sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

FELIZ ANIVERSÁRIO / ENVELHEÇO NA CIDADE (Ira)

Salve amigos e amigas, o Fanzine do Cartel completa 4 anos de vida nesse mês de fevereiro.


No ano de 2005, mês de fevereiro, saiu a primeira edição do fanzine. Um dos textos, contava em um resumo, a história da Banca CDR e os grupos que faziam parte na época: (M.D.K, A.D.P, Conexão P.B, Z.N.F, Revolucionários Mc's, Sobreviventes do Subúrbio, Considerados do Rap, M.A do Gueto, Vozes do Gueto, Black Mc, Relato Criminal, D.D.R e A.D.R). Outro texto era sobre a ALCA e os malefícios que traria para a América Latina. Intitulado “Diga Não ALCA*PITALISMO” o texto também falava da NAFTA, o acordo comercial entre México, EUA e Canadá. Além do quadro Poesias e Pensamentos havia um texto falando sobre a Sociedade Alternativa e o preconceito com os estilos de música underground.
Na edição de fevereiro de 2006, aniversário de 1 ano, começava com o texto da Carol sobre o MST e seu nascimento em 1984 na cidade de Cascavel. Estreava aí a coluna Óia sÓ e o zine trazia um grafite do Woloco. Contava também com artigo polêmico sobre o Carnaval intitulado “Anti-Folia” que mostrava a sua origem e a opinião de pessoas que não curtem essa festa


Fevereiro de 2007, aniversário de 2 anos. Texto de Palena Duran sobre Cuba, intitulado Pobreza e Miséria. No artigo ela faz uma comparação entre o Brasil e a Ilha comandada por Fidel Castro. Numa crônica de Eduardo Galeano – escritor uruguaio – mostrava seu pensamento a respeito de Che: “Boa parte da força de Che Guevara, penso, essa misteriosa energia que vai muito além de sua morte e de seus equívocos, vem de um fato muito simples: ele foi um raro exemplo dos que dizem o que pensam e fazem o que dizem”. Essa edição do fanzine cobriu o evento 11° Rap in Foz que rolou na loja Laysla Hip-Hop no Jd. São Paulo.

Em fevereiro de 2008 o fanzine estava fora do ar para reestruturação. Voltou em junho de 2008 com a edição 38 e muitas novidades. E nesse nosso aniversário de 4 anos o parabéns vai pra vocês leitores do fanzine que nos acompanharam durante todo esse tempo.

Boa leitura e fiquem na paz!!!

Vida longa ao tráfico de informação.

APOIARAM ESSA EDIÇÃO DO FANZINE:


BRASIL E A DANÇA DE RUA (Por: Pedro Almeida).

Muito importante antes de buscarmos saber a base técnica e a raiz de cada vertente, é conhecer o processo que fez com a Dança de Rua no Brasil estar onde está. Não há como falar da Historia da Dança de Rua em nosso país sem mencionar o nome do nosso “Progenitor'' Marcelo Cirino (Dança de Rua do Brasil), pois este foi o primeiro a sintetizar a Dança por aqui, sendo responsável pela fundação do Primeiro grupo de Dança de Rua Sul-Americano no inicio da década de 90. Marcelo somou toda sua técnica e perícia no Jazz com as bases do Steping, entrelaçando a estas performances de Break e Poping, e foi isso que todo o país conheceu como Dança de Rua, sem distinção de vertentes, o povo sabia que aquilo era Dança de Rua. Após Cirino outros grupos e coreógrafos começaram a aparecer: Octavio Nassur (Street Hot Beach e Hart Company) Tatiana Shanchis (Casa da Dança) cada um deles colaborando e muito com a dança, no sentido de trazer as informações de Lá pra Cá. Nassur passou a pregar uma Dança de Rua mais técnica com uma leitura corporal contemporânea enquanto Sanchis jogava toda sua malícia num estilo mais despojado. As informações começaram a chegar, outros grandes nomes começaram a contribuir com a dança, passando ao público as primeiras noções do que era o que. Aí foi a doidera, ninguém sabia mais o que dançava, se era Dança de Rua, Street Dance, Break, Jazz ...

Aliás, Cirino nos tinha presenciado com sua leitura, com sua identidade, posteriormente outros trouxeram as bases das danças sociais como, por exemplo, Edson Guiu e Frank Ejara tidos hoje como os mais renomados coreógrafos do Brasil reconhecidos internacionalmente. Este processo de diferenciar o que chamávamos de Dança de Rua para o conhecimento das vertentes e da historia foi longo e conturbado mas chegamos lá, com raras exceções de alguns que infelizmente não tiveram oportunidade de ter contato com estes aí...
Galera, fiz questão de citar os nomes pra quem tiver interesse de ir pesquisar acreditem, se pesquisarem a vida desses caras estarão pesquisando a historia da Dança de Rua Brasileira.

Pra galera que dança, em abril tem meeting... www.meetinghiphop.com.br o organizador é o Halphe Willians este é o segundo maior evento do Street no Brasil ...
No Blog do Cartel assista a vídeos sobre a Dança de Rua no Brasil.


(Pedro Almeida é estudante de dança e arte-educador em Foz e Itaipulândia).




Frank ejara ...
Percurçor das danças Old School no Brasil

obs ... neste video ele comça dançando locking e depois executa o poping com a maestria que só ejara sabe mandar .... é o cara !




contemporanizando a Dança de Rua


Octavio nassur ....
Inicio da revolução de conceitos ....




Primeira visão do bRasil com a Dança de Rua ... Marcelo Cirino ''Dança de rua do BRasil''

2000 e 9 É NÓIS!!!

Cartel do Rap no Casulo Rock Bar


(Os Manos fazendo freestyle).

2009 começou agitado pro Movimento Hip-Hop de Foz. Enquanto os manos do Aliados da Periferia e DNA do Rap pegaram a estrada para fazer um show em Assis, os demais grupos do Cartel do Rap fizeram show no Casulo Rock Bar. A Banca CDR voltou ao Bar da Cris para lançar o cd Ao Vivo no Casulo que foi gravado em setembro de 2008. Os grupos: Eloqüentes, Santiago e Mano Zeu comandaram o evento que contou com a participação de um mano de Limeira, São Paulo.

O mano do grupo Família ZO estava em Foz para o Congresso de Educação Física e colou na fita para mandar seu som e sua idéia. O evento contou ainda com um Freestyle muito loco, que já é tradição nos shows da banca e participação dos manos do Clan do Beco.

Até a próxima!!! fiquem na paz.
(Os Manos do Clan do Beco)


(Mano Zeu e Santiago).


Família ZO (Limeira - SP).


- Adquiram o Cd: Cartel do Rap ao Vivo no Casulo Rock Bar.
- Onde encontro?
- Na Vertival Hip-Hop, Av. Brasil, Centro.
- Quanto custa?
- R$, 5,00.
- É nóis!!!
- Demorô!!!



ONDE EU ESTAVA? (Por: Adilson Borges)

Não sei onde estava, talvez cuidando dos filhos, olhando meu umbigo, quando aos poucos foram tirando aquele pedacinho da mata, ali ao lado da minha casa. O processo foi lento. Primeiro cortaram as pequenas árvores, os cipós e trepadeiras. Depois as árvores de pequeno porte. Para acabar com a floresta foi fácil, quase uma eutanásia assistida. A mesma mata semi-abatida foi o combustível para pequenos focos de fogueiras, que assim num dia quente passa despercebido, apenas a fumaça incomoda alguns, outros nem tanto. Pois é nesse dia estava aí, talvez nesses dias de agonia da pequena floresta, cercada de casas e humanos por todos os lados, eu buscava ganhar algum ou defendendo alguma causa nobre sobre o aquecimento global do Planeta e que algum país desenvolvido seja o culpado.

Nem vi ou fingi que não vi quando o fogo lambia a pequena floresta bem ali embaixo do meu nariz. Cuidava da vida ensinando os filhos o quanto é bom defender o meio ambiente. Com o fim da pequena floresta, os pequenos animais, lagartos, cutias, sabiás, borboletas agora sumiram. E o mais importante na visão humana da coisa: o ar puro também.

E nesse calor de 40º graus fico filosofando o quanto os norte-americanos são uns filhos-da-putas por acabar com o planeta.

(Adilson Borges é colaborador do MEGAFONE).

