sexta-feira, 9 de outubro de 2009

AMÉRICA LATINA PRECISAMOS RESISTIR

Precisamos resistir, devemos resistir, estamos resistindo.



Queridos amigos e amigas de luta e militância, leitores do fanzine do Cartel, essa edição vem contribuir para o ideal de integração Latino Americana. Publicamos aqui uma matéria sobre o cursinho pré-vestibular do Clan do Beco e a palestra que promoveram no Jd. América. Intitulada “O Imperialismo e a Integração das Américas Latina e do Sul” foi ministrada por Bertochi, mestre em Sociologia. Muito esclarecedora, a palestra focou o golpe em Honduras e desconstruiu a idéia de países “desenvolvidos” como o Canadá e Estados Unidos, que na verdade são países parasitas que mantêm um nível de consumo elevado sugando outros países, tanto através da especulação financeira, quanto através de intervenções militares e financiamento de golpes.

Em outra matéria a Carol narra como foi o III Congresso da Juventude Comunista Paraguaia, do qual ela participou na cidade de Ita (Py). O evento contou com a participação de jovens de vários países da América Latina, dentre eles Chile, Venezuela, Argentina e Brasil e a presença do representante da embaixada cubana Luis Arturo.

Enquanto os Estados Unidos sufoca a América Latina com bases militares, intervenções e financiamento de golpes, nós resistimos, nos organizamos e mostramos que a integração é possível.

América Latina unida contra o imperialismo.

Tamo Junto!!!

América Latina unida contra o imperialismo.

SHOW - LUTO DECRETADO



LANÇAMENTO DO CD "Esse é o Nosso Depoimento"

Dia 07 de Novembro, no Cidade Nova I

Jhosué Lanches, próximo ao Colégio Ipê Roxo

A partir das 21:30hs / R$ 1,00

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Cartel do Rap / Cartel do Break / Cartel da Arte

Djs / Freestyle...

CLAN DO BECO PROMOVE PALESTRA PARA A COMUNIDADE.



Pelo terceiro ano consecutivo o Clan do Beco organiza o Cursinho Pré-vestibular Comunitário. Com o slogan: “O Estudo é o Escudo / Contra o Opressor isso é Tudo”, o Cursinho serve como preparação para os manos e minas que vieram de escolas públicas e desejam tentar uma vaga na UNIOESTE. A iniciativa partiu dos manos: Julio, Ademir, Marcos e Bruno, que fazem parte do Clan, e esse ano conta com o apoio - na organização - do mano João Augusto do grupo Teatral Arte em Si. Sempre a partir do mês de junho iniciam-se as aulas no Colégio Elenice Melhorança, no Jd. América, visando o vestibular do fim de ano e a cada edição cresce o número de estudantes. Esse ano temos pessoas até de Santa Terezinha de Itaipu.

A novidade para essa edição do curso são os debates que acontecem todas as quintas feiras na sala de aula. Para ajudar no embasamento para a elaboração da redação e em outras matérias, são passados vídeos e depois os alunos debatem sobre o assunto. Um dos vídeos passados foi o documentário Ilha das Flores e o assunto de um dos debates foi sobre a maioridade penal. Na quinta feira, dia 1º de outubro, a atividade se ampliou e aconteceu uma palestra, aberta para a comunidade e para alunos do cursinho e do Colégio Costa e Silva, no Jd. América. O tema escolhido para a palestra foi: “O Imperialismo e a Integração das Américas Latina e do Sul” focando o golpe em Honduras que é um assunto que está na mídia. O palestrante convidado foi Aparecido Francisco Bertochi, mestre em Sociologia. Bertochi trabalha na Unioeste como pesquisador em um grupo que pesquisa “A Ideologia e a Consciência na Formação de Educadores”.


Bertochi

A palestra tratou da contextualização histórica e geopolítica do planeta, o imperialismo e a colonização dos países latino-americanos. Traçou a linha histórica desde a época do bloco socialista da União Soviética, a chegada do neoliberalismo, as mudanças no modo de produção, a mais valia, a crise do capitalismo, até a pós-modernidade dos dias atuais. Mostrou como as guerras acontecem por questões econômicas e que as ditaduras militares e golpes de Estado na América Latina sempre foram para garantir os interesses capitalistas, quando governantes eleitos pelo povo começam a adotar medidas de emancipação, de nacionalização de empresas multinacionais, reforma agrária, uma política em benefício da classe trabalhadora. Falou ainda do monopólio das empresas multinacionais mostrando como continuamos colônia apesar da “independência” formal.

Desconstruiu a idéia de países “desenvolvidos” como o Canadá e Estados Unidos, que na verdade são países parasitas que mantêm um nível de consumo elevado sugando outros países, tanto através da especulação financeira, quanto através de intervenções militares e financiamento de golpes. A respeito do golpe em Honduras, Bertochi diz que a Rede Globo e a grande mídia em geral está tentando provar que o Brasil está errado em defender Zelaya. A mesma Rede Globo que aplaudiu a intervenção militar das tropas da ONU no Haiti, sobre o comando do exército brasileiro. Enquanto 190 países rechaçaram o golpe militar, a grande mídia brasileira se presta a um papel alienatório e de desinformação. Uma boa parte do povo hondurenho está se manifestando em favor da volta do presidente eleito Zelaya e está sofrendo forte repressão do Estado. Zelaya é um presidente populista, que podemos comparar ao governo Lula, e hoje um governo populista pode representar grande perigo para os interesses imperialistas. Uma de suas ações, seria tentar através de um plebiscito, criar uma nova constituição para Honduras.


João, Bertochi, Julio e Ademir

Para finalizar o debate, Bertochi falou da importância da mobilização popular e da solidariedade aos povos latinos americanos. Relembrando Bolívar, Che, Sandino e muitos outros líderes que lutaram e morreram pela emancipação de seus países e por uma sociedade justa e igualitária, chamou a atenção para o quadro curricular das escolas públicas brasileiras que estudam mais a história da Europa do que da América-Latina.

A palestra contou com o apoio da Casa do Teatro que disponibilizou o projetor e da Associação Guatá que montou uma exposição de poesias.

CDR 9 ANOS (Por Carol)


Salve Rapa!!!

“É melhor morrer em pé do que viver de joelhos” (Dolores Ibarruri)


Até parece que foi ontem que escrevi comentando a festa de aniversário de oito anos da Banca CDR. Lembro, sem ter que recorrer a minha pasta de textos publicados, uma das últimas frases do texto: “O importante é nóis aqui, junto ano que vem”...


Mano Zeu e Mano Elias

Ano que vem chegou e no dia 19 de Setembro, o coletivo de hip-hop comemorou mais um aniversário. Mostrando que envelhecer na cidade não é problema nenhum quando se sabe transgredir regras a favor de um ideal coletivo.

Os caras que preferem morrer lutando celebraram o aniversário no Casulo Rock Bar para mostrar que quem é de verdade não vive de joelhos; contou com a apresentação dos grupos Aliados Da Periferia, Mano Zeu (que contou com a participação do Mano Elias, LDT), Mano Santiago, DNA do Rap e Versos de Honra. Contou, também, com a participação das crews Cartel do Break e Cartel da Arte. E é claro, como não poderia deixar de faltar, rolou o tradicional Freestyle, onde participaram os manos ALX, Guilherme, Sandrão, Marcelo, Lizal, Fernando, Máscara e Cascão.


B.Boy Jonathan

A comemoração, que nem todos esperavam, demonstrou mais uma vez o crescimento e a evolução dos integrantes do coletivo. Que a cada ano que passa se mostram mais preparados para a luta contra esse sistema desigual, excludente e preconceituoso. Que estamos nos preparando para a batalha final contra o capitalismo que faz do ser humano uma máquina de produzir riquezas...

Nesse clima de protesto, o coletivo Cartel do Rap, celebra mais um ano de batalhas vencidas e se prepara, para a tristeza dos capitalistas de plantão, para mais outros que virão. Mando aqui, em nome de todo coletivo, um “SALVE!!!!” para todos aqueles manos e minas que compareceram de várias quebradas da cidade para prestigiar mais um evento CDR. Agradeço aos que ficaram até meia-noite, até a uma, duas, três, quatro e aqueles que esperaram a Cris “mandar todo mundo embora”...



B.Boy Guilherme

Huahuahauhaua...

Por que festa boa é assim, vários manos, várias minas e um clima de puro respeito e tranqüilidade...

Sem palavras CDR!!!

Cartel do Rap - 9 ANOS NA FITA


A Rapa de Marechal Candido Rondon



Freestyle


Freestyle



Freestyle



O Clan do Beco



DNA do Rap

Vídeo - Cartel do Rap - 9 anos

CDR 9 ANOS!!!


