segunda-feira, 11 de agosto de 2008
PRA GENTE SAIR DA LAMA E ENFRENTAR OS URUBUS (Chico Siense).
Salveeee amigos e amigas. O mestre Chico Sience foi profético ao cantar: “Eu me organizando posso desorganizar / eu desorganizando posso me organizar”. O Cartel do Rap se organiza e sai da lama para enfrentar os urubus. Enquanto o lobisomem de Foz do Iguaçu vai embora e some dos noticiários o vidalokasomem volta. E volta cheio de revolta após os manos do Hip-Hop serem barrados de entrar num shopping em Curitiba.
Nessa edição trazemos novidades. Do blog do poeta Sérgio Vaz: um texto sobre o Sarau da Cooperifa, que transformou um bar em centro cultural em São Paulo. Do blog do Alessandro Buzzo: um texto mostrando como a Internet pode ser bem ou mal utilizada. Pro quadro poesias e pensamentos trazemos uma poesia da Mysk, poetisa iguaçuense. Mano Velo, da banda Socialmente Incorreto, de Foz, envia um material sobre o estilo de vida dos Straight Edge. E tem muito mais, é só conferir nas páginas seguintes.
O Fanzine do Cartel do Rap agradece a todos que ajudaram a divulgar a sua volta. Saiu uma matéria no site do Megafone, depois no blog do Carlos Luz, depois na Gazeta do Iguaçu e fechou com matéria na Foz Tv. Agradecemos a todos.
A favela chora a morte dos manos: Dirley (Jd. Paraná), Rafael e Fernando Chupinha (Vila C). Descansem em paz.
Boa leitura a todos. E fiquem na paz. Estamos precisando.
A GALERA DO CARTEL DO RAP ESTÁ DE VOLTA.
Após umas férias forçadas de seis meses, o Cartel do Rap volta para as ruas, bairros, escolas, praças, centro e periferia de Foz do Iguaçu. Tal como escritor Ferréz, no seu regresso à revista Caros Amigos, em abril passado, o fanzine voltou ARMADO. A bala? O tráfico de informação para a formação de uma nova nação.
A trigésima oitava edição chega com novidades, entre elas o quadro “Idéia pra periferia”, comandado por Mano Edo, poeta, b.boy, arte-educador e estudante de Letras. A também acadêmica Carol traz um ensaio fotográfico sobre Curitiba. A seção “Um Grafite” abre espaço para os artistas da cidade mandarem seu trabalho para as páginas. Esses são apenas algumas das boas novas. “Agradeço aqui a todos os leitores que acompanham o fanzine e me cobraram a continuidade dele. Todos os que sentiram sua falta e todos os que respeitam esse corre”, escreveu o Lizal Zeu no editorial da publicação alternativa. E tal como o jornal Brasil de Fato (Uma visão popular do Brasil e do Mundo), os coordenadores do Cartel do Rap fazem um apelo aos leitores. A sobrevivência do zine depende de contribuições financeiras.
MEGAFONE reforça a convocação dos zineiros e retribuiu publicamente o apoio dado por Lizal ao projeto tocado pela galera do Mercosul que teima em resistir. Outro aviso aos navegantes: só na internet a capa do zine é colorida, por razões óbvias. Mas no impresso mesmo é preto no branco, bem como as palavras ácidas da galera que escreve para o cartel. Eis uma amostra:
Desperte!
Do silêncio dormente
Da voz que se cala
Do vazio da mente
E da fome que abala.
Abra a boca que já não fala.
Abra os olhos
Do corpo que rala
* Carol, acadêmica de Letras em Foz
(MEGAFONE Alexandre Palmar)
CÓRREGOS, ASSASSINATOS E URNA ELETRÔNICA.
Eu nasci no finalzinho da década de 70. Em abril de 1980, quando eu completava um ano de idade, meus pais pisaram em solo iguaçuense, na esperança de trabalhar na Usina Hidrelétrica de Itaipu, que atraiu para Foz milhares de emigrantes. Não conseguindo emprego, foram morar no Jd. Paraná, uma ocupação, às margens do Rio Almada. Sem luz elétrica e sem água encanada, as mulheres reuniam-se no rio para lavar roupa e louça e ficar conversando. Não conversavam sobre novela, como nos dias atuais, porque naquela época não tinha nenhuma televisão no bairro. A globalização ainda não tinha dado uns rolê por aquelas bandas. Fui crescendo e me envolvendo com as demais crianças da vila. Vivíamos no rio, nadando, pescando, fazendo fogueira, armando arapuca e centenas de outras brincadeiras que a liberdade de uma criança de favela pode desfrutar. Íamos para o meio do mato, arrancar bambu para a armação das pipas que fazíamos com sacolinhas de supermercado cortadas ao meio. A linha nós tirávamos de sacos de cebola vazios, que buscávamos na feira. Arrancávamos fio por fio e amarrávamos uns aos outros até encher um carretel.
Assim como o Jardim Paraná, em Foz do Iguaçu tinha dezenas de outras ocupações, margeando os rios que na época eram limpos e sua água era usada até para preparar os alimentos. Com o crescimento dessas ocupações, começaram as visitas de políticos em época de eleições. Um futuro prefeito de Foz visitou o Jardim Paraná na época e conseguiu que a Sanepar colocasse uma torneira pública, com água potável. Os moradores apelidaram de “tornerão” e foi a primeira vez que eu senti o gosto do cloro. A torneira era usada por todos os moradores, que buscavam água com baldes e dividiam a conta no fim do mês.
Alguns meses depois da instalação da torneira aconteceu um showmício no Jd. Paraná, que reuniu pessoas dos bairros em volta. O som na maior altura, a música pulsando forte, as performances de palco da banda contratada; os adesivos, santinhos e botons que garotas bonitas colavam na roupa das pessoas. Eu pirei com tudo aquilo. Ficava na boca do palco só esperando os artistas jogarem camisetas e bonés para o público. Não raro eu caia no soco com algum moleque que tentava roubar o boné que eu tinha pegado. Foi a primeira vez que usei um boné. Nesses comícios que seguiram naquele ano eleitoral, subiam dezenas de políticos ao palco, falavam forte, com emoção, palavras bonitas que eu não entendia direito, mas que sempre arrancavam muitos aplausos das senhoras de roupas humildes e pele negra - entre elas minha mãe. Que eu me lembre, foi a primeira vez que bati palmas, já que naquela época, em nossa favela, não faziam festas de aniversário, devido a situação precária. E foi um bom treinamento, pois nos anos que se seguiriam eu e meus irmãos bateríamos palmas na casa das pessoas de outros bairros para pedir comida.
Aqueles políticos ganharam a eleição, foi o boato que correu no bairro. E durante muitos anos ninguém viu a cara deles por ali. Além de um calçamento, na rua onde começou a passar um ônibus, anos depois, nada se viu de obras públicas naquela favela. Nenhuma creche, nenhum colégio, nenhum centro cultural, nenhuma biblioteca, nenhum posto de saúde e nem nada foi construído. Eu e meus irmãos atravessávamos pelo meio de uma fazenda para ir estudar, fugíamos dos búfalos e dos cachorros que o fazendeiro deixava soltos. A miséria batia forte na comunidade e começou a surgir os primeiros assaltantes e ladrões, que assim como os políticos que colavam ali, causavam admiração nos moleques mais novos. Três conhecidos meu foram assassinados pela polícia ali no carreiro que pegávamos para ir à escola. Foi a primeira vez que vi um assassinato.
Estamos no ano de 2008, o mundo não acabou no ano 2000 como muitos acreditavam e nem melhorou muito. Os rios que eu brincava, hoje já não existem mais; são esgotos. O Jd. Paraná continua sem colégio e sem posto de saúde e os políticos continuam a visitá-los em anos estratégicos. Cada casa tem uma televisão, mas às vezes não tem o que por na panela. De quatro em quatro anos aqueles mesmos políticos, ou seus filhos, aparecem na tela, falando palavras bonitas. Todas as casas têm água encanada e energia elétrica - muitas no gato, por não ter dinheiro para pagar as contas. Da minha época, sou um dos poucos que sobreviveu, a maioria dos meus amigos de infância foram assassinados. Primeiro mataram, depois morreram.
Hoje eu tenho 29 anos e minha mentalidade é outra. Entendo tudo o que um político fala. Já fiz um curso de formação política, já li muitos livros, já militei, fui a muitos comícios e já vi na minha frente uma urna eletrônica. Minha mentalidade é outra, mas continuo acreditando nos políticos. Não em todos, mas sempre acredito em algum. Continuo acreditando na mudança. Cada vez mais. E sempre me decepciono.
(Lizal, Foz do Iguaçu).
Lizal é militante do Movimento Hip-Hop em Foz do Iguaçu. Já morou em diversos bairros de Foz e do Paraguai e em todos os lugares que habitou viu a miséria de
perto. Viu rostos cansados, olhares tristes, cabeças baixas, pessoas sem esperanças.
Lizal é mais um ingênuo que ainda acredita na política, e as vezes, (pasmem) até nos
políticos. (É foda!!!).
Assim como o Jardim Paraná, em Foz do Iguaçu tinha dezenas de outras ocupações, margeando os rios que na época eram limpos e sua água era usada até para preparar os alimentos. Com o crescimento dessas ocupações, começaram as visitas de políticos em época de eleições. Um futuro prefeito de Foz visitou o Jardim Paraná na época e conseguiu que a Sanepar colocasse uma torneira pública, com água potável. Os moradores apelidaram de “tornerão” e foi a primeira vez que eu senti o gosto do cloro. A torneira era usada por todos os moradores, que buscavam água com baldes e dividiam a conta no fim do mês.
Alguns meses depois da instalação da torneira aconteceu um showmício no Jd. Paraná, que reuniu pessoas dos bairros em volta. O som na maior altura, a música pulsando forte, as performances de palco da banda contratada; os adesivos, santinhos e botons que garotas bonitas colavam na roupa das pessoas. Eu pirei com tudo aquilo. Ficava na boca do palco só esperando os artistas jogarem camisetas e bonés para o público. Não raro eu caia no soco com algum moleque que tentava roubar o boné que eu tinha pegado. Foi a primeira vez que usei um boné. Nesses comícios que seguiram naquele ano eleitoral, subiam dezenas de políticos ao palco, falavam forte, com emoção, palavras bonitas que eu não entendia direito, mas que sempre arrancavam muitos aplausos das senhoras de roupas humildes e pele negra - entre elas minha mãe. Que eu me lembre, foi a primeira vez que bati palmas, já que naquela época, em nossa favela, não faziam festas de aniversário, devido a situação precária. E foi um bom treinamento, pois nos anos que se seguiriam eu e meus irmãos bateríamos palmas na casa das pessoas de outros bairros para pedir comida.
Aqueles políticos ganharam a eleição, foi o boato que correu no bairro. E durante muitos anos ninguém viu a cara deles por ali. Além de um calçamento, na rua onde começou a passar um ônibus, anos depois, nada se viu de obras públicas naquela favela. Nenhuma creche, nenhum colégio, nenhum centro cultural, nenhuma biblioteca, nenhum posto de saúde e nem nada foi construído. Eu e meus irmãos atravessávamos pelo meio de uma fazenda para ir estudar, fugíamos dos búfalos e dos cachorros que o fazendeiro deixava soltos. A miséria batia forte na comunidade e começou a surgir os primeiros assaltantes e ladrões, que assim como os políticos que colavam ali, causavam admiração nos moleques mais novos. Três conhecidos meu foram assassinados pela polícia ali no carreiro que pegávamos para ir à escola. Foi a primeira vez que vi um assassinato.
Estamos no ano de 2008, o mundo não acabou no ano 2000 como muitos acreditavam e nem melhorou muito. Os rios que eu brincava, hoje já não existem mais; são esgotos. O Jd. Paraná continua sem colégio e sem posto de saúde e os políticos continuam a visitá-los em anos estratégicos. Cada casa tem uma televisão, mas às vezes não tem o que por na panela. De quatro em quatro anos aqueles mesmos políticos, ou seus filhos, aparecem na tela, falando palavras bonitas. Todas as casas têm água encanada e energia elétrica - muitas no gato, por não ter dinheiro para pagar as contas. Da minha época, sou um dos poucos que sobreviveu, a maioria dos meus amigos de infância foram assassinados. Primeiro mataram, depois morreram.
Hoje eu tenho 29 anos e minha mentalidade é outra. Entendo tudo o que um político fala. Já fiz um curso de formação política, já li muitos livros, já militei, fui a muitos comícios e já vi na minha frente uma urna eletrônica. Minha mentalidade é outra, mas continuo acreditando nos políticos. Não em todos, mas sempre acredito em algum. Continuo acreditando na mudança. Cada vez mais. E sempre me decepciono.
(Lizal, Foz do Iguaçu).
Lizal é militante do Movimento Hip-Hop em Foz do Iguaçu. Já morou em diversos bairros de Foz e do Paraguai e em todos os lugares que habitou viu a miséria de
perto. Viu rostos cansados, olhares tristes, cabeças baixas, pessoas sem esperanças.
Lizal é mais um ingênuo que ainda acredita na política, e as vezes, (pasmem) até nos
políticos. (É foda!!!).
INTERNET (Por Alessandro Buzzo)
É incrível como a internet na periferia tem sido mal utilizada, chegar... chegou, mas tão usando que nem TV. Explico: A TV aberta no Brasil, no geral é muito ruim, mas existem exceções, como a TV Cultura, alguns programas de outras emissoras, mas a maioria do povão só vê novela, programas de fofoca. Aqui neste país temos que aturar gente como João Kleber (esse pelo menos foi embora), Marcia God. não sei das quantas, Gugu Liberato, Ratinho, e por aí vai.
Os piores programas são geralmente as maiores audiências. Tiramos pelo BBB, passa 2 meses de mau exemplo e o resto do ano com as minas saindo pelada e os caras usando e abusando dos seus pouco mais que 15 minutos de fama.