Fonte:
www.megafone.inf.br

UM PASSO MAIS A FRENTE (Yoani Sanchez - Cuba)

Andy é dos que não esperam. Teve um celular quando eram só para estrangeiros, comprou um apartamento a margem da obsoleta lei da moradia e vende - desde o ano passado - as torradeiras que o Granma anunciou para 2010. Deambula ao redor das grandes lojas de pesos conversíveis e oferece sua mercadoria desviada de armazéns estatais. É um homem destes tempos e por sua vez um adiantamento do futuro, um produto completo de uma grande época de ilegalidades. Aluga fitas e telenovelas copiadas por uma antena parabólica que esconde dentro de um suposto tanque d`água. Seus clientes sempre lhe pedem algo com sexo, muita ação e pouca política. Ele os satisfaz. O proscrito é a fonte direta de seus ganhos e há tanto que não se pode fazer, que é um rei no país do proibido. Este jovem, que ainda não passa dos quarenta, fareja qualquer restrição que gere um nicho de mercado. Sua larga experiência em subterfúgios o ensinou que acatar o código penal e sobreviver são ações contrapostas. Daí que frente a reprovação pelo seu trabalho de vendedor ilícito, esclarece que ele só provê aquilo que o Estado não oferece ou coloca a preços proibitivos. Sua ética é a que dita o bolso e enganou alguns que confiaram demasiadamente. Nada que não o deixe dormir tranqüilo a noite, porque sabe que entre suas vítimas também há quem enganou outros para obter dividendos. Pertence a essa geração que viu seus pais roubarem o Estado, cresceu com o mercado negro e ensinou a seus filhos o desumano código de pegar tudo o que estiver ao seu alcance. Pode ser que um dia lhe ponham a mão, o ponham atrás das grades por adiantar-se demasiado, porém isso não mudará nada. Neste povo existem muitos Andy.

(Yoani Sánchez é filóloga e blogueira em Havana, Cuba).

óIA sÓ (Por: Lizal)

PASSEATA/PROTESTO PELA CAUSA PALESTINA

Aconteceu dia 09 de janeiro de 2009 na Av. Brasil, Foz do Iguaçu. Aproximadamente mil e quinhentas pessoas participaram do protesto que pediu paz, justiça e o fim do massacre cometido por Israel.
Ver matéria no site da Guatá: www.guata.com.br


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Em Cuba não se comemora o Natal, comemora o dia da Revolução. 50 anos de revolução cubana.

(Mas, é imposto pelo governo)

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Em São Paulo, de janeiro de 2007 a setembro de 2008, a PM assassinou 673 pessoas.

(Editorial da Revista Caros Amigos de janeiro de 2009: “Lula, se quiser mesmo entrar para a história como um grande presidente, fará esse bem para o povo brasileiro: promover a extinção da Polícia Militar”).

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Inscrição em impressos usados pela Pm e em fachadas de batalhões e outras unidades:

“Nós, Policiais Militares, estamos compromissados com a defesa da vida, da integridade física e da dignidade da pessoa humana”

(Como eles conseguem dormir a noite?).

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Ernesto Che Guevara:

“A pátria está em qualquer lugar onde se cometa uma injustiça no mundo e se levante uma voz de protesto”.

(O Brasil é nossa pátria, vamos protestar).

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José Arbex Jr.:

“A única maneira efetiva de acabar com a violência
é destruir o Estado e as elites que a criaram”.

(Boto Fé!!!)

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Música do grupo Racionais Mc's:

“Eu sou problema de montão de carnaval a carnaval
Vim da selva, sou leão, sou demais pro seu quintal”.

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Óia Só:

Os prefeitos deste Brasil brasileiro desviaram mais de R$ 100 milhões nos últimos 12 meses. São recursos repassados pelo governo federal a municípios e que não foram aplicados na finalidade prevista. Ao todo, 462 prefeitos foram enquadrados pelo TCU no período.
Fonte: www.fabiocampana.com.br

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Meia Hora.

O Jornal Meia Hora (Rio de Janeiro) usa e abusa de sensacionalismo e bom humor para nadar contra a maré e resistir às Organizações Globo. Além da irreverência o tablóide atrai pelo preço que é vendido: cinqüenta centavos. O que os diferencia de outros jornais sensacionalistas são as chamadas da matéria. Quando Ronaldinho Fenômeno saiu do futebol carioca e foi pro Corinthians a manchete foi: “Ronaldo mete bola nas costas do Mengão e fecha com o Corinthians”. Quando Fábio Assunção deixou a novela das seis para tentar se recuperar do vício de drogas o jornal deu a seguinte manchete: “Fábio Assunção dará um tempo na carreira”. Quando o ex-policial militar Marcelo Silva, ex-marido de Suzana Vieira, morreu de overdose de cocaína escreveram assim: “Do pó viestes, pelo pó passastes, ao pó retornarás”. Quando ocorreu o enforcamento de Saddam Hussein noticiaram: “Saddam morre com a corda no pescoço”. Uma vez saiu na capa: “Grátis Pôster do Fluzão rumo ao Mundial”. Dentro do jornal havia um pôster do Fluminense com uma foto da equipe indo rumo ao supermercado Mundial. Numa manhã de outubro a redação tava agitada comentando o tabefe que o ator Dado Dolabella deu na Luana Piovani em uma boate. Depois do acontecido Luana terminou o namoro com ele. Prepararam a manchete de capa: “”LUANA NÃO TEM MAIS DADO EM CASA”. Depois pensaram bem e para evitar um possível processo por parte de Luana, colocaram no lugar da palavra DADO a foto do meliante.

(Veja matéria no site da revista Piauí: www.revistapiaui.com.br)

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A vez de Paris.

Recentemente o rapper Nas causou polêmica na industria fonográfica norte-americana, com seu álbum Nigger. Agora é a vez de Paris que lança seu álbum Acid Reflex. E a acidez do álbum começa pela capa na qual o Tio San segura na palma da mão uma criança negra que segura uma granada. As músicas abordam temas como a criminalidade, conflitos raciais, guerras, o sistema capitalista, a violência policial e a política. Na música “Acid Reflex”, Paris fala da euforia pela eleição de um presidente negro norte-americano. Fala que tudo isso foi planejado para esconder todas as atrocidades cometidas pelo sistema americano em países do Oriente Médio e que a eleição de Obama devolveria a imagem de uma nação aparentemente potencializadora de recursos fundamentais para todas as raças.

(Alguns rappers norte-americanos também batem de frente).

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Nada novo de novo

O escritor Cesar Cardoso sugeriu que este ano privatizemos a Casa da Moeda e que cada cidadão fabrique seu próprio dinheiro. Disse que o dele vai se chamar Obama: “O dinheiro que chega botando a maior banca, mas no fim também não vale nada”.

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Uma pergunta:

Nós pagamos taxa de coleta de lixo. O dinheiro vai pra uma empresa. Não seria certo se uma parte desse dinheiro fosse pros catadores de recicláveis, já que eles coletam boa parte do lixo da nossa cidade?

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A CIDADE DOS CARROS (Por: Luiz Henrique Dias da Silva)


Só depois de muito esforço, trabalho e dedicação, o brasileiro consegue realizar o sonho do automóvel próprio na garagem. Passada a anestesia, tem início um dos pesadelos das grandes e médias cidades brasileiras: o caótico “trânsito” de pessoas motorizadas. Não falo aqui só dos acidentes, tão discutidos pela mídia. Provoco você, caro leitor, a analisar a saturação das ruas, o excesso de veículos e o estado de estresse dos condutores. Chamo a atenção para expansão da frota que não veio acompanhada com um plano de expansão da infra-estrutura instalada em nossas cidades. As montadoras comemoram quando milhões de novos veículos super-povoam as ruas brasileiras, estes mesmos capitalistas proporiam (como propõem) um “controle de natalidade” se o fenômeno ocorresse com pessoas pobres, mas com seus bens de consumo duráveis é “progresso”. Eu chamaria apenas de uma questão de referencial. Porém, quero lembrar a vocês, amigos e desconhecidos, que para tudo há limites racionais. Inclusive para o crescimento do número de automóveis. Não podemos pensar apenas em criar ruas, construir avenidas, reestruturar vias, levantar viadutos e abrir, cada vez mais, espaço para os carros. E as pessoas? Onde ficam? Este processo nos levaria a extinção da cidade das pessoas e no surgimento da cidade dos carros. Há poucos dias vi em Curitiba a prefeitura diminuir uma calçada para expandir uma faixa de rodagem de carros. Ora, ali ficam claras as preferências.



Ainda há quem não utiliza o carro próprio, por falta de condições financeiras ou por opção (porque não?) e sofre a realidade dos sistemas ineficientes de transporte popular espalhados por todo o Brasil. A não adequação destes serviços aos anseios do usuário-cidadão, gera uma busca diária pela aquisição do carro próprio, piorando o tráfego nas cidades e a poluição do ar. Sendo assim, melhorar os serviços de transportes, dando alternativas dignas aos usuários, é uma questão de saúde pública e de respeito ao espaço urbano.