Santiago



Verso de Honra



Zeu e Cris



Luizinho



Aliados da Periferia

BAIXE AQUI O CD AO VIVO DO CARTEL DO RAP



01: Intro - Ao vivo no Casulo
02: Beat box e improviso
03: Só depende de você - Inimigos da Guerra
04: Juízo final - Pesadelo Real
05: Inimigos rivais - Santiago
06: Counter strike - DNA do Rap
07: Tenha Fé - Mano Zeu
08: O movimento é loco - Eloqüentes
09: Labirinto sem saída - Aliados da Periferia

BONUS TRACK:

10: Desespero - Eloqüentes
11: Piras conscientes – Aliados da Periferia
12: A fita: Conexão PB
13: Finish - Ao vivo no Casulo

BAIXE AQUI:

http://rapidshare.com/files/292196777/Cartel_do_Rap_-Ao_vivo_no_Casulo.rar.html


SOBRE CULTURAS E PERIFERIAS (Por Lizal)

Participei de um Seminário sobre Cultura Digital, na Fundação Cultural de Foz, no dia 28 de agosto. Entre as autoridades convidadas para dar a palavra estava o presidente da Fundação, Rogério Bonato. Estavam presentes representantes do Pontão de Cultura Kuai Tema, Projeto Ganesha, Coletivo Soylocoporti, Quixote Art e Eventos e TV Ovo. Rogério Bonato fechou sua fala dizendo “Em Foz não tem periferia. Não podemos falar que moramos na periferia de Foz, mas que moramos em Foz e pronto”. É uma afirmação um tanto “audaciosa”, vindo do presidente da Fundação Cultural que deveria reconhecer não só que a nossa cidade tem dezenas de bairros periféricos, mas também que ali se produz cultura e precisa de atenção. O que ele pretendia dizendo isso para os companheiros de Curitiba, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que vieram para ministrar as oficinas do evento? Posso ta ficando maluco, mas eu acredito que isso foi uma provocação por ter vários militantes do Movimento Hip-Hop de Foz presentes.

O Hip-Hop sempre levantou a bandeira da periferia e sempre criticou o desgoverno do Estado e a falta de incentivo por parte da Fundação Cultural para as culturas praticadas por moradores de periferias e favelas.

É claro que morar na periferia não quer dizer que é morar na favela. Somente um muro separa a Vila B da Favela do Jupira, pertinho da Favela do Jd. Paraná está localizado o condomínio fechado Porto Seguro, perto da Favela do Queijo estão acabando de construir um condomínio de luxo. Se estivermos no centro da cidade e caminharmos uns 5 minutos, chegamos na Favela do Monsenhor Guilherme. Em Foz desconstrói-se essa idéia da localização geográfica e nem sempre morar na periferia significa que esteja às margens da sociedade. Podemos usar os termos 'centro' e 'periferia' do capital. Quem vive no condomínio Porto Seguro ou na Vila B, vive na periferia (localização geográfica), mas vive no centro do capital (é quem vive no luxo, quem tem acesso ao conforto).

Foz é uma cidade segregacionista, enquanto trata muito bem os turistas deixa a maioria do seu povo abandonado. Com essa cultura de hospitalidade ao visitante aconteceu uma parada estranha, o centro da cidade à noite se assemelha a um cemitério. Os bares como o Capitão Bar, as casas de show como Agencia Tass, os restaurantes acabam ficando inacessíveis para a grande maioria da população iguaçuense. Isso criou uma efervescência nas periferias, basta você subir pela Av. República Argentina durante à noite pra perceber como estão lotados os bares, as pizzarias, as casas de show, a praça, a rua. Isso também ocorre na Av. Morenitas (Região do Porto Meira), Av. Silvio Américo Sasdelli (Região da Vila A), em Três Lagoas, no Morumbi, na Vila C e diversos outros bairros. Enquanto a prefeitura cria uma cartilha com os dez mandamentos de como receber bem o turista, afasta cada vez mais o contato do visitante com a população local.

Outra fala desastrosa de Rogério Bonato foi na Audiência Pública de Cultura onde ele afirmou que Foz do Iguaçu nunca investiu tanto em cultura como nessa administração.

Engraçado que eu não vi nada desse investimento.

Deve ser porque eu moro na periferia.

FORÇANDO A GUERRA NUM TERRITÓRIO DE PAZ (Deley de Acari)

Hoje houve uma operação da policia civil no Complexo de Acari, o que resultou na morte de quatro supostos traficantes. Pelo menos dois deles foram mortos por um Helicóptero Águia numa ação bem semelhante a que morreram trezes supostos traficantes na zona oeste tempos atrás. Há muito tempo que uma operação policial não causa tantas mortes de jovens como esta de hoje, em Acari. Nas ultimas duas semanas as ações policiais no Complexo de Acari tem sido quase diárias com os policiais invadindo casa de moradores sem nenhum mandado judicial, atirando a esmo, resultando inclusive no ferimento a bala de uma menina, dentro do armarinho de sua mãe. Nas investidas policiais, os traficantes locais tem mantido a política de não partir para o confronto, para evitar danos à integridade física de moradores. Mas a policia tem entrado atirando sem que seja provocada pra isso. Há suspeitas que ações policiais tem o objetivo deliberado de criar uma imagem de grande violência e periculosidade da parte da quadrilha que comanda o trafico em Acari atualmente e forçar a implantação aqui de uma Unidade Pacificadora da PM, como as que já existem no Santa Marta e outras favelas do Rio.

Porta-vozes do tráfico em Acari acusam a Policia de plantar uma Metralhadora Ponto 50 e dois rifles de caçar elefantes para convencer as autoridades da área de Segurança Pública de que Acari é uma favela extremamente perigosa e que por isso precisa ser ocupada por um grande numero de policiais por tempo indeterminado. Esses mesmos porta vozes afirmam que, um grupo de policiais do 09º BMP e de algumas delegacias especializadas tem o interesse de enfraquecer o trafico em Acari para favorecer quadrilhas de facções inimigas com as quais esses policiais tem conchavo.

O recrudescimento da violência policial e das violações de direitos humanos em Acari "coincidem" com a vinda do Coronel Camelo para o 9° BPM e de alguns "antigos" policiais bastante conhecidos na comunidade por suas truculências, brutalidade e que, quando saíram da área para outros batalhões de delegacias prometeram que se um dia voltassem policiar o Complexo de Acari, voltariam pra quebrar geral, passar o rodo, fosse em quem fosse que ficasse na "pista", bandido ou morador. E, muito provavelmente, é isso que está ocorrendo agora.

Seja como for, quem acaba mesmo pagando com a perda e muitas vezes com as próprias vidas de seus jovens é a própria comunidade: Moradores sem qualquer envolvimento com nada de ilícito tem tido suas casas apontadas como esconderijo por X-9 encapuzados, familiares de supostos traficantes, que não tem culpa da vida que seus parentes vivem, tem sido detidos e desrespeitados por policiais e agredidos. A vida cotidiana dos moradores de um modo geral tem sido abalada e aterrorizada pelas ações violentas e brutais das policias civil e militar em Acari. Eu mesmo, há mais de uma semana não consigo dar treino pras crianças e adolescentes da Escolinha de Futebol do Favo de Acari pois como os treinos são ao ar livre é grande o risco de uma delas ser baleada. O resultado disso tudo, além de perda sem sentido e injustificada de vidas humanas, da paz na comunidade tem sido o aumento cada vez

maior da simpatia dos moradores pelos traficantes e pela política de não confronto e paz das Quadrilhas que atualmente comandam o tráfico no Complexo de Acari. Simpatia esta, cada vez mais demonstrada mais abertamente, mesmo com o risco da manifestação desta simpatia ser associada como favorecimento e apologia ao trafico de drogas. Só que, se o Governo do Estado do Rio, quisesse mesmo que suas Policias tivessem a simpatia e o apoio dos moradores de favela, não continuaria com essa Política de Segurança Pública de Extermínio e Massacre das populações faveladas, e implantaria uma política de segurança de respeito aos direitos humanos e da paz.

Mas ao que tudo indica, o governador Sergio Cabral e vários policiais da cúpula de segurança pública no Rio, hoje estão mais interessados em suas pré-campanhas politico-partidarias para 2010, mesmo que isso custe milhares de vidas humanas de jovens negros e brancos pobres favelados. Ações policiais serão diárias, daqui até Outubro de 2010, mês das eleições para presidente, deputados e governador. A "malandragem" deles é fabricar noticias para manter suas caras e suas vozes na mídia o máximo de vezes possível. Uma forma de fazer campanha política fora do período eleitoral, de graça e às custas da desgraça, da dor e do sofrimento e da paz de milhares e milhares de famílias faveladas. Além é claro, de garantir, com a demonstração de que tal política de segurança tem êxito e trás resultados, a aprovação do Rio como sede das Olimpíadas de 2016, cuja votação se dará agora em 02 de Outubro de 2009. E que o Comitê Olímpico Internacional já avaliou o projeto de segurança pública para as olimpíadas como o melhor das quatro cidades concorrentes.

Para os governos federal, municipal e principalmente o estadual, prova que esta política de extermínio e execução está dando certo, pelo menos pra eles e pra sociedade civil, a burguesia do asfalto, que não se importa e até vibra com a morte de jovens da favela. Antes de acontecer a ação policial de hoje, já vínhamos prevendo a tragédia das mortes de hoje e estávamos programando a vinda de uma comissão de entidades de direitos humanos para fiscalizar, ouvir moradores sobre as ações violentas e assassinas e as violações de direitos humanos cometidas pelos policiais em Acari nas ultimas semanas. Os trágicos acontecimentos de hoje tornam mais urgente e necessária esta visita.

(Deley de Acari é poeta e animador cultural socialista, na Favela de Acari).

Fonte: www.deleydeacari.blogspot.com

O SILÊNCIO ME DISSE TUDO (Por: Santiago).



No decorrer de minha vida e principalmente na juventude as palavras jorravam da minha boca, falava sem parar e pensar sobre qualquer assunto fútil. Às vezes dizia umas blasfemas e na maioria dos casos reclamações cotidianas. De tanto sugerir que as coisas mudassem e relutar para que minha voz fosse ouvida no meio da multidão, decidi parar e traçar uma nova estratégia. Analisei o que estava fazendo de errado e fiquei por um bom tempo calado. Foi aí que percebi, é bem difícil manter um diálogo quando principalmente preferimos um longo, extremo e radical monólogo.

