sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Cargo público não é carro 0km, tampouco trampolim político (Por Douglas Furiatti)
A cada eleição que se aproxima, candidatos a cargos eletivos demonstram falta de compromisso e de respeito com eleitores. Algumas pessoas, privilegiadas economicamente, têm como hábito trocar de veículo todos os anos, mantendo-se sempre com um bem zero-quilômetro. Essa possibilidade vem acompanhada do prazer de guiar um automóvel novo, o que satisfaz o ego de qualquer motorista. No Brasil, é possível fazer essa analogia com a prática de muitos políticos, que a cada eleição buscam novos cargos. Alguns se mostram “ratos de eleição”, “colecionadores de votos”, ou seja, nem terminam o mandato em vigor para postular outro.
Em 2010 haverá eleições para governadores, presidente, deputados federais e senadores, e mesmo faltando mais de um ano para a votação, os noticiários políticos vivem abordando possíveis candidatos. Ora especula-se quem sairá, ora informa-se quem já confirmou a intenção de concorrer. O fato é que, mais uma vez, o eleitor brasileiro verá atuais detentores de cargos públicos fazendo promessas, pedindo votos, e toda aquela lengalenga típica de campanha. Será possível constatar a gana pelo poder de prefeitos, governadores, deputados e senadores, que não “largam o osso”. Ou seja, acham que ser Político é profissão, não uma representação transitória. Mas o pior será ver a falta de compromisso e de respeito com os eleitores e com o cargo que ocupam os mandatários que pretendem largar os atuais mandatos pela metade, sem ter a dignidade de cumprir seu “plano de governo” até o fim. Exemplos não faltam. Aqui no Paraná veremos o prefeito da capital e um senador tucano disputando quem concorrerá ao Governo do Estado, abrindo mão, em caso de vitória, do mandato conquistado há dois anos.
Em âmbito federal, também no ninho peessedebista, deverá ser lançado candidato o atual governador de São Paulo, o mesmo que era prefeito da cidade, porém abandonou o cargo diante da possibilidade de vencer a eleição. E isso ocorrerá novamente, pois ele vem sendo cotado como o nome mais forte do partido para tentar retomar o governo federal. É lamentável que a ânsia pelo poder, o desrespeito com a população, a desvalorização do cargo ocupado e da instituição à qual pertencem sejam constantes no cenário político brasileiro. O eleitor deveria ter como critério para escolher seu candidato a análise se ele, caso já ocupe algum mandato, honrou seus compromissos até o fim, exerceu suas atividades dignamente durante os quatro ou oito anos integralmente.
Assim, não se terá a infeliz surpresa de ver na próxima eleição aquela pessoa a quem confiou seu voto “abandonar o barco”, usar tal cargo como trampolim político, demonstrando ser um colecionador de mandatos, um viciado pelo poder.
Douglas Furiatti é jornalista e colaborador do MEGAFONE. Críticas, sugestões, dúvidas ou mais informações podem ser endereçadas ao e-mail pessoal do autor: douglasbob@hotmail.com
Fonte: www.megafone.inf.br
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