(Luiz Henrique Dias da Silva é estudante de Arquitetura e Urbanismo, comunista e escritor. Publica seus pensamentos todas as segundas no Caderno 2 do jornal A Gazeta do Iguaçu e, diariamente, em seu blog www.acasadohomem.blogspot.com. O Luiz resolveu viajar nestas férias e procurar um lugar onde não houvesse carros para passar uns dias. É possível que ele nunca mais volte de lá ou, caso apareça por estas bandas novamente, continue pervertendo o leitor com seus pensamentos anti-progresso. Caros leitores, desconsiderem o Luiz).

NEGRO TIPO A (Por: Mano Adão)

Todo santo dia nós somos criticados por algumas pessoas de uma maneira vulgar. Por essas que nem nos conhece direito, mas mesmo com o passar do tempo nós somos tratados com desrespeito. Por causa da nossa cor. Mas, por trás dessa cor tem seres humanos que tem sentimentos que nem os outros. Teve até gente mudando de cor para ver se melhora a imagem.

Eu não sei por que razão fez isso; uns falam que é por doença, outros falam que é por dinheiro. Mas todo mundo tem direito de pensar o que quiser. Pra mim será sempre aquele menino de cabelo pixaim, pele morena, olhos castanhos e que acompanhava seus irmãos nos shows. Mesmo sendo tão pequenininho tinha um talento fora do comum e seu futuro seria brilhante.
Seu sucesso foi tão grande, mesmo sem sair da puberdade eles se tornaram lendas conhecidos no mundo inteiro como The Jackson Five. Mas, alguns anos adiante, teve a separação do Michael do grupo para tentar carreira solo. E deu certo. No decorrer dos anos 80 ele estava no auge da fama considerado melhor cantor e dançarino de todos os tempos e por isso foi nomeado rei do Pop. Mas essa conquista conseguiu quando era negro, com seu cabelo Black Power, apesar das dificuldades, porque pessoas negras não podiam tocar em praças públicas ou fazer shows. Aí foi feito um Estúdio só para essas pessoas, que era chamado MOTOWN 25. Onde surgiram vários cantores famosos e que abriu as portas para outros que viriam futuramente. Uns dos cantores revelados pelo Estúdio foram: The Jackson Five, Michael Jackson, Diana Ross, Lionel Ritchie, James Brown, Commodores, etc. O rei do futebol é negro e é brasileiro. Temos muitas vitórias como Zumbi dos Palmares que lutou pela nossa liberdade, Martin Luther King, Nelson Mandela e Barack Obama que se tornou presidente dos Estados Unidos. Isso mostra que a gente tem capacidade para vencer qualquer luta, é só usar as armas certas e no momento certo. Porque nós somos uma raça forte.
Nós somos negros tipo A.

(Adão é B.Boy e arte-educador em Foz do Iguaçu).

As 12 Regiões de Foz do Iguaçu (Por: Jackson Lima)

Foz do Iguaçu está dividida em 12 regiões. Cada região recebe o nome de um bairro, que pode ser o mais velho da região. Porém cada região da cidade tem um certo número de bairros. Bairros em Foz do Iguaçu tem uma característica interessante. Alguns só têm três ruas. Isso acontece, parece, porque cada loteamento recebeu o nome de "bairro". Muitos moradores de bairros por onde eu tenho passado, fazendo esse levantamento, reclamam. "Eu tenho um mapa de Porto Alegre onde os bairros são imensos. Aqui a cada três, quatro bairros há um bairro novo", disse um morador.

Outro morador, da Região do Parque Imperatriz deu outro exemplo. "Eu moro no Jardim Aurora 2. Do outro lado da rua é Jardim Aurora I e ali, no outro lado da rua, mas mais para a esquerda, a partir daquele muro é Parque Três Bandeiras". E assim vai. Outro morador destacou ainda que todo bairro de Foz se chama Parque ou Jardim. "Isso se deve aos loteamentos, cada loteamento era Jardim ou Parque", concluiu.

Assim voltando as Regiões de Foz vale a pena apresentar uma lista. Na lista, você vai notar que cada Região é identificada por nome, como já disse do bairro mais antigo ou mais influente e por número. Veja a lista:

Região de Três Lagoas ou Região 01 (R 01)
Região da Vila C ou Região 02 (R 02)
Região do São Francisco ou Região 03 (R 03)
Região do Porto Meira ou Região 04 (R 04)
Região do Jardim São Paulo ou Região 05 (R 05)
Região do Jardim América ou Região 06 (R 06)
Região do Parque Imperatriz ou Região 07 (R 07)
Região da AKLP e Vila "A" ou Região 08 (R 08)
Região do Centro / Vila Yolanda ou Região (R 09)
Região do Campos do Iguaçu ou Região 10 (R 10)
Região do Carimã ou Região 11 (R 11)
Área Rural ou Região 12 ( R 12)

Você deverá ter notado algumas curiosidades: o centro não é "região um"; a Região 12 é a área rural da cidade e está dividida em duas áreas. Uma, a que margeia a cidade e inclui as áreas ao longo dos limites do Parque Nacional do Iguaçu, Aparecidinha e outros bairros contíguos ou pegadinho à cidade e um outro pedaço de área rural iguaçuense que ficou perdido lá atrás depois de Santa Terezinha e enclavado no território de São Miguel do Iguaçu. É a área que se chama Vila Bananal e que já andou sendo chamada de Malvinas.

Por que essas postagens?

Meu propósito ao postar sobre os bairros de Foz do Iguaçu (e logo sobre as cidades do "Aglomerado Transfronteiriço" é subverter a situação atual onde as pessoas não se dão conta de que vivem em bairros. Você vive em Foz, ma seja lá como for, você vive em um bairro. Isso levaria a uma maior atenção das autoridades com os bairros. Não é o que acontece hoje. Por isso, eu tenho pregado a "bairrização" de alguns problemas municipais assim como a "municipalização" mudou a forma de resolver problemas estaduais e nacionais. Tenho pregado a "bairrização" do turismo, por exemplo. Como a vida acontece nos bairros - os bairros devem ser olhados de maneira diferente. A Itaipu Binacional é do Brasil, é do mundo, mas está em um bairro de Foz do Iguaçu. O Marco das Três Fronteiras está no Porto Meira. O Hotel Rafain está no Parque Imperatriz. O Hotel Recanto está no Parque Presidente. O Aeroporto está em um bairro da Região Carimã de Foz do Iguaçu. Tudo isso deve ser valorizado.


(Jackson Lima é jornalista e editor de "O Blog de Foz", voltado para divulgar coisas de Foz do Iguaçu (Paraná) e Tri-Fron. www.blogdefoz.blogspot.com)
Fonte: MEGAFONE.
No site do megafone tem os links com os mapas. Acessem: www.megafone.inf.br

HIP-HOP PARANAENSE

DVD HIP-HOP DE PONTA

O DVD contém 10 Vídeos Clipes, todos produzidos em PG. Os vídeos são dos grupos: Esquadrão de Elite, Raciocínio Engatilhado, Dprimus, MC'A', DDR, Federação Repúbli-k, Vigília Negra e Ponta Rap. Conta ainda com vídeos do elemento Break e Grafite.

Para adquirir o DVD acesse o site:
www.hiphoppg.com.br


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MANOS XAPIROS RAP’S

O grupo formado por Mc Carlão e Jhon é da cidade de Sarandi, Pr. O CD traz dez faixas com destaque para os raps românticos (a lá Sampa Crew): Admirador secreto, Medo de te amar loucamente e Me perdoe pela falha. O cd ainda narra o cotidiano do gueto, as drogas e a criminalidade.

Contato: (44) 9959-8357
xapiros@hotmail.com



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VERSO AGRESSIVO


TENDÊNCIA SUICIDA

Direto de Cianorte, um dos expoentes do Rap do interior paranaense. No melhor estilo gangsta o grupo vem abrindo caminho e se apresentando em diversas cidades do Paraná. Destaque para a faixa título do CD (Tendência Suicida). Outras boas canções são: Assassino ou Vítima, Persistir pra Conquistar e Eu to Errado. O trampo Tendência Suicida é do ano de 2005 e o grupo está finalizando o novo álbum intitulado: O Religioso Profano.
O CD está disponível na Internet para download.