Vi pessoas que se babam, pois não são capazes de dar um tempinho no falatório para engolir a saliva. Observei bocas, que sangrando, nem mesmo se importavam com o fato de terem mordido a própria língua. O tempo foi passando e as palavras sempre sendo jogadas ao vento. Fui considerado louco, pois não revidava muitas das agressões verbais direcionadas ao meu posicionamento.

- É eu sei que parece chato ficar mudo uma hora destas.

Hoje, dia 19/09/09 depois daquele longo discurso há algo diferente no ar, eu resolvi me pronunciar, pois o silêncio me disse tudo, ele sussurrou bem no meu ouvido.

- Aí maluco. Ei, você mesmo!

- Bota a boca no mundo!

(Santiago Woloco é escritor de grafite e não se vende por nada nesse mundo. É rimador de periferia, ama sua vida e adora soltar pipa com o desenho de Cuba. Muitas vezes não se preocupa com as más línguas e por isso é o mais novo filiado duma sigla. Acredita que a mudança parte do povo, por isso ele está sempre disposto e pede para que os leitores peguem o dicionário e procurem pela palavra pronunciar. Ele promete que de agora em diante a sua voz está no ar).

óIA sÓ (Por: Lizal)



O importante é Nóis aqui, Junto ano que vem...

O aniversário de 9 anos do Cartel do Rap não representou somente mais uma data a se comemorar.É uma data importantíssima para a galera underground da cidade, pois simboliza a resistência do Movimento Hip-Hop que está há 10 anos nadando contra a maré, na contramão do sistema, do modismo e da indústria cultural e fonográfica.

Mesmo sem o apoio da prefeitura e Fundação Cultural, que preferem investir na cultura voltada ao comércio e turismo e que segrega cada vez mais a periferia, seguimos firmes em nosso ideal de lutar e juntar forças na construção de uma nova sociedade. Também é muito importante a resistência do Movimento Negro representado em Foz pelo MONARFI e o aniversário dos 20 anos de Hardcore na cidade.

Tamo Junto!!! A Chave é a União e sempre será!!!

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As mesmas crianças que ficaram sem poder estudar no Rio de Janeiro por conta da suspensão das aulas por causa da gripe suína, passaram o maior apuro pra correr do Caveirão que invade as comunidades atirando pra todo lado.

(Nas favelas brasileiras há tempo a situação é essa “Se parar o bicho pega, se correr o bicho mata”).

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Cargo público não é carro 0km, tampouco trampolim político (Por Douglas Furiatti)



A cada eleição que se aproxima, candidatos a cargos eletivos demonstram falta de compromisso e de respeito com eleitores. Algumas pessoas, privilegiadas economicamente, têm como hábito trocar de veículo todos os anos, mantendo-se sempre com um bem zero-quilômetro. Essa possibilidade vem acompanhada do prazer de guiar um automóvel novo, o que satisfaz o ego de qualquer motorista. No Brasil, é possível fazer essa analogia com a prática de muitos políticos, que a cada eleição buscam novos cargos. Alguns se mostram “ratos de eleição”, “colecionadores de votos”, ou seja, nem terminam o mandato em vigor para postular outro.

Em 2010 haverá eleições para governadores, presidente, deputados federais e senadores, e mesmo faltando mais de um ano para a votação, os noticiários políticos vivem abordando possíveis candidatos. Ora especula-se quem sairá, ora informa-se quem já confirmou a intenção de concorrer. O fato é que, mais uma vez, o eleitor brasileiro verá atuais detentores de cargos públicos fazendo promessas, pedindo votos, e toda aquela lengalenga típica de campanha. Será possível constatar a gana pelo poder de prefeitos, governadores, deputados e senadores, que não “largam o osso”. Ou seja, acham que ser Político é profissão, não uma representação transitória. Mas o pior será ver a falta de compromisso e de respeito com os eleitores e com o cargo que ocupam os mandatários que pretendem largar os atuais mandatos pela metade, sem ter a dignidade de cumprir seu “plano de governo” até o fim. Exemplos não faltam. Aqui no Paraná veremos o prefeito da capital e um senador tucano disputando quem concorrerá ao Governo do Estado, abrindo mão, em caso de vitória, do mandato conquistado há dois anos.

Em âmbito federal, também no ninho peessedebista, deverá ser lançado candidato o atual governador de São Paulo, o mesmo que era prefeito da cidade, porém abandonou o cargo diante da possibilidade de vencer a eleição. E isso ocorrerá novamente, pois ele vem sendo cotado como o nome mais forte do partido para tentar retomar o governo federal. É lamentável que a ânsia pelo poder, o desrespeito com a população, a desvalorização do cargo ocupado e da instituição à qual pertencem sejam constantes no cenário político brasileiro. O eleitor deveria ter como critério para escolher seu candidato a análise se ele, caso já ocupe algum mandato, honrou seus compromissos até o fim, exerceu suas atividades dignamente durante os quatro ou oito anos integralmente.

Assim, não se terá a infeliz surpresa de ver na próxima eleição aquela pessoa a quem confiou seu voto “abandonar o barco”, usar tal cargo como trampolim político, demonstrando ser um colecionador de mandatos, um viciado pelo poder.

Douglas Furiatti é jornalista e colaborador do MEGAFONE. Críticas, sugestões, dúvidas ou mais informações podem ser endereçadas ao e-mail pessoal do autor: douglasbob@hotmail.com

Fonte: www.megafone.inf.br

Qual a cor do seu sangue? (Por Danilo George)

No século XIX um filosofo alemão começou a refletir sobre a sociedade daquela época. Percebeu que algo estava errado, pois havia um deslumbramento muito grande com a cor azul. O azul era límpido, representava a liberdade, pois a libertava da opressora cor dourada, que simbolizava o ouro e o poder dos reis. O azul aparecia como o novo, era tão racional, igualitário e fraterno. A cor azul se espalhou pela Europa, cresceu e começara a se impor. Com o passar do tempo todos também queriam ter o sangue azul. Os que tinham sangue azul eram especiais, compravam, vendiam e negociavam. Taxavam os preços, os prazos e os juros.

Mas o teimoso alemão achava que o sangue que devia predominar era o vermelho que era comum a todos. Pensava uma vez que a maioria sangrava vermelho, o porquê desse sangue não se estabelecer, ser dono das hemácias que produz. O sangue estacava “vermelhadamente” nas fabricas, pubs e em todos os cantos suburbanos da Europa. Essa população sangraria pelos mesmos motivos: fome, miséria e exploração do trabalho. Enquanto os azuis sangravam nos portos, nas feiras de comercio e no mercado. Sangravam de prazer. Do lucro, do poder de compra e de venda. O problema é que os que sangravam vermelho sonhavam um dia também poder sangrar azul, pois os Azuis disseram que era só eles se desenvolverem, progredirem e evoluir que também chegariam um dia a ter a dádiva do sangue azul. “Há, os azuis pareciam tão bonzinhos,eram tão finos, nobres e educados . Ao que parece eles foram merecedores desse sangue tão especial. É algo tão natural nascer com esse sangue tão raro”.

Mas o filosofo pensou, refletiu e concluiu que aquilo não era possível, por que para aquela minoria ter o sangue azul era necessário explorar e retirar cada vez mais os glóbulos do sangue comum dos vermelhos. Assim ele desenvolveu uma complexa teoria que a sociedade vivia em uma luta de sangues, os azuis versus o vermelho. O alemão teimoso muito fez, escreveu, falou e debateu. Conseguiu convencer alguns do sangue comum que eles jamais prosperariam, mas esses ainda não foram suficientes para derrotar os azuis. Por que a conjuntura dos vermelhos não conseguem se ver como sangue comum, e os que se vêem como vermelhos não conseguem se comunicar com os demais do mesmo sangue.
E dessa forma seu sangue segue cada vez mais desvalorizado. Enquanto o sangue azul segue dominando e se valorizando ainda mais. Hoje no século XXI está cada vez mais raro e difícil manter o nível de sangue azul na sociedade.

Mas ainda não há problema para esses. Pois quando seus glóbulos se enfraquecem e tem uma baixa de hemácias no mercado, eles sacrificam ainda mais o sanguinho comum dos pobres e excluídos vermelhos.

Hoje todo homem sangra, mas em cores diferentes.

E você em que cor sangra?

Por tão poucos terem tanto É que tantos têm tão pouco (Por Eduardo Marinho)



Em cima da palavra 'poucos' há um casal para representá-los, esses que são 1% da população, ou menos. Chamei-os messiê Deboche e madame Arrogância. Donos das mega-empresas, concentradores das riquezas, controladores dos mercados financeiros, sentam-se no topo da pirâmide social, vivem isolados da maioria, estão sempre dentro de algum lugar isolado do mundo, sentem-se donos. À direita da palavra há uma porta com um segurança, há sempre seguranças entre eles e a realidade. O garçom está num ambiente de pronto serviço, eficiência exigida por esses tipos e seus subalternos graúdos - as cadeiras se assemelham a tronos para simbolizar o sentimento de 'natural' superioridade que eles emanam, enquanto o morcego denuncia sua atuação vampiresca dentro da sociedade humana. Eles se sustentam no poder do mundo apoiados pela força das armas - inclusive da segurança pública -, por isso o chão é um fuzil, que divide a sociedade entre poucos e tantos, ao mesmo tempo em que serve de ameaça, sobre a cabeça dos tantos que têm tão pouco, representados na forma urbana da favela, na parte inferior direita.