A programação da TV tende a manter o povo alienado. Ponto pra elite. O mesmo vem acontecendo com a internet, ela chegou até nas favelas, algumas casas e lan house de
R$ 1,00 a hora, mas 90% dos jovens e crianças que utilizam a internet, ficam só no ORKUT, parece doença. Com tanta coisa boa pra ver, ouvir e fazer na internet, nossos jovens ficam o tempo todo mandando recadinhos vazios, mandando convites para ter 1.000 amigos, que pelo menos 900 eles não conhecem pessoalmente.
Fico Loko da vida com essa má utilização, com tantos sites e blog´s irados, vamos acordar periferia, a TV e a Internet só prestam se bem utilizada. Eu não tenho página no orkut, não gosto e não utilizo, eu boicoto, mas 95% de quem têm acesso à internet usa, tem sua página. Esses dias surgiu uma página falsa minha, denunciei e nem assim ela sumiu, nem sei se ainda existe porque deixei quieto. Dizem que o Orkut é bom pra divulgar eventos, etc... Pode até ser, mas só ORKUT faz mal à sua inteligência. Veja outras coisas. Voltei a esse assunto depois de rodar vários blog´s que costumo acessar quase que diariamente. No do Renato Vital peguei uma frase bem loka (que republiquei abaixo), no do Róbson Canto tem um belo conto (que também republiquei no Literatura Periférica), do poeta Sérgio Vaz eu vi as fotos do Sarau da Cooperifa bombado, 500 pessoas, entre elas Mano Brown que colou naúltima quarta e recebeu seu don Quixote de La Perifa. No do Sacolinha as paradas dele, Ferréz mostrando os próximos entrevistados do seu quadro Intervenção na TV Cultura. Elo da Corrente anuncia lançamento de mais um livro, João Wainer e sua fotos pelo mundo, Nelson Maca e a poesia enraizada dos negros da Bahia (salve Blackitude), Rodrigo Ciriaco e seus corres como poeta, professor e por ai vai...
Tem os sites Rap Nacional, Enraizados, Bocada Forte, com tudo que rola no Rap Nacional, tem myspace de vários artistas, onde vc pode ouvir um som, tem sites da Cufa, Literatura no Brasil, Afroreggae e tantos outros que você pode ficar por dentro de tudo que rola, porque uma pessoa bem informada está sempre um passo a frente. Tem os outros blog´s da Suburbano Convicto que estão sempre atualizados também, Buzo Entrevista, Literatura Periférica, Cinema Nacional, Marilda Foto. Tem isso tudo e muito mais, basta sair do ORKUT e abrir sua mente para outras informações, isso vai mudar sua vida, acredite.
Abaixo os sites e blog´s que citei Neste texto, mãos a obra e divirta-se.
www.renatovital.blogspot.com
www.robson-canto.blogspot.com
www.colecionadordepedras.blogspot.com
www.sacolagraduado.blogspot.com
www.ferrez.blogspot.com
www.elo-da-corrente.blogspot.com
www.tranca-rua.blogspot.com
www.gramaticadaira.blogspot.com
www.efeito-colateral.blogspot.com
www.rapnacional.com.br
www.enraizados.com.br
www.bocadaforte.com.br
www.myspace.com/ nome do artista
www.cufa.com.br
www.literaturanobrasil.blogspot.com
www.afroreggae.org.br
www.buzoentrevista.blogger.com.br
www.literaturaperiferica.blogger.com.br
www.cinemanacional.blogger.com.br
www.marildafoto.blogger.com.br
Fonte:
www.suburbanoconvicto.blogger.com
Os piores programas são geralmente as maiores audiências. Tiramos pelo BBB, passa 2 meses de mau exemplo e o resto do ano com as minas saindo pelada e os caras usando e abusando dos seus pouco mais que 15 minutos de fama.
A programação da TV tende a manter o povo alienado. Ponto pra elite. O mesmo vem acontecendo com a internet, ela chegou até nas favelas, algumas casas e lan house de
R$ 1,00 a hora, mas 90% dos jovens e crianças que utilizam a internet, ficam só no ORKUT, parece doença. Com tanta coisa boa pra ver, ouvir e fazer na internet, nossos jovens ficam o tempo todo mandando recadinhos vazios, mandando convites para ter 1.000 amigos, que pelo menos 900 eles não conhecem pessoalmente.
Fico Loko da vida com essa má utilização, com tantos sites e blog´s irados, vamos acordar periferia, a TV e a Internet só prestam se bem utilizada. Eu não tenho página no orkut, não gosto e não utilizo, eu boicoto, mas 95% de quem têm acesso à internet usa, tem sua página. Esses dias surgiu uma página falsa minha, denunciei e nem assim ela sumiu, nem sei se ainda existe porque deixei quieto. Dizem que o Orkut é bom pra divulgar eventos, etc... Pode até ser, mas só ORKUT faz mal à sua inteligência. Veja outras coisas. Voltei a esse assunto depois de rodar vários blog´s que costumo acessar quase que diariamente. No do Renato Vital peguei uma frase bem loka (que republiquei abaixo), no do Róbson Canto tem um belo conto (que também republiquei no Literatura Periférica), do poeta Sérgio Vaz eu vi as fotos do Sarau da Cooperifa bombado, 500 pessoas, entre elas Mano Brown que colou naúltima quarta e recebeu seu don Quixote de La Perifa. No do Sacolinha as paradas dele, Ferréz mostrando os próximos entrevistados do seu quadro Intervenção na TV Cultura. Elo da Corrente anuncia lançamento de mais um livro, João Wainer e sua fotos pelo mundo, Nelson Maca e a poesia enraizada dos negros da Bahia (salve Blackitude), Rodrigo Ciriaco e seus corres como poeta, professor e por ai vai...
Tem os sites Rap Nacional, Enraizados, Bocada Forte, com tudo que rola no Rap Nacional, tem myspace de vários artistas, onde vc pode ouvir um som, tem sites da Cufa, Literatura no Brasil, Afroreggae e tantos outros que você pode ficar por dentro de tudo que rola, porque uma pessoa bem informada está sempre um passo a frente. Tem os outros blog´s da Suburbano Convicto que estão sempre atualizados também, Buzo Entrevista, Literatura Periférica, Cinema Nacional, Marilda Foto. Tem isso tudo e muito mais, basta sair do ORKUT e abrir sua mente para outras informações, isso vai mudar sua vida, acredite.
Abaixo os sites e blog´s que citei Neste texto, mãos a obra e divirta-se.
www.renatovital.blogspot.com
www.robson-canto.blogspot.com
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www.sacolagraduado.blogspot.com
www.ferrez.blogspot.com
www.elo-da-corrente.blogspot.com
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www.gramaticadaira.blogspot.com
www.efeito-colateral.blogspot.com
www.rapnacional.com.br
www.enraizados.com.br
www.bocadaforte.com.br
www.myspace.com/ nome do artista
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www.afroreggae.org.br
www.buzoentrevista.blogger.com.br
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www.cinemanacional.blogger.com.br
www.marildafoto.blogger.com.br
Fonte:
www.suburbanoconvicto.blogger.com
IDÉIA PRA PERIFERIA (Por: Mano Edo).
Continuação Idéia do Bairro. Cap. II
Enquanto não chove, os dois moleques arrumam os apetrechos para pescar na valeta. Se dirigiram para a valeta e finalizando com as iscas no anzol, soltam na água com uma varinha. Gugu viu na valeta algumas bolhas se manifestarem e nisso soltou o anzol onde a bolha se formou. Gustavo se preparava no lugar certo para começar a pescar. A pesca estava sendo desenvolvida e muitas pessoas passavam pela rua ao lado e observavam os dois meninos sobreviverem no subúrbio da maravilhosa cidade das águas.
Gustavo soltou a isca e o anzol na água e teve mais sorte, pois, iscou o primeiro peixe, ou melhor, o primeiro mussum - de aproximadamente uns 40 centímetros de comprimento. Gustavo se assustou com o mussum, no entanto, os dois não ligaram muito. Em seguida Gugu isca uma morenita e começa a rir com a cara do Gustavo.
- Gustavo gosta tanto de mussum que acabou pegando um.
- Se liga, só porque pescou uma morenita.
Os dois meninos começaram a discutir sobre os peixes e nisso o menino do cavalo passou perto dos dois pescadores e olhou para os dois. Cavalgando, some no meio da favela.
- Ô Gugu! Lembra daquele piá, quando nós estávamos saindo do Horto Municipal?
- Lembro sim. Ele cata recicláveis com a mãe dele.
- E ele anda direto à cavalo por aí?
- Acho que sim, o cavalo é dele.
Falavam sobre o piá enquanto de um lado saiam vários caras, com aparência bem flagrante. Quando pisaram no pó da rua de terra aparece uma viatura da polícia de choque e aborda o grupo que acabara de desembocar do beco. Após a revista, o grupo de adolescentes fora liberado e os policiais entraram na viatura e saíram devagar.
Os dois moleques se assustaram e foram para baixo de uma árvore de mamona. Os elementos da lei observavam e falaram para os dois meninos não correrem se não eles atirariam neles. O Gugu e o Gustavo pararam e ficaram com seus olhos arregalados e com frio na barriga.
- Porque correram? Vocês devem alguma coisa?
- Não. Eu fiquei com medo.
- O que fazem nesta valeta, não sabem que isto é sujo e é um esgoto também?
- Fazer o quê? Pescamos para não roubar.
Os policiais falaram para os dois meninos irem para casa porque havia operação na favela e seria muito perigoso pra eles ficarem ali. Os dois pegaram suas latas: de minhoca e a com o mussum e a morenita e foram se retirando. No final da rua o moleque que andava à cavalo foi abordado e não poderia ficar na rua. Daniel - o adolescente do cavalo - disse à autoridade que precisava ir para a rua, no entanto, teria que colocar a charrete no cavalo e sair na coleta de recicláveis pelas ruas da periferia e da cidade iguaçuense.
Salve Guerreiros e Guerreiras. A crew Cartel do Break alterou o horário das aulas. Agora com início às 15:00 hs e término às 17:00 hs nas quartas e sábados. Interessados em praticar o Break - Dança de Rua, entrar em contato: 9106-7734 (Mano Edo) e 9123-1539 (Mano Guilherme).
Um salve pro Mano Adão (B.boy da Crew Cartel do Break) por ajudar a desenvolver o Elemento Break, se voluntariando como um arte-educador já desde cedo, para fortalecer a cultura. Salve irmão e fé em Deus.
Enquanto não chove, os dois moleques arrumam os apetrechos para pescar na valeta. Se dirigiram para a valeta e finalizando com as iscas no anzol, soltam na água com uma varinha. Gugu viu na valeta algumas bolhas se manifestarem e nisso soltou o anzol onde a bolha se formou. Gustavo se preparava no lugar certo para começar a pescar. A pesca estava sendo desenvolvida e muitas pessoas passavam pela rua ao lado e observavam os dois meninos sobreviverem no subúrbio da maravilhosa cidade das águas.
Gustavo soltou a isca e o anzol na água e teve mais sorte, pois, iscou o primeiro peixe, ou melhor, o primeiro mussum - de aproximadamente uns 40 centímetros de comprimento. Gustavo se assustou com o mussum, no entanto, os dois não ligaram muito. Em seguida Gugu isca uma morenita e começa a rir com a cara do Gustavo.
- Gustavo gosta tanto de mussum que acabou pegando um.
- Se liga, só porque pescou uma morenita.
Os dois meninos começaram a discutir sobre os peixes e nisso o menino do cavalo passou perto dos dois pescadores e olhou para os dois. Cavalgando, some no meio da favela.
- Ô Gugu! Lembra daquele piá, quando nós estávamos saindo do Horto Municipal?
- Lembro sim. Ele cata recicláveis com a mãe dele.
- E ele anda direto à cavalo por aí?
- Acho que sim, o cavalo é dele.
Falavam sobre o piá enquanto de um lado saiam vários caras, com aparência bem flagrante. Quando pisaram no pó da rua de terra aparece uma viatura da polícia de choque e aborda o grupo que acabara de desembocar do beco. Após a revista, o grupo de adolescentes fora liberado e os policiais entraram na viatura e saíram devagar.
Os dois moleques se assustaram e foram para baixo de uma árvore de mamona. Os elementos da lei observavam e falaram para os dois meninos não correrem se não eles atirariam neles. O Gugu e o Gustavo pararam e ficaram com seus olhos arregalados e com frio na barriga.
- Porque correram? Vocês devem alguma coisa?
- Não. Eu fiquei com medo.
- O que fazem nesta valeta, não sabem que isto é sujo e é um esgoto também?
- Fazer o quê? Pescamos para não roubar.
Os policiais falaram para os dois meninos irem para casa porque havia operação na favela e seria muito perigoso pra eles ficarem ali. Os dois pegaram suas latas: de minhoca e a com o mussum e a morenita e foram se retirando. No final da rua o moleque que andava à cavalo foi abordado e não poderia ficar na rua. Daniel - o adolescente do cavalo - disse à autoridade que precisava ir para a rua, no entanto, teria que colocar a charrete no cavalo e sair na coleta de recicláveis pelas ruas da periferia e da cidade iguaçuense.
Salve Guerreiros e Guerreiras. A crew Cartel do Break alterou o horário das aulas. Agora com início às 15:00 hs e término às 17:00 hs nas quartas e sábados. Interessados em praticar o Break - Dança de Rua, entrar em contato: 9106-7734 (Mano Edo) e 9123-1539 (Mano Guilherme).
Um salve pro Mano Adão (B.boy da Crew Cartel do Break) por ajudar a desenvolver o Elemento Break, se voluntariando como um arte-educador já desde cedo, para fortalecer a cultura. Salve irmão e fé em Deus.
Educação ou Camburão?
Nação Hip Hop Brasil promove a campanha "Educação ou Camburão?"
em diversas cidades do Estado de São Paulo.