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VEM AÍ:

Gravação do DVD Espaço do Rap Paraná vol. 02
Ganesh Bar / Toledo

É nóis que tá!!!
RACIOCÍNIO FORTE. (LUTO).
O grupo Raciocínio Forte é da cidade de Toledo. Nesse Cd trás o cotidiano da quebrada e versa sobre armas, drogas, corrupção, pilantragem e sobre o sistema falido. O trampo é em memória do mano Willian - integrante do grupo - que foi assassinado antes do término do CD.O álbum conta com a participação do grupo Aliados da Periferia de Foz do Iguaçu.
Contato: (45) 9138-6907

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FACÍNORA MC´S

(Em Tempos De Morte As Lágrimas são de sangue).O grupo Facínora é da cidade de Curitiba. Seu primeiro CD foi intitulado "Réu Primário", e teve boa aceitação dos ouvintes de rap gangsta. Recentemente o grupo perdeu um dos integrantes (Dj Luiz) que fora assassinado em Curitiba. A atual formação do grupo é Eduardo, Ricardo e Falange. O novo álbum vem com boas músicas e com participação de Realidade Cruel e Hórus. Ouça o som:
http://www.dequebrada.musicblog.com.br/

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POETA LOKO_ No Jogo.
O rapper Poeta Loko, mais conhecido como Careca está na cena do rap nacional desde o ano de 1997. O maluco faz parte do grupo Rajada Mc's de Campo Mourão, grupo de renome no cenário paranaense. Recentemente mudou-se para Curitiba e preparou junto com o Dj Kuruja o álbum No Jogo, disponível somente na Internet. Na rede você pode ouvir seis sons solo de alta qualidade nas letras e na produção. Destaque para as músicas O que vou fazer (remix) e o tempo não para. Vale a pena conferir:

ERA UMA PROMESSA... (Por: Robson Mattjie).

Carregou um saco de pedras nas costas e pisou sobre as britas com os pés descalços
Sangrou a sola do pé que ficaram em carne viva
Era uma promessa...
Caminhou treze quilômetros sob o sol escaldante
Caindo por vezes no caminho
Era uma promessa...
Rezava baixo e olhava sempre para um ponto fixo no horizonte
Chorava por algumas vezes, mas estava sempre sorrindo
Era uma promessa...
Sofrimento? Que nada!
Andava satisfeito, pois estava realizando o seu objetivo
Era uma promessa...
Sorridente, carregando o saco de pedras nas costas, sangrando o pé e suando em bicas, lá ia o homem...
Pagando uma promessa...

(Robson Mattjie é musico e jornalista em Foz do Iguaçu).

Fonte: www.escritoamao.blogspot.com

SEGREDO DE GRAYIRÁ

(Conto de Brenda Marques)

No século XVIII habitavam os Kamakã em pequenas aldeias às margens do rio Pardo. A tribo ficou conhecida pela semelhança com a família Gê e por uma mulher que em 1938 era a única que restava na tribo, uma índia velha, de sangue puro e fibra. Jacinta Grayirá carregava consigo séculos de tradições orais. Um serviço de proteção dos índios no Sul da Bahia passou a cuidar daquela preciosa relíquia indígena. Ela sempre contava sobre uma estória com pica-paus, capivaras, preás, caratingas e flechas que transformaram dois irmãos em astro e satélite de toda humanidade. Apocai e Puá viviam em uma floresta e costumavam caçar preás para se alimentarem. Puá sempre cuidava do seu irmão e o repreendia pelo péssimo comportamento. Ele fazia sempre o que queria e almejava ser rei para governar todas as estrelas. Um dia Apocai trouxe para a irmã preás, que tinham o sabor de carás cultivados, mas eles fugiram antes de serem comidos por Puá. Revoltado, Apocai correu até alcançá-los e matá-los com os dentes. Depois sentiu sede e bebeu toda a água do rio. Puá ficou nervosa com a atitude do irmão e como ainda estava com fome comeu algumas caratingas. Sem perceber, os dois estavam matando animais destruindo a floresta. Eles acabaram sendo presos em uma caverna. Lá Apocai descobriu uma fórmula milagrosa e se transformou em um carrapato, fugiu e viveu vários anos como um inseto. Um dia sentiu falta da irmã e foi buscá-la, mas Puá não estava mais na caverna. O irmão enfurecido, roubou as flechas de todos os índios das tribos Kamakã. Na aldeia, os índios furiosos pediram a pica-paus que tinham nas penas o poder do fogo para atacar Apocai.

Ele fez uma porção de lama para jogar no pássaro até que as chamas se apagaram. A tribo furiosa, rogou uma praga a Puá, ele começou a arder, foi isolado da Terra queimando e ganhou o nome de Manyuán, o sol dos povos indígenas. E Piá? Onde foi parar a irmã do agora governador das estrelas? Ela também se encheu de fúria e foi roubar flechas em uma aldeia distante entre Minas e o Espírito Santo. Mas os Masakarí eram mais fortes e conseguiram atingi-la. Ela ficou marcada, mas as flechas platinadas lhe deram o brilho de um espelho. Ela foi condenada a ficar isolada junto com o seu irmão, mas precisaria do calor do sol para curar suas feridas. Foi assim que Sol e Lua reinaram para sempre no céu e passaram a iluminar os dias e as noites dos povos indígenas que foram atacados por eles.

(Brenda Marques é poeta, escritora e jornalista em Belo Horizonte , Minas Gerais).

brenda@cautionband.com.br

www.cautionband.com.br

Fonte: Revista Escrita n° 6



Nas melhores Bancas de Foz

Acessem: www.guata.com.br

Poesias e Pensamentos

O carnaval
O palanque
O meio fio
A arquibancada
As barracas de lanches
As barracas de bebidas

Uma câmera a filmar
Uma porta bandeira
O enredo
O cavaquinho
A ala das baianas

A segurança na avenida
Os foliões
A bateria
As vestes
As alegorias

Bebidas destiladas
Pessoas embriagadas
Concorrência de escolas
O brilho...
O carnaval.

(Edson de Carvalho, Foz)

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Desejos

Vampira
Mordo sua carne
Sugo seu sangue
Entrega de corpo e alma.
Nobre senhor
Toca meu cabelo
Conduz meu corpo
Num êxtase de calma...
A tua delicada força
É o meu sensível desejo.

(Carol, Foz).

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Pra não dizer que não falei do Bush

Bush X Bin Laden

Putz, o homem (?)
Foi embora e só agora que eu notei
Que a placa do meu car is BSH.
Já coloquei à venda.
Mas o pior ainda estava por vir,
No sábado fui numa festa que contava
Com vários grupos de rap da quebrada,
A organização?
Família Bin Laden.
Alguém tá afins de andar comigo?

(Sérgio Vaz)

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Poema ao Mais Recente Amor

Estar entre teus pêlos e dedos,
entre tua densidade,
neste transpirar sob medida
aos teus gemidos.
Estar entre teus trópicos,
entre o teu desejo e o meu prazer,
beber parte dos teus líquens e teus rios,
percorrendo-te da foz até a origem,
e pura a cada amor partir mais virgem.

(Leila Miccolis)

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Entrega
Na parada
A brisa,
Águas passando.
No passo
O vôo,
Corpo se libertando.

(Carol, Foz)

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Ódio Platônico

A tua dor que me desculpe
O que você sente nem tem mais sentido
Amor então que me preocupe
Mas o teu ódio não será correspondido

Para odiar te falta destreza
Nesse olhar mais mágoa que a tristeza
Se ainda não tiver percebido
Tua aspereza não me deixa comovido

Nem se disser que o que você sente
Para nós dois é suficiente
Terá possibilidade

Um dia você vai entender obsessão
E não ódio de verdade
O que se odeia quando se adia o coração

(Fernando Koproski, Curitiba)
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Minhas Quebradas Queridas

Jardim Paraná
Jardim Petrópolis
Jardim Estrela
Jardim Belvedere
Porto Belo
São Sebastião
Vila C
Cidade Nova

Já morei em tantas quebras
Em tantas casas
E me lembro muito bem
De cada uma delas

(Lizal, Foz).

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“MPB”

Quando eu ouvi
era o Jackson do Pandeiro,
João do Vale, Dominguinhos...
tinha outra divisão.
E era Zé Limeira,
repentista, rap-solto,
hip-hop de terreiro...
transfusão de Gonzagão.
Quando eu ouvi
era um lance meio estranho,
era samba, era black
e navegava no baião.
Não era bem barroco,
tinha um baque-meio-solto,
era frevo, torto-choro,
turbinado feito avião.

(Euclides Amaral)

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Nove de fevereiro

Enquanto cachorro late
Ás crianças pede às esmolas
Carnaval de periferia
Samba de ala de escola

No posto de gasolina
Bebidas ficam à vista
As convenções sobre drogas
Não dirigir pela pista

Tem campanha sobre sexo
Exploração a adolescentes
Alerta está o giro-flexo

Apreensão de entorpecentes
Servente come bandeco
Os médicos são pacientes

(Edson de Carvalho, Foz)

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O PULO

Um salto bem alto
O pulo do gato!!!
E da garganta
Saem borboletas

Primeiro beijo

(Mysk, Foz).

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Entre pedras
Cresceu minha poesia
Minha vida...
Quebrando pedras
E plantando flores...

(Cora Coralina).

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Envie-nos
Poesias...
Participem!!!

