Minha casa
Eu quero uma casa
de frente pros meus sonhos
com jardim inteiro pra mim
plantar begônias, amor e jasmins
eu quero uma casa assim
que na tarde de sol
meu filho fique a correr
arrastando carrinhos e sorrisos sem prender
eu quero um gato cor de oliveira, é possível?
eu quero uma casa assim
quero um cachorro
que nas noites de chuva pra me aconselhar
é possível?
eu quero uma casa assim
e nas noites de frio que eu tenha um amor
pra me agasalhar.
(Mysk, Foz).
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Orientação
menos que retratar:
fazer do verbo a bússola
para o amanhã
menos que chorar:
a-r-marem gestos e palavras
o braço que é trocado
por cifrões
não mais murmúrios
de ventos noturnos:
agora é o grito claro
despertando o sol de amor
por sabres dilacerado
antes mesmo da aurora
não mais a doce esperança
ingênua como criança:
hoje vale a certeza
do árduo caminho à frente
(berço de mil ciladas)
a ser trilhado levando
a verdade feita tocha, canção, faca
com gosto de madrugada.
(Mário Jorge)
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Convencional
Alguns equipamentos são montados
e música na corrente de vento
na diversão, caretas e drogados
ficando num mesmo ambiente
Grama está coberta de sereno
acento de madeira cheio
também algumas mulheres morenas
cabelos longos, lábios vermelhos
Realidade de uma região
os evangélicos e católicos
conduzindo-se a mesma intenção
O pecado neste ar manifesta
na celebração da devida festa
parecem bicho de uma floresta
(Edson de Carvalho, Foz)
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Queres saber quem sou eu?
Em versos eu vou falar!
Eu nasci na Paraíba e,
Hoje não moro lá
Vim pro Rio de Janeiro
E vinte e cinco janeiros
Acabo de completar.
Eu gosto da minha terra
Mas deixei meu pé de serra
Vim aqui poetizar!
Me chamam de Severino
Por nascer lá no Nordeste,
Resolvi fazer Cordel
O meu pai foi professor;
Na roça fiz escarcéu
Sendo eu um bom menino
Me pus pra literatura,
Me dei a fugir da dor
Para traçar meu destino
Cidadão de vida pura!
Não sei qual é o sentido
Do apelido que tenho,
Não protesto e nem convido
Ou mesmo nego a ninguém
Não sei quem o inventou
Ou sei lá quem descobriu,
Sei que sou filho do povo
Mas igualzinho a você
Eu também quero saber
Por que me chamam de Biu!
Eu nasci em fevereiro
Em dia que pouco há
Descobri não ser verdade
Luto com voracidade
Para poder consertar,
Vivo em nome d´alegria
Para fazer poesia
Eu escrevo noite e dia
Sozinho ou em companhia
Para te fazer sonhar!
Sou profeta da verdade
Do trabalho pastoral,
Com base no Evangelho
Em Jesus Cristo
Eu espelho,
A minha arte e ação...
Falo de economia
Sem limite e carga horária
Sou eu, em nível do Rio,
Articulador bravio
Da Pastoral Operária.
(Severino Honorato)
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50% OFF
In the store
Eu li Sold Out
In the street
Ouvi É UM ASSALTO
50% off
É a liquidação
Da crise, do grito
Da arma na mão
What you see
Atrás da vitrine
As roupas da moda
Ou a cena do crime
(Carol, Foz).
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FAVELA: CEM ANOS.
Tá visto que em cem anos de favela
muito sangue de morte banhou
as terras batidas de becos, ruas e vielas.
Mas tá visto também que na favela
há muito mais mulher que a gente
e muita menina vira moça toda hora, todo dia
se vendo meio que assustada e maravilhada
pela primeira vez menstruada.
Vai daí, que por benção de Mãe Oxum,
essa saguinolência toda que jorra na favela
por cem anos a fio, filetes e ximbicas,
tem sido muito menos da certeza da morte
e muito mais da verdade da possibilidade da vida.
Daí que, pela graça de Mãe Oxum,
na favela, centenariamente, se sangra ainda
muito mais da divina maravilha da criação
que dos horrores letais das chacinas.
(Deley de Acari)
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Coração Morto
Quem avisa a família
Que ele insiste em vadiar?
Teimoso e lento
Avisou que ia parar
De bater...
e bate...
bat...
a...
(Carol, Foz).
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segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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