sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Derrotas... (Por: Carol)



Abriu o portão de casa e se assustou quando viu. Todas as roupas jogadas no quintal, a televisão que foi atirada para fora de casa, as duas caixas com os livros revirados pelo chão. Entre os estilhaços da louça que foi lançada pela porta da cozinha ela pôde perceber o sangue que secava no assoalho da sala. Olhou para os carrinhos no pátio, as roupas que estavam no varal e agora estão despejados em cima dos potes de mudas que a senhora da frente cultivava...

A cena era de destruição total.

A primeira coisa que lhe veio a cabeça “ela se matou”.
A casa estava vazia. Seu filho não estava ali. Sua mãe não estava ali.
Quando resolveu pegar o telefone na tentativa de falar com alguém.
Foi quando a porta da casa da frente foi aberta e a outra veio contar o que aconteceu...

Pasme com o que ouvira, olha para os estilhaços da história de todos e prende as lágrimas... De novo... Vai até a lavanderia, pega a vassoura e começa a limpar toda aquela sujeira.

Recolhe a televisão, a sanduicheira, o liquidificador, recolhe os três pratos que sobraram, uma xícara do jogo de porcelana e os copos de plástico. Não é a primeira vez que faz isso. De abrir as portas do armário e despejar toda sua vida no chão. E dessa maneira, quis jogar também sua história. E quis jogar também seu passado. E quis jogar acima de tudo seus erros e sua incapacidade de se perdoar.

As pessoas falam que os valores não são baseados em bolsa de valores. As pessoas falam que os novos valores não têm nada a ver com poder de compra. As pessoas falam que o sistema capitalista não adoece o ser humano.

Tive certeza que todas essas pessoas estão erradas.

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