enfim voar.

(Misk, Foz)


LOGO CEDO

Pela manhã um pouco fria, me sentei na calçada e, tão bela vista, me perdi em nenhum pensamento.
Foi quando soprou uma brisa que levou minha alma para um passeio.
Observei de perto o despertar dos raios de sol com suas retas perfeitas, ultrapassarem as nuvens escuras da noite.
Observei caras passando tão cedo... Em casas e caras tão fechadas.
Observei e me embalei na dança das folhas secas da calçada.
Observei de perto alguns pássaros voando como numa brincadeira de pega-pega.
Vi os raios de sol ganharem mais espaço para o despertar de um novo dia e me vi novamente na calçada.
Vi caras fechadas em casas trancadas em caixas trancafiadas, que não podem ver a beleza da vida. Perdendo assim a chance de se abrir.
Vi as folhas sumindo em meio ao luxo e ao lixo.
Não vi mais pássaros em meio aos prédios.
O que observei tive que guardar em minha caixinha, junto a todos os meus sentidos, depois de dividir com minha agenda. Pois quando quis falar estavam todos ocupados discutindo a cotação do dólar.

(Carol, Foz).


PARADOXO

Gosto
De vagar
Devagar
Pelo vagão
Da vida
Mas, tenho pressa
De perfeição


(Lizal, Foz).


CADA UM CADA UM

Toda pessoa tem seu caráter
E a sua forma de se expressar
Um jeito de receio
E uma forma de lutar

Todo ser tem uma defesa
Todo ser tem seu predador
E a sua presa

Todo ser tem uma experiência
Tem seu próprio costume
A sua sobrevivência
Seu hábito
Sua inteligência

Seu nicho ecológico
Seus alimentos
Seus bons momentos da vida
Seus sofrimentos

Um meio de comunicação
Um meio de ambição
Parentes paternos e maternos
Pai, mãe e irmãos

Teto solar
Como a lua
Lar não há mais
Filhos da rua

(Edson de Carvalho, Foz).

IDÉIA PRA PERIFERIA (Por:Mano Edo)

Idéia do Bairro

III - No processo da operação

Os meninos foram para suas casas (ou barraco) sem conforto e oriunda de uma realidade de questão capitalista, a desigualdade à vista. Inplícito e espostas nas ruas (vielas e becos) com um teor de melancolia às pequenas crianças. Enquanto a operação se prossegue Gugu fica apenas admirando e espantado ao mesmo tempo. De repente em uma outra rua ao lado começa a disparar alguns tiros; com certeza de policias ou de confrontante deles. Em questão de segundos havia várias viaturas; em todos os lugares da favela foi planejada uma abordagem em forma de cerco, fora rodeada a favela de policias e viaturas, e os disparos de tiros foi para o lado de alguns adolescentes que haviam corrido quando observou uma viatura chegando próxima a eles. Os policias entraram no barraco do menino e fizeram uma averiguação correspondente a uma revista no interior do barraco. O adolescente foi surpreendido com a presença dos policiais e ficou soando frio com sintomas de que deve algo a justiça da infância por motivos de assaltos.

Em pleno segundos foi discuidado e o adolescente consegue fugir e pula a cerca do fundo do quintal e cai na casa de Gustavo, Gustavo fica assustado quando os policiais disparam dezenas de projéteis de arma de fogo de diversos calibres. E por azar o adolescente é alvejado e cai ao pular a cerca da casa de Gustavo. Repentinamente chega uma viatura e desce uma autoridade e fala com remorsos para não se mover, mas, o menino já estava sem vida. Fora levantados dados do menino e constou que ele tinha passagem pela policia, porém, foi pegar uma lata de leite para seu pequeno irmão que nascera poucos dias. O nome dele era Clemente, então mais uma criança assassinada por mãos de autoridade com ideologias que a violência e o abuso de autoridade vão mudar algumas questões (se fosse o caso a Primeira Guerra Mundial já hávia solucionado todos os problemas). Chamaram a equipe do IML e continua-se-ia a operação por criminosos e crianças.

Gugu saiu em frente a sua casa e avistou o movimento das viaturas levando o corpo do menino. Era dia de páscoa quando somou sete dias. A mãe de Clemente convida a comunidade para celebrar a missa do Sétimo dia que se realizará na Capela Santo Anjo, no meio da favela numa rua de chão e cheio de pedregulhos. Vários vizinhos compareceram e Gugu e Gustavo também.

