quinta-feira, 2 de abril de 2009

POESIAS E PENSAMENTOS

Torpe

Torpe combina com vinho
vinho de boa qualidade
também sem muita preocupação
um pouco pesada talvez

torpe, eh,

realmente uma pesada palavra
ou seria palavra pesada?

Ultimamente ando torpe

como vinho pesando no estômago
pés no chão e cabeça nas estrelas

(Mysk, Foz)

***********************

Das mulheres
A todas as raças, idades e cores
As mulheres são as flores
Que enfeitam os jardins
E todos os amores

Todos os dias são especiais
Mas nem todos são iguais
A atenção e o carinho fornecem
Algo que a mulher faz

Se não fosse as mulheres
Os homens não haveriam
São diversas suas profissões

São diversas suas categorias
Mas mulher é mulher
Com paz e com brigas

(Edson de Carvalho, Foz)


********************

Leões na jaula
'Ustâd Badruzzamân Badr

Somos os heróis deste tempo.
Somos a juventude orgulhosa.
Somos os leões hirsutos.

Vivemos nas histórias, agora.
Vivemos nas epopéias.
Vivemos no coração do público.

Somos o escudo diante do opressor.
Nossa coragem é como uma montanha.
O faraó de nosso tempo está intranqüilo
graças a nós.

O Chefe do Palácio Branco,
Como outros chefes ímpios,
Não vê nossa paciência.

O torvelinho de nossas lágrimas
Célere aproxima-se dele.
Ninguém resiste ao poder dessa inundação.

No mais das vezes, nestas jaulas,
À meia-noite as estrelas
Trazem-nos boas-novas:

Haveremos de vencer,
E o mundo espera por nós,
A Caravana de Badr.

(MARC FALKOFF)


******************

CARNE

Carne
tem
carne.

De quê?
Carne de si
carne de carne.

Mas, de quê?
De províncias
do campo
carne solta.

Viva ou o quê?
Verde
muito verde
lambuzada
de mofo e moída
a golpes.

De quê?
De carne da
sua carne
que

não.

Mas, de quê?
De animais
perdidos
encardidos
talvez
vacas.

Vacas de quê?
Daquelas
uma vez
alheias
e hoje
apenas.

Quê?

Esfolada
fazenda
carne verde
calejada
inchada
de moscas ávidas.

Em quê?
Farpas
ou vermes
nessa carne viva
sim mas
impossível.

Fazenda quê?
Entre pedras
mato seco
latas enferrujadas
carne de vacas soltas
desatentas.

Em pé?
De guerra
perdida
de trapos desfiados
de amnésia
que se encarna
nessa carne velha
que como cão
na coleira
não come
nem se deixa
mais comer.


(GUILLERMO SAAVEDRA )

*****************

Do pensamento

Penso e penso mesmo (...)
Fico imaginando com a dor
O mundo já se sabe triturar
Semelhante cena de amor

Intelectuais filósofos
Amam a sabedoria
Me amo a eu mesmo
Com minhas regras e teorias

Corri muitas vezes em busca
E ganhei um simples desprezo
A vida é uma luta (...)

Reflete como um espelho
O lirismo é a conduta
Sem que aceite o conselho

(Edson de Carvalho, Foz)

********************

Mais um órfão.

Atiraram sem perguntar.
Na bolsa, só a marmita.
Na mão colocaram um oitão,
Disseram ser ladrão.

No barraco da favela.
Mais um filho orfão,
Quem vai contestar.
A versão oficial
Dos homi de farda,
Da Thobias Aguiar

(Alessandro Buzo)

**********************

Canção em L

Lenta labuta
Lembrar os lábios
Lembrar a lábia
Lágrimas lacônicas
Longo lacrimejo
Lapidam o ladrão.
Num lapso de loucura
A lua levou
Meu leme luzente.
Lamento a loucura
Que levou a lucerna
Da lúcida loa
Que alegrava
Minha lira.

(Carol, Foz).

Nenhum comentário: