O telhado de zinco faz um barulho chato quando chove forte, e toda vez que isso acontece ela corre com baldes e panelas para conter as goteiras. No chão, frente ao berço usado, comprado por cinqüenta reais para a terceira filha, cuidadosamente ela coloca uma vela para a imagem de Santa Clara. Reza baixinho para a chuva parar, reza baixinho para que o barraco agüente a força do vento, reza baixinho para não assustar as crianças.
E quando Santa Clara ignora e o barraco vem a baixo o jeito é pegar as crianças e correr para se abrigar no toldo do mercado da esquina. Durante o dia ela procura no lixão algo que garanta o almoço das crianças e também o dela, só por mais um dia.
Meu Deus, ela sempre quis ser médica.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
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