Educação ou Camburão? Escolha a melhor alternativa para os jovens brasileiros. Para os descrentes, o Camburão seria o mais sensato, afinal como permitir um jovem roubar, assaltar e até matar? O Camburão e posteriormente anos de cadeia seria o castigo “merecido”. Porém para outros o melhor “remédio” para evitar essas atitudes é uma boa educação para a juventude brasileira. Pensando assim, a Nação Hip Hop Brasil/SP lançará uma campanha em todo o estado, intitulada, justamente com a pergunta, “Educação ou Camburão?”.
Oráculo, presidente da Nação, explica como surgiu a idéia da campanha: “A Nação existe há três anos, e nesse tempo percorremos muitas cidades, visitamos as periferias, conversamos com moradores, e infelizmente, uma coisa que todas têm em comum é a violência. O índice de homicídios cresce a cada dia, sem contar a violência contra a mulher, a violência social, de todas as formas e tipos, ela está presente no cotidiano dos jovens das periferias. A única forma de combater isso, imposta pelo sistema, é o Camburão, inibindo moradores, e muitas vezes, gerando ainda mais violência.”
Contrários a esse “método” adotado, a Nação Hip Hop Brasil/SP resolveu discutir essa questão com a juventude, as comunidades carentes, entidades, instituições e o poder público para conscientizar sobre a origem dos altos níveis de violência no Estado, visando formular, criar projetos de políticas públicas para aprimorar e minimizar essa questão. Para Oráculo, a educação
e o trabalho precisa ser o “senso
comum” das quebradas, e não a violência, o camburão e a prisão.
“Educação ou Camburão?” percorrerá mais de vinte cidades, o tema violência será amplamente discutido. “Em cada cidade, vamos promover além dos debates, atividades culturais, para reafirmar que há sim, outras maneiras de combater a violência, e a cultura é uma delas”.
Além de debater o assunto nas comunidades carentes, onde a violência prevalece, esse debate também será levado para dentro de instituições de ensino como escolas e universidades, Segundo Oráculo, já está no cronograma, a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do ABC (UFABC), Centro Universitário Metropolitano de São Paulo (Unifig) em Guarulhos e Universidade Católica de Santos (Unisantos).
Para o encerramento da campanha, em novembro, será realizado uma audiência pública com o Secretário Estadual de Segurança Pública e Educação, as demais autoridades governamentais, os movimentos sociais e as entidades parceiras para apresentação do documentário da campanha e documento com as propostas apresentadas nos debates.
“Educação ou Camburão” é uma campanha organizada pela Nação Hip Hop Brasil do estado de São Paulo com o apoio da União Estadual dos Estudantes (UEE/SP), União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES), CUCA da União Nacional dos Estudantes (UNE), Centro de Formação Brasil Jovem, Sindicato dos Correios da cidade de São Paulo, Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing (Sintratel) da capital paulista, Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo e Instituto Cidadania Democrática.
A campanha passará pelas seguintes cidades: São Paulo, Guarulhos, Santo André, Santos, Campinas, Osasco, Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Araraquara, Sorocaba, Rio Claro, Marília, Hortolândia, Ribeirão Pires,
Francisco Morato, Suzano, Itapevi, São Carlos, Piracicaba, Jundiaí, Mogi das
Cruzes, São Bernardo do Campo, Poá, Diadema e Barueri.
Fonte: Site da Nação Hip-Hop Brasil
Acesse e fique bem informado:
www.nacaohiphopbrasil.com.br
NOSSAS ESCOLHAS (Por Luiz Henrique Dias da Silva)
Eu estava sentado num banco, na pista de caminhada da Avenida Paraná, quando observei um casal de papagaios. “Gritavam” no alto de uma lindíssima árvore que há por ali. Disseram-me, certa vez, que o casal voa sempre junto. Era uma cena bonita. Esclarecedora. Um dava ao outro a maior prova de amor que existe: a companhia. Pensei como aquilo poderia mudar a vida de todos que por ali passavam. Imaginem: Você andando na rua, triste e desconsolado, quando observa duas aves felizes e apaixonadas. A natureza certamente conspiraria para melhorar seus pensamentos. Resolvi observar qual seria a reação das pessoas ao observar tal cena. Será que iriam sorrir? Ou será que iriam parar para mostrar para outros pedestres? Será que os carros e os ônibus parariam (e perderiam um minuto de seu dia) para que os passageiros pudessem também desfrutar daquele momento único em nossa cidade? Talvez, as pessoas tirariam fotos com seus modernos celulares? Olhei a minha volta, para “estudar” o ser humano e suas reações. Ninguém viu nada. Ninguém olhou para o casal de aves. Todos que passavam olhavam apenas para o novo Shopping, que ficava do lado de lá da rua. Os carros reduziam a velocidade. Os passantes paravam. Os passageiros do transporte coletivo esticavam o pescoço. O casal de papagaio perdeu a cena. Saíram voando e foram se mostrar em outro lugar. E eu levantei e fui embora também.
(Luiz Henrique é escritor, dramaturgo, poeta e estudante de arquitetura em Foz).
Fonte: Zine A Vida Gira nº 02, Agosto de 2008.
Acessem: www.avidagira.blogspot.com
(Luiz Henrique é escritor, dramaturgo, poeta e estudante de arquitetura em Foz).
Fonte: Zine A Vida Gira nº 02, Agosto de 2008.
Acessem: www.avidagira.blogspot.com
O GRITO DO LOBISOMEM
O GRITO DO LOBISOMEM
(Por: Wemerson Augusto)
Na cidade encantada o bicho da cara preta voltou a assombrar e desfilar pelas vias públicas e áreas rurais. Conforme o arquivo coletivo, a primeira aparição do lobisomem na província completou vinte anos. Foi em um banheiro feminino, na invenção de praia popular da localidade. Desdentado, descabelado, bruto, sujo, mal cheiroso, seboso e maldoso. Foram esses os sentidos dados pelos transeuntes desde a primeira vez que viram a apavorante criatura do pé virado e dos chifres cascudo.
As definições e formas para referir-se a assombrosa espécie multiplicavam dia-a-dia. Semelhante a velocidade das notas era a movimentação dos promotores do espetáculo na atrativa paragem.
Os humildes cidadãos que não tiveram a oportunidade ou desprazer de ficar cara a cara com o bicho tinham a sensação que o mundo estava tomado por seres esquisitos. As falácias davam a todo o momento informações de novas aparições e estereótipo do bicho. A guarnição policial foi acionada a prestar esclarecimentos. Nos boletins de ocorrência, mortes misteriosas de galinhas e galos em dois terreiros da cidade. Os finados não aparentavam marcas de maus tratos.
Ao lado de uma das ocorrências, um senhor que estava sentado em cima de uma lata de tinta enferrujada tentava explicar o fato. Inicialmente os homens fardados deram atenção ao depoimento do senhor de bigode falhado e dos cabelos grisalhos, que repetia o refrão: “É a crise. Antigamente, todo dia nessa esquina tinha galinha preta e mé pra gente tomá. Agora o capeta tem que vim busca ué”. O bafo do álcool, o forte cheiro do tabaco e a fala tremida colocaram a experiência do ancião em segundo plano. Mesmo desacreditado e ignorado, o senhor conhecido na vizinhança continuava a olhar fundo e pensativo o cenário que se desenhava no vilarejo. Um casal vizinho do idoso - colecionador de copos de aguardente - amedrontado com os episódios, literalmente foi vencido pelo medo. Tenebrosos com uma possível visita da criatura prepararam antecipadamente as malas e caíram no mundo.
Deixaram para trás a criação e o casebre com as portas abertas. Na vigilância do lar, ficou meia dúzia de pardais, fuçando entre as frestas do assoalho as migalhas do almoço. Nas paredes, retratos e panelas ficaram de registro de um dos moradores mais antigos do povoado distante.
O fim do mundo estava chegando para os moradores da comunidade. O povoado de poucas famílias passou a ser atração para dezenas de pessoas. Principalmente depois do retrato falado do bicho no diário e na telinha.
Os curiosos destroçavam milharais e mandiocais. As hortas pisoteadas não davam mais nada. As cercas cortadas não empunhavam mais restrições aos animais do pasto. O excesso era motivado pela ansiedade e curiosidade das pessoas, que gerava mais descontrole, confusão e medo.
Atrás dos caça fantasmas, uma única equipe de televisão da província. Do rastro das pessoas, a equipe simulava a presença das criaturas naquele devido local. De punho de câmeras e anotações os investigadores traçavam novas possibilidades.
Na narrativa televisionada com fundo tenebroso, a sensação era de que o lobisomem iria ser capturado dentro de poucas horas. Enquadrado como um ladrão de bujão de gás, a produção insistia em trazer a todo instante, novas revelações do paradeiro e estrago causado pelo animalesco.
Certamente chateado com as retratações fraudulentas feitas ao seu mensageiro legal, o capeta prometeu nunca mais enviar seu representante. Segundo consta, o lobisomem abriu o jogo quando foi prestar contas lá no trono com o velhote maldoso, e disse que não tem nenhuma relação com os crimes que ocorrem na província. Para tristeza do pessoal da bilheteria e das estatísticas, o
lobisomem não grita mais nas noites de lua minguante, cheia, nova ou crescente. Fontes infernais disseram com segurança: “De lá não vem mais ninguém”. Enquanto isso, as estatísticas desfavoráveis e a ineficiência dos serviços oferecidos aos vilarejos da província assustam os responsáveis que buscam a todo custo montar um novo picadeiro.
Wemerson Augusto é jornalista em Foz do Iguaçu. Participa do projeto Megafone, de comunicação cidadã.
Fonte:
Revista Escrita n° 4.
(Por: Wemerson Augusto)
Na cidade encantada o bicho da cara preta voltou a assombrar e desfilar pelas vias públicas e áreas rurais. Conforme o arquivo coletivo, a primeira aparição do lobisomem na província completou vinte anos. Foi em um banheiro feminino, na invenção de praia popular da localidade. Desdentado, descabelado, bruto, sujo, mal cheiroso, seboso e maldoso. Foram esses os sentidos dados pelos transeuntes desde a primeira vez que viram a apavorante criatura do pé virado e dos chifres cascudo.
As definições e formas para referir-se a assombrosa espécie multiplicavam dia-a-dia. Semelhante a velocidade das notas era a movimentação dos promotores do espetáculo na atrativa paragem.
Os humildes cidadãos que não tiveram a oportunidade ou desprazer de ficar cara a cara com o bicho tinham a sensação que o mundo estava tomado por seres esquisitos. As falácias davam a todo o momento informações de novas aparições e estereótipo do bicho. A guarnição policial foi acionada a prestar esclarecimentos. Nos boletins de ocorrência, mortes misteriosas de galinhas e galos em dois terreiros da cidade. Os finados não aparentavam marcas de maus tratos.
Ao lado de uma das ocorrências, um senhor que estava sentado em cima de uma lata de tinta enferrujada tentava explicar o fato. Inicialmente os homens fardados deram atenção ao depoimento do senhor de bigode falhado e dos cabelos grisalhos, que repetia o refrão: “É a crise. Antigamente, todo dia nessa esquina tinha galinha preta e mé pra gente tomá. Agora o capeta tem que vim busca ué”. O bafo do álcool, o forte cheiro do tabaco e a fala tremida colocaram a experiência do ancião em segundo plano. Mesmo desacreditado e ignorado, o senhor conhecido na vizinhança continuava a olhar fundo e pensativo o cenário que se desenhava no vilarejo. Um casal vizinho do idoso - colecionador de copos de aguardente - amedrontado com os episódios, literalmente foi vencido pelo medo. Tenebrosos com uma possível visita da criatura prepararam antecipadamente as malas e caíram no mundo.
Deixaram para trás a criação e o casebre com as portas abertas. Na vigilância do lar, ficou meia dúzia de pardais, fuçando entre as frestas do assoalho as migalhas do almoço. Nas paredes, retratos e panelas ficaram de registro de um dos moradores mais antigos do povoado distante.
O fim do mundo estava chegando para os moradores da comunidade. O povoado de poucas famílias passou a ser atração para dezenas de pessoas. Principalmente depois do retrato falado do bicho no diário e na telinha.
Os curiosos destroçavam milharais e mandiocais. As hortas pisoteadas não davam mais nada. As cercas cortadas não empunhavam mais restrições aos animais do pasto. O excesso era motivado pela ansiedade e curiosidade das pessoas, que gerava mais descontrole, confusão e medo.
Atrás dos caça fantasmas, uma única equipe de televisão da província. Do rastro das pessoas, a equipe simulava a presença das criaturas naquele devido local. De punho de câmeras e anotações os investigadores traçavam novas possibilidades.
Na narrativa televisionada com fundo tenebroso, a sensação era de que o lobisomem iria ser capturado dentro de poucas horas. Enquadrado como um ladrão de bujão de gás, a produção insistia em trazer a todo instante, novas revelações do paradeiro e estrago causado pelo animalesco.
Certamente chateado com as retratações fraudulentas feitas ao seu mensageiro legal, o capeta prometeu nunca mais enviar seu representante. Segundo consta, o lobisomem abriu o jogo quando foi prestar contas lá no trono com o velhote maldoso, e disse que não tem nenhuma relação com os crimes que ocorrem na província. Para tristeza do pessoal da bilheteria e das estatísticas, o
lobisomem não grita mais nas noites de lua minguante, cheia, nova ou crescente. Fontes infernais disseram com segurança: “De lá não vem mais ninguém”. Enquanto isso, as estatísticas desfavoráveis e a ineficiência dos serviços oferecidos aos vilarejos da província assustam os responsáveis que buscam a todo custo montar um novo picadeiro.
Wemerson Augusto é jornalista em Foz do Iguaçu. Participa do projeto Megafone, de comunicação cidadã.
Fonte:
Revista Escrita n° 4.
ELICÍ (Por Ferréz e Edvaldo Quirino)
Ele se levanta e toma um copo de café preto como a sua pele.
Elicí sim é criança cedo, e a precocidade na infância interfere.
Tem a vida tão corrida.
Trabalha seis dias por semana.
Entrega roupas de pessoas bacanas. No final do dia paga as bebidas que o pai toma.
Se senta sempre sob a copa da grande árvore após o almoço.