A FIGURA PATERNA NAS LETRAS DE RAP (Por: Lizal)

A grande maioria dos ativistas do Movimento Hip-Hop não conheceu o pai, ou o genitor não assumiu a paternidade. As letras de rap trazem uma certa mágoa com a figura paterna. Na música Negro Drama do grupo Racionais Mc's, Mano Brown canta: “Daria um filme / uma negra e uma criança no braço / solitária na floresta de concreto e aço (...) / mãe solteira de um promissor vagabundo (...) / um bastardo, mais um filho pardo sem pai”.

O grupo Inquérito ganhou o prêmio Hutus na categoria melhor canção com a música intitulada Dia dos Pais. Na música o filho narra que está indo no cemitério no dia dos pais para dar um presente pro seu coroa falecido. “Meti uma peita preta, vesti uma lupa escura / juntei uns troco pra floricultura”. O pai trocou a família pelo crime, nunca ouviu conselhos de ninguém. O refrão mostra a frustração do filho: “Eu trouxe o seu presente pai / é um buquê de flores / e agora o que que eu faço? / eu só queria era poder te dar um abraço”. A música é cantada como se o filho estivesse aos pés da sepultura do pai falando com ele: “Quando eu mais precisei, cadê? Você não tava / com 13 anos eu virei o homem da casa / a mãe sofrendo, doente, vivia em hospital / larguei a escola pra vender sorvete no Taquaral (...) Hoje quando eu te vejo nas fotos encima do Raque / vivo, positivo, só que nos negativos da Kodak / lembro do tempo que você vivia com nós / você sorria, mas aí, alegria / apagou mais rápido que um flash de fotografia”. No fim da conversa o rapaz pede desculpa por ter falado demais e diz que precisava muito desabar com alguém. “Já deu minha hora pai, deixa eu ir / você nunca escutou ninguém, não é agora que vai me ouvir / quem sabe um dia nós se tromba, nem que seja sonhando / pra eu te dar o abraço que ficou faltando”. Antes de ir embora uma última conversa: “Eu acho que a vida do crime é que nem a dessas flores aqui que eu te trouxe, no começo parece que vai ser linda sempre, de repente morre, desmancha, só fica os espinhos. Eu acho que os espinhos é que nem a saudade que fica machucando a gente, arranhando a nossa memória. É pai, mais um ano sem você. Mais um dia dos pais, sem paz, sem pai, só saudade”.

Na música Respostas do grupo Rajada Mc's, o Mc Careca narra as dificuldades de crescer sem um pai e a zombaria das outras crianças. “Você não tem pai”. No mês de agosto a professora pedia pra fazer um cartãozinho do dia dos pais, no caminho pra casa ele rasgava e jogava fora. Diante das dificuldades enfrentadas, a mãe posta pra fora de casa por causa da gravidez, sozinha no mundo com um filho no colo, ele se questiona: “Como seria se eu tivesse um patrocínio paterno?”. Pergunta sem resposta. O narrador diz que às vezes sente vontade de procurar o pai, mas teme uma rejeição, o que acabaria com sua vida. E durante a música as perguntas não param: “Será que ele ta vivo ou não? / será que eu tenho irmã, será que eu tenho irmão?”.

Uma canção bastante triste é do grupo Inimigos da Guerra. Intitulada Falha de um Pai, a música mostra os sentimentos do filho a respeito do abandono e do sofrimento passado em decorrência disso. “Nunca tive amor de pai, pra mim tanto faz / tendo amor da minha rainha, dessa forma vai que vai / Um amor de um pai que não tem dignidade de assumir o próprio filho e viver como um covarde (...) O desprezo de um pai e o abandono de seu filho / é cruel né tio, cada pecado tem seu preço (...) se eu dependesse de você cidadão / vich, eu já estaria no caixão”. O grupo Facção Central sempre é criticado por suas letras que abordam o crime e narram o cotidiano violento de São Paulo. Em uma delas: Um Gole de Veneno os primeiros versos já chocam as pessoas que não são acostumadas a ouvir suas canções: “Hediondo, premeditado, nem sei o artigo / só sei que eu to feliz vendo meu pai ali caído”. O pai, por causa da bebida, cometia todo o tipo de confusão e atrocidade. Na madrugada os vizinhos acordavam com o barulho dele chutando a porta e depois quebrando tudo em casa. Mexia com a mulher dos outros e apanhava dos maridos. Os amigos lhe arrumavam emprego, mas ele passava a noite bebendo e não conseguia acordar cedo pra trabalhar. Um vez bebeu, mesmo sem ter dinheiro para pagar, levou umas garrafadas e acabou preso. O filho se revoltava com tudo isso: “Quando eu trazia ele do bar vomitando pelo corpo / como eu queria ta morto, ter ido no aborto (...) / Como você não foi homem e trocou sua família pela garrafa / Morreu com o mesmo oitão que me dava coronhada”. O garoto fugiu de casa, para escapar dos espancamentos do pai. “Foi na época da escola que ele mais me batia / puta sol, de manga comprida, escondendo as feridas”. Mas depois se arrependeu de ter deixado a mãe sozinha à mercê de um monstro. “Fugiu um menino inofensivo, voltou um homem agressivo / convicto que era um duelo e só um saía vivo”. A gota d'água foi quando o garoto voltou do trabalho e encontrou a mãe quase morta. O pai bateu na cabeça dela com um tijolo pra tomar o dinheiro que era pra pagar a conta de luz. Após prestar socorro pra mãe o garoto se armou e ficou esperando o pai voltar da rua. “Chegou de madrugada, pediu perdão pra mim / cuspi na cara, atirei e ri quando vi ele cair / mesmo indo pra cadeia sinto um puta alívio / Aí: se teu pai te trocou pelo álcool abre o peito dele com um tiro”. O refrão da música diz que o álcool venceu o duelo entre o copo e a vida.

São poucos os rappers que vêem o pai como um herói. Em uma música do Face da Morte, intitulada Caipira, Aliado G agradece o pai que vê como um exemplo: “Sigo o exemplo do meu pai que vem da roça sem estudo / mas conseguiu criar seus filhos sem cair no submundo / sem vício / pobre de dinheiro, mas rico em espírito”.

Em uma canção do GOG ele mostra os dois lados da moeda. Na primeira parte da música narra a história de um pai que não foi responsa, se entregou à bebida e deixou a família na dificuldade. A música é intitulada Quando O Pai Se Vai, e o refrão traz um clima de tristeza: “Como vou deixar você, se eu te amo”. Já do outro lado da cidade um pai honrou a paternidade e criou sozinho os quatro filhos após a esposa falecer. Homem humilde saia de casa antes do sol raiar para trabalhar de farol em farol vendendo chocolate, água mineral, e lavar carro. No fim de semana ficava em casa e cuidava da educação dos filhos. “Acredita que a educação é necessária / apresentou pra eles a Biblioteca Comunitária (...) / Não deixava ouvir rap, mas observador / passou a prestar atenção nas letras e liberou / dizia sempre que a leitura / faz a pessoa mais inteligente e com cultura”.

Em recente entrevista para o programa Provocações o GOG afirmou que nessa primeira etapa do Movimento Hip-Hop no Brasil nós matamos o pai e colocamos a mãe como uma heroína. Nessa mesma música Quando O Pai Se Vai ele deixa um recado pra todos nós: “Isso me faz crer, que o Hip-Hop precisa dizer / que muito pai faz por merecer / que o filho contrai muita doença / com a sua ausência sem sua presença”.

“É triste ver quando o pai se vai”.

(Lizal é ativista do Movimento Hip-Hop em Foz do Iguaçu e perdeu o pai quando tinha sete anos de idade).

Campanha Hip-Hop Chama na Idéia.

Coletivo Hip-Hop Chama.

O Coletivo Hip-Hop Chama é uma organização político-cultural autônoma formada e gerida por jovens ativistas da Cultura Hip-Hop da grande Belo Horizonte/MG. É um espaço permanente de formação, mobilização juvenil e intervenção social comunitária. O Coletivo se reúne periodicamente e é aberto à participação de todas as pessoas interessadas.

Campanha Hip-Hop Chama na Idéia.

A campanha é uma iniciativa do Coletivo Hip-Hop Chama. A proposta surgiu de uma preocupação: percebemos que determinadas situações de preconceito, opressão e violência que acontecem na sociedade são, muitas vezes reproduzidas dentro do Hip-Hop, principalmente contra mulheres, homossexuais e usuários/as de drogas. Ao mesmo tempo, acreditamos que as formas convencionais de abordagem desses temas (tipo “falatório”) não conseguem conquistar a juventude para o debate e muito menos convencê-la a assumir posturas mais respeitosas, solidárias e comprometidas.
Diante disso, decidimos promover espaços de diálogo e reflexão para que possamos, individual e coletivamente, (re)pensar e (re)criar nossas visões e atitudes com relação às questões de GÊNERO, SEXUALIDADE e REDUÇÃO DE DANOS.

GÊNERO

“Machismo não é estilo de vida”.

