Só depois de muito esforço, trabalho e dedicação, o brasileiro consegue realizar o sonho do automóvel próprio na garagem. Passada a anestesia, tem início um dos pesadelos das grandes e médias cidades brasileiras: o caótico “trânsito” de pessoas motorizadas. Não falo aqui só dos acidentes, tão discutidos pela mídia. Provoco você, caro leitor, a analisar a saturação das ruas, o excesso de veículos e o estado de estresse dos condutores. Chamo a atenção para expansão da frota que não veio acompanhada com um plano de expansão da infra-estrutura instalada em nossas cidades. As montadoras comemoram quando milhões de novos veículos super-povoam as ruas brasileiras, estes mesmos capitalistas proporiam (como propõem) um “controle de natalidade” se o fenômeno ocorresse com pessoas pobres, mas com seus bens de consumo duráveis é “progresso”. Eu chamaria apenas de uma questão de referencial. Porém, quero lembrar a vocês, amigos e desconhecidos, que para tudo há limites racionais. Inclusive para o crescimento do número de automóveis. Não podemos pensar apenas em criar ruas, construir avenidas, reestruturar vias, levantar viadutos e abrir, cada vez mais, espaço para os carros. E as pessoas? Onde ficam? Este processo nos levaria a extinção da cidade das pessoas e no surgimento da cidade dos carros. Há poucos dias vi em Curitiba a prefeitura diminuir uma calçada para expandir uma faixa de rodagem de carros. Ora, ali ficam claras as preferências.
Ainda há quem não utiliza o carro próprio, por falta de condições financeiras ou por opção (porque não?) e sofre a realidade dos sistemas ineficientes de transporte popular espalhados por todo o Brasil. A não adequação destes serviços aos anseios do usuário-cidadão, gera uma busca diária pela aquisição do carro próprio, piorando o tráfego nas cidades e a poluição do ar. Sendo assim, melhorar os serviços de transportes, dando alternativas dignas aos usuários, é uma questão de saúde pública e de respeito ao espaço urbano.
(Luiz Henrique Dias da Silva é estudante de Arquitetura e Urbanismo, comunista e escritor. Publica seus pensamentos todas as segundas no Caderno 2 do jornal A Gazeta do Iguaçu e, diariamente, em seu blog www.acasadohomem.blogspot.com. O Luiz resolveu viajar nestas férias e procurar um lugar onde não houvesse carros para passar uns dias. É possível que ele nunca mais volte de lá ou, caso apareça por estas bandas novamente, continue pervertendo o leitor com seus pensamentos anti-progresso. Caros leitores, desconsiderem o Luiz).
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