O que vemos é um verdadeiro canteiro de obras por todo centro e, aos poucos, nossa cidade vai ficando mais acessível, mais organizada e limpa. Os idosos, crianças, portadores de necessidades especiais começam a circular pelo centro sem a obrigação de constantes desvios, degraus, raízes de árvores e muretas. O avanço é evidente. Só acho que os órgãos competentes devem agora lançar uma cartilha intitulada “para que servem as calçadas adaptadas – lições para se respeitar o direito de locomoção”, pois ainda tem gente que age desconhecendo o motivo de haver, por exemplo, uma pista tátil na calçada.
Já descrevi neste espaço o caso do Jardim Curitibano em que o proprietário do imóvel construiu uma calçada e não deixou a conexão da pista tátil para o vizinho, ao contrário, no final da testada de seu terreno fez um balão com a pista (dos dois lados), que ficou conhecido como “circuito para cegos”, pois quem depender daquela calçada pra se guiar irá ficar indo e voltando eternamente. Na foto que tirei no sábado pela manhã, o proprietário de um comércio colocou a placa de venda de recarga para celular ocupando o “espaço aéreo da faixa amarela”, neste caso, o deficiente visual bateria a canela na placa.
Há diversos casos na cidade, os mais comuns trazem a faixa tátil não conectada ou a interrupção da faixa devido a um bueiro ou, acreditem, com a faixa passando por baixo de um telefone público onde um deficiente visual acabaria se machucando. Já descrevi aqui, também, os bares que colocam mesas sobre a faixa e a banca de cachorro quente perto de casa, armada sobre a calçada, obrigando o pedestre (em ambos os casos) a circular pela rua. Devemos pensar na cidade de forma cidadã e responsável, só assim construiremos um verdadeiro lar para nós e para nossos filhos. Caso contrário continuaremos como estamos: no buraco.
LUIZ HENRIQUE DIAS DA SILVA é escritor, estudante de arquitetura e urbanismo
e comunista (convicto). Ele gosta de passear por aí pelas novas calçadas do centro,
só que, de vez em quando, tropeça em algum desnível ou tem que passar pela rua. O Luiz acha que rua é lugar de carros, mas, em Foz, esta lógica não funciona muito. Uma prova disso é que, perto da casa dele, os carros estacionam sobre a faixa tátil da calçada. “Então, se for assim” – diz o Luiz – “ trocamos de vez. Os carros ficam na calçada e nós ficamos na rua”. Achamos que o Luiz é um alienado. Onde já se viu?
Fonte: www.acasadohomem.blogspot.com
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