No social

A Crew Cartel do Break está realizando um trabalho social no Colégio Estadual Gustavo Dobrandino da Silva com finalidade de treinar os alunos para participarem do Projeto FERA que será sediado em Cascavel. E novos B.Boys e B. Girls estão no forno pronto para sair e mostrar o que aprendeu durante o curso na escola. Além de tudo, o mais importante é que irão representar o movimento de rua da periferia de Foz a cultura Hip Hop com o elemento BREAK.

Você sabia:
“Quando tivermos um problema para resolver é mais fácil tentar resolver ele (um problema) do que passar a resolver dois problemas”

(Edson de Carvalho).

Lá vai nossa mata, pouco a pouco. (Por: Jackson Lima)

A Avenida das Cataratas está mudando e muito rápido. A avenida era o melhor exemplo do Corredor Turístico de Foz do Iguaçu. Era área nobre para o turismo e empreendimentos ligados ao turismo. Agora, a área é disputada também pelos condominios fechados - ou comunidades localizadas atrás de portões de segurança máxima. São dois condomínios. Faltou zoneamento e planejamento. É triste. A foto mostra dois momentos da devastação da mata semidecidua subtropical e blá-blá-blá de Foz do Iguaçu. Um carro passa pela avenida. Se vê na vegetação que fica cada vez mais rala, um edifício do condomínio. A outra foto mostra, desta vez no lado oposto, mais uma limpeza de terra. Logo, as crianças que nascerem em Foz não saberão o que é vegetação nativa.

Fonte: blogdefoz.blogspot.com

PROGRAMA BLACK GOSPEL

Estreou dia 09 de agosto o programa Black Gospel. O programa é comandado pelos manos Dj Gustavo, Rivaci, TH e Matheus (5° Naipe) e rola todos os sábados das 23:00hs as 1:00 da manhã. Sintonizando a frequência 98,9 FM (Rádio Gospel) você pode ouvir o melhor do R&B, Black Music e Rap Gospel. Os ouvintes também podem fazer pedido de músicas pelo telefone: 3028-9809 ou pelo msn: ouvinte@gospelfoz.com.br. E também podem ouvir o programa pela internet no site: www.gospelfozfm.com.br.

O grupo Quinto Naipe - que apresentou-se recentemente no show do Ao Cubo em Foz está lançando uma edição especial de seu álbum, com novas músicas em bonus track.



O CD pode ser encontrado na Vertical Hip-Hop na Av. Brasil e o preço é:
R$, 10,00.

Para ouvir músicas do grupo Quinto Naipe acessem:
www.myspace.com/5naipe

CPI Sistema Carcerário (Eliane Silva)

“Presídios no país não servem nem para bichos”, diz deputado.

Aproximadamente 14 estados brasileiros serão denunciados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário. A informação foi divulgada pelo presidente da Comissão e responsável pelo relatório, deputado Neucimar Fraga (PR-ES). A CPI que denuncia a falha nos sistemas prisionais destas unidades federativas deve resultar na criação de um Estatuto Penitenciário. O Estatuto irá estabelecer regras e penas para os agentes penitenciários, estado, juízes e promotores que não cumprirem a lei. Ratos em celas de presídios, refeições sendo servidas em sacos plásticos e esgoto a céu aberto foram algumas das situações encontradas pelos integrantes da CPI. As visitas foram realizadas em 60 estabelecimentos prisionais do país ao longo de oito meses. Segundo o relator da comissão, o deputado Domingo Dutra (PT-MA), “grande parte dos presídios visitados não serve nem para bichos''. Os novos números do Ministério da Justiça atestam a precariedade do sistema carcerário. Segundo o órgão, a cada dia entram aproximadamente 200 presos a mais do que os que saem das mais de 1.1 mil prisões espalhadas pelo Brasil. Ao todo, faltam aproximadamente 185 mil vagas. O próprio diretor Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Maurício Kuehne, admitiu que é necessário uma mudança radical no modelo de Segurança pública.

30% de detentos presos indevidamente.