Elicí ainda hoje eu ouço. O galo já cantou e o relógio despertou. Levanta e vai encarar a mais pura realidade.
Naquela manhã a mãe lhe disse:
“Filho, vai com Deus”.
Ele voltou, pegou sua mão e a beijou, pediu bênção e partiu.
Entrou no ônibus, encarou o cobrador, disse bom dia, sem resposta. Desceu no paraíso (o paraíso dos ricos), Pegou o metrô, desceu na Marechal, subiu a Angélica correndo. A menina olhou, mas ele não podia parar.
Chegou um pouco atrasado, quando a patroa lhe olhava se sentia escravo. De manhã havia muita entrega, e era sempre assim.
Quanto melhor para a patroa, pior para Elicí. Sempre agradeceu pelo pagamento.
Entregava em casa de bacana e de prostituta. Quando tinha entrega na casa de madame, algumas atendiam seminuas.
Perua exibicionista que lhe dava gorjeta e sorriso falso.
Um dia, um executivo parou o carro, lhe ofereceu dinheiro, Elicí mostrou o dedo. Era meio-dia e a fome
estava chegando. Almoçou rapidamente em vinte minutos, tinha quarenta para descansar.
Na grande árvore, Elicí foi se sentar. Elicí e o helicóptero levanta vôo. Fecha os olhos, e começa a viajar.
Talvez um tratamento para o pai, uma bicicleta para o irmão.Talvez tirar a mãe do sufoco, melhorar a casa. Aquele beijo quente,
Elicí com os olhos fechados não vê o pesadelo dobrar a esquina. Um carro importado, vermelho, um casal bem-nascido se tocando.
Tanto afeto, tanta bolinação que esquece adireção. Elicí ouve as folhas da árvore e o grito estridente dos pneus no asfalto.
Ouve o estrondo. A notícia vai correr no jornal.
“Menino negro morre prensado ao tronco.”
A história se repete. O resgate é acionado, socorro de gente rica é mais rápido e vem pelo alto. O helicóptero na pista, os curiosos aplaudem. Médicos, bombeiros, polícia e até voluntário. Socorreram o casal endinheirado.
O helicóptero decola, e agora já era.
O menino tá morto mesmo, e morto espera.
Elicí e o helicóptero levanta vôo. Elicí ainda hoje eu ouço.
(Ferréz e Edvaldo Quirino)
Fonte: www.ferrez.blogspot.com
Elicí sim é criança cedo, e a precocidade na infância interfere.
Tem a vida tão corrida.
Trabalha seis dias por semana.
Entrega roupas de pessoas bacanas. No final do dia paga as bebidas que o pai toma.
Se senta sempre sob a copa da grande árvore após o almoço.
Elicí ainda hoje eu ouço. O galo já cantou e o relógio despertou. Levanta e vai encarar a mais pura realidade.
Naquela manhã a mãe lhe disse:
“Filho, vai com Deus”.
Ele voltou, pegou sua mão e a beijou, pediu bênção e partiu.
Entrou no ônibus, encarou o cobrador, disse bom dia, sem resposta. Desceu no paraíso (o paraíso dos ricos), Pegou o metrô, desceu na Marechal, subiu a Angélica correndo. A menina olhou, mas ele não podia parar.
Chegou um pouco atrasado, quando a patroa lhe olhava se sentia escravo. De manhã havia muita entrega, e era sempre assim.
Quanto melhor para a patroa, pior para Elicí. Sempre agradeceu pelo pagamento.
Entregava em casa de bacana e de prostituta. Quando tinha entrega na casa de madame, algumas atendiam seminuas.
Perua exibicionista que lhe dava gorjeta e sorriso falso.
Um dia, um executivo parou o carro, lhe ofereceu dinheiro, Elicí mostrou o dedo. Era meio-dia e a fome
estava chegando. Almoçou rapidamente em vinte minutos, tinha quarenta para descansar.
Na grande árvore, Elicí foi se sentar. Elicí e o helicóptero levanta vôo. Fecha os olhos, e começa a viajar.
Talvez um tratamento para o pai, uma bicicleta para o irmão.Talvez tirar a mãe do sufoco, melhorar a casa. Aquele beijo quente,
Elicí com os olhos fechados não vê o pesadelo dobrar a esquina. Um carro importado, vermelho, um casal bem-nascido se tocando.
Tanto afeto, tanta bolinação que esquece adireção. Elicí ouve as folhas da árvore e o grito estridente dos pneus no asfalto.
Ouve o estrondo. A notícia vai correr no jornal.
“Menino negro morre prensado ao tronco.”
A história se repete. O resgate é acionado, socorro de gente rica é mais rápido e vem pelo alto. O helicóptero na pista, os curiosos aplaudem. Médicos, bombeiros, polícia e até voluntário. Socorreram o casal endinheirado.
O helicóptero decola, e agora já era.
O menino tá morto mesmo, e morto espera.
Elicí e o helicóptero levanta vôo. Elicí ainda hoje eu ouço.
(Ferréz e Edvaldo Quirino)
Fonte: www.ferrez.blogspot.com
BRINCAR DE ESCONDER...
Uma noite de chuva tímida (Por Carol)
O riso esconde a tristeza nos olhos.
A água lava as lágrimas que escorrem no rosto.
O silêncio esconde a angústia da alma.
O tempo tenta curar as mazelas do coração.
As palavras escondem, mudam, confundem pensamentos.
A fé ampara o medo do desconhecido e do imprevisto.
A camomila suaviza a tensão dos nervos.
A boca alimenta o corpo que corre.
Os pés calçam os sapatos em pernas que descansarão mais tarde em suas camas.
A água lava a lágrima que escorreu dos olhos para o travesseiro.
O ar entra em nossas narinas e nos garante a vida.
O celular toca música tira foto filma come farinha e assobia ao mesmo tempo.
A máquina lava a roupa seca dobra e guarda nas gavetas.
A televisão nos ensina a engolir.
O Gugu e o Faustão nos ensinam a não falar.
A Xuxa nos ensina como não cantar.
A Ana Maria nos ensina a cozinhar.
O rádio nos ensina não ouvir música.
E a revista? Como não ler.
Ghandi prega que devemos ter paciência e não ter apego aos bens materiais.
Jesus Cristo nos ensinou a ter humildade e simplicidade.
Guevara nos mostrou que temos força para lutar.
Minha avó me ensinou a ouvir suas histórias e a persistir nos meus objetivos.
Minha mãe me ensinou a acreditar em mim e nos outros.
Podemos fazer escolhas, ter ou não um sentido, ser ou não o que quisermos...
Basta acreditar e correr atrás!
(Carol é estudante de letras em Foz do Iguaçu)
O riso esconde a tristeza nos olhos.
A água lava as lágrimas que escorrem no rosto.
O silêncio esconde a angústia da alma.
O tempo tenta curar as mazelas do coração.
As palavras escondem, mudam, confundem pensamentos.
A fé ampara o medo do desconhecido e do imprevisto.
A camomila suaviza a tensão dos nervos.
A boca alimenta o corpo que corre.
Os pés calçam os sapatos em pernas que descansarão mais tarde em suas camas.
A água lava a lágrima que escorreu dos olhos para o travesseiro.
O ar entra em nossas narinas e nos garante a vida.
O celular toca música tira foto filma come farinha e assobia ao mesmo tempo.
A máquina lava a roupa seca dobra e guarda nas gavetas.
A televisão nos ensina a engolir.
O Gugu e o Faustão nos ensinam a não falar.
A Xuxa nos ensina como não cantar.
A Ana Maria nos ensina a cozinhar.
O rádio nos ensina não ouvir música.
E a revista? Como não ler.
Ghandi prega que devemos ter paciência e não ter apego aos bens materiais.
Jesus Cristo nos ensinou a ter humildade e simplicidade.
Guevara nos mostrou que temos força para lutar.
Minha avó me ensinou a ouvir suas histórias e a persistir nos meus objetivos.
Minha mãe me ensinou a acreditar em mim e nos outros.
Podemos fazer escolhas, ter ou não um sentido, ser ou não o que quisermos...
Basta acreditar e correr atrás!
(Carol é estudante de letras em Foz do Iguaçu)
NOVELA DA VIDA REAL
Mais um Cidadão José. Cap. 29
- Só mais 15 dias e vamos poder trabalhar em paz.
Após falar, Mano Gê pegou sua PT, colocou na cinta e saiu pra fora da casa. O chinês estava falando no celular e ninguém entendia nada do idioma. Certamente estava falando com alguém da máfia chinesa, que estava se envolvendo no tráfico de drogas. Com o enfraquecimento do comércio no Paraguai, os mafiosos migraram para o narcotráfico. Chineses, coreanos, árabes, libaneses estão dando assessoria para esses malucos que visam dominar todo o comércio de ilícitos nessa região. Colômbia, Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile e diversos outros países da América Latina interligados na rota do tráfico e do crime.
Os malucos saíram e reuniram-se do lado de fora do barraco. Todos já tinham aberto seus envelopes e estavam vendo as fotos e os dados da pessoa que teriam de matar. José estava com seu envelope na mão e ainda não havia mexido nele. Sua mente tava a milhão, precisava pensar rápido. Nunca imaginou ter que matar ninguém, ainda mais uma pessoa que ele nem conhece, que nunca fez nada pra ele. Lembrou de um documentário que assistiu na casa do Mano Nego. Conta a história de uma tribo indígena da Amazônia que, por causa de uma briga, dividiu-se e começaram a se matar entre si. Usavam lanças e atacavam na madrugada, ferindo de morte os inimigos. A tribo foi quase totalmente dizimada durante anos e anos de matança. Um dos índios que sobreviveu conheceu um missionário que levou-o para visitar os EUA. Em solo estadunidense, esse índio assistiu a um filme da segunda guerra mundial e se assombrou. Ao ver os aviões jogando bombas ele indagou: “Como os homens brancos conseguem matar pessoas que nem conhecem”.
Um maluco que estava ao lado de José, após analisar o envelope, deu uma risada cabulosa e falou gritando:
- Ahahahahha. Um gambé. Esse é meu, ahahahahah. Duas mil lascas a mais pro maluco aqui. A favela agradece. Aahahhaha.
Na seqüência tirou um revólver e deu dois tiros pra cima. Olhou pro José e perguntou:
- Não vai abrir o bagulho, Zé?
- To abrindo já.
Meio desajeitado José abriu seu envelope e se assustou quando leu: Soldado Farias. José teria de matar um policial. Foi tirando os papéis do envelope. Tinha fotos do gambé, de farda, com a família, num restaurante, com os amigos. O maluco que estava do lado esticou e pescoço e falou em voz alta:
- Carái Zé. Cê também pegou um gambé. Mas nóis tem sorte mesmo hein tio. Vamo jogar na mega sena. Ahahahahah.
José não deu bola, estava com cara de poucos amigos. Um maluco que era conhecido como poeta estava rabiscando algo num pedacinho de papel. O Chinês estava ao lado do mano Gê, que dechavava uma erva pra bolar um baseado. Todos os manos estavam fora da casa. A noite vinha chegando e dois rapazes saíram para comprar vinho em um barzinho próximo dali. Fizeram uma vaquinha com os malucos que queriam tomar um gole. Um nome martelava na cabeça de José: Soldado Farias. José sempre teve muita raiva de polícia e várias vezes aprovou a atitude dos malandro da quebrada que madaram bala na viatura. Mas agora, vendo a foto do gambé com a família, percebeu que se consumar o ato, vai destruir uma família e deixar uma filha sem pai. Igual nos desenhos animados, um capetinha soprou no seu ouvido: “e o tanto de famílias que eles já destruíram?”. Antes do anjo falar algo em seu ouvido, os malucos interrompem, servindo-lhe um copo de vinho. O poeta tomou um gole de vinho, se encorajou e tirou do bolso o papel onde ele havia escrito algo. Leu em voz alta uma poesia de cordel que acabara de criar:
Se o cara é maluco e é firmezão
Não erra o tiro, não atira no pé
Com mais emoção se o ganso é gambé
2 mil de gorjeta pro bolso do drão
Pra mim é mil grau, é satisfação
Zerar esses loke, depois dominar
Abrir o caminho pros manos trampar
Depois vou curtir, cair na gandaia
Em Camboriú de férias na praia
Com muito dinheiro pra poder gastar
Os malucos bateram palmas enquanto davam risadas. José também riu, só que não achou graça. Queria sair logo dali, arrumar suas coisas e ir embora. “Detenção sem muro / quero fugir daqui, fugir daqui...” cantava a música de Facção Central que tocava baixinho no carro do Mano Gê. Mas, ainda tinha uma noite de trabalho pela frente. Era o último dia de trampo, só voltarão depois de 15 dias. Os malucos guardaram no bolso o dinheiro que estava dentro do envelope. Alguns colocaram os envelopes dentro da mochila, outros deixaram ali na mesa para pegar depois do trampo.
Desceram pra barranca 11:30 da noite. Para José a noite seria longa. Sua mente só pensava em sair fora dali o mais rápido possível. Pensava no seu truta, Mano Branco e na covardia que fizeram com ele. Pensava no seu filho, o Neguinho, não sabia se daria tempo de buscá-lo, ou se a Preta deixaria José levar ele. Não sabia se a Preta aceitaria ir junto. Deixou as caixas caírem diversas vezes. O chão parecia estar mais liso e as caixas mais pesadas. O caminho parecia mais longo e os companheiros de trabalho mais alegres e mais falantes. José ensaiava um sorriso quando contavam algo engraçado pra ele, mas logo fechava a cara. Dezenas de carros e motos visitaram a quebrada naquela noite. O Mano Pio chegou num carro com três malucos, e ficaram trocando idéia com o Mano Gê durante uns40 minutos. Ele passou pra um dos malucos a chave do carro do Mano Branco e o maluco colocou umas caixas no porta-malas e saiu em alta velocidade.