Todos nós, mulheres e homens, perdemos com o machismo!
O que é ser homem? É não chorar? É agredir? É ser insensível? Machão? Garanhão? E mulher? É ser frágil? Dependente? Incapaz? É negar seus desejos?
Questionando essas e outras construções negativas de gênero, afirmamos que é possível viver os diversos modos de ser masculino e feminino com liberdade e autonomia, contrariando padrões historicamente estabelecidos. Hip-Hop é consciência. Por isso acreditamos que o machismo não é estilo de vida.

SEXUALIDADE

“Sexualidade sem preconceito”.

Sexo é vergonhoso?
Que métodos anticoncepcionais e de prevenção de DST/AIDS você conhece? Você tem acesso a eles? Está disposto ou disposta a usá-los?
Usar camisinha diminui o prazer?
O que você pensa e sente quando vê duas pessoas do mesmo sexo se beijando? Tem algum problema?
A forma como lidamos com a nossa afetividade e o nosso corpo influenciam diretamente as relações que temos com o mundo. Com informação e respeito, a sexualidade não é problema. É exercício de cidadania e experimentação do prazer. Hip-Hop é liberdade. Por isso, queremos viver a sexualidade sem preconceito!

REDUÇÃO DE DANOS

“Quem usa, não abusa. Quem não usa, não acusa”.

O que é droga?
Usuário/a de drogas é doente? É bandido?
Até que ponto a droga prejudica? É possível usar droga e ter saúde?
Você já ouviu falar de redução de danos?
A redução de danos é uma política social e de saúde que busca diminuir os efeitos negativos das drogas lícitas e ilícitas sobre quem não pode, não quer e/ou não consegue deixar de usá-las. Além de orientar para o uso seguro, a Redução de Danos favorece o acesso da população ao serviço público de saúde, visando o respeito aos direitos e a promoção da cidadania dos/as usuários/as de drogas. Hip-Hop não combina com julgamentos moralistas. Redução de Danos: quem usa, não abusa. Quem não usa, não acusa.

Essa campanha é sua também. Faça parte dela! Discuta com seus amigos e suas amigas, vizinhos e vizinhas, em casa, no trabalho, nas posses, nas crews, na escola... manifeste-se sem medo e permita-se novas possibilidades: na rima, na dança, no scratch, no graffiti, nos fanzines, nas rádios comunitárias... O importante é provocar mudanças positivas!

Paz união, diversão, conhecimento e atitude: Hip-Hop Chama pra viver de verdade essas idéias!

Troque idéia: hiphopchama@yahoo.com.br

Fonte: Informativo Hip-Hop Chama.

CRÔNICAS DE EDUARDO GALEANO

Brinquedos de Guerra/2

Os videogames, ou videojogos, contam com um público multitudinário e crescente, de todas as idades. Seus defensores dizem que a violência dos videojogos é inocente, porque imita os noticiários, e que essas distrações são úteis para manter os jovens longe dos perigos da rua e manter jovens e adultos longe do cigarro.
Os videojogos falam uma linguagem que inclui o matraquear de metralhadoras, música terrífica, gritos de agonia e ordens categóricas: Finish him! (Acaba com ele!), Beat'em up! (Bate neles!), Shoot'em up! (Atira neles!). A guerra do futuro, o futuro como guerra: os videojogos de maior difusão oferecem campos de batalha onde o jogador está obrigado a atirar primeiro e tornar a atirar depois, sem nunca hesitar, contra tudo o que se move. Não há vacilações nem trégua diante da investida dos perversos, impiedosos extraterrestres, robôs ferozes, hordas de humanóides, ciberdemônios espantosos, monstros mutantes e caveiras que lançam fogo. Quanto mais adversários mata o jogador, mais se aproxima do triunfo. No já clássico Mortal Kombat, valem mais pontos os golpes certeiros: golpes que arrancam a cabeça do inimigo pela raiz ou lhe arrancam do peito o coração sangrento ou lhe rebentam o crânio em mil pedaços.
Por exceção, também há vídeos não militares. Por exemplo, corridas de automóveis. Numa delas, um dos modos de acumular pontos é atropelar pedestres.

Elogio da Imaginação

Algum tempo atrás, a BBC perguntou às crianças britânicas se preferiam a televisão ou o rádio. Quase todas escolheram a televisão, o que foi algo assim como constatar que os gatos miam e os mortos não respiram. Mas entre as poucas crianças que escolheram o rádio, houve uma que explicou:
- Gosto mais do rádio, porque pelo rádio vejo paisagens mais bonitas.

Os Sem-terra

Sebastião Salgado os fotografou. Chico Buarque os cantou, José Saramago os escreveu: cinco milhões de famílias camponesas sem-terra deambulam, “vagando entre o sonho e o desespero”, pelas despovoadas imensidões do Brasil.
Muitos deles se organizaram no Movimento dos Sem-Terra. Desde os acampamentos, improvisados às margens das rodovias, jorra um rio de gente que avança em silêncio, durante a noite, para ocupar os latifúndios vazios. Rebentam o cadeado, abrem a porteira e entram. Às vezes são recebidos a bala por pistoleiros e soldados, os únicos que trabalham nessas terras não trabalhadas.

O Movimento dos Sem-Terra é culpado: além de não respeitar o direito
de propriedade dos parasitas, chega ao cúmulo de desrespeitar o dever
nacional: os sem-terra cultivam alimentos nas terras que conquistam, embora o Banco Mundial determine que os países do sul não produzam sua própria comida e sejam submissos mendigos do mercado internacional.

Os Zapatistas

A névoa é o véu da selva. Assim ela esconde seus filhos perseguidos. Da névoa saem, à névoa voltam: os índios de Chiapas vestem roupas majestosas, caminham flutuando, calam ou falam caladas palavras. Esses príncipes, condenados à servidão, foram os primeiros e são os últimos. Foram expulsos da terra e da história e encontraram refúgio na névoa e no mistério. Dali têm saído, mascarados, para desmascarar o poder que os humilha.

A linguagem/3

Na era vitoriana, era proibido fazer menção às calças na presença de uma senhorita. Hoje em dia, não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública:
O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado;
O imperialismo se chama globalização;
As vítimas do imperialismo se chamam países em vias de desenvolvimento, que é como chamar meninos aos anões;
O oportunismo se chama pragmatismo;
A traição se chama realismo;
Os pobres se chamam carentes, ou carenciados, ou pessoas com poucos recursos;
A expulsão de meninos pobres do sistema educativo é conhecida pelo nome de deserção escolar;
O direito do patrão de despedir o trabalhador sem indenização nem explicação se chama flexibilização do mercado de trabalho;
A linguagem oficial reconhece os direitos das mulheres entre os direitos das minorias, como se a metade masculina da humanidade fosse a maioria;
Em lugar de ditadura militar, diz-se processo;
As torturas são chamadas constrangimentos ilegais ou também pressões físicas e psicológicas;
Quando os ladrões são de boa família, não são ladrões, são cleptomaníacos.


(Eduardo Galeano é escritor uruguaio. Essas crônicas estão no livro De Pernas Pro Ar, A Escola do Mundo Ao Avesso).

UMA ARTE (Por: Patrick).


NOVELA DA VIDA REAL

Mais um Cidadão José Cap. 35

O carro cortava a escuridão e levantava poeira da estrada de terra. Os malucos iam alegres e sorridentes naquele rolê pela noite paraguaia. O som alto ofuscava o canto dos grilos e demais animais noturnos. Os malucos cantavam em coro acompanhando a música que tocava no som do carro: “O movimento aqui é loco, então bate cabeça / se for chapar o coco, tenha consciência”. Os batidão da música do grupo Eloqüentes, de Foz do Iguaçu, deram um clima chapado e animado pro rolê. “é som pesado, contagiando os irmão / se tem rap na quebrada truta é só curtição (...) Vários guerreiros lutando por um futuro melhor / se adiantar sem atrasar o de ninguém, veja só”.

Chegando no centro de Hernandárias foram procurar um barzinho para tomar uns goles e azarar umas minas. O centrão estava movimentado, centenas de pessoas e carros transitando. Bares e mais bares abarrotados de gente.

- Olha isso aí. Os paraguaios sabem curtir. – Disse o Mano Branco, tirando um barato.

- Em qual função que você curte tio?

- Vamos no bar de um truta, um pouco mais pra frente. Lá dá pra jogar uma sinuca e tem várias gatas lá também.

- Demorô!!!

Chegaram num bar chamado Sconderijus. O dono do bar é brasileiro. O Mano Branco tinha amizade com o maluco e diz que ele colocou esse nome no bar porque veio fugido do Brasil e ta se escondendo da polícia. Ali é seu esconderijo. Conseguiu fazer os documentos de identidade paraguaio e pegou uma migração pra 10 anos de permanência no país vizinho. Mas não pensa em voltar nunca mais.