A estrada significa haver caminho de saída para esta situação, mas são tantas as dificuldades - não há garantias do Estado, saneamento, condições de vida digna, escola pública que mereça o nome, alimentação suficiente, higiene, informação, muitas vezes nem estrutura familiar-, tantos impedimentos, que um caminhão carregado simboliza ser barra pesada, muito difícil sair por esse caminho. Vêem-se exceções, apontadas como exemplo da possibilidade pra todos, reduzindo a maioria à sensação de incapacidade, impotência e subalternidade. À esquerda inferior há um ambiente de cinema, são as pessoas que assistem à vida, olham o mundo como se fosse um filme do qual eles não participam. Seu pensamento é "sempre foi assim, não tenho nada com isso, cuido é de mim e dos meus", geralmente são pessoas em condições de se qualificar em escolas particulares - e universidades 'públicas'- alcançam condições de ocupar cargos importantes na manutenção da sociedade como ela é. São entre 20 e 30% da população, hierarquizados organizadamente de acordo com os interesses dos 1%, e disputam as migalhas variadas da opulência. Como vivem das migalhas (mesmo enormes, para nós outros) do poder, o rato à esquerda os representa com propriedade. São os ricos que o povo vê, ainda que à distância. A escuridão que envolve uma pessoa - nitidamente mestiça - simboliza a ignorância, criada e mantida para envolver a maioria. A vela é um símbolo singelo de luz. Por menor que seja a luz, por maior que seja a ignorância, quando há interesse e vontade, a luz sempre vence a escuridão. É o trabalho da conscientização.

A árvore representa a tendência natural de ir para o alto e buscar a luz. Por isso das suas folhagens mais altas vão surgindo pessoas, subindo pela esquerda, até o alto do desenho, significando a tomada de consciência, quando as maiorias percebem a farsa da "democracia de mercado", com a mídia na linha de frente na formação de opiniões e valores sociais e individuais, as falsidades da hierarquia social, percebendo a igualdade intrínseca de direitos entre todos. E, deixando de se sentirem inferiores, deixando de reconhecer superioridades artificiais, ocupam naturalmente os lugares que lhes pertencem por direito moral de seres humanos, em igualdade conquistada pela consciência da realidade.

O olho representa não só a possibilidade de enxergar a realidade como a necessidade de tomar consciência da realidade, de buscar o porquê e o como de tanta concentração de poder, de tanta perversidade com as maiorias.

Poucos e Tantos.

(Eduardo Marinho é arteiro, penseiro e escrevinhador).

Fonte www.observareabsorver.blogspot.com

CLASSE MÉDIA

CONTOS, CONTAS, CANTOS E CRÔNICAS (Por: Danilo George)

Vida nossa de todos os dias

Antonio Marcos é um morador da favela de Acari, um imenso complexo habitacional que se localiza na zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Acari é tido pela mídia sensacionalista como um lugar povoado de marginais, cujo os índices baixos de IDH (índice de desenvolvimento humano) chocam qualquer sociólogo. Mas Acari como uma grande favela traz consigo a lei da dialética aonde se vive com muita alegria e dor. Antonio Marcos não é um morador comum, ele se intitula revolucionário. Acredita que o povo favelado está nessa situação devido a sua alienação. Dessa forma busca conscientizar o povo de forma muito peculiar.

Um dos seus métodos é percorrer aos domingos a favela, pelas 4 horas da tarde, quando as “biroskas” estão lotadas, e geral fica na frente da televisão vendo os jogos de futebol transmitidos pela rede Globo. Ele encosta na porta do bar e começa a questionar, pedindo a escalação do time que está jogando, após saber quem é o goleador, o zagueiro ou o melhor do time ele rebate: “Me diz o nome do presidente do senado, me fala o nome de um deputado federal”. Por essas manias Antonio Marcos se tornou uma figura folclórica em Acari. Em algumas ocasiões ele parece possuir uma doença perigosa altamente transmissível, ele tem o dom de chegar nos lugares e esvazia-los. Muitos moradores quando avistam Antonio Marcos parece que estão vendo o caveirão do Bope, metem o pé imediatamente.

Entre suas manias está o de provocar pastores evangélicos da comunidade, o som alto das igrejas o incomoda. Assim ele caminha com uma caixinha de som no último volume com o som do grupo de rap paulista Facção Central que pauta questões de classe e afronta a passividade das religiões. Ele pára na porta da igreja e vai para o debate “vocês educam os pobres para serem ovelhas, deveriam criá-los para serem leão”. Assim muitos Evangélicos o vêem como um ser demoníaco e se benzem quando passam por ele. Antonio Marcos ficou ainda mais maluco quando passou a cursar direito através de um programa populista do governo federal. Seu alvo passou a ser os policiais que ficam na entrada da favela, dando dura em morador e mordendo um dinheirinho dos mesmos.

Seu ritual era simples, ele chegava no viaduto encarava os policias e começara a debater os direitos do cidadão partindo do principio do direito de ir e vir. Assim vira e mexe ele se metia em alguma presepada. Andava com um cartaz na bicicleta com o telefone da corregedoria da polícia, gritando para que os moradores ligassem fazendo denúncias. Uma vez um policial cansado das perturbações de Antonio Marcos, partiu para cima o ameaçando. O policial portava uma pistola nove milímetros e ele portava uma marmita que carregava diariamente, resultado: quando o policial ameaçou de sacar a arma, ele deu uma marmitada na cabeça do policial, após uma luta corporal com o sargento ficou algumas semanas preso por desacato. Pagou uma fiança no valor de 600,00 reais e foi solto.

Mas Antonio Marcos não saiu do seu “front”, sua revolta com a policia ficou ainda maior.

Um dia resolveu dar a volta por cima. Após esse embate ele foi perseguido severamente por policias do 9º batalhão da policia militar, a corporação que mais mata no Rio de janeiro. Era só descer do metrô que lá estavam os policiais o provocando, “olha o valentão aí”, aquilo mexia com seu ego. Em uma noite de insônia pensou “vou dar uma volta nesses policiais”. Antonio Marcos bolou um plano mirabolante. Defecou, embrulhou com um jornal, colocou o troço em uma pasta e partiu para o metrô. Lá se encontrara com seus algozes. Começou a caminhar de um lado para o outro com aquele embrulho de modo que chamaria a atenção dos policias, após cinco minutos de andança um policial falou: “hei chega aqui” .

Antonio Marcos caminhou tranquilamente, o Policial perguntou o que carregava ali, ele respondeu: “lixo”. O policial intrigado foi checar o embrulho, e meteu a mão na merda. Após sujar as mãos de bosta ele gritou: “você é maluco! Corre daqui rapaz” Antonio Marcos tranquilamente seguiu aliviado, e com um ar de cinismo respondeu: “eu te avisei que era lixo”.

Questionado por outros moradores se ele não tem medo da morte, ele responde friamente:

“Há dez anos atrás eu perdi o medo de falar, falo tudo o que penso. E há três anos perdi o medo de morrer”. Dessa forma Antonio Marcos sai provocando a vida. E dizem em Acari que até a morte foge dele.

(Danilo George é historiador e contador de histórias, garante que 99% das suas
narrativas são verídicas, o 1% é fruto da sua imaginação).

El III Congreso de la Juventud Comunista Paraguaya (Por Carol)



Nos dias 26 e 27 de Setembro aconteceu em Ita (Py) o III Congresso da Juventude Comunista Paraguaia. O evento contou com a participação de jovens de vários países da América Latina, dentre eles Chile, Venezuela, Argentina e Brasil. Participaram também representantes do PCP (Partido Comunista Paraguaio) e representantes do movimento campesino.

Um dos principais debates ocorridos no congresso foi sobre os governos socialistas que estão sendo fortalecidos na América Latina. Falaram sobre Rafael Correa, Hugo Chávez, Lula e principalmente sobre a questão do apoio do partido ao governo de Fernando Lugo. De um lado temos um grupo que acredita no atual governo como uma forma de transição de uma estrutura mais elitista para uma mais popular e, de outro, um grupo que entende que esse mandato tem uma postura de falso esquerdismo, abandonando o compromisso firmado com os movimentos sociais de esquerda. Quando o tema é o atual governo paraguaio as opiniões são diversas, mas no geral todos concordam que pressioná-lo é imprescindível para que algum dia o Paraguai possa viver tempos melhores e em um sistema político mais justo e igualitário. No momento da candidatura do candidato a presidência, os movimentos sociais de esquerda concordaram em apoiá-lo com três condições básicas: participação política profunda, reforma agrária integral com a participação dos movimentos campesinos e luta pela soberania nacional.

No congresso também foi definida a linha de luta da juventude para os próximos dois anos e votada a nova direção nacional da JCP.

• Álvaro Lo Bianco- Direção nacional
• Nelson Labiana- Relações Internacionais
• Cintia Vera- Tesouraria
• Jose Tomas Benitez y Aldo Sote- Movimento Campesino
• Rolando Amarilla- Movimento Obrero (trabalhadores urbanos)
• Fabrício Arnella- Movimento Estudantil
• Carlos Portillo y Nadia Staple- Suplentes

No encerramento do Congresso a imprensa esteve presente, assim como alguns representantes de movimentos políticos do Paraguai- senador Sixto Pereira, representante da embaixada cubana Luis Arturo, representante do MP 24 de Junio e um representante do P-MAS. A Juventude Comunista Paraguaia deu um tapa na cara de quem pensou que o Congresso seria mais um movimento desorganizado e esvaziado.

