quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Hip-Hop: expressões e narrativas da cidade


Hip-Hop: expressões e narrativas da cidade
(Por: Danilo George Ribeiro)



Esse trabalho visa abordar questões da “periferização” do mundo urbano, a partir do rap aqui entendido como uma das possibilidades de expressão e narrativas de experiências de moradores de regiões periféricas da cidade de Foz do Iguaçu. Nele, voltamos-nos inicialmente para grupos que desenvolvem seu trabalho a partir do hip-hop na cidade de Foz do Iguaçu. O movimento hip-hop parece ter se desenvolvido na cidade no decorrer dos anos 90. Nesse período, é possível constatar a existência de vários grupos de Rap. A importância desse movimento é ainda significativa porque trata-se de uma cidade que ainda vive os efeitos de um processo de crescimento urbano repentino iniciado recentemente, nos anos 70. Assim, mais do que simples artistas, estamos considerando esses rappers também como intérpretes do processo urbano vivido na cidade na atualidade. E é nesse processo que o movimento hip hop, enquanto tradutor dessas novas dinâmicas surgidas, assume uma centralidade, e que pretendemos explorar aqui.

Os grupos de rap ali surgidos realizam um discurso contra a opressão às populações marginalizadas, criticando a ordem social, racismo e a alienação, atribuída à mídia. Objetiva-se problematizar posturas assumidas por esses grupos de Rap frente a algumas questões sociais presentes no cotidiano da cidade, pautando temas como violência, opressão, drogas, tráfico, lazer, trabalho, desemprego, entre outros temas.

Através desses jornais construídos pelos grupos de rap e moradores de Regiões periféricas de Foz, percebe-se o aparecimento de novos sujeitos no cenário político cultural da cidade, que muitas vezes deslocam o poder do estado contestando as condições sociais pautando a violência, pobreza, criminalidade, trafico, arte, cultura, política, conflitos entre bairros, etc. Mostrando que o hip-hop não pode ser reduzido somente há um movimento musical pois dialoga com questões sociais vividas na cidade.

O interesse em fazer essa pesquisa surgiu tanto por perceber, em minha cidade natal, Foz do Iguaçu, a existência de pessoas engajadas em diversos movimentos culturais, e que tinham uma preocupação constante com a transformação da realidade urbana e buscavam, ao seu modo, intervir nele. Assim, desde minha aproximação com esse movimento, tomei contato com a existência de um rico material produzido a partir dele, e que iam desde panfletos, jornais, material fonográfico, etc, passando por letras de rap e outros materiais relacionados.
Me inquietava saber que esse material deslocava noções pré-concebidas sobre a organização da cidade, e que contestavam imagens matizadas tanto pela memória oficial, na qual a cidade aparece como harmônica, desprovida de problemas sociais e contradições; como desconstruía também imagens produzidas através dos noticiários policialescos e sensacionalistas, na qual a periferia aparecia apenas como lugar de sofrimento, tristeza, violência e decepção. Assim, o hip hop parecia ajudar a perceber as relações sociais estabelecidas nesse meio, seja através das formas narrativas presentes na maneira de cantar, como através da arte, dança e outros materiais produzidos por esse movimento, e na qual a cidade passa a ser percebida também como lugar na qual as experiências sociais são produzidas e vividas.

(Danilo George Ribeiro é estudante de História em Marechal Cândido Rondon.
Esse trabalho é a apresentação de seu TCC que mostra as várias faces da
cidade de Foz do Iguaçu).

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