domingo, 5 de julho de 2009

A UNILA E A MATA (Por: Luiz Henrique Dias da Silva)

Caros leitores, não é pouco o que eu tenho falado “as boas” de Foz do Iguaçu para todo mundo que conheço. Certas vezes me sinto meio Policarpo Quaresma (nacionalista e defensor de sua terra) defendendo nossa cidade, nossas novas conquistas, os Centros de Convivência, nosso novo hospital, nosso turismo, Itaipu, a redução dos índices de violência, as belezas naturais, a multidiversidade cultural, os novos vôos para a cidade, a gradativa mudança da matriz econômica, o surgimento de um pólo educacional com novas faculdades, institutos e universidades, o Salão do Livro, a pista de caminhada Avenida Paraná, o projeto calçadas e tudo de bom que vem acontecendo em nossa querida cidade! Não perco a oportunidade de defender em qualquer debate o local onde nasci e vivo, sempre me recheando de argumentos e dados (quantitativos e qualitativos). Só que, de vez em quando, eu acabo me constrangendo um pouco. Há horas que minha cidade me dá uma rasteira e acabo ficando sem saída, a não ser abaixar minha cabeça ir pra casa. Esta semana aconteceu novamente.

Estava eu na faculdade de Arquitetura (uma das mais felizes escolhas da cidade) quando um colega me chamou e disse: “assunto para sua coluna no jornal”. Achei que seria uma novidade sobre um novo curso na Unioeste, ou um novo Centro de Pesquisa no PTI, ou uma fábrica de alta tecnologia e poluição zero, ou quem sabe a ampliação de nosso aeroporto! Quem dera... “você sabe onde vai ser instalada a Unila, a nova Universidade Federal?” “Sim” “Você reparou o que há no local hoje?” “Hum” Busquei no arquivo de minha cabeça “mata?”. “Sim. No local fica uma mata fechada, fruto do trabalho (e dinheiro) de reflorestamento que levou mais de 10 anos e exigiu muito empenho dos funcionários de Itaipu para preparar a terra e a topografia e, agora, com o projeto da Universidade vai ser (praticamente) toda derrubada”.

Sai da sala e fui me sentar em um banco localizado no corredor da faculdade. Quando passeio por nossa cidade, o que mais vejo são terrenos vazios. Muitos deles. Enormes áreas inutilizadas tanto no centro, quanto na periferia. Áreas onde, se o Estatuto da Cidade ou mesmo o bom senso fossem seguidos, caberiam universidades, hospitais, escolas, moradia populares e de interesse popular, áreas da lazer, quadras esportivas, centros culturais, enfim, tudo aquilo que pode melhorar a qualidade de vida dos cidadãos de Foz. Mas como, claro leitor amigo, com tanto espaço vazio, resolveram colocar a nossa tão sonhada Universidade num terreno com mata? Eis da dúvida que tem me tirado um sonho.

Luiz Henrique Dias da Silva é escritor, estudante de Arquitetura e Urbanismo e comunista (convicto). Ele é daqueles caras que costuma perder o sono quando o assunto é sua cidade, principalmente se as notícias são ruins. O Luiz acredita que a cidade (e a sociedade) pode ser melhor se assumirmos nosso papel como indivíduos sociais inseridos em um contexto ambiental, ou seja, se aprendermos a ver não só os seres humanos a nossa volta (e isso, segundo o Luiz, estamos aprendendo), mas também observar que estes seres humanos estão inseridos em um contexto ambiental que deve ser sustentado acima de tudo. O Luiz é um desses “eco-chatos” que andam por aí reclamando de tudo.

Fonte: www.acasadohomem.blogspot.com

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