Vai Vendo...

Decepcionados com tudo o que viram, os meios de comunicação elitistas na manhã seguinte já bombardearam a mídia paraguaia com matérias depreciativas com relação ao movimento comunista. As chamadas das matérias buscavam mostrar um movimento utópico e despreparado para a luta. A favor de uma unidade bélica entre os países da América Latina, descontextualizando a questão do avanço do imperialismo norte-americano e a exploração dos povos latinos. A imprensa burguesa se incomodou realmente com a organização da JCP.

Não é só aqui que existem movimentos “pseudo-revoluionários” no Paraguai também tem... A imprensa para mostrar que o congresso foi invalidado, contou a todos que Camilo Soares, representante de um partido pelego de muita aceitação, foi convidado e não compareceu no evento, mandando um representante seu. É lógico que não podemos nos fechar para o mundo e rachar com todos os “pseudo-comunistas”, mas que a participação da burguesia em movimentos populares e REVOLUCIONÁRIOS é questionável em diversos aspectos.

Tapa na cara da burguesia....

Congratulo a organização e a organicidade da juventude comunista paraguaia, por não desistirem da luta por um mundo mais justo...

Só para não perder a linha deixo um único pensamento:

“PROLETÁRIOS DE TODO MUNDO, UNI-VOS!”

POESIAS E PENSAMENTOS

DO POVO BUSCAMOS A FORÇA

Não basta que seja pura e justa
a nossa causa
é necessário que a pureza e a justiça
Estejam dentro de nós.

Dos que vieram e conosco se aliaram
muitos traziam sombras no olhar.
Para alguns deles a razão da luta
era só ódio: um ódio antigo,
centrado e surdo como uma lança.

Para alguns outros era uma bolsa:
bolsa vazia (queria enchê-la)
Queriam enchê-la com coisas sujas,
Inconfessáveis.

Outros viemos,
lutar pra nós e ver aquilo que
o povo quer realizado.

É ter a terra onde nascemos.
É sermos livres para trabalhar.
É ter pra nós o que criamos.
Lutar pra nós é um destino
é uma ponte entre a descrença
e a certeza de um Mundo Novo.

Na mesma barca nos encontramos.
Todos concordam: Vamos lutar...
Lutar pra que?
Pra dar vazão ao ódio antigo
ou pra ganharmos a liberdade?

E ter pra nós o que criamos?

Na mesma barca nos encontramos.
Quem há de ser o timoneiro?

Ah!.. as tramas que eles teceram!
Ah!... as lutas que ai travamos!

Mantivemo-nos firmes:
No povo buscaremos a força e a razão...
Inexoravelmente, como uma onda que
ninguém trava, vencemos.

O Povo tomou a direção da barca.
Mas a lição está aí, foi aprendida:

não basta que seja pura e justa
a nossa causa.
é necessário que a pureza e a justiça
Existam dentro de nós.

(Agostinho Neto)

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Caindo
Eles param
Meu corpo
Na beira do precipício
Eu pedindo ajuda
Mas ninguém
Me ouvindo
Ouço só as taças
E um belo brinde

(Santiago, Foz)

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Se o canto é melódico;
O tempo faz a trova,
o canto, à melodia,
o refrão e o eco a vida...

Quem muito cedo acorda.
Pega insônia mais cedo.

As tempestades de horrores,
São lágrimas de crianças.

(Edson de Carvalho, Foz)

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ESTATÍSTICA

Na cidade de Foz do Iguaçu
Triste constatação
A mais violenta do Estado do Paraná
Também uma das mais violentas do país
São menores de idade
Envolvidos com o tráfico, com a maldade
Onde estão os projetos sociais
O trabalho com a comunidade
Com teatro, dança, música, cultura
E a educação
Vamos dar oportunidades
Pro adolescente tomar uma decisão
Caso contrário o adolescente sem opção
Tem na criminalidade a única inspiração

Salve, Salve, Cartel do Rap
“A Chave é a União”
Assim diz o Fanzine da informação
O tráfego de palavras para uma conscientização
Que pelo trabalho para socioinformação
Vamos juntos abraçar esta bandeira
Da liberdade de expressão
Anunciar ao jovem que ele tem opção
Para não virar mais uma estatística
Na mídia, como mais uma vítima
Da criminalização

(Sandro de Carvalho, O Poeta de Rua, Foz).

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Desejo


Desejo aquilo que não vejo
aquilo que nunca comi
que gosto tem?... É bom?
E por que?
Me atrai quem não conheço
então esqueço
ou não?
Devo seguir adiante
ir ate o fim, se molhar
e viver...

(Mysk, Foz)

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Igual a você, porém diferente a você


Eu sou você, mas você não pode ver,
porque você não quer ser e nem que ver,
quem é você!?
Eu sou, tu és, nós somos o que somos
quem somos?
Somos quem e o que não somos
não somamos com quem amamos
porque no fundo da verdade
Não gostamos do que somos.
Eu sou você.

(Delírio Black)

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Fugacidade


Fuga feita
Fogo fatal
Fechou de fato!
Função fosca?
Fortificante...
Fraseio num frenesi
Frêmitos fubecados
Fatais e febricitantes
Feitos à federação.

Fudidos? Favelados?

Fortes faminintos
Faladores sem farda
Famosos “faz-tudo”
Freiam os falazes
Falem os falsos
Fazem da função
Falível e fugaz
Fato fatalmente
Firmado com firmeza.

(Carol, Foz)

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SANTIAGO - Hip-Hop, Política e Sociedade



Tiago Egea Berrido tem 25 anos de idade. Nasceu em Curitiba no Boqueirão e veio pra Foz com 3 meses de idade. Sua mãe chegou em Foz com um pedaço de colchão em um braço e ele no outro braço e foi morar de aluguel numa casa de chão batido. Enquanto sua mãe trabalhava em dois empregos e só chegava em casa de madrugada, Tiago cresceu livre pelas ruas das quebradas de Foz. Teve uma infância de muita dificuldade, faltava muitas coisas, mas vivia pelas ruas brincando e aprendendo a se virar sozinho. Estudou em escola pública e concluiu até o terceiro ano. Prestou vestibular pra pedagogia, passou mas não fez o curso, queria mesmo estudar turismo.

“Eu tinha uma pira de fazer turismo pela cidade e tal. Poder me envolver assim com as paisagens. E também as pessoas que vêm, eu queria conversar com elas, queria aprender inglês, espanhol, queria falar com os alemães, falar com os chineses. Eu tinha essa pira de ser poliglota, e mostrar também a beleza da cidade e se possível também ir conhecer outras cidades”.

Quando entrou para o Movimento Hip-Hop adotou o pseudônimo de T.A. e mais tarde mudou para Santiago, o nome que sua mãe tentou registra-lo mas não conseguiu na época por ser um nome estrangeiro.

Santiago começou a ouvir Rap na sua adolescência e isso influenciou em sua vida. “O Rap caiu como uma bomba na favela, quando eu vi meus amigos já estavam cantando as músicas, a gente se identificava. Isso há mais de 10 anos atrás, o pessoal curtia muito na Vila Miranda, Racionais, Face da Morte. As músicas falavam do cotidiano, tipo assim, os cara brincavam, né 'liga nóis, qualquer coisa liga nóis', como se o Racionais tivessem falando. 'Liga nóis, qualquer coisa você pode ligar nóis que nóis ta preso, mas não ta morto não, nada se acabou, qualquer coisa liga nóis que nóis ta sempre aí em contato'. É isso aí, o cotidiano.

Já morou na favela da Marinha, Pólo Centro, Jd. Carimã, de aluguel em aluguel ia pra todo lugar da cidade. O bairro que morou por mais tempo foi na Vila Miranda. “Eu já saí várias vezes, morei no centro pra tentar ser independente, aqui é a casa da minha mãe. Tentar ter independência financeira, ter onde morar, ter mais liberdade, né, como homem. Saí por 3 anos, voltei, saí de novo, voltei. A primeira vez que saí tive mais contato com outras pessoas do centro e não quis mais morar aqui. Lá tinha mais liberdade, né, liberdade social e questão de horário, namoro, podia namorar a vontade sem muito problema. Depois de 14 anos morando aqui eu saí e nessas voltas, idas e vindas eu ficava pouco tempo aqui. Me estabelecia, conseguia dinheiro, emprego de novo e voltava pro centro morar. Questão também por causa do ônibus, demorava muito e tal, poder ter mais tempo pra dormir, pra se agilizar, né. Aqui você tem que ser o cara que não dorme, você morar aqui em Três Lagoas, você perde muito tempo com transporte”.

Morando no centro ele começou a se envolver nas ocupações urbanas, primeiro ocupou um terreno próximo à Favela do Cemitério e depois uma mansão próxima do centro da cidade. “Eu não queria uma mansão, eu queria uma casa, se fosse 5 metros quadrados tava ótimo, só pra mim guardar minhas coisas e mais próximo do centro que eu queria proximidade ao centro. Eu não pensava numa mansão, eu pensava em uma casa qualquer onde fosse mais próximo ao centro por questão de trabalho e estudo, só isso. De repente caiu a mansão, eu tinha dois lugares pra ocupar, daí acabou ficando a mansão”. Ele ficou morando lá por quase quatro anos até que teve a reintegração de posse. Não pretendia ficar morando mais por lá, mas sim transformar o local numa associação. “Lá era muito grande, você perde o contato com a realidade, que é essa realidade aqui. Você perde noção do tempo. Eu queria fazer uma ONG daquilo lá, de início eu pensei em morar, mas falei, nossa é muito ruim. Eu não sei como um rico se suporta dentro duma casa dessas, que é muito grande e ele nem utiliza todos aqueles espaços, né”.