- Aqui eu vivo igual um rei. – disse o maluco que aparentava ter uns 38 anos de idade.

Os dois paraguaios fizeram dupla para jogar um bilhar contra o Mano Gê e o Mano Pio. José foi jogar contra o Mano Branco em outra mesa. As cervejas não paravam de descer. Vez ou outra pediam uma porção de calabresa e batata frita. O bar estava cheio, do lado de fora tinha dezenas de mesas, todas ocupadas. O som que tava rolando no aparelho de som do bar era um reggaeton. Num canto do bar algumas garotas ensaiavam uma dança, olhando pros malucos que jogavam sinuca. Era o dia da caça. O bar era conhecido pelas minas de esquema que colavam. Mas ultimamente, tinha umas minas que armavam casinha pros malucos. Começavam a beber com eles e depois os levavam pra uma quebradinha onde tinha uns malucos esperando pra assaltar.

O mano Pio ofereceu cerveja pra uma das minas e o Mano Branco coçou a camisa como que dizendo: “essas minas são cascão”. Uma hora depois ele e os dois paraguaios já estavam envolvidos, dançando um reggaeton com as minas. Elas pediram uma garrafa de uísque, mas quase não bebiam, queriam chapar os malucos. O Mano Branco avisou o Mano Gê de qual que era a fita e ele chamou os malucos num canto.

- As minas tão de casinha pra cima de vocês. Vamu num rolê mais loco.

- Mas cês são estraga prazeres memo!!!

- Bora lá.

O Mano Branco levou eles pra um quilombo, a meia hora dali. O lugar era um imponente casarão de dois pisos. Os seguranças revistaram os malucos antes de entrarem, mas eles haviam deixado as armas no carro. No piso de baixo havia uma pista de dança e um enorme bar. Mais pra frente havia uma porta de vidro que dava passagem para um quintal onde havia muitas árvores e uma piscina. No piso de cima ficava os quartos e tinha também uma grande sala cheia de sofás. Um projetor estava montado e dezenas de garotas estavam nos sofás com alguns malucos assistindo filme pornô e tomando uns goles. Havia luzes de neon em toda parte, igual nas danceterias.

- Isso aqui é um paraíso. Cinco estrelas!!! Cê sabe curtir hein Mano Branco. -Disse o Mano Pio, todo empolgado.

Dezenas de garotas quase sem roupa desfilavam pra lá e pra cá à procura de clientes. Muitas paraguaias e muitas brasileiras trabalhavam ali. Muitas delas, menor de idade. O Mano Gê e o Mano Pio arrastaram duas garotas pra piscina. Pediram uma garrafa de uísque e ficaram tomando com as minas. Os dois paraguaios foram pro andar de cima assistir filme pornô com as garotas. José e Mano Branco sentaram no Bar pra tomar cerveja e observar as garotas transitando. Dez minutos depois já estavam acompanhados. As garotas ganham uma porcentagem encima das bebidas que elas vendem, então são elas que buscam as bebidas pros caras que estão acompanhando. Tudo ali é pago na hora que pede, então nem sempre elas devolvem o troco. Quando percebem que os malucos estão muito chapados emborssam o dinheiro. Vez ou outra levam umas porradas de algum maluco que percebe a malandragem, aí os seguranças agem e expulsam o maluco do local. As minas que arrumam esquema com os malucos ficam com todo o dinheiro do programa e o aluguel do quarto vai pro dono do quilombo. Isso dá pra elas a vantagem de negociar diretamente com os clientes. Dos malucos mais idosos ou feiosos elas cobram mais caro. Tem história de mina que foi até de graça com um rapaz que ela gamou. Elas também amam.

O Mano Branco e o José já estavam chapados e as minas pareciam estar começando a beber agora. Eles não percebiam, mas as minas jogavam todo o gole dentro de um vaso de planta que ficava no chão próximo ao lixeiro. Havia dezenas desses vasos espalhados pelos cantos. Todas as minas faziam essa malandragem com os malucos, dificilmente sairiam dali chapadas. A grande maioria delas eram viciadas em cocaína e o entra e sai no banheiro feminino era constante. A morena que estava do lado do Mano Branco sentou em seu colo e começou a adulá-lo para conseguir um programa. Era paraguaia e tinha um sotaque engraçado. A loira que estava do lado de José era brasileira, mas devido ao tempo que mora no Paraguai, herdou o sotaque das amigas. Meia hora depois a morena pediu a chave de um quarto pro copeiro e o Mano Branco pagou adiantado os 40 reais pelo aluguel de duas horas. Como ele era jovem a mina cobrou 80 reais pelo programa. Pegaram algumas bebidas e subiram, deixando o José ali com a loira. Alguns minutos depois era o José que estava subindo com a loira. Ele estava muito chapado. Há alguns meses atrás José repudiava garotas de programa e agora estava ali levando uma pro fight.

Depois do ato consumado a mina abriu a bolsa e tirou uma buchinha. Foi até a pia do banheiro e esticou uma carreira. Deixou a porta aberta e percebeu que José estava olhando. Ofereceu, mas ele recusou. Ela fechou a porta e ligou o chuveiro pra tomar um banho gelado.

Quando retornou, José estava cochilando sobre a cama, chapado. A loira tirou lentamente a carteira do seu bolso e pegou quase todo o dinheiro.

(Lizal, na próxima edição mais um capítulo)

YCUÁ BOLAÑOS: (Por: Emílio Gonzalez).

A AMARGA LIÇÃO QUE VEM DO LADO DE LÁ DA PONTE DA AMIZADE

Era manhã de domingo. Já passava das 11 horas e, como de costume, centenas de pessoas chegavam ao hipermercado Ycuá Bolaños, situado na movimentada avenida Artigas, uma das mais importantes vias expressas da cidade de Asunción, capital do vizinho país, Paraguai. Naquele dia, no entanto, a rotina das corriqueiras compras do almoço dominical seria bruscamente interrompida por conta de um pequeno incêndio ocorrido no setor da padaria. Teria sido apenas mais um incidente. Informado sobre o ocorrido pelo celular, o empresário Daniel Paiva, que havia se ausentado momentaneamente do estabelecimento, orientou o gerente a ordenar o fechamento imediato das portas, afim de evitar que as pessoas saíssem sem pagar ou promovessem saques e roubos. O medo, como sempre, recaía sobre uma massa homogênea, sem rosto e amorfa chamada “povo”. Como a grande maioria da população paraguaia, as pessoas que estavam no Ycuá Bolaños naquela manhã de domingo era gente simples, humilde, pobre, trabalhadores. Numa situação de perigo iminente, como um incêndio, é normal que os donos do capital pensem em proteger seu patrimônio. Os pobres, nesta hora, passam a ser vistos como potenciais inimigos, porque pretensamente “aproveitadores”.

A ordem de fechamento das portas baseava-se nessa racionalidade. O problema é que, em questão de minutos, as até então inofensivas chamas geradas num local isolado do mercado viajaram pelo forro do teto, consumindo e alimentando-se do gás ali acumulado durante anos. Seguiram-se algumas explosões, que afetaram o sistema elétrico do prédio, e a queda de energia repentina impediu que a reabertura das portas fosse efetuada, uma vez que estas eram movidas eletronicamente. Em pouco tempo, todo o mercado ardia em chamas, e enquanto o forro incandescente despencava na cabeça das pessoas em pânico, a escuridão, o calor extremo e a fumaça tóxica terminavam por compor aquele terrifico cenário de horror. Ao vivo, as principais emissoras de televisão transmitiam para o país inteiro o esforço e o desespero de bombeiros e voluntários que, do lado de fora, lutavam para controlar o fogo, abrir buracos nas sólidas paredes de concreto e tentar resgatar pessoas ainda com vida entre os corpos que jaziam calcinados pelo fogo. Era 1o de agosto de 2004, e naquele dia, uma nuvem escura e espessa cobriu de luto o céu da capital paraguaia.
Nos dias que se seguiram, o número de vítimas não parava de crescer. Ao final, a estatística macabra revelava dados assustadores da tragédia: mais de 400 pessoas perderam a vida neste incêndio, além das outras milhares que ficaram com seqüelas físicas e psicológicas até hoje difíceis de cicatrizar.

O incêndio do mercado Ycuá Bolaños marca uma das páginas mais tristes da história recente do vizinho país. Mais do que isso, foi um marco visível dos efeitos trágicos e desumanos gerados através da contradição presente numa sociedade capitalista. Não fosse o saldo mortal, para os donos do dinheiro, aquele teria sido apenas mais um dia como outro qualquer, no qual a preocupação com a defesa do patrimônio colocou em segundo plano a preocupação com as vidas humanas. Detratados pela imprensa paraguaia e sociedade como os grandes vilões desta tragédia, os proprietários do mercado, Juan e Daniel Paiva – pai e filho, respectivamente -, infelizmente apenas representam uma pequena parcela da racionalidade materialista que movimenta esse sistema maléfico, desigual e desumano em que vivemos. Sistema este que transforma pessoas normais – proprietárias ou não – em seres neuróticos, esquizofrênicos, perturbados, avarentos, desconfiados, incapazes de definir, no momento de tensão e perigo, o que de fato tem mais valor; o dinheiro ou a vida.

