Ontem (29) todos nós ficamos estarrecidos com a notícia do assassinato de forma inclassificável do menino Igor Joaquim de Matos, de 12 anos. Ele foi esfaqueado, decapitado, seu corpo foi jogado no Rio Paraná e sua cabeça em frente a uma praça, na região do Porto Meira. Igor morava com a avó e tanto ele quanto a família já vinham sendo atendidos por instituições de proteção à criança e ao adolescente da cidade.
Esta violência contra nossas crianças e adolescentes vem se tornando “comum” em nossa cidade. O Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Foz do Iguaçu - CEDEDICA, desde 2001, faz uma pesquisa demonstrando que o assassinato de jovens vem crescendo, ano após ano, em Foz do Iguaçu, tendo inclusive editado um livro em que esta constatação está disponível em gráficos e números: o livro “Abandono, exploração e morte”. Eu mesmo já escrevi um artigo intitulado “Dando a mão à palmatória”, publicado na Revista Escrita e no portal H2foz, em 2007, alertando para este fato.
O crime foi violento, beirando à barbárie, mas o pior nisto tudo é ler opiniões que me causam náuseas. Não costumo comentar a coluna “No bico do corvo”, do Jornal A Gazeta do Iguaçu, simplesmente por ser uma coluna apócrifa e, por princípio, não concordar com este tipo de coluna (aqui não vai nenhuma crítica ao jornal, é uma opção editorial, apenas minha posição pessoal de que toda opinião deva ter um autor e este autor não pode se esconder sob o anonimato). Mas hoje (30), quando A Gazeta do Iguaçu traz a manchete “Polícia caça traficantes que decapitaram jovem”, na coluna “No bico do Corvo” uma opinião me chamou a atenção. Intitulada “Anjinhos”, a opinião apócrifa é assinada por um “PG” e em um dos trechos traz a seguinte afirmação: “Mas você viu a ficha da vítima? Não era lá um anjinho daqueles fáceis de recuperar não. Acho que está na hora de rever essas leis e esses direitos que protegem tanto os marginaizinhos (grifo meu), de tal forma que nem podem ir para um local de correção”. Só tenho a lamentar tal opinião apócrifa, que deixa a entender que crianças e adolescentes vítimas da sociedade capitalista e selvagem que vivemos devam ser tratadas como “marginaizinhos” e que a pena de morte deva ser institucionalizada, se possível com requintes de barbarismo e extrema crueldade.
Como disse, não costumo comentar opiniões que se escondem no anonimato, mas são estas opiniões fascistas destes “PGs” que sustentam os alicerces desta sociedade consumista, individualista, desigual, injusta, desumana, violenta e, principalmente, hipócrita. Penso que NÃO "está na hora de rever essas leis e esses direitos que protegem tanto os marginaizinhos", mas SIM na hora de revermos o nosso conceito de humanidade!
(Carlos Luz é poeta, estudante de jornalismo e ativista cultural em Foz do Iguaçu).
Acessem: www.carlos-luz.blogspot.com
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
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