Na casa já funcionavam alguns projetos como reuniões, ensaios dos grupos de Rap, oficinas de Break e de Dj. Pensava-se ainda em uma Estamparia e um Estúdio Comunitário. Santiago acredita que a cidade dispõe de poucos espaços que abriguem projetos voltados à população. “Vou te dizer a real, tem alguns espaços, poucos, devia ter mais. Só que é muito aquele jogo político, né, eles querem o fantoche deles lá dentro. Prefeito tal ganha a prefeitura e vai dominar a cidade por 4 anos, ele quer pessoas do meio dele, pessoas que sejam cofiáveis dele dentro daquele espaço, controlando a cultura a favor dele, não a favor da sociedade, a favor de uma mudança de pensamento, a favor de um cidadão mais consciente, e culto, né”.

Se envolveu com o Movimento Hip-Hop no início de 2004 quando conheceu o Cartel do Rap e viu no movimento uma válvula de escape pra poder expressar seus pensamentos, angústias e sentimentos. “Expressar sentimento, expressar o que eu penso, tentar mudar, tentar ter voz, né, tentar se achar, se encontrar, tentar ser útil pra uma mudança social, assim. Basicamente é isso, tentar ter uma voz, falar pra mais de duas, três pessoas, mais que sua família, tentar abordar mais gente. Quando eu conheci o Movimento Hip-Hop eu achei demais, eu queria fazer tudo, só que tudo de uma vez não dá pra fazer. Durante os eventos com a Banca CDR eu tentava dançar pra tentar incentivar alguém, eu fazia isso. Comecei a desenhar pra tentar incentivar alguém que também desenhasse durante os eventos, durante nossa permanência num evento numa quebrada. E cantava também porque eu comecei a escrever e tal, tinha umas idéias legais que eu imaginava que eu pudesse transmitir uma mensagem mais positiva, uma idéia de política, alguma coisa nesse sentido que mudasse alguma coisa na sociedade”.

Antes de se envolver com o Hip-Hop, Santiago já era envolvido com política, com o tempo se distanciou, mas recentemente voltou a militar politicamente. Sobre o Hip-Hop se envolver politicamente ele pensa: “Isso é complicado, né, de comentar. Seria útil se a política fosse útil pra população em si, pra sociedade, pro contexto social mesmo, pra melhoria. Eu conhecendo a política, participando também a gente vê erros, a gente vê falhas, a gente vê favorecimentos. Se a política fosse honesta, né, mesmo o pessoal de esquerda, tivessem boas intenções, se estivessem mesmo realmente interessados em ajudar o social, em ajudar a comunidade, seria bom esse direcionamento. Mas apenas direcionamento, não querer dominar, não querer influir muito, deixar o movimento Hip-Hop livre, como é, como eles conquistaram essa liberdade de pensamentos e de atos. O Movimento Hip-Hop sabe o que quer, mas não sabe como agir, como realmente interferir nesse contexto”.

Sobre os militantes do Hip-Hop que estão se candidatando para cargos políticos ele acha que: “Eles não sabem no ninho de cobra que estão caindo. Eu mesmo tenho uma pira assim de querer entrar, mas você raciocina muito antes de qualquer coisa. Se candidatou, beleza, ganhou, depois que ganhou ele com certeza vai ser influenciado, vai ter os braços atados, porque você fica restrito em qualquer ação, em qualquer pensamento, é acordo atrás de acordo e é isso, é um ninho de cobra”.

Movimentos sociais e governo Lula.

“O próprio Lula, ele tinha um pensamento de mudança, teve boas idéias, teve boas ações, teve boas parcerias assim, digamos do pessoal de esquerda, mas acabou se corrompendo, acabou se invertendo as coisas. Ele pensava que sendo presidente ele teria mais voz dentro da política, mas desde os vereadores os interesses deles até os senadores e vai do baixo pro alto um jogo mesmo de mesquinhagem, de dinheiro mesmo, interesse de quem vai ganhar mais daquela fatia daquele bolo que eles estão distribuindo. Foi um governo bom, não que seja o ideal, mas foi um governo que se atentou mais pro lado social, fez melhorias, tanto é que o melhor governo, considerado o melhor presidente do país até então.”.

Foz vai mudar?

“A esperança é a última que morre, né, a gente se desilude, eu mesmo to num momento de desilusão total, de reflexão, a gente dá um passo pra frente e dois passos pra trás. Tem todo o potencial para que seja alto sustentável no turismo. Vai ter o tráfico e tal. Não sei te dizer a influência assim, isso é triste de falar, o tráfico vai ficar na cidade, mas a cidade poderia ter auto sustentabilidade na questão do turismo, na questão do próprio comércio e tal”.
“O mal da cidade é o ser humano que vive nela. O sistema, ele se enraizou de tal forma que inverteu totalmente os valores e poucas pessoas tem o pensamento de 'Pô, isso aí ta tudo errado. O que mais vale é o meu sentimento, meu olhar perante a você, a minha idéia de amizade, não a minha idéia de interesse, de amizade pelo que você tem, eu vou ser seu amigo'. Isso pra mim não são valores, o que é valor é o sentimento, é o aperto de mão verdadeiro, então o sistema se enraizou duma forma que hoje as crianças já sabem 'vou ter meu amiguinho porque ele tem um vídeo game, o amiguinho que tem umas bulitas, né, eu não vou ser amigo, porque pra mim não é interessante ser amiguinho dele, vou ser amigo de quem mais me interessa', é questão de interesse. Em todas as cidades o grande problema é que está enraizado o sistema mesmo, não que seja o ser humano em si, mas é a porra do sistema agindo diretamente no pensamento, no raciocínio, na forma das pessoas viverem, na forma das pessoas agirem”.

Morar em Foz

“Gosto, é uma cidade legal, uma cidade que eu me adaptei, uma cidade que eu conheço os lugares, uma cidade que eu me conheço nela, eu me reconheço. É agradável caminhar pelas ruas que você sabe os nomes e sabe onde ta, sabe o nome dos bairros, o caminho de todo lugar, vielas, sabe onde vai dar, qual amigo ta naquele bairro”.

Continua na próxima edição do fanzine...

TEXTO RESPOSTA SOBRE O PROERD E OTRAS COSITAS MAIS. (Por: Lizal)

Na edição passada do Fanzine escrevi um texto colocando a minha opinião sobre o PROERD e programas do gênero que envolva a polícia (aparelho repressivo do Estado) em atividades educacionais e culturais voltadas à população. Demonstrei no texto o meu ponto de vista de como eu acho perigosíssimo a intervenção da polícia na educação e na cultura, ferramentas que podem ser usadas para a libertação e emancipação do povo, para a construção de uma nova sociedade, uma sociedade justa, ao contrário dessa que está aí. A ex-coordenadora do PROERD no RJ, Tania Loos comentou o texto:

“Sinto-me a vontade para dizer algumas palavras sobre o "bandeide social" mencionado por Lizal: de antemão conheço bem a realidade do PROERD PR e em, especial, do PROERD em Foz, pois estive aí capacitando os Educadores Sociais do Programa. Lizal, não compreendo bem a sua visão, acho que vc está muito desinformado sobre o nosso trabalho em escolas, não estaremos educando seu filho, até porque essa missão é sua. Á educação do filho compete aos pais/responsáveis, nós das polícias militares brasileiras estamos apenas cumprindo nosso papel, ou seja, fazendo prevenção. Se os demais órgãos do sistema não funcionam o problema é de toda sociedade que elegemos e os colocamos lá, então não somos o bandeide social. Bandeide social são também os pais/responsáveis que se omitem na educação de seus filhos e depois tentam empurrar toda sujeira para debaixo do tapete”.

Vocês podem ler os comentários sobre o texto no Blog do Fanzine, Tânia diz que muitos policiais também moram em comunidades. O que é certo é que a polícia não tem consciência de classe e que já perdeu seu prestígio frente a população das favelas e periferias. Moram em comunidades, mas a grande maioria não se sentem parte disso, não possuem vínculos com a população e só estão esperando a oportunidade de meter o pé, sair da comunidade e só voltar pra reprimir esse povo do qual fez parte.