José saiu do trampo as 4:30 hs da madruga. Dessa vez não tinha com quem pegar uma carona. Subiu a pé a caminho de um ponto de ônibus. Olhou para trás e viu uma viatura vindo em sua direção. Não se preocupou, estava desarmado. O revólver que ele ganhou de presa estava em casa. Não usou uma única vez. Estava despreocupado, quem não deve não teme. Era só bolar uma história pra dizer de onde está vindo. Mas, José ainda estava próximo do trampo e os gambé certamente farão pressão. A viatura chegava devagar, silenciosamente. De repente José lembra do envelope que ele carrega dentro de uma sacolinha que contém os dados do policial. Se assombrou e olhou pra trás, pra ver se dá tempo de dispensar o fragrante. Os gambé perceberam o nervosismo e aceleraram. E agora José? Como explicaria isso ali? E os três mil reais na carteira? Certamente será levado preso, ou coisa pior. O vento frio soprava, uma neblina cobria uma parte da estrada, o dia ameaçava clarear. Era quase 5 da manhã, as ruas ainda estavam vazias. O coração de José começou a bater mais forte, ainda mais quando a viatura estava ao seu lado, agora andando devagarinho e um gambé olhando pra ele. Não olhou pro lado, ignorou, fez de conta que não percebeu. A viatura cantou o pneu, acelerou e encostou em sua frente, obstruindo sua passagem.
José olhou pro gambé que estava na boléia. Achou-o familiar. Já havia visto aquele rosto em algum lugar. Seria impossível lembrar-se de todos os enquadros que já levou, para descobrir se já foi abordado antes por aqueles policiais.
Fixou o olhar no gambé e levou um susto. Leu na farda do pé-de-porco: Soldado Farias.
(Lizal. Na próxima edição mais um capítilo)
- Só mais 15 dias e vamos poder trabalhar em paz.
Após falar, Mano Gê pegou sua PT, colocou na cinta e saiu pra fora da casa. O chinês estava falando no celular e ninguém entendia nada do idioma. Certamente estava falando com alguém da máfia chinesa, que estava se envolvendo no tráfico de drogas. Com o enfraquecimento do comércio no Paraguai, os mafiosos migraram para o narcotráfico. Chineses, coreanos, árabes, libaneses estão dando assessoria para esses malucos que visam dominar todo o comércio de ilícitos nessa região. Colômbia, Bolívia, Paraguai, Argentina, Chile e diversos outros países da América Latina interligados na rota do tráfico e do crime.
Os malucos saíram e reuniram-se do lado de fora do barraco. Todos já tinham aberto seus envelopes e estavam vendo as fotos e os dados da pessoa que teriam de matar. José estava com seu envelope na mão e ainda não havia mexido nele. Sua mente tava a milhão, precisava pensar rápido. Nunca imaginou ter que matar ninguém, ainda mais uma pessoa que ele nem conhece, que nunca fez nada pra ele. Lembrou de um documentário que assistiu na casa do Mano Nego. Conta a história de uma tribo indígena da Amazônia que, por causa de uma briga, dividiu-se e começaram a se matar entre si. Usavam lanças e atacavam na madrugada, ferindo de morte os inimigos. A tribo foi quase totalmente dizimada durante anos e anos de matança. Um dos índios que sobreviveu conheceu um missionário que levou-o para visitar os EUA. Em solo estadunidense, esse índio assistiu a um filme da segunda guerra mundial e se assombrou. Ao ver os aviões jogando bombas ele indagou: “Como os homens brancos conseguem matar pessoas que nem conhecem”.
Um maluco que estava ao lado de José, após analisar o envelope, deu uma risada cabulosa e falou gritando:
- Ahahahahha. Um gambé. Esse é meu, ahahahahah. Duas mil lascas a mais pro maluco aqui. A favela agradece. Aahahhaha.
Na seqüência tirou um revólver e deu dois tiros pra cima. Olhou pro José e perguntou:
- Não vai abrir o bagulho, Zé?
- To abrindo já.
Meio desajeitado José abriu seu envelope e se assustou quando leu: Soldado Farias. José teria de matar um policial. Foi tirando os papéis do envelope. Tinha fotos do gambé, de farda, com a família, num restaurante, com os amigos. O maluco que estava do lado esticou e pescoço e falou em voz alta:
- Carái Zé. Cê também pegou um gambé. Mas nóis tem sorte mesmo hein tio. Vamo jogar na mega sena. Ahahahahah.
José não deu bola, estava com cara de poucos amigos. Um maluco que era conhecido como poeta estava rabiscando algo num pedacinho de papel. O Chinês estava ao lado do mano Gê, que dechavava uma erva pra bolar um baseado. Todos os manos estavam fora da casa. A noite vinha chegando e dois rapazes saíram para comprar vinho em um barzinho próximo dali. Fizeram uma vaquinha com os malucos que queriam tomar um gole. Um nome martelava na cabeça de José: Soldado Farias. José sempre teve muita raiva de polícia e várias vezes aprovou a atitude dos malandro da quebrada que madaram bala na viatura. Mas agora, vendo a foto do gambé com a família, percebeu que se consumar o ato, vai destruir uma família e deixar uma filha sem pai. Igual nos desenhos animados, um capetinha soprou no seu ouvido: “e o tanto de famílias que eles já destruíram?”. Antes do anjo falar algo em seu ouvido, os malucos interrompem, servindo-lhe um copo de vinho. O poeta tomou um gole de vinho, se encorajou e tirou do bolso o papel onde ele havia escrito algo. Leu em voz alta uma poesia de cordel que acabara de criar:
Se o cara é maluco e é firmezão
Não erra o tiro, não atira no pé
Com mais emoção se o ganso é gambé
2 mil de gorjeta pro bolso do drão
Pra mim é mil grau, é satisfação
Zerar esses loke, depois dominar
Abrir o caminho pros manos trampar
Depois vou curtir, cair na gandaia
Em Camboriú de férias na praia
Com muito dinheiro pra poder gastar
Os malucos bateram palmas enquanto davam risadas. José também riu, só que não achou graça. Queria sair logo dali, arrumar suas coisas e ir embora. “Detenção sem muro / quero fugir daqui, fugir daqui...” cantava a música de Facção Central que tocava baixinho no carro do Mano Gê. Mas, ainda tinha uma noite de trabalho pela frente. Era o último dia de trampo, só voltarão depois de 15 dias. Os malucos guardaram no bolso o dinheiro que estava dentro do envelope. Alguns colocaram os envelopes dentro da mochila, outros deixaram ali na mesa para pegar depois do trampo.
Desceram pra barranca 11:30 da noite. Para José a noite seria longa. Sua mente só pensava em sair fora dali o mais rápido possível. Pensava no seu truta, Mano Branco e na covardia que fizeram com ele. Pensava no seu filho, o Neguinho, não sabia se daria tempo de buscá-lo, ou se a Preta deixaria José levar ele. Não sabia se a Preta aceitaria ir junto. Deixou as caixas caírem diversas vezes. O chão parecia estar mais liso e as caixas mais pesadas. O caminho parecia mais longo e os companheiros de trabalho mais alegres e mais falantes. José ensaiava um sorriso quando contavam algo engraçado pra ele, mas logo fechava a cara. Dezenas de carros e motos visitaram a quebrada naquela noite. O Mano Pio chegou num carro com três malucos, e ficaram trocando idéia com o Mano Gê durante uns40 minutos. Ele passou pra um dos malucos a chave do carro do Mano Branco e o maluco colocou umas caixas no porta-malas e saiu em alta velocidade.
José saiu do trampo as 4:30 hs da madruga. Dessa vez não tinha com quem pegar uma carona. Subiu a pé a caminho de um ponto de ônibus. Olhou para trás e viu uma viatura vindo em sua direção. Não se preocupou, estava desarmado. O revólver que ele ganhou de presa estava em casa. Não usou uma única vez. Estava despreocupado, quem não deve não teme. Era só bolar uma história pra dizer de onde está vindo. Mas, José ainda estava próximo do trampo e os gambé certamente farão pressão. A viatura chegava devagar, silenciosamente. De repente José lembra do envelope que ele carrega dentro de uma sacolinha que contém os dados do policial. Se assombrou e olhou pra trás, pra ver se dá tempo de dispensar o fragrante. Os gambé perceberam o nervosismo e aceleraram. E agora José? Como explicaria isso ali? E os três mil reais na carteira? Certamente será levado preso, ou coisa pior. O vento frio soprava, uma neblina cobria uma parte da estrada, o dia ameaçava clarear. Era quase 5 da manhã, as ruas ainda estavam vazias. O coração de José começou a bater mais forte, ainda mais quando a viatura estava ao seu lado, agora andando devagarinho e um gambé olhando pra ele. Não olhou pro lado, ignorou, fez de conta que não percebeu. A viatura cantou o pneu, acelerou e encostou em sua frente, obstruindo sua passagem.
José olhou pro gambé que estava na boléia. Achou-o familiar. Já havia visto aquele rosto em algum lugar. Seria impossível lembrar-se de todos os enquadros que já levou, para descobrir se já foi abordado antes por aqueles policiais.
Fixou o olhar no gambé e levou um susto. Leu na farda do pé-de-porco: Soldado Farias.
(Lizal. Na próxima edição mais um capítilo)
STRAIGHT EDGE, ATITUDE / ESTILO DE VIDA.
O Straight Edge surgiu aproximadamente em 1980, entre a cena punk de Washington D.C., a capital dos EUA. Os membros de uma banda chamada Teen Idles, todos menores de idade, odiavam o fato de que, por causa do consumo de álcool, quem ainda não tinha 18 anos não podia freqüentar a maioria dos shows punks da cidade. E o pior de tudo, eles nem mesmo queriam beber. Ao contrário da esmagadora maioria dos punks da época, os Teen Idles não achavam que a atitude niilista e auto-destrutiva associada ao consumo de álcool e drogas eram uma obrigação do movimento. Ao mesmo tempo em que as drogas e o álcool eram exaltados no punk da época, para os Teen Idles, seu abuso só trazia coisas ruins ao movimento: menores de idade eram excluídos dos shows pois as casas vendiam álcool; bêbados sempre causavam brigas; membros talentosos e inteligentes de bandas morriam ou se tornavam zumbis apáticos de tanto se drogar, e por aí vai. Para eles, parte da atitude "faça você mesmo" do punk envolvia o indivíduo ter pleno controle de seu corpo, mente e atitudes, e para isso as drogas eram um obstáculo. Então, em torno da banda, toda uma turma de jovens punks foi se formando, e algo como um "mini-culto" foi surgindo. O “X”, adotado como símbolo universal do Straight Edge, tem a seguinte origem: os Teen Idles, em 1980, fizeram uma viagem à Califórnia, onde tocaram dois shows (em Los Angeles e São Francisco) e ganharam no total, a fortuna de 45 dólares (hehehe, punk é isso aí). Em São Francisco, a casa onde eles tocaram, tinha a política de deixar menores de idade entrar desde que eles tivessem suas mãos marcadas por um “X” de pincel atômico. Desta forma, o barman saberia quem poderia e quem não poderia comprar bebidas alcoólicas. Os Teen Idles acharam a idéia engraçada (e útil, pois dessa forma todos poderiam ver o show) e levaram ela de volta a Washington. Lá, sugeriram aos donos de casas noturnas que fosse feito o mesmo, para que os menores pudessem entrar. Mas, como ironia, demonstrando que não só não podiam, como tampouco queriam beber, muita gente começou a fazer o X espontaneamente, e mesmo quem era maior de 18 continuou usando, tanto para expor sua postura, quanto para demonstrar solidariedade aos menores. Com o tempo, o X acabou por se tornar o símbolo do Straight Edge, indo parar em nomes e logotipos de bandas, camisetas, tatuagens, etc...
Straight Edge= - nada de álcool, nada de tabaco e renuncia de quaisquer outras drogas; nada de promiscuidade (= sexo com mudança freqüente de parceiros).
SIGNIFICADO DO TERMO “STRAIGHT EDGE”:
Um belo dia, a banda estava fazendo o layout da capa de seu primeiro (e único) disco, o compacto "Minor Disturbance", e o baterista Jeff Nelson pegou um esquadro (aquela régua em forma de triângulo) e, meio brincando, comparou a retitude e os ângulos retos do objeto com sua postura firme e "careta" de vida. Esquadro em inglês é "straight edge", e dessa maneira, Nelson adotada pelos Straight Edgers, não uma parte do Straight Edge em si. O vegetaria-
nismo é uma idéia bastante discutida dentro do punk/hardcore, por diversas bandas, sXe ou não. Ian Mckaye, vocalista do Minor Threat, é vegetariano desde o início dos anos 80, mas nunca abordou isso em suas músicas, ainda que fale sobre o assunto em entrevistas. Bandas punks/HC como Crass, Conflict, Antidote, MDC, Oi Polloi, Cro-Mags e muitas outras, já se manifestavam de alguma forma contra a matança de animais, antes da primeira banda sXe tocar no assunto. Portanto, é mais coerente falar do vegetarianismo como uma causa comum a todo o lado mais politizado, ou idealista do hardcore/punk, não apenas ao sXe. É importante deixar claro que dentro da cena punk/hardcore/straightedge, o vegetarianismo sempre teve como motivo principal a ética. Apesar dos benefícios à saúde, o estilo de vida vegetariano sempre foi adotado e difundido em nome do bem estar dos animais, do meio ambiente e da economia. Apesar da enorme popularidade do vegetarianismo dentro do Straight Edge, a causa dos direitos dos animais é para qualquer pessoa, independente do gosto musical, idade, corte de cabelo, se bebe ou fuma, etc... O vegetarianismo é uma questão de consciência, não uma "obrigação" para quem quer ser sXe. Um adepto do Straight Edge não tem mais obrigação de ser vegetariano do que qualquer outra pessoa com algum conhecimento do assunto.
