MOTIVO:
Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
Sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
Não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
No vento.
Se desmorono ou se edifico,
Se permaneço ou se desfaço,
- Não sei, não sei. Não sei se fico
Ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- Mais nada.
(Cecília Meireles).
CEM ANOS DE SOLIDÃO
A casa continua a mesma...
As paredes de bloco, sem reboco
O chão vermelho fosco, gasto
O forro ainda sujo
Baratas sobre a mesa
Devoram o que sobrou do último almoço
Ratos escalam as paredes
A poeira repousa sobre os móveis velhos
Na noite longa e triste
Ainda sinto seu cheiro no lençol
Meu coração se aperta
A saudade é pilantra
Tortura aos poucos
Mas, não mata.
(Lizal, Foz).
SURTADAS
Olhar você me faz tão bem
Deixa eu te sorver até a ultima gota,
Te ter
Absorver-te
Consumir-me em você
Seja minha droga
Minhas anfetaminas
Sibutraminas
Seja minha endorfina
Minha cocaína
Me acabar
Queimar-me em você até o final
Consumir-te
Consumir-me
Afogar-me
Ilusões doentias
(Mysk, Foz)
Sabedoria quase chinesa
se alguém não te alimenta
inventa
uma manhã de sol
fruta fresca
chá de hortelã
pra despertar a alma
com calma
porque o dia apenas começa
e amor não combina com pressa
(Célia Musilli)
* Veja mais poesias de Célia Musilli no site da Guatá: www.guata.com.br
Feliz natal
É nossa a festa
Que era dia do criador.
Mesa farta
Mesa falta
É nossa hora
De esquecer a dor.
A hora é de luz
As estrelas no céu
São o lustre do teto
Que a todos seduz.
A hora é de festa,
Mas outros meninos
De outras manjedouras
Carregam sinos pequeninos
Em usinas e lavouras.
A hora é de festa
Na casa do patrão
E na casa do empregado.
Numa Jesus não se manifesta
Na outra não foi convidado.
(Sérgio Vaz)
SOL
Você é como o sol
Que por onde passa irá brilhar
O brilho é a sua alegria
A sua felicidade
Que carrega em sua fisionomia
Quando está atrás das nuvens
Triste estás
Mas com todo esse brilho
Não pode ficar triste
Solte seu belo sorriso
Por que uma pessoa como você
Tem que continuar a viver
Continuar a brilhar
A todo instante
Sem desistir
(Edson de Carvalho, Foz)
Ciclos
Debato-me, resisto!
Luto contra esse sentimento
De entrega...
Que acontece mesmo
Que eu não queira
O ciclo da natureza
Repete-se em mim...
Caio na sua teia
Envolvida e acorrentada
Presa a um perigo eminente
Debato-me... percebo!
Sou presa fácil
Colada na trama
De um amplexo inesperado
Conduzo-me na sua melodia
Fecho os olhos...
Sensações...
Suspiros!
Deixo-me levar
Observo e me deixo observar
A respiração ofegante
Age por si mesma
Ouço o seu pedido
Atendo nossos desejos
Entrego-me...
(Mara Regina d´Almeida)
"... A poesia saiu porta afora
e o nosso amor
seguiu logo atrás."
(Lena Ferreira)
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
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