terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Poesias e Pensamentos

O Engenheiro

O lápis, o esquadro, o papel;
O desenho, o projeto, o número:
O engenheiro pensa o mundo justo,
Mundo que nenhum véu encobre

(João Cabral de Melo Neto)

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SÁBADO DE ALELUIA

Hoje é sábado de aleluia
Seus olhos trazem o brilho da vida
O sol ilumina meu corpo
Nesta corrida

E o vento
Traz-me a esperança
O que sinto neste momento
Consciência de uma criança

A terra de hoje
O senhor deu ao filho do homem
Na paz com bélicos amores
Sem guerras com grandes louvores
Capacitou grandes índoles
Pra tantos terrores

E pelas areias quentes pisou
Chicotadas em seu corpo foram dadas
A cruz carregou
Em uma cena já esperada

Peregrinou nas areias quentes
Com a palavra do Senhor
Para hoje e para sempre
Nós temos compaixões
No corpo, na alma
E em nossos corações
E por um dia tão glorioso
Dou minhas saudações

(Edson de Carvalho, Foz).

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Medo

bombas atômicas
chovem todos os dias
sobre um povoado chamado Brasil
derrubando todos
que ousam se levantar
sem respostas nem força
o batalhão se dissolve
e recolhe seu ódio
sem perceber que a bomba
é composta de placebo

(Carol, Foz)

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Quem sabe?

Quem sabe eu não sou
Só um sonho de um bêbado qualquer
Que em seus lamentos apaixonados
Me dissipaste da tua boca embriagada

Me vomitou junto com
rosas vermelhas sangue...
talvez seu estômago?
Me lacrimejou junto com as lembranças
da rapariga perdida

Quem sabe não me gritou na rua?
Não me jogou na sarjeta
junto com a garrafa vazia?

Sou uma triste lembrança
Sou um suspiro
um sussurro

Sou só uma menina apaixonada...

(Mysk, Foz)

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“Metamos o martelo nas teorias,
nas poéticas e nos sistemas.
Abaixo este velho reboco
que mascara a fachada da arte!”

(Victor Hugo)

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PETULÂNCIA DAS PÉTALAS

Mas que petulância das pétalas em dizer
Que não é poema esse poente
Permanente das pétalas dentro da gente

Mas que petulância dos poentes em pensar
Que não são rosas as horas
Que te escrevi em silêncio de demoras

Mas que petulância das pétalas em dizer
Que não rosas as horas
De morangos romãs amoras onde me moras

Mas que petulância dos poetas em dizer
Que não é poema esse poente
Permanente das pétalas dentro da gente

Mas que petulância dos poentes em pensar
Que não são pétalas mas diferentes
Pressas demoradas de vinho as tuas rosas quentes.

(Fernando Koproski, Curitiba).

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Demônios

A língua vil, ignívoma, purpúrea
Dos pecados mortais bava e braveja,
Com os seres impoluídos mercadeja,
Mordendo os fundo injúria por injúria.

É um grito infernal de atroz luxúria,
Dor de danados, dor do Caos que almeja
A toda alma serena que viceja,
Só fúria, fúria, fúria, fúria, fúria!

São pecados mortais feitos hirsutos
Demônios maus que os venenosos frutos
Morderam com volúpia de quem ama...

Vermes da Inveja, a lesma verde e oleosa,
Anões da Dor torcida e cancerona,
Abortos de almas a sangrar na lama!

(Andrade Murici)

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COSTURANDO

Beije, a minha boca
de veludo vermelho...
Afague, meus cabelos
negros de cetim
Toca, a minha pele
macia de seda acobreada...
Costure-se em mim
E eu em você.

(Mysk, Foz)

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Contradição

Falta comida
Sobram restos
Falta água
Sobra desperdício.

(Carol, Foz)

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Encontrado no rastro do vento

Uma estória de amor comum
com figos e amendoeiras e sangue, que acabou antes de acontecer:
Ah! Se eu pudesse sonhar e ver
tudo aquilo que aos meus postos
pudesse seguir: punhos cerrados,
Oh! minha morena,
Deusa momentânea
vitória plena, pelas montanhas
Só pra voltar e ver, seus olhos
de mistério e destino, sob o sol
de dezembro, derradeiro:
A paixão que sonhei
com o verão se foi
o tempo
o modo

(Lisardo)

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