Veganismo é o nome dado à postura, adotada por muitos Straight Edgers (mas não apenas por eles), de não consumir produtos de origem animal, seja carne, couro, leite, ovos, gelatina. Os vegans acreditam que esta é a postura mais coerente para quem segue o vegetarianismo por motivos éticos, já que todos os alimentos e produtos de origem animal causam sofrimento aos bichos, danificam o meio-ambiente, e podem ser substituídos por alternativas vegetais ou sintéticas. A letra da música "4 More Reasons", da banda Straight Edge belga Nations On Fire é uma das melhores letras sobre o assunto e sintetiza bem a questão:
MAIS QUATRO RAZÕES (four more reasons - 1992)
Tenho pensado sobre o que nós dizíamos / Sobre a ignorância com a qual costumávamos pregar o vegetarianismo / Mas conforme os anos se passaram, sempre procurando mais respostas / Minha sede por conhecimento nunca secou / Analisando a indústria da carne / Como ela irá destruir nosso meio-ambiente em poucos anos / É a segunda maior ameaça à nossa terra / Logo após um desastre nuclear - isso ninguém nunca ouviu! / Quando a carne é vermelha - 4 mais razões para se preocupar / Descubra onde está o perigo / Razões políticas, econômicas, éticas e de saúde / (políticas) Explorando países do terceiro mundo pela nossa carne / O lobby da carne é poderoso para cacete! / E controla nossas mentes, controla nossas escolas / (Econômicas) Alimentamos nosso gado com a comida / que poderia alimentar populações inteiras / Estamos poluindo nosso mundo em nome dos lucros feitos por algumas poucas corporações / (Éticas) Nosso desrespeito pelos animais prova nosso desrespeito pelas pessoas: / especismo e sexismo são uma coisa só / (Saúde) E no fim estamos destruindo nossa própria saúde / Nosso corpo está fora de equilíbrio / Eu digo, dane-se sua riqueza! / Quando a carne é vermelha - 4 mais razões para se preocupar / Experimente toda a comida saudável que puder / Nós o fizemos e não nos arrependemos / não nos arrependemos! / Quando a carne é vermelha, é a morte de uma criatura inocente.
RELAÇÃO DOS STRAIGHT EDGE COM A POLÍTICA:
A relação entre o sXe e a política é basicamente a mesma que ocorre no resto do punk rock. Uma postura libertária e crítica ao status quo e aos valores da sociedade está quase sempre presente, e quando bandas ou pessoas assumem uma posição mais definida ou militante, é quase sempre nos quadros do socialismo ou anarquismo. O que acontece também é que a mentalidade de cada lugar se reflete no sXe, e isso diz respeito tanto aos costumes do país, quanto às tradições da cena punk local. Por exemplo, no Brasil, o cenário Straight Edge tem a tradição de ser mais politizado do que na maioria dos outros países, em especial os EUA. Isso talvez se dê pelo fato de que toda a cena punk no brasil sempre foi mais politizada que a dos EUA, além do fato de que por aqui as contradições sociais são mais evidentes.
COMO O STRAIGHT EDGE VÊ A RELIGIÃO:
Ao contrário do que muita gente acredita, a grande maioria dos Straight Edgers é ateísta ou agnóstica e não aprova a associação da religião com o hardcore. No entanto, há algumas pessoas que associam a postura sXe com suas crenças espirituais, especialmente no caso da religião Hare Krsna (seita hinduísta popularizada no ocidente a partir dos anos 60). Mas como foi que isso aconteceu? Bem, tudo começou com membros de algumas bandas hardcore de Nova York do início dos anos 80 como Antidote e Cause For Alarm, que eram ligados ao "movimento hare krsna", e tentavam associa-lo ao punk, por verem pontos em comum como o vegetarianismo e o "anti-materialismo".
Dessa mesma turma veio uma banda chamada Cro-Mags, cujo vocalista John "Bloodclot" Joseph era devoto de Krsna e expunha alguns pontos de vista espirituais nas letras da banda. Os Cro-Mags se tornaram uma das bandas hardcore mais populares de todos os tempos, e talvez por isso, o hare krsna tenha se tornado algo relativamente familiar na cena de Nova York.
(Informações cedidas por Velo - Banda Socialmente Incorreto - Foz do iguaçu).
SHOPPING DE CURITIBA BARRA JOVENS DE PERIFERIA.
O Shopping Palladium é o maior da capital paranaense e foi construído na zona sul, onde se concentra diversos bairros periféricos e uma enorme população. Foi inaugurado há pouco mais de um mês e atraiu centenas de pessoas. O shopping ganhou os noticiários após barrar a entrada de jovens que estavam vestidos com roupas de Hip-Hop. A proibição gerou protesto em frente ao shopping e fomentou um debate entre os jovens curitibanos.
Os dirigentes do Palladium alegaram que não estão praticando discriminação, só estão evitando um possível constrangimento dos clientes; e disse também que o acesso só seria barrado para grupos com mais de quatro jovens. Alegaram que os jovens entram no shopping tomando tubão (Refri com pinga) e que mexem com as pessoas usando palavreado ofensivo. Os seguranças alegaram receber ordens para barrar jovens que se identificam com a periferia para evitar transtornos com a clientela e possíveis arrastões. Os manos que tentavam entrar sozinhos no shopping também eram barrados, pois os dirigentes temiam que os manos se reunissem lá dentro.
Lideranças do Movimento Hip-Hop Curitibano organizaram um show de Rap em frente ao Palladium para protestar contra a atitude, que julgam ser um ato de segregação social. (Ver cartaz).
Os dirigentes do Palladium alegaram que não estão praticando discriminação, só estão evitando um possível constrangimento dos clientes; e disse também que o acesso só seria barrado para grupos com mais de quatro jovens. Alegaram que os jovens entram no shopping tomando tubão (Refri com pinga) e que mexem com as pessoas usando palavreado ofensivo. Os seguranças alegaram receber ordens para barrar jovens que se identificam com a periferia para evitar transtornos com a clientela e possíveis arrastões. Os manos que tentavam entrar sozinhos no shopping também eram barrados, pois os dirigentes temiam que os manos se reunissem lá dentro.
Lideranças do Movimento Hip-Hop Curitibano organizaram um show de Rap em frente ao Palladium para protestar contra a atitude, que julgam ser um ato de segregação social. (Ver cartaz).
O VIDALOKASOMEM ATACA NOVAMENTE (Por Lizal)
Depois que os manos do Hip-Hop foram tizorados de entrar num shopping
em Curitiba, resolvi escrever mais um capítulo da minha história de terror. Aí vai:
Conta a lenda urbana, que toda noite de lua cheia após a meia noite, num lugar afastado do centro da cidade, nasce o temível, o terrível, o cruel, o assustador e atemorizante Vidalokasomem. Ele sai pelas ruas da cidade assustando os playboys para vingar anos e anos de exploração e genocídio de seu povo.
No último capítulo, o nosso herói encontra-se com uma mina que também tinha sofrido a mutação. Eles fogem, após adentrar uma mansão e assustar os playboys. Desviando-se dos tiros efetuados pelos seguranças conseguem escapar. Apaixonam-se, se casam e são felizes para sempre, com o currículo cheio de sustos e o barraco cheio de vidalokasominhos.
Mas, até o “para sempre” chegar, teve muito chão. Vamos à história.
Fábio estacionou seu Audi TT Turbo em frente o Shopping que inaugurara há pouco mais de um mês. A esposa e os dois filhos desceram e se despediram. Fábio disse que assim que terminar a reunião com os sócios da empresa, voltará para buscá-los. Dirigiu por uns 15 minutos e estacionou em frente a um prédio. Subiu de elevador até o sexto andar e bateu na porta.
- Achei que você não vinha mais. disse o rapaz que abriu a porta.
- Tive que levar a família no Shopping, sabe como é, né?
- Você leva a vida muito a sério meu amigo.
Caminharam até a sala, onde havia mais um rapaz e três garotas de programa.
- Trouxe daquela, lá? Perguntou o rapaz.
- É lógico!!!
Fábio colocou sobre a mesa, 100 gramas de cocaína. Uma das mulheres serviu-lhe um copo de uísque e deu-lhe um beijo na boca. A festa começou.
Enquanto isso, na periferia...
João estava sentado na cozinha com sua esposa Maria. Sobre a mesa uma garrafa de café. Eles tomavam café em copos de massa de tomate e conversavam sobre a vida. Já passou muito tempo desde o dia em que se conheceram. Na sala seus quatro filhos brincavam montando um lego caseiro, feito de peças de madeira. O casal tinha uma escadinha de filhos, 8, 9, 11 e 13 anos de idade. O mais velho chamado Pedrinho, estava em frente à televisão.
- Como ele tá grande, né amor?
- É verdade, já é quase um vidaloka.
Nessa noite seria a primeira mutação de Pedrinho. Os vidaloka transformam-se em vidalokasomens durante os 13 e 14 anos de idade. Seus pais estavam apreensivos. Há meses Pedrinho está treinando em frente à televisão. Dali conseguiam ver lá na sala, ele estava em frente à televisão assistindo um programa e simulando uns sustos.
Os ponteiros do relógio trabalhavam firminho e as horas iam passando. Pedrinho começou a se sentir estranho e o olhar ingênuo foi transformando em um olhar malicioso. Correu pra porta de madeira do castelo de madeira, abriu e deu um rolê no quintal. Sentiu a presença da lua, como que mexendo com ele, convidando-o para conhecer algo novo,
incrível e misterioso. Ficou com medo e correu para dentro de novo, fechando a porta
rapidamente.
- Será que ele vai conseguir? perguntou Maria ao marido.
- Vai. Pode ficar tranqüila, vai dar tudo certo.
- Estou com medo, acho que deveríamos ir junto com ele.
- Sim, vamos. Mas ele não pode saber.
Meia noite em ponto, a lua cheia brilha firme no céu e ilumina os barracos. Pedrinho sentiu a presença da criança, tomou coragem e correu pra fora. Olhou pro céu e depois fechou os olhos, a claridade era assustadora para ele. A primeira vez é sempre assim. Ele sentiu seu corpo mudando e a inocência indo embora. Suas roupas rasgaram-se e no lugar surgiram outras, mais largas e coloridas. Uma bombeta branco e vinho com o símbolo VL (de vidaloka) cobriu sua cabeça. Na camiseta uma frase: Bimladem de Bombeta. Seus olhos avermelharam-se e ele saiu correndo em direção ao centro. João e Maria pediram para a filha de 11 anos cuidar dos demais e depois saíram pra fora. Transformaram-se e seguiram o rastro do Pedrinho em destino ao centro da cidade.
No centro da cidade, Fábio despede-se dos amigos após a bebedeira, cheradeira e orgia. Meio chapado entrou no carro e saiu em disparada para buscar a família no shopping. Em uma curva da estrada percebe alguém correndo e quando olha não acredita.
- Carái, um vidalokasomem!!!
João corria e sua camiseta brilhava, com o efeito da luz da lua. Exibia a seguinte frase: “Não tem alarme bom, quando o bom ladrão quer”. Fábio sentiu-se atraído pelo brilho da frase e estava quase lendo, mas conseguiu se segurar e olhou pro outro lado da rua. Não acreditou no que viu. Do outro lado estava Maria. Na sua blusinha uma frase completava a rima: “Cês dão taça de veneno e quer soufflé”. Fábio ficou hipnotizado, entrou em transe, perdeu a direção, bateu num ponto de ônibus e entrou em óbito na hora. Quase atropelou um mendigo. João gritou pra Maria do outro lado da rua:
- Antes ele do que o mendigo.
- É verdade. Só fazia peso na terra mesmo.
Pedrinho, chegou na boca do Shopping. Caminhou e entrou pela porta dos fundos sem o segurança perceber. Lentamente, sem ninguém ver, foi adentrando o shopping. Parou próximo a um Mc Donald's e ficou vendo as crianças felizes comendo seus Mc-lanches-felizes. Mais pra frente viu crianças se divertindo no jogo de fliperama. Crianças no cinema, no Kart, pescando ursinhos de pelúcia em máquinas, comendo chocolates, comidas saborosas, sorvetes. Lembrou que em sua casa só come arroz com feijão e começou a se questionar. Porque uns tem de tudo e outros não tem quase nada? Porque uns estão em palácios, mansões e outros em barracos, morando na rua?
Estava se transformando em um vidaloka. Chegou próximo de uma criança que descia alegremente por um escorregador e deu-lhe um tremendo susto. “Mãe, um vidalokasomem” gritou traumatizada a criança. Quando os seguranças chegaram, Pedrinho já estava longe. Seus pais o viram sair correndo do shopping e seguiram-lhe. Quando estava próximo do barraco, pegaram um atalho para chegar antes.
Pedrinho abriu a porta do barraco e caminhou a passos firmes até a sala. Mãe, pai e irmãos estavam a sua espera. No seu rosto um sorriso cabuloso.
- E aí filho, como foi? Tudo certo? perguntou a mãe.
- Pode acreditar. Respondeu alegremente.
- É assim mesmo filhão, o vidaloka é aquele que vai pra guerra.
em Curitiba, resolvi escrever mais um capítulo da minha história de terror. Aí vai:
Conta a lenda urbana, que toda noite de lua cheia após a meia noite, num lugar afastado do centro da cidade, nasce o temível, o terrível, o cruel, o assustador e atemorizante Vidalokasomem. Ele sai pelas ruas da cidade assustando os playboys para vingar anos e anos de exploração e genocídio de seu povo.
No último capítulo, o nosso herói encontra-se com uma mina que também tinha sofrido a mutação. Eles fogem, após adentrar uma mansão e assustar os playboys. Desviando-se dos tiros efetuados pelos seguranças conseguem escapar. Apaixonam-se, se casam e são felizes para sempre, com o currículo cheio de sustos e o barraco cheio de vidalokasominhos.
Mas, até o “para sempre” chegar, teve muito chão. Vamos à história.
Fábio estacionou seu Audi TT Turbo em frente o Shopping que inaugurara há pouco mais de um mês. A esposa e os dois filhos desceram e se despediram. Fábio disse que assim que terminar a reunião com os sócios da empresa, voltará para buscá-los. Dirigiu por uns 15 minutos e estacionou em frente a um prédio. Subiu de elevador até o sexto andar e bateu na porta.
