sexta-feira, 12 de setembro de 2008
O HOMEM (Por: Carol)
Baixo, pele negra, cabelos curtos e olhos castanhos, este é ele.
De roupas sujas, pés descalços e com o nariz escorrendo, é o mesmo homem.
Ele ia pela rua empurrando seu carrinho. E no carrinho carregava caixas de papelão, garrafas Pet, sonhos e ilusões.
Sai cedinho de casa e volta só ao anoitecer trazendo consigo alguns trocados no bolso. Dinheiro que garantirá a janta e uma surra a menos no seu currículo.
É... Ele ainda apanha...
Mas é um homem pequeno e muito forte.
Seu caminhar gingado parece uma dança. Seu olhar intrigante revela dúvidas, certezas e incertezas. E o seu palavreado denuncia o abandono de um homem...
Do homem que sem querer já é.
Ele não estuda, mas de vez em quando, nos finais de semana, ele consegue escapar do trabalho e sai para jogar uma bola ou empinar uma pipa com a molecada da rua de baixo.
Mas isso é só de vez em quando...
E é nessa hora que ele se desarma e deixa de ser homem para poder viver por alguns segundos a infância que lhe roubaram.
Ele corre, grita, dribla, xinga, marca, chuta e sorri...
Voltar para casa nesse dia é uma verdadeira tortura e para encarar a tristeza ele se faz forte novamente. Enfrenta briga, problema, falta de comida, falta de dinheiro, encara porrada, soco e pontapés...
Ouve tudo, vê tudo, sente tudo e vai dormir. Essa é sua fuga, seu momento de paz...
Mas ele é forte e se arma para enfrentar mais outro dia.
É de cortar o coração e a alma...
Hoje, quando saí de casa, vi este homem...
Com o mesmo carrinho, o mesmo olhar e a mesma mão calejada.
Ele parou na beira da calçada e viajou por uns segundos...
Reparei seus olhos que fitavam um brinquedo que estava nas mãos de um menino.
De um menino que não precisa ser homem.
(Carol é estudante de letras em Foz)
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