“Escrevo meus poemas procurando o rumor das palavras mais do que o significado delas.. penso que rimo por dentro, e isso é coisa ínsita, não dá em madeira. Meu processo de escrever é ir desbastando a palavra até os seus murmúrios e ali encaixar o que tenho em mim de desencontros. Isso produz uma coisa original como um dia ser árvore. Trabalho às vezes dias inteiros para pescar um verso que fique em pé”.
(Manoel de Barros).
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DISSECANDO
Vou falar de anjos corrompidos
da sujeira das ruas
de crianças sem sonhos
de lágrimas e dores
vou falar do que está escrito
na lápide do cemitério
da esperança que morreu de câncer
aguardando uma vaga pra Curitiba
vou falar do bebê que não nasceu
do aborto clandestino
da bestialidade mundana
vou falar de lágrimas e por quês...
Porque Deus os abandonou?
porque ele se mudou pra lua?
e nos deixou
ou talvez nós é que estejamos na lua...
perdidos e desconexos da vida real
omissos ao sofrimento do irmão
fingindo e atuando ridiculamente
mas pode talvez que haja o reencarne
e a esperança nasça de novo
gordinha e corada
com olhos verdes brilhantes
e Deus volte pra terra...
Ou nós que voltemos pra ele
(Misk, Foz)
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“Tropecei, caí na rua,
Ao tentar pegar,
Com as mãos, a lua”.
(Valmir Jordão)
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Eles lutam pela paz
Paz, eles dizem.
Paz de espírito?
Paz na terra?
Paz de que espécie?
Vejo-os falar, discutir, combater
Que espécie de paz procuram?
Por que matam?
O que estão planejando?
Serão palavras vazias?
Por que discutem?
Será tão simples matar?
É esse o seu plano?
Sim, é isso, claro!
Eles falam, discutem e matam
Eles lutam pela paz.
(Châkir 'Abdurrahmân 'Âmir)
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O TEMPO
A cada milênio
Surgem vários acenos
Cada década
Muitos ficam carecas
A cada ano
Surgem vários planos
E a cada mês
Vários se arrependem do que não fez
A cada semana
Muitas idéias bacanas
E a cada dia
Surgem várias poesias
Cada hora
Momentos de glórias
A cada minuto
Uns falam e outros escutam
E a cada segundo
Surgem várias notícias do mundo
Cada milésimo
Vários casos sérios
A cada centésimo
Surgem vários mistérios
Sabedoria é tudo
Acabou o tempo
(Edson de Carvalho, Foz).
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“Não seja mais um........
bebendo pinga.
Grudado na TV,
Mais um que nada vê.
Lembre que amanhã,
Seu filho será você”.
(Alessandro Buzo).
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Em tempo
Vem a chuva e lava
Vem o vento e seca
Vem o tempo e passa...
(Noturno)
Em teus calmos olhos
Nunca é noite, pois o sol
Faz seu ninho neles.
(Carlos Luz, Foz)
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TEXTO SUBVERSÍVEL
Mundo incrível
Submundo subversível
Um outro nível
Abstinência de poderes destrutíveis
Ao mal me nego
Braços fortes não trabalharão ao visionário cego
Subsistência de idéias
Cultura coletiva dividida e entregue
União da plebe
Educação enraizada
Não solo, mas fértil
Potencial eminente
A voz de todos
E a maioria vence
O desacreditado se espanta
E tem um flerte
Nunca havia imaginado
Uma coisa dessas.
(Santiago, Foz).
PENSAMENTO ATIVO PERIGO PARA OS QUE REPRIMEM
Poucas palavras
O tempo não para
Falar bobagens
Ou dizer nada
Escola do saber ouvir
Sua falta e o não viver
Define-se até o não pensar
Impossibilitado do querer agir
Pouco vivido
Paisagem umbigo
Onde todos refletem
Seu auto-egoísmo
E por fim aguardo
Nosso previsto final
A mudança depende
Lógico, de cada um de nós.
(Santiago, Foz)
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
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