- Achei que você não vinha mais. disse o rapaz que abriu a porta.
- Tive que levar a família no Shopping, sabe como é, né?
- Você leva a vida muito a sério meu amigo.
Caminharam até a sala, onde havia mais um rapaz e três garotas de programa.
- Trouxe daquela, lá? Perguntou o rapaz.
- É lógico!!!
Fábio colocou sobre a mesa, 100 gramas de cocaína. Uma das mulheres serviu-lhe um copo de uísque e deu-lhe um beijo na boca. A festa começou.
Enquanto isso, na periferia...
João estava sentado na cozinha com sua esposa Maria. Sobre a mesa uma garrafa de café. Eles tomavam café em copos de massa de tomate e conversavam sobre a vida. Já passou muito tempo desde o dia em que se conheceram. Na sala seus quatro filhos brincavam montando um lego caseiro, feito de peças de madeira. O casal tinha uma escadinha de filhos, 8, 9, 11 e 13 anos de idade. O mais velho chamado Pedrinho, estava em frente à televisão.
- Como ele tá grande, né amor?
- É verdade, já é quase um vidaloka.
Nessa noite seria a primeira mutação de Pedrinho. Os vidaloka transformam-se em vidalokasomens durante os 13 e 14 anos de idade. Seus pais estavam apreensivos. Há meses Pedrinho está treinando em frente à televisão. Dali conseguiam ver lá na sala, ele estava em frente à televisão assistindo um programa e simulando uns sustos.
Os ponteiros do relógio trabalhavam firminho e as horas iam passando. Pedrinho começou a se sentir estranho e o olhar ingênuo foi transformando em um olhar malicioso. Correu pra porta de madeira do castelo de madeira, abriu e deu um rolê no quintal. Sentiu a presença da lua, como que mexendo com ele, convidando-o para conhecer algo novo,
incrível e misterioso. Ficou com medo e correu para dentro de novo, fechando a porta
rapidamente.
- Será que ele vai conseguir? perguntou Maria ao marido.
- Vai. Pode ficar tranqüila, vai dar tudo certo.
- Estou com medo, acho que deveríamos ir junto com ele.
- Sim, vamos. Mas ele não pode saber.
Meia noite em ponto, a lua cheia brilha firme no céu e ilumina os barracos. Pedrinho sentiu a presença da criança, tomou coragem e correu pra fora. Olhou pro céu e depois fechou os olhos, a claridade era assustadora para ele. A primeira vez é sempre assim. Ele sentiu seu corpo mudando e a inocência indo embora. Suas roupas rasgaram-se e no lugar surgiram outras, mais largas e coloridas. Uma bombeta branco e vinho com o símbolo VL (de vidaloka) cobriu sua cabeça. Na camiseta uma frase: Bimladem de Bombeta. Seus olhos avermelharam-se e ele saiu correndo em direção ao centro. João e Maria pediram para a filha de 11 anos cuidar dos demais e depois saíram pra fora. Transformaram-se e seguiram o rastro do Pedrinho em destino ao centro da cidade.
No centro da cidade, Fábio despede-se dos amigos após a bebedeira, cheradeira e orgia. Meio chapado entrou no carro e saiu em disparada para buscar a família no shopping. Em uma curva da estrada percebe alguém correndo e quando olha não acredita.
- Carái, um vidalokasomem!!!
João corria e sua camiseta brilhava, com o efeito da luz da lua. Exibia a seguinte frase: “Não tem alarme bom, quando o bom ladrão quer”. Fábio sentiu-se atraído pelo brilho da frase e estava quase lendo, mas conseguiu se segurar e olhou pro outro lado da rua. Não acreditou no que viu. Do outro lado estava Maria. Na sua blusinha uma frase completava a rima: “Cês dão taça de veneno e quer soufflé”. Fábio ficou hipnotizado, entrou em transe, perdeu a direção, bateu num ponto de ônibus e entrou em óbito na hora. Quase atropelou um mendigo. João gritou pra Maria do outro lado da rua:
- Antes ele do que o mendigo.
- É verdade. Só fazia peso na terra mesmo.
Pedrinho, chegou na boca do Shopping. Caminhou e entrou pela porta dos fundos sem o segurança perceber. Lentamente, sem ninguém ver, foi adentrando o shopping. Parou próximo a um Mc Donald's e ficou vendo as crianças felizes comendo seus Mc-lanches-felizes. Mais pra frente viu crianças se divertindo no jogo de fliperama. Crianças no cinema, no Kart, pescando ursinhos de pelúcia em máquinas, comendo chocolates, comidas saborosas, sorvetes. Lembrou que em sua casa só come arroz com feijão e começou a se questionar. Porque uns tem de tudo e outros não tem quase nada? Porque uns estão em palácios, mansões e outros em barracos, morando na rua?
Estava se transformando em um vidaloka. Chegou próximo de uma criança que descia alegremente por um escorregador e deu-lhe um tremendo susto. “Mãe, um vidalokasomem” gritou traumatizada a criança. Quando os seguranças chegaram, Pedrinho já estava longe. Seus pais o viram sair correndo do shopping e seguiram-lhe. Quando estava próximo do barraco, pegaram um atalho para chegar antes.
Pedrinho abriu a porta do barraco e caminhou a passos firmes até a sala. Mãe, pai e irmãos estavam a sua espera. No seu rosto um sorriso cabuloso.
- E aí filho, como foi? Tudo certo? perguntou a mãe.
- Pode acreditar. Respondeu alegremente.
- É assim mesmo filhão, o vidaloka é aquele que vai pra guerra.
POESIAS E PENSAMENTOS
O POETA DA ROÇA (Patativa do Assaré)
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça,
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Só canto o buliço da vida apertada,
Da liga pesada, das roça e dos eito
E às vêz, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sôdade que mora em meu peito.
Eu canto o cabôco com suas caçada,
Na noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.
Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o toro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão,
ULMUS MINAR
A folha, outra folha.
Onde a tua mão repousava,
O som de uma guitarra morre,
Esfacela-se na tarde sem remédio.
O jardineiro deixou mesmo de aparecer,
E não sei muito bem como medir-lhe
A ausência, o pequeno maço de Kentucky
Que escondia no bolso da farda,
Junto ao gasto coração.
Quem morre (e morre sempre
alguém em versos meus)
Faz de mim o espelho da sua derrota.
Mas nada posso dizer:
As folhas acumulam-se, nenhum jornal
Registrará o óbito do jardineiro,
Que sereia o terá levado,
Esse tipo de minúcias.
(Manuel de Freitas).
O grito
Eu quero
O grito mais alto
O tapa mais forte
O pulsar mais profundo
Insano
O soco na mesa
O sangue nos olhos
Saber o que quer
Lutar pelo que quer
Nada pode, ninguém contra ti
Nem você mesmo
Quebre o espelho que impede
Que de passos mais largos
Teu maior inimigo tem sua cara
A tua cabeça, teus olhos oscilantes
Não pode contra ti
Ninguém pode... ninguém!!!
(Mysk, Foz).
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça,
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Só canto o buliço da vida apertada,
Da liga pesada, das roça e dos eito
E às vêz, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sôdade que mora em meu peito.
Eu canto o cabôco com suas caçada,
Na noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.
Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o toro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão,
ULMUS MINAR
A folha, outra folha.
Onde a tua mão repousava,
O som de uma guitarra morre,
Esfacela-se na tarde sem remédio.
O jardineiro deixou mesmo de aparecer,
E não sei muito bem como medir-lhe
A ausência, o pequeno maço de Kentucky
Que escondia no bolso da farda,
Junto ao gasto coração.
Quem morre (e morre sempre
alguém em versos meus)
Faz de mim o espelho da sua derrota.
Mas nada posso dizer:
As folhas acumulam-se, nenhum jornal
Registrará o óbito do jardineiro,
Que sereia o terá levado,
Esse tipo de minúcias.
(Manuel de Freitas).
O grito
Eu quero
O grito mais alto
O tapa mais forte
O pulsar mais profundo
Insano
O soco na mesa
O sangue nos olhos
Saber o que quer
Lutar pelo que quer
Nada pode, ninguém contra ti
Nem você mesmo
Quebre o espelho que impede
Que de passos mais largos
Teu maior inimigo tem sua cara
A tua cabeça, teus olhos oscilantes
Não pode contra ti
Ninguém pode... ninguém!!!
(Mysk, Foz).
OS DIAS QUE NÃO DOEM (Por: Sérgio Vaz)
OS DIAS QUE NÃO DOEM (Por: Sérgio Vaz)
Não há mais como nomear as quartas-feiras no Sarau da Cooperifa, nem contá-las em versos ou prosa, por exemplo: a noite de ontem foi simplesmente inenarrável. Mágica. Sem truques. Uma daquelas noites em que a gente se lembra o porque de estarmos vivos, que é para celebrar a vida com tudo a que temos direito: riso e dor. Só que desta vez mais riso do que dor. A Lua sabe do que estou dizendo, ela estava lá, cheia, em silêncio por respeito aos poetas, para que fluísse a poesia. Ela viu tudo, e desta vez fomos nós, a comunidade, que fomos a sua fonte de inspiração, e tenho certeza que foi por nós que ela brilhava, para que a gente não se perdesse do caminho. Parece que todos haviam recebido um comunicado, o mesmo recado, e vinham de todos os lugares, dos becos, das favelas, do centro, do lado de dentro, do lado de fora, foi impossível contá-los sem abraçá-los. Traziam na garganta um grito entalado que vinha das galés do império romano e dos porões dos navios negreiros singrados da velha mãe África, e todos vinham carregados de feridas ainda expostas no peito nu, mas não havia lágrimas, apenas o clamor por liberdade. Liberdade! Liberdade! Liberdade! (Ô Povo lindo, ô povo inteligente!).
O Sarau da Cooperifa ficou pequeno para tantas vozes, que se juntavam a outras vozes, era como se ouvíssemos o Poeta João Cabral de melo Neto recitando, depois da dona Edite, "um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos". E cada um que recitava sua poesia era como se lançasse um grito, para que se juntasse a outros gritos, na intenção que todos esses gritos acordasse a humanidade. Você ouviu? Eram muitos os que gritavam, homens simples, mulheres dignas, uma gente a quem o capital insiste em escravizar, mas um povo que não admite ser escravizado. Por isso o conflito, e não tem nada a ver com poesia de prateleira de biblioteca. Tem a ver com a palavra da rua, é boca sem dente e descamisada. Órfã de pai e mãe. Sem certidão de nascimento, muito menos carteira profissional. É letra que corre sim pelas calçadas de chinelo de dedos, mas só que não tem varizes nem frieiras, e não deixa pegadas.
A Palavra livre nos torna livre. Livres, entendeu? Por aqui, agora, só apanha na cara quem quer. Lá, no sarau, escolhemos não dar a outra face, aliás, face nenhuma: bateu levou!
Um dia um intelectual disse que éramos exóticos, só porque pegávamos ônibus lotado e gostávamos de poesia: “Como pode esses ornitorrincos gostar de literatura?" - ironizou o homem da academia, levantando os halteres das letras para que outros dos seus também exeRcitassem a arrogância. Nesse caso, os sábios cantam como sabiás, mas dançam como caranguejos - nada contra os caranguejos. Mas quem foi que disse que a gente gosta de literatura? A gente gosta de Mané Garrincha, o bailarino das pernas tortas. De Cartola, Adoniran, Dolores, Sabotage. A gente gosta de roda de samba em cima da laje. De beijo na boca. De futebol de várzea. De boa educação. De casa pra morar. De trabalhar. De empinar pipa. De boteco. De cerveja gelada. De festa na quebrada. E de uma "pá" que não dá para escrever aqui. A gente gosta de rir, chora, mas a gente gosta mesmo é de sorrir, mas aí vem alguém e diz que "não pode", então a gente escreve sobre essas coisas, dos dias que doem e os dias que não.
A gente é casca de ferida que gosta de rir e chorar no papel, só isso. Não é literatura, é a vida.
É a vida o que realmente nos interessa.
*Neste sarau da Cooperifa de
Quarta-feira (16/07/08) tinha mais de
quatrocentas pessoas (recorde do ano), mais ou menos cinqüenta poetas, Mano Brow só foi mais um, um dos nossos.
*Aviso: o Sarau da Cooperifa pode causar dependência,
Foda-se!
Local: Rua Poesia de Solano Trindade, 100 (Condomínio dos Insurgentes literários)
Jardim dos Espinhos e das Ervas Daninhas. Ref: poesia poética da periferia, KM/página 33 (antes do pedágio), São Paulo - Capital Selvagem
Sem CEP/lado sul do Mapa.
Fone: não tem, mas liga nóis!
Entrada: 1KG de abraço não perecível ou um Litro de Alegria
(Não aceitamos saquinho de Vaidade, favor não insistir, quem tiver, não entra)
* a renda será toda revertida para a comunidade, o que sobrar nós vamos dividir ali mesmo.
Apoio Cultural: Uh, Cooperifa! Uh, Cooperifa!
Como chegar:
Passar longe do marasmo é fundamental, se vier de ônibus, desça antes da inveja, mas se vier de carro, venha pela marginal, é, pela literatura marginal ou periférica, as duas vias chegam lá. Da ponte pra cá, sempre à esquerda. Nunca à direita, nunca mesmo!
Suba a ladeira até o final e siga uma luz intensa que não se apaga e ilumina o seu caminho, quando ouvir barulho de risos e abraços, pode chegar que já chegou.
Permaneça na humildade, fora a poesia, ninguém é mais que ninguém. Anotou?