Problemas como falta de recursos e assistência jurídica, superlotação e até mesmo detentos mantidos sob cárcere irregularmente são alguns dos itens que estão descritos no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do sistema carcerário entregue no dia 24 de junho. Durante a investigação da CPI foram visitados 18 estados e 60 unidades prisionais em todo o país. Segundo o relator da CPI, deputado Domingos Dutra (PT-MA) cerca de 30% dos 440 mil detentos de todo o país estão presos em situação indevida, ou seja, sem sentença. O relator aponta que a falta de assistência jurídica, muitas vezes é reflexo da situação financeira dos detentos e gera outro problema identificado no documento - a superlotação dos presídios. O déficit de vagas é superior a 40%.

Relatório

São 18 mil presos e um déficit de cerca de 10 mil vagas. A CPI identificou também um não cumprimento da lei em quase todos os presídios visitados. O parlamentar maranhense, Domingos Dutra, aponta que a CPI poderia finalizar os trabalhos com um Projeto de Lei dividido em dois artigos. Um deles obrigaria “todas as autoridades a cumprir as leis existentes para o sistema carcerário”, o outro “que se decretasse a prisão de todas as autoridades que não cumprirem essas leis”.
O relatório recomenda ações como a elaboração de um estudo que determine o índice de desenvolvimento humano do sistema carcerário, para desenvolver políticas públicas e um censo penitenciário em um prazo de seis meses. Segundo o relator, estes mecanismos poderiam auxiliar principalmente a retirada dos detentos encarcerados ilegalmente.
Os trabalhos da CPI foram prorrogados por mais quinze dias, a pedido de deputados do Mato Grosso do Sul, o único Estado que teve um secretário indiciado no relatório final da comissão por manter o presídio Colônia Agrícola de Campo Grande "sem condições de tratamento mínimo dos internados". Irritados os parlamentares pediram para os integrantes da CPI visitarem novamente o Estado porque, segundo eles, os presídios estão, agora, em melhores condições. Ao final das investigações, o relatório final será votado pela bancada da Câmara dos Deputados.
Fonte: Portal Vermelho

Publicado também no site da Nação.

www.nacãohiphop.com.br

TERRORISMO (Por: Alessandro Buzo)

Manda pôr mais uma camada de blindagem na Cherokee.
Manda aumentar mais uns metros o seu muro e põe eletricidade no alto.
Cancela a assinatura do seu jornal.
Corta a sua TV.
Desliga a internet.
Se não seu filho vai nos ver, me ouvir, me ler....
Aí como vai continuar seu império capitalista?
O gueto aqui tá armado.
De ideologia.
De literatura.
De atitude.
Até você corre o risco de me ver no ESTADÃO que chega no seu escritório espelhado, seu motorista lê o AGORA e eu também tô lá.
Corre e se previne, se não seu filho vai me ver, me ouvir, me ler....
Quem vai continuar seu império capitalista?
Há alguns anos vc não contava que surgiria gente tão abusada assim na favela. Pensou que por toda a vida só iria surgir ladrão; para isso vc já tinha dado um jeito, construindo cadeia em vez de escola.
Para evitar que a gente pudesse ler você criou a SALARIO, que não sobra para essas coisas, inventaram o SEBO e você se quebrou.
Para seu filho se adiantar criaram a internet, mas o computer barateou e na favela aqui também chegou.
Agora quero martelar seu cérebro de idéia.
Se o trem atrasa eu denuncio, se você não contava com isso azar o seu.
Na geral no quarto do seu filho tinha um livro "O Trem" , um CD do Sabotage, uma Rap Brasil, um pôster do 2PAC, uma bandeira do Che Guevara?
Desculpe playboy, a gente invadiu sua mansão e você nem viu, agora seu filho é nosso refém...
Quem vai continuar seu império capitalista?

Alessandro Buzo é escritor e ativista cultural em São Paulo.
Fonte: www.suburbanoconvicto.blogger.com

LETRAS, TRETAS E SHOPPING CENTER (Por Lizal)




No ano de 1987 eu completava 08 anos de idade. Piá correria, saía para cuidar de carro, vender picolé, salgado, catar recicláveis e buscar frutas e verduras no fim da feira. Durante a semana eu acordava cedinho pra acordar o sol. Saía de manhãzinha e voltava meio dia pra ir à escola na parte da tarde. Os cadernos eram doados. A primeira frase que eu aprendi a ler inteira foi: “FUNDEPAR, venda proibida”, que era estampada no caderninho de 100 folhas que o colégio doava para as famílias carentes. Na falta de mochila para levar os materiais escolares nós improvisávamos. A mochila era um pacote de arroz ou açúcar de cinco quilos. Amarrando nele dois pedaços de tecido velho podia-mos carregá-lo como se fosse uma mochila de verdade. Eu nunca tinha usado uma roupa nova, minha mãe só comprava no brechó. Eu usava várias vezes a mesma roupa parecendo personagem de gibi. O chinelo era consertado com pregos várias vezes, pois o dinheiro não dava para comprar chinelos novos. O lanche do colégio ajudava bastante, pois em casa a comida nunca dava pro mês inteiro.

