quinta-feira, 21 de maio de 2009

UMA QUESTÃO DE CIDADANIA (Por: Luiz Henrique)

Semana retrasada comentaram que eu só reclamo em tudo que escrevo ultimamente. Concordo. Mas talvez isto seja fruto de um excesso de observação e, penso eu, quando não fechamos os olhos a realidade não some e, sendo a realidade ligeiramente errada, reclamamos. Afinal, não somos pedras ou cogumelos. Sendo assim, vou reclamar mais um pouco. O brasileiro deixa tudo para a última hora. O iguaçuense, brasileiro que é, cumpre seu papel. A maioria dos proprietários de imóveis na área central da cidade está aderindo ao projeto calçadas depois das notificações da Foztrans e do medo da multa, que toma conta daqueles que ainda desobedecem a lei de adaptação das vias para pedestres.

O que vemos é um verdadeiro canteiro de obras por todo centro e, aos poucos, nossa cidade vai ficando mais acessível, mais organizada e limpa. Os idosos, crianças, portadores de necessidades especiais começam a circular pelo centro sem a obrigação de constantes desvios, degraus, raízes de árvores e muretas. O avanço é evidente. Só acho que os órgãos competentes devem agora lançar uma cartilha intitulada “para que servem as calçadas adaptadas – lições para se respeitar o direito de locomoção”, pois ainda tem gente que age desconhecendo o motivo de haver, por exemplo, uma pista tátil na calçada.

Já descrevi neste espaço o caso do Jardim Curitibano em que o proprietário do imóvel construiu uma calçada e não deixou a conexão da pista tátil para o vizinho, ao contrário, no final da testada de seu terreno fez um balão com a pista (dos dois lados), que ficou conhecido como “circuito para cegos”, pois quem depender daquela calçada pra se guiar irá ficar indo e voltando eternamente. Na foto que tirei no sábado pela manhã, o proprietário de um comércio colocou a placa de venda de recarga para celular ocupando o “espaço aéreo da faixa amarela”, neste caso, o deficiente visual bateria a canela na placa.



Há diversos casos na cidade, os mais comuns trazem a faixa tátil não conectada ou a interrupção da faixa devido a um bueiro ou, acreditem, com a faixa passando por baixo de um telefone público onde um deficiente visual acabaria se machucando. Já descrevi aqui, também, os bares que colocam mesas sobre a faixa e a banca de cachorro quente perto de casa, armada sobre a calçada, obrigando o pedestre (em ambos os casos) a circular pela rua. Devemos pensar na cidade de forma cidadã e responsável, só assim construiremos um verdadeiro lar para nós e para nossos filhos. Caso contrário continuaremos como estamos: no buraco.

LUIZ HENRIQUE DIAS DA SILVA é escritor, estudante de arquitetura e urbanismo
e comunista (convicto). Ele gosta de passear por aí pelas novas calçadas do centro,
só que, de vez em quando, tropeça em algum desnível ou tem que passar pela rua. O Luiz acha que rua é lugar de carros, mas, em Foz, esta lógica não funciona muito. Uma prova disso é que, perto da casa dele, os carros estacionam sobre a faixa tátil da calçada. “Então, se for assim” – diz o Luiz – “ trocamos de vez. Os carros ficam na calçada e nós ficamos na rua”. Achamos que o Luiz é um alienado. Onde já se viu?

Fonte: www.acasadohomem.blogspot.com

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