Fonte: www.colecionadordepedras.blogspot.com
Não há mais como nomear as quartas-feiras no Sarau da Cooperifa, nem contá-las em versos ou prosa, por exemplo: a noite de ontem foi simplesmente inenarrável. Mágica. Sem truques. Uma daquelas noites em que a gente se lembra o porque de estarmos vivos, que é para celebrar a vida com tudo a que temos direito: riso e dor. Só que desta vez mais riso do que dor. A Lua sabe do que estou dizendo, ela estava lá, cheia, em silêncio por respeito aos poetas, para que fluísse a poesia. Ela viu tudo, e desta vez fomos nós, a comunidade, que fomos a sua fonte de inspiração, e tenho certeza que foi por nós que ela brilhava, para que a gente não se perdesse do caminho. Parece que todos haviam recebido um comunicado, o mesmo recado, e vinham de todos os lugares, dos becos, das favelas, do centro, do lado de dentro, do lado de fora, foi impossível contá-los sem abraçá-los. Traziam na garganta um grito entalado que vinha das galés do império romano e dos porões dos navios negreiros singrados da velha mãe África, e todos vinham carregados de feridas ainda expostas no peito nu, mas não havia lágrimas, apenas o clamor por liberdade. Liberdade! Liberdade! Liberdade! (Ô Povo lindo, ô povo inteligente!).
O Sarau da Cooperifa ficou pequeno para tantas vozes, que se juntavam a outras vozes, era como se ouvíssemos o Poeta João Cabral de melo Neto recitando, depois da dona Edite, "um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos". E cada um que recitava sua poesia era como se lançasse um grito, para que se juntasse a outros gritos, na intenção que todos esses gritos acordasse a humanidade. Você ouviu? Eram muitos os que gritavam, homens simples, mulheres dignas, uma gente a quem o capital insiste em escravizar, mas um povo que não admite ser escravizado. Por isso o conflito, e não tem nada a ver com poesia de prateleira de biblioteca. Tem a ver com a palavra da rua, é boca sem dente e descamisada. Órfã de pai e mãe. Sem certidão de nascimento, muito menos carteira profissional. É letra que corre sim pelas calçadas de chinelo de dedos, mas só que não tem varizes nem frieiras, e não deixa pegadas.
A Palavra livre nos torna livre. Livres, entendeu? Por aqui, agora, só apanha na cara quem quer. Lá, no sarau, escolhemos não dar a outra face, aliás, face nenhuma: bateu levou!
Um dia um intelectual disse que éramos exóticos, só porque pegávamos ônibus lotado e gostávamos de poesia: “Como pode esses ornitorrincos gostar de literatura?" - ironizou o homem da academia, levantando os halteres das letras para que outros dos seus também exeRcitassem a arrogância. Nesse caso, os sábios cantam como sabiás, mas dançam como caranguejos - nada contra os caranguejos. Mas quem foi que disse que a gente gosta de literatura? A gente gosta de Mané Garrincha, o bailarino das pernas tortas. De Cartola, Adoniran, Dolores, Sabotage. A gente gosta de roda de samba em cima da laje. De beijo na boca. De futebol de várzea. De boa educação. De casa pra morar. De trabalhar. De empinar pipa. De boteco. De cerveja gelada. De festa na quebrada. E de uma "pá" que não dá para escrever aqui. A gente gosta de rir, chora, mas a gente gosta mesmo é de sorrir, mas aí vem alguém e diz que "não pode", então a gente escreve sobre essas coisas, dos dias que doem e os dias que não.
A gente é casca de ferida que gosta de rir e chorar no papel, só isso. Não é literatura, é a vida.
É a vida o que realmente nos interessa.
*Neste sarau da Cooperifa de
Quarta-feira (16/07/08) tinha mais de
quatrocentas pessoas (recorde do ano), mais ou menos cinqüenta poetas, Mano Brow só foi mais um, um dos nossos.
*Aviso: o Sarau da Cooperifa pode causar dependência,
Foda-se!
Local: Rua Poesia de Solano Trindade, 100 (Condomínio dos Insurgentes literários)
Jardim dos Espinhos e das Ervas Daninhas. Ref: poesia poética da periferia, KM/página 33 (antes do pedágio), São Paulo - Capital Selvagem
Sem CEP/lado sul do Mapa.
Fone: não tem, mas liga nóis!
Entrada: 1KG de abraço não perecível ou um Litro de Alegria
(Não aceitamos saquinho de Vaidade, favor não insistir, quem tiver, não entra)
* a renda será toda revertida para a comunidade, o que sobrar nós vamos dividir ali mesmo.
Apoio Cultural: Uh, Cooperifa! Uh, Cooperifa!
Como chegar:
Passar longe do marasmo é fundamental, se vier de ônibus, desça antes da inveja, mas se vier de carro, venha pela marginal, é, pela literatura marginal ou periférica, as duas vias chegam lá. Da ponte pra cá, sempre à esquerda. Nunca à direita, nunca mesmo!
Suba a ladeira até o final e siga uma luz intensa que não se apaga e ilumina o seu caminho, quando ouvir barulho de risos e abraços, pode chegar que já chegou.
Permaneça na humildade, fora a poesia, ninguém é mais que ninguém. Anotou?
Fonte: www.colecionadordepedras.blogspot.com
óIA sÓ (Por Lizal)
ENQUADRO NAS ANTIGAS:
- Parado aí. Ta vindo da onde, ta indo pra onde? Qual seu signo? Que time torce? Tem passagem pela polícia?
Vai direto pra casa hein.
ENQUADRO HOJE EM DIA:
- Mãos na cabeça vagabundo. Não se mexe, se não vai levar bala e virar estatística. De qual bocada você ta vindo? Já fumou um baseadinho hoje? Quantos homicídios você tem?
Sai correndo que eu quero ver como eu to atirando hoje.
Polícia não traz segurança.
Segurança é Igualdade Social.
Mano Lizal é a favor da desmilitarização de todas as polícias.
...E também é a favor de um sistema que seja justo e trate as pessoas como seres humanos.
óIA sÓ (Por Lizal)
TRECHOS DA MATÉRIA DE JOÃO DE BARROS REVISTA CAROS AMIGOS MAIO DE 2008
(...) Quando a Prefeitura descobre que um lugar habitado por pobres está ficando valorizado, vê suas casas como “sujeira”. É preciso “limpar”, para “revitalizar a cidade”. O jeito mais comum é o despejo. No centro de São Paulo quase não se vê mais catador de lixo. A polícia metropolitana apreende as carroças. O objetivo é “limpar” o centrão, jogar a “sujeira” na periferia, o mais longe possível.
(...) A criminalização da pobreza está presente nas rampas antimendigos da avenida paulista, nos bancos com divisórias de ferro para ninguém deitar, nas praças cercadas de grades pontiagudas. O edifício Banespa, na praça da república, planejado pelo arquiteto Carlos Bratke, não tem marquise, para não dar abrigo.
(...) Constituição brasileira dita “cidadã”: Art. 6° São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição.
(Carlos Loureiro coordenador do núcleo de Habitação e Urbanismo da Defensoria pública da cidade de São Paulo foi questionado sobre os despejos e as favelas retiradas do centro. Ele filosofou: “Para a prefeitura não bastou assistir passivamente a este processo, e não fazer nada a fim de promover o bem-estar da população pobre. Resolveu fazer alguma coisa: promover o mal-estar, excluindo os pobres até do seu espaço de exclusão. Uma barbaridade”).
Frase de Tom Jobim:
“O mundo é o retrato da nossa incompetência”.
Disse um filósofozinho:
O Lula é o Fernando Henrique de barba.
POLÍTICOS, POLÍTICAS E ETC. 1.
Diz a história, que uma mão um loko foi procurar por Lênin, passou duas vezes por ele e não o reconheceu. Ele estava trabalhando numa construção e confundia-se com os demais operários.
Hoje tem socialistas de condomínio, carro importado, Laptop, Nike no pé e celular de última geração. Edy Rock cantou: “... ser herói com um celular de dois mil real”. Parabéns ao poeta Sérgio Vaz que fechou uma poesia sua com a seguinte frase: “os heróis de hoje são todos uns bunda-mole”.
(Lênin deve se remexer no túmulo)
Frase de Sto. Agostinho:
“Uma lei injusta não é lei”.
GRAFITE NO MURO DE UMA QUEBRADA
“Quem faz a miséria é o miserável”.
POLÍTICOS, POLÍTICAS E ETC. 2.
- Você viu a mancada do Vitorassi?
- Vi. E você viu o branco que deu na mente do Samis?
Música do grupo Racionais Mc's:
“Tenha fé porque até no lixão nasce flor”
NÚMEROS DA RODOVIÁRIA TIETÊ, SP.
Nos corredores do terminal,
60 mil passageiros passam todo dia.
100 mil cafezinhos e 12 toneladas de pão de queijo são consumidos por mês.
1,4 milhão de créditos telefônicos são consumidos nos orelhões, o que equivale a 46 mil horas de conversa.
O terminal abriga 63 lojas e onze quiosques.
Consomem 650 quilowatts de energia por hora.
9 milhões de litros de água.
Mil quilômetros de papel higiênico.
1806 funcionários trabalham em três turnos
e nos dias de grande faxina, desgrudam do chão,
300 quilos de chiclete.
(Dados retirados do artigo:
A Cidade das Coisas Perdidas.
Vanessa Bárbara. Revista Piauí nº 22,
Julho de 2008).
POLÍTICOS, POLÍTICAS E ETC. 3.
Na campanha eleitoral de 2004, um vereador trocou idéia com um mano que desenvolve um trabalho de ensinar artesanato para crianças de comunidades carentes. O mano disse que precisava de uma ajuda financeira para comprar o material: Palitos, cola etc. “Sensibilizado” com o corre voluntário do mano, o vereador ofereceu ajuda e prometeu que todo mês doaria uma caixa de palitos para ele poder continuar seu projeto. Passaram quatro anos e o mano continua com seu projeto, comprando o material com o dinheiro do próprio bolso. O vereador se elegeu, mas nenhuma caixa de palito foi doada.
(Agora em época eleitoral, com certeza o vereador aparecerá. Se marcar até com uma caixa de palito. E na cara dura vai dizer: “Demorou um pouco, mas eu prometo que as outras caixas vão chegar rapidinho. Vai ser dois palito”).
(...) Quando a Prefeitura descobre que um lugar habitado por pobres está ficando valorizado, vê suas casas como “sujeira”. É preciso “limpar”, para “revitalizar a cidade”. O jeito mais comum é o despejo. No centro de São Paulo quase não se vê mais catador de lixo. A polícia metropolitana apreende as carroças. O objetivo é “limpar” o centrão, jogar a “sujeira” na periferia, o mais longe possível.
(...) A criminalização da pobreza está presente nas rampas antimendigos da avenida paulista, nos bancos com divisórias de ferro para ninguém deitar, nas praças cercadas de grades pontiagudas. O edifício Banespa, na praça da república, planejado pelo arquiteto Carlos Bratke, não tem marquise, para não dar abrigo.
(...) Constituição brasileira dita “cidadã”: Art. 6° São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta constituição.
(Carlos Loureiro coordenador do núcleo de Habitação e Urbanismo da Defensoria pública da cidade de São Paulo foi questionado sobre os despejos e as favelas retiradas do centro. Ele filosofou: “Para a prefeitura não bastou assistir passivamente a este processo, e não fazer nada a fim de promover o bem-estar da população pobre. Resolveu fazer alguma coisa: promover o mal-estar, excluindo os pobres até do seu espaço de exclusão. Uma barbaridade”).
Frase de Tom Jobim:
“O mundo é o retrato da nossa incompetência”.
Disse um filósofozinho:
O Lula é o Fernando Henrique de barba.
POLÍTICOS, POLÍTICAS E ETC. 1.
Diz a história, que uma mão um loko foi procurar por Lênin, passou duas vezes por ele e não o reconheceu. Ele estava trabalhando numa construção e confundia-se com os demais operários.
Hoje tem socialistas de condomínio, carro importado, Laptop, Nike no pé e celular de última geração. Edy Rock cantou: “... ser herói com um celular de dois mil real”. Parabéns ao poeta Sérgio Vaz que fechou uma poesia sua com a seguinte frase: “os heróis de hoje são todos uns bunda-mole”.
(Lênin deve se remexer no túmulo)
Frase de Sto. Agostinho:
“Uma lei injusta não é lei”.
GRAFITE NO MURO DE UMA QUEBRADA
“Quem faz a miséria é o miserável”.
POLÍTICOS, POLÍTICAS E ETC. 2.
- Você viu a mancada do Vitorassi?
- Vi. E você viu o branco que deu na mente do Samis?
Música do grupo Racionais Mc's:
“Tenha fé porque até no lixão nasce flor”
NÚMEROS DA RODOVIÁRIA TIETÊ, SP.
Nos corredores do terminal,
60 mil passageiros passam todo dia.
100 mil cafezinhos e 12 toneladas de pão de queijo são consumidos por mês.
1,4 milhão de créditos telefônicos são consumidos nos orelhões, o que equivale a 46 mil horas de conversa.
O terminal abriga 63 lojas e onze quiosques.
Consomem 650 quilowatts de energia por hora.
9 milhões de litros de água.
Mil quilômetros de papel higiênico.
1806 funcionários trabalham em três turnos
e nos dias de grande faxina, desgrudam do chão,
300 quilos de chiclete.
(Dados retirados do artigo:
A Cidade das Coisas Perdidas.
Vanessa Bárbara. Revista Piauí nº 22,
Julho de 2008).
POLÍTICOS, POLÍTICAS E ETC. 3.
Na campanha eleitoral de 2004, um vereador trocou idéia com um mano que desenvolve um trabalho de ensinar artesanato para crianças de comunidades carentes. O mano disse que precisava de uma ajuda financeira para comprar o material: Palitos, cola etc. “Sensibilizado” com o corre voluntário do mano, o vereador ofereceu ajuda e prometeu que todo mês doaria uma caixa de palitos para ele poder continuar seu projeto. Passaram quatro anos e o mano continua com seu projeto, comprando o material com o dinheiro do próprio bolso. O vereador se elegeu, mas nenhuma caixa de palito foi doada.
(Agora em época eleitoral, com certeza o vereador aparecerá. Se marcar até com uma caixa de palito. E na cara dura vai dizer: “Demorou um pouco, mas eu prometo que as outras caixas vão chegar rapidinho. Vai ser dois palito”).
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