O Estado tentou e continua tentando de toda forma aproximar a polícia da população, criar uma polícia comunitária, mas até aqui tem falhado. Para um morador de favela como eu, a polícia mais próxima só fará com que eu fique trancado em casa, como muitos amigos meus estão fazendo, porque todos os dias são abordados na rua, com armas apontadas para suas cabeças e já levaram até tapa na cara quando tentaram dialogar. Essa é a “cultura de paz” que a polícia está tentando implantar, a cultura da paz sem voz. Estive no Morro Santa Marta no Rio de Janeiro, conversei com moradores e fiz algumas amizades. O governo contratou figurantes para simular uma convivência tranqüila entre a população e a polícia. Apareceu nas fotos e filmagens que foram veiculadas na televisão e jornais, policiais fazendo pipa junto com as crianças e a juventude praticando esporte na quadra em meio aos policiais. A realidade do cotidiano lá é bem diferente disso tudo, acabaram de construir um muro cercando a favela, simbolizando o apharteid social que vive as comunidades. Além disso as manifestações culturais e artísticas da população estão proibidas. Outra parada é o Prêmio Polícia Cidadã, realizado pelo Cesec e Afroreggae, uma iniciativa que tem o objetivo de valorizar ações policiais que tenham “colaborado para reduzir a violência” e difundir práticas criativas de soluções em segurança pública. O poeta Deley de Acari postou um texto em seu Blog onde diz:

“Hoje de manhã ocorreu mais uma quase rotineira invasão policial em Acari. Mais de 40 policiais das DRACO E DRAE como sempre, violaram portas com chaves michas e invadiram casas de moradores sem mandado de busca, puseram armas na cabeça de crianças sozinhas em casa, roubaram dinheiro guardados em gavetas de moradores ausentes. Tudo como sempre, tudo como foi, tudo como sempre será, ou não? O que ouve de diferente, especial? De especial ouve a participação especial de uma equipe de filmagem desconhecida capitaneada por José Junior, diretor-executivo da MegaONG Afro Reggae, com seus tradicionais brinquinhos dourados, colete á prova de balas e uma pistola na cintura oculta sobre a camisa”. (Vejam matéria completa no Blog do amigo: ww.deleydeacari.blogspot.com).

Eu li o comentário de Tânia há poucos dias na Lan House da vila. Quando cheguei na Lan, fiquei sabendo que a polícia havia acabado de fazer uma batida no local e colocado todas as pessoas - inclusive crianças - com as mãos na viatura. Além de ter que ouvir uns desaforos e serem humilhados, foram intimidados com armas apontadas para elas. Voltando da Lan House passei em frente a casa de uns amigos onde a galera se reúne pra ouvir música e curtir, namorar, se divertir, coisas que os jovens fazem. A casa já foi invadida várias vezes pela polícia. Porque a polícia não pode ver mais de duas pessoas reunidas que já abordam? Resquício da ditadura militar no Brasil? As reuniões são perigosas? Próximo da casa encontrei um amigo que me contou que no começo da semana foi abordado na rua pela polícia e levado preso como suspeito de ter praticado um assalto. Ele é trabalhador e foi algemado na frente da mulher e do filho. No final liberaram porque a vítima disse que não era ele o assaltante.

Outro dia eu estava conversando com um parceiro e ele me disse que classifica a polícia militar de Foz em três categorias: “A primeira é a que mata, puxa o gatilho sem dó. A segunda é a que bate, desce o braço sem dó. A terceira é a que humilha, xinga sem dó”. A questão agora não é estudar no PROERD ou não, e sim que pra essa polícia que está aí nós sempre seremos os bandidos, os vagabundos, os ladrões, os drogados, os traficantes, assaltantes e assassinos, independente de ter estudado no PROERD ou não. Nós vivemos uma luta de classes e a polícia está aí para assegurar os interesses da elite econômica e cuidar de seu patrimônio.

Tania disse que a polícia militar está só cumprindo seu papel.

Eu concordo, e está cumprindo muito bem. O papel do opressor.

(Lizal é morador de favela em Foz e já foi várias vezes humilhado pela polícia, já apanhou e já foi ameaçado de morte. Ele conversa com muita gente e percebe que muitos passam pela mesma situação. Sempre que pode ele faz músicas e textos criticando o aparelho repressor do Estado).

Pião no Rio Grande (Por Edson de Carvalho)



No dia 10 de setembro, o mano Edo b. boy do Cartel do Break foi fazer um pião loko no Rio Grande do Sul, na cidade de Passo Fundo, onde havia uma batalha de Freestyle. Antes da batalha de Rima, mano Edo e a Mina Flávia desenvolveram uma oficina de Break com os alunos da Terceira Série da Escola Municipal, levamos uma idéia com as crianças e brincamos um pouco com o Break, as crianças gostaram muito e teve uma que até fez um comentário “aquele homem é malandro né professora, é professor mais é malandro” por causa das panagens ou estilo lokão.



No outro dia rolou um evento a tarde. O evento foi feito por um B.boy de lá, e realizado pela favela onde se encontraram na avenida Brasil em um bar. No evento o Mano Jesus me recebeu e trocamos uma idéia firmeza, escutando o som da Banca Cartel do Rap, e ele me apresentou para vários irmãos de caminhada.Vários rimadores compareceram totalizando um número de 13 pinhas para o combate de rima. Também colou vários grupos de rap – um deles “Relato divino” (rap gospel) e um outro, um irmão “Jay Sam” (carreira solo e gospel também) entre outros que estavam no local.



Uma que achei interessante foi que os irmão gostaram do som Iguaçuense, várias músicas da última coletânea foram colocadas pra tocar no evento, os irmão acharam muito loko o som de Foz.




No evento rolou um Freestyle milhão de break, os b.boys com estilos bem lokão representaram o elemento Break de Passo Fundo. O elemento break de Passo Fundo é bem mais desenvolvido que o de Foz, lá os b.boys dançam melhor e são mais bons no Break. Conheci o mano Jay Sam que todavia desenvolve os 4 elementos, levamos um proceder e me deu um CD seu single Gospel com o Titulo de “Verso e Verdade”. Na noite havia um outro evento de Hip Hop mais com menos teor de periferia, um grupo que havia lá estava divulgando seu trampo. Peguei o som dos lokos mais esqueci na city do Rio Grande.

No domingo, na parte da tarde, o Mano Jesus convidou para conhecer seu estúdio que recentemente estão fazendo, chegando lá o Mano Pregador Fox, nos recebeu humildemente, o Mano Jay Sam gravou um som - o primeiro do estúdio. Permanecemos enquanto fazia a gravação e com mais uma vitória a Banca Cartel do Rap (CDR) os manos querem caminhar juntos, fazer uma parceria e ter contatos quando haver eventos.



Finalizando, agradeço a todos e a todas que ajudaram nesse pião de vida loka, com maior satisfação e carinho.

(Edson de Carvalho B.Boy, arte-educador e estudante de letras em Foz)

Nostálgica nostalgia (Por Carol)

(Uma hipérbole romântica sobre a fuga)

O sorriso amarelo estampado na minha face esconde todos os medos e frustrações que gritam no âmago da minha alma. Ainda mais hoje, com essa chuvinha tão tola que não deixa de cair.

Saio da sala, acendo um cigarro e uma lágrima aparece tímida no canto do meu olho...
Acompanho a chuva, acompanho a fumaça do meu cigarro, acompanho todos os movimentos lentos...

Tento pensar em outras coisas, tento esquecer você, tento esquecer que um dia...
Que um dia eu fugi.

A fuga.

A ilusão... A construção de uma falsa realidade, de uma falsa personalidade...

A força.

O medo... A fraqueza... A ânsia de romper com a crueldade e a frialdade desse mundo individualista e moralista... Às vezes penso que não vale nada ser forte. Você tenta se manter forte o tempo todo, tenta se manter na linha, mas na verdade não passa de um grande e imenso covarde.

A lembrança...

As tardes de sol... As brigas... Os reencontros...

A vírgula...

O tempo de parar, de pensar, de respirar...

A pausa...

As reticências e a incapacidade de por um ponto final em uma simples frase como “até nunca mais”...

Acaba meu cigarro... A chuva danada não acaba...
Pego uma revista de fofoca...
Signos... Barracos... Futebol...

Nem essas coisas mais banais conseguem prender minha atenção...

Acendo outro cigarro...

Fecho os olhos e deixo minha mente livre...
A deixo livre para fugir...

Abandono tudo o que possuo...
Desligo meu telefone... Fecho minhas portas... Tranco minhas janelas...
Vou até a geladeira, abro uma cerveja e sento na cama...

Acendo o último cigarro da noite...

Me desligo do mundo todo e vivo um momento recortado de fuga e solidão...

(Carol é estudante de Letras em Foz).

O POLICIAL MILITAR E A PIZZA (Por: Luiz Henrique)

Todos que me conhecem sabem de minha vida, até certo ponto, regrada. Não bebo, não fumo e não uso drogas. Não acho, porém, que sejam atitudes ruins, mas não faço, em primeiro lugar, porque geralmente sou motorista dos amigos e parentes nas festas e afins e, sendo assim, não gosto de estar fora de meu estado normal que, como sabem, não é tão normal assim. Além disso, utilizo o carro apenas quando tenho uma verdadeira necessidade, caso contrário vocês podem me ver, durante a semana, andando de bicicleta ou tentando me equilibrar no velho skate, sempre com um afinado discurso contrário ao uso do automóvel e contra a poluição ambiental. Meus alunos também sabem de minha luta para colocar na cabeça das pessoas que caminhar e andar de bicicleta são atitudes benéficas para a sociedade (e à saúde). Chego a ser chamado de chato e idealista, mas sigo minha vida tranquilamente, me esquivando das críticas.