A civilização criada pela sociedade de mercado em que vivemos, materialista e consumista, na verdade, é a própria barbárie. O culto a valores tão apreciados e apregoados pela burguesia como consumo desenfreado, acúmulo de bens, ostentação, etc, nos torna também cúmplices de outros milhares de assassinatos e atos violentos contra a humanidade que ocorrem todos os dias. Somos cúmplices do assassinato de centenas de pessoas vitimadas pela guerra entre traficantes e policiais; enquanto os primeiros aspiram poder se inserir enquanto “consumidores” de uma sociedade cujos valores são reguladas pela capacidade de comprar, os policiais matam e morrem defendendo o status quo de quem já alcançou o poder. É trabalhador matando trabalhador. Também consentimos com as cotidianas invasões que a polícia promove em favelas e bairros pobres em busca de “bandidos”, todas as vezes que ocorre algum assalto a uma grande instituição financeira ou quando o patrimônio de algum grande proprietário é atingido. Tornamo-nos indiferentes ao menor mendigando nos faróis através do vidro dos nossos automóveis, devidamente fechados para evitar qualquer contato com aquele “mundo”. Fingimos nada ter a ver com o assassinato do menino pelo segurança da loja enquanto aquele tentava furtar o “tênis” e a “camiseta” que a televisão todos os dias afirma ser o sinônimo da moda, beleza, status e prestígio com as garotas.

A inversão de valores também naturaliza guerras genocidas. Pensamos que, se os EUA matam no Iraque, o fazem porque PRECISAM proteger sua indústria e fontes de energia. Achamos isso natural, e até chegamos a cogitar se, no lugar deles, não faríamos exatamente o mesmo. De maneira análoga, somos inclinados a chamar a polícia se alguém passa por nós “em atitude suspeita”. Julgado por nós como “possíveis” bandidos por conta de trajar roupas simples, pela cor da pele ou pelo lugar de moradia, assumimos a pobreza como pré-requisito da índole criminosa. Enquanto tomamos cerveja confortavelmente instalados em nossas varandas, ou dirigimos nossos confortáveis, modernos e protegidos automóveis, ou mesmo quando assistimos TV em nossos eficientes aparelhos e manuseamos nossos modernos computadores, tememos pelo “diferente” que passa do outro lado do muro, que está parado na esquina, pelo aspecto pobre de sua roupa e pela cor da sua pele. Tememos pelo nosso “patrimônio”, e nos sentimos aliviados quando a polícia passa por ali e o aborda. Quase infartamos se o infeliz resolve, por alguma razão, parar no portão da nossa casa, ainda que para pedir alguma informação ou um simples copo de água fresca. Embora não admitamos, é a cumplicidade da sociedade com relação ao “medo” do pobre que “autoriza” ações violentas contra eles.

Os exemplos são muitos, e não é preciso lembrar um por um. Apenas para citar ações como aquela cometida contra menores moradores de rua que dormiam na frente da Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro em 1993, ou contra o índio pataxó, confundido com um “mendigo”, queimado vivo enquanto dormia numa praça em Brasília, em 1997. Já nos acostumamos a escutar pelo noticiário informações sobre moradores de rua que são assassinados na cidade de São Paulo, e achamos tudo isso natural. Desde que, é claro, nosso patrimônio, nosso carro e nossa casa esteja em segurança, protegida destes “suspeitos”, e que eles estejam “sob controle”. Então, porque a morte de centenas de pessoas em favor da defesa do patrimônio material, no caso do mercado Ycuá Bolaños, deve ser entendido como um fenômeno isolado de uma lógica maior? Será que os proprietários do mercado podem ser considerados individualmente culpados por terem avaliado que os pobres da sociedade paraguaia eram potenciais “bandidos”, pelo simples fato de possuírem uma condição social humilde? Não teríamos também nossa parcela de culpa nisso tudo, por gerar, alimentar e naturalizar a sociedade de consumo que sobrepõe bens materiais e relação ao ser humano, considera pobres como possíveis ladrões e nos ensina que ostentar, possuir e consumir é sinônimo de prestígio, respeito e felicidade? Temos sim, nossa parcela de culpa. Que tragédias como a do Ycuá Bolaños não sejam em vão e coloque dúvidas sobre nossas certezas, como a crença inefável na civilização criada pelo capitalismo.

Charles Darwin se envergonharia se vivesse hoje e, ao contrário do que escrevera no século XIX, constatasse que hoje nossa “evolução” nos colocou abaixo de seres “irracionais” como os animais; estes, embora também matem e morram entre si, o fazem por disputa de alimentos, água, território e fêmeas; numa palavra, pela sobrevivência da própria espécie. Nós, diferentemente, matamos, morremos e deixamos que se mate por causa de dinheiro, carros, tênis, roupas, jóias caras e milhares de outras quinquilharias criadas pela moderna sociedade industrial e de consumo da qual fazemos parte.

(Emilio Gonzalez - Historiador - é morador de Foz do Iguaçu e Professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR
Campus de Campo Mourão / PR).

ENSAIO FOTOGRÁFICO.

Realizado em janeiro de 2009 por Danilo George Ribeiro e Emilio Gonzalez.


Desenho grafitado na parede do edifício onde funcionava o mercado Ycuá Bolaños. Ainda hoje, o prédio onde ocorreu o incêndio, em agosto de 2004, permanece em ruínas, com as marcas da tragédia ainda visíveis. No texto ao lado do desenho, lê-se: “Ella si... cerro las puertas” (“Ela sim... fechou as portas”). É uma referência direta à morte (“Ella”), e também ao fato de que a tragédia se deu por conta da ordem do proprietário de que as portas do mercado fossem fechadas para evitar roubos e saques, logo no início do incêndio. No desenho, aparece a imagem de uma mulher representando a morte. Ela possui uma balança nas mãos, com a qual são pesadas o fogo, de um lado, e de outro, um porquinho – símbolo de poupança, dinheiro. Também aparece sendo representada uma porta trancada, com rostos anônimos desesperados sendo consumidos pelo fogo.



Visão ampliada de dois dos desenhos grafitados no local da tragédia de 1o de agosto de 2004, em Asunción, Paraguai. Desde há algum tempo, parentes das vítimas do incêndio do mercado Ycuá Bolaños vêm realizando intervenções nas ruínas do antigo mercado, retratando desenhos, painéis com fotografias, frases e dizeres referentes ao episódio.



Visão ampliada dos grafites acima descritos, vistos da perspectiva da avenida Artigas, uma das mais movimentadas de Asunción.



Outro trabalho grafitado nas paredes em ruínas do antigo mercado Ycuá Bolaños, incendiado em agosto de 2004, no qual morreram mais de 400 pessoas. No desenho, aparece uma árvore com flores na copa e uma criança abaixo, abraçada ao tronco. A palavra “justicia”(“justiça”) pressupõe que este desenho tenha sido feito por ocasião de alguma manifestação em favor da condenação dos responsáveis proprietários do mercado, apontados como pela tragédia, Juan e Daniel Paiva, pai e filho respectivamente.



Visão ampliada do desenho acima descrito, feito na parte esquerda do antigo portal de entrada do estacionamento do mercado Ycuá Bolaños. Acima, pode-se ler: “Los trabajadores no olvidamos nuestros muertos” (Os trabalhadores não esquecem seus mortos”).

"Os mochileiros", Danilo e Emílio.

A primeira cidade que chegamos, foi Luque região metropolitana de Assunção.


A visão que se tem sobre o Paraguay me incomodova, busquei por minha conta caminhar por esse País e conhecê-lo melhor...
O primeiro objeto que encontramos, foi o "trem sucata".



Sobre meu olhar "moderno", a cidade de Luque parece que parou no tempo.



No fim da trilha do trem, avistamos uma igreja, e´por aqueles lados começamos os primeiros contatos com os hermanos paraguayos.



Ouvimos o pessoal da cidade falar de uma feira e partimos para lá...

Chegamos na cidade do artesanato, del Paraguay.

Ali fui escolher uns regalos, o artesanato de Areguá deixa muito artesanato de cidades turísticas
Brasileiras no chinelo.


Galera trampando de forma artesanal na oficina.


Esse é o lago de Ypacarai


Essa casa conflitua um pouco com a paisagem central da cidade, que começa a se "atualizar" entre novas construções ela permanece ali.