Já no primeiro ano letivo aprendemos o alfabeto. A professora ensinava pra gente as vogais a-e-i-o-u e as consoantes. Depois a formação das palavras: b+a = ba, t+a = ta, ta+tu = tatu e assim por diante. Mais pra frente ensinou as primeiras regras de português: antes de P e B não podemos usar a letra N, o correto é a letra M. “Porque professora?”, sempre alguém perguntava. Então ela inventava uma história: “Era uma vez o alfabeto inteiro saiu para uma festa. Todas as vogais e as consoantes eram amigas. De mãos dadas dançavam e se divertiam. A letra N era muito desastrada. No ápice da festa ela tropeçou e caiu sobre a letra B que caiu sobre a letra P e caíram no chão. A letra M correu para socorrê-las. Ao ver que suas roupas ficaram sujas foram embora da festa e a letra M em solidariedade acompanhou-as. Depois desse dia a P e a B nunca mais falou com a N”. Eu pirei com aquilo tudo, as letras, as vogais, as histórias, as frases. Parava na frente dos comércios para tentar ler o nome do estabelecimento, pegava até papel de bala no chão para tentar ler.

Comecei a trabalhar cuidando de carro em um centro comercial. Além de um hiper-mercado havia no local uma lanchonete, uma feira de frutas e verduras, uma casa de doces, um bazar, e pra minha alegria, uma banca de revistas. Quando eu trabalhava na parte da noite, de vez em quando eu chegava na banca e ficava folheando os gibis. A dona da banca sempre mandava eu sair, pensando que eu queria roubar. No outro dia eu estava lá de novo. Eu lia uma parte da história por dia até terminar todo o gibi; o dinheiro que eu ganhava não dava pra ter o luxo de comprar gibis e revistas, tinha que ajudar a pagar as contas de casa. Desenvolvi rápido a minha leitura e um belo dia vi minha favela na manchete principal do jornal: “Bandidos morrem após confronto com a polícia no Jd. Paraná”. Percebi que quando os “criminosos” eram menores de idade usavam siglas ao invés dos nomes: “os menores A N S e P M D são detidos...”.
Percebi que a guerra das letras continuam.

Com 14 anos consegui emprego na feira. Salário baixo e sem carteira assinada. Comecei a estudar de noite, entrava no trampo as 5:00 hs da madruga. Com meu primeiro salário comprei minha primeira roupa nova em uma loja e comecei a sair curtir nas discotecas nos fins de semana. Conheci a noite, a balada, a bebida alcoólica, a música, as minas e me afastei dos livros. Continuei na escola, mas colava pra passar de ano. Me juntei com uma galerona grande, de uns 40 malucos e a pira era cair no soco com os malucos de outros bairros. Naquela época poucas pessoas tinham armas de fogo e as tretas se resolviam na porrada.
Hoje em dia vários malucos andam armados. As broncas se resolvem na bala. São poucos os manos que tem disposição pra trabalhar catando recicláveis, vendendo picolés e salgados, ou descarregando caminhões no Ceasa. Muitos moleques sentem vergonha de usar roupas compradas no brechó e o lazer de muitos é ir ao Shopping Center. “Você não precisa mais viajar para ir ao Shopping” dizia uma frase escrita em um outdoor.
Hoje a minha mentalidade é outra, deixei as baladas, as tretas, a bebida, e voltei pros livros. Não vou ao Shopping Center, fico em casa lendo, escrevendo e cantando. Hoje prego a ideologia da Paz e do Amor. Nas minhas letras musicais achei uma forma de acabar com a treta da letra N com a P e a B. Eu escrevo: “anbição”, “canpo”, “conpra”, “conbate” etc...

Na hora que eu canto ninguém percebe.

(Lizal é ativista do movimento hip-hop em Foz do Iguaçu e acredita que em breve o povo vai engolir seu orgulho e parar de tretar entre si. É mais um visionário que acredita nas flores vencendo o canhão).

terça-feira, 2 de setembro de 2008