Quando tenho necessidade, porém, uso o carro. Se o passeio é durante a noite, sempre me lembro de uma orientação vista por mim na televisão (no tempo em que eu via TV e morava em Porto Alegre): um comandante da Polícia Militar (lá chamada de Brigada Militar) orientando os motoristas a não pararem em semáforos de vias com pouco movimento depois das dez da noite, em função do risco de assaltos. Além disso, ressoa-me (sempre) uma definição aprendida na faculdade de Arquitetura dizendo “o semáforo serve para controlar os fluxos de pedestres e veículos”. Tais orientações sempre estão presentes no meu “manual de defesa pessoal” particular e as sigo à risca, pois foram ditas por um policial (para mim, um cidadão que deve ser ouvido) e por algum teórico do urbanismo moderno. Eu uso cinto de segurança, não estaciono em local proibido, respeito o limite de velocidade, a pista de ultrapassagem, a faixa de pedestres e a sinalização indicativa. Tudo para ajudar a amenizar o caos da cidade, causado pelos carros. E assim fiz na última terça-feira. Fui jantar em uma boa (e barata) cantina na Rua Almirante Barroso. Saí de lá por volta das dez horas da noite e fui à direção de minha casa. Com base em tudo isso, cheguei ao cruzamento na área central, vazio, deserto, e parei o carro, olhei bem para todas as vias e, na ausência de fluxo, passei o sinal vermelho (que em minutos começaria a piscar, liberando o tráfego, como sei) quando faltavam “duas bolinhas” para ficar verde. No próximo cruzamento, cuidadosamente, como não havia fluxos e a esquina estava escura e vazia (além de ser um ponto de concentração de traficantes de droga e assaltantes), passei novamente outro sinal vermelho, agora faltando uma “bolinha” para ficar verde. Foi então que ouvi uma sirene. Era uma viatura da Polícia Militar do Paraná. Prontamente, reduzi a velocidade e parei. Um policial gritou de dentro da viatura “Você não tem vergonha? Desça do carro!”. Atendi. Parei em frente a uma pizzaria. Ele saiu da viatura com uma pistola na mão e gritou “vai tirando o documento aí”. Atendi. Foi então que ele olhou nos meus olhos e disse “Você não tem vergonha de passar dois sinais vermelhos na frente da polícia? Você não respeita uma viatura?”.

Tive que falar, mas antes pedi para ele guardar a arma. Disse “O senhor desculpe-me. Não passei o sinal porque vi ou não vi a viatura da polícia. Passei o sinal porque é tarde da noite, tenho medo de assaltos e olhei se não viria ninguém”. Ele, ainda gritando, “Não tem desculpa. Você perdeu a carteira meu amigo!”. Tentei explicar que não era uma questão de respeito ou não a polícia. Não seria tão hipócrita de não fazer algo só porque vi uma viatura. Não sou assim. Não houve jeito. Fui multado e, segundo o guarda, deverei entregar minha carteira em breve. Durante todo o tempo ele foi muito estúpido comigo e me tratou como se eu fosse um bandido ou algo do gênero. Sei que é errado passar o sinal vermelho, mas confesso que esta é a mesma polícia para quem liguei várias vezes, para mim ou para ajudar outro cidadão, e não me atendeu.

O mais interessante de tudo isso é que, durante a abordagem (cerca de cinco minutos) o outro policial da ronda desceu do carro e foi até a pizzaria em frente ao local e, não sei como, voltou com uma pizza tamanho “gigante” e entrou na viatura. Eles foram em direção ao batalhão da PM, comer uma deliciosa pizza em horário de serviço. Talvez já tivessem feito a encomenda (ou não) e aproveitaram pra aplicar umas multinhas no caminho, gritar com alguém de bem e mostrar sua pistola automática para um carinha de óculos azul e que não faz mal a ninguém, só por ele ter medo da falta de segurança passar, tarde da noite, um sinal vermelho.

LUIZ HENRIQUE é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e comunista (convicto). Ele tem medo de contestar os policiais (mesmo quando tem razão), pois tem um amigo que foi preso, acusado de ter xingado um policial. O amigo, que estava com ele, não xingou, mas o policial mentiu e acabou conseguindo mandar o cidadão em cana. O Luiz é daqueles que acreditam na polícia, e a defende, mas tem momentos em que ele desanima.

Fonte: www.acasadohomem.blogspot.com

NOVELA DA VIDA REAL (Por Lizal).

Mais um Cidadão José Cap. 43

- Sempre que a galera ta curtindo de boa cês querem tizorar. O som vai continuar rolando, se quiser levar o som, vai ter que levar uma pá de loko junto. – disse o Mano Guina aos policiais, com um tom de provocação.

Seu parceiro de rima, o Mano Bira mandou uma idéia na seqüência.

- Pô, cês não tem consciência de classe memo, né. Todo mundo aqui é sofredor igual vocês. Vocês deveriam apontar essas armas pras elites que nos escravizam e não pro seu próprio povo. O Hugo Chavez mesmo diz “Maldito o soldado que levanta a arma contra seu próprio povo”.

Antes que o policial respondesse algo, o Mazinho chegou com o alvará de autorização do evento. O relógio marcava 21:30hs e o evento estava autorizado para rolar até às 22hs, respeitando a lei do silêncio. A Mina do Mano Bira, conhecida como Luci, não parava de tirar foto e um policial se incomodou. Foi até ela, pegou a maquina fotográfica e começou a apagar as fotos. O Mano Bira correu até lá e tomou a maquina da mão dele.

- Isso é desacato a autoridade, você pode ser preso por isso. Disse o policial, com a arma em punho, tentando mostrar autoridade.

- Cê guarda esse canhão primeiro, pra depois falar comigo.

O Mano Guina correu e ligou a mesa de som, pegou o microfone e gritou bem alto:

- Não confio na polícia, raça do carái!!!

A galera toda começou a vaiar os policiais, eles foram até o Mano Guina, o seguraram pelo braço, outro agarrou o Mano Bira e caminharam em direção à viatura. O Mazinho intercedeu e entrou na frente dos policiais. Uma galera fez o mesmo e começaram a cercar os policiais, até que um dos gambé puxou a pistola e efetuou três disparos pra cima. Isso fez com que a galera se afastasse um pouco. O Mazinho e o advogado chamaram o policial responsável pela operação em um canto e começaram a dialogar. Disse que era uma rapaziada nova e que não precisava levá-los presos. Disse que o evento iria acabar mesmo porque já ia dar 22hs e os policiais resolveram liberar os rapazes, desde que toda a galera fosse pra suas casas. Um dos organizadores pegou o microfone e deu a idéia.

- Salve rapaziada, o evento acaba por aqui, mas a luta e a esperança não. Já são 22hs e o nosso papel de hoje foi cumprido. Nos reunimos e nos organizamos pra mostrar que esse sistema que ta aí não é bom pra gente, o sistema capitalista não é o sistema da liberdade igual muitos dizem. Basta olharmos para o seu representante maior que é os Estados Unidos, esse país possui a maior população carcerária do mundo. Então o que esse sistema que ta aí quer é isso mesmo, as cadeias cheias, o nosso povo no sofrimento longe da família e dos amigos. Esse sistema nos escraviza, nos explora, nos humilha, nos maltrata, nos mata. Temos que criar alternativas inteligentes e uma delas é a criação de outro formato para a segurança pública. Nós das favelas e periferias nunca estivemos seguros, sempre vivemos com medo, acuados, a segurança da elite gera a nossa insegurança, assim como a riqueza da elite gera a nossa miséria.

Um policial não parava de acenar para ele parar de falar e desligar logo o som, mas o maluco estava concentrado.

- O que a televisão e a grande mídia que estão concentradas nas mãos de poucas famílias fazem, é trabalhar a criminalização da pobreza e a desinformação. Eles sempre mostram a favela como um lugar perigoso e violento e que todo favelado é vagabundo, traficante, ladrão, ou usuário de drogas. Temos que desconstruir isso. A nossa única Rádio Comunitária que nós tínhamos na quebrada, que passava uma informação mais libertadora e emancipadora, com uma programação mais voltada ao bem estar da nossa comunidade, foi fechada. A Anatel apreendeu todos os equipamentos, até os discos, fones de ouvidos, toca-cds e toca-discos que não tinham nada a ver com a transmissão em si. Agora estamos à mercê das rádios comerciais da cidade e sabemos que os arteiros, os músicos daqui da nossa quebrada e de outras favelas não terão espaço pra tocar suas músicas nessas rádios. Só terão espaço se pagar. As grandes mídias e veículos de comunicação jogam contra a favela. Os programas policiais contribuem para isso, eles trabalham com a estigmatização e a banalização da violência, com a espetacularização da morte e tratam da dor e do sofrimento alheio com ironia. São os verdadeiros carniceiros, usam a morte, os assassinatos pra vender propagandas e ganhar dinheiro encima disso. Temos que mostrar que a violência maior que tem nas favelas é a violência do Estado, o desgoverno, o descompromisso do poder público e dos governantes que só aparecem aqui em época de campanhas eleitorais.

O policial parou na sua frente e acenou com o revolver para ele parar de falar. O mano tentou finalizar a idéia.

- Agora nós vamos pra nossas casas. Vamos levar esse debate pra nossa família, pros nossos vizinhos. Deixem a televisão desligada hoje e...

Terminou a idéia sem o microfone porque o gambé desligou o som.

- Vamos boicotar as grandes mídias. Os donos das grandes rádios, jornais e televisão não vão mais enriquecer encima da favela. Abaixo a alienação da rede Globo e companhia.

Os policiais partiram cantando pneu e ficaram encarando o Mano Guina e o Mano Bira. A galera toda foi embora e os dois, juntamente com Luci desceram a pé a caminho de suas casas. No caminho ficaram comentando o acontecido.

- Que barato doido hein. Polícia é foda memo. Disse o Mano Guina.

- É a luta de classes meu parceiro. Completou o Mano Bira.

- Olha só essa foto que eu tirei quando os gambé estavam levando vocês preso. Ficou bem doida. – disse Luci.

Os dois se encantaram com a foto, muito bem tirada, que pegava os dois sendo carregados pelos policiais, as 4 viaturas paradas e a multidão em volta protestando.

(Na próxima edição mais um capítulo)