domingo, 2 de agosto de 2009

POESIAS E PENSAMENTOS

De todas as mortes que carrego,
marcadas em minha alma feito cicatrizes,
de todos os crimes da ditadura
um me dói de forma especial.

Não é a multidão de mortos
com seus corpos dilacerados.
Não são os ossos perdidos
que buscam por seus nomes.
Não é o tiro
o choque
o murro.

É o poema que não foi feito,
a música inacabada,
aquela melodia presa na mente
soterrada pelo medo.
Os dedos inúteis longe das cordas,
o acorde que nunca foi desperto,
os olhos secos das lágrimas justas,
a voz calada.

Que requinte mais perverso de crueldade:
matar alguém e deixar seu corpo vivo
como testemunha da morte inacabada.

(Mauro Iasi)

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MENINA LINDA

Não foi amor a primeira vista porque já te conhecia
Rosto de revista das capas que não conhecia
Das transas que embalam o puro desejo
Do corpo da mente da pinta do beijo
Passado, presente e recomeço
Meu gesto humildade e resistência
Tua pose, seu cheiro, minha sobrevivência
Dou a face não espero e faço
Equando precisar conte com meus braços fortes.

(Santiago, Foz).

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Para alguns

São tantas lágrimas derramadas
Pelas terras desejadas
A consideração foi a decepção
E a palavra não vale nada

Um meio de interesse
Ideologia é solidária
Estou doente hoje
Pois, amanhã sara

Ascensão de degraus
Vida muita louca
Angústia na boca

Coração ferido
Atual e pequeno doente
Dor no presente sente

(Edson de Carvalho, Foz)

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INTIMIDADE

Sonhamos juntos
Juntos despertamos
O tempo faz ou desfaz
Enquanto isso
Quero que me relates
A pena que te calas

De minha parte te ofereço
Minha última confiança
Estás sós
Estou só
Mas às vezes
Pode a solidão
Ser uma chama.

(Mario Benedetti).

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ACARI-SUPRAEMERGENTE
(ou entregando a favela a cidade)


Quem sabe na próxima enchente
a favela submerge no Rio Acari
duma vez... só de vez

E emerge na Avenida Sernambetiba
frente a barraca do Pepê...
Vái daí que para o gáldio dos emergentes...

dá até pra acreditar que só assim
nós da favela sejamos entregados

saco na cabeça e algemas nos pulsos
favelabairranamente á cidade...

Zé Gabiolé: ói nós da favela
supraemergentes da Barra.

(Deley de Acari)

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Desejo

Desejo aquilo que não vejo
aquilo que nunca comi
que gosto tem?... É bom?
E por que?
Me atrai quem não conheço
então esqueço
ou não?
Devo seguir adiante
ir ate o fim, se molhar
e viver...

(Mysk, Foz)

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Comportamento Geral

Você deve aprender a baixar a cabeça,
E dizer sempre muito obrigado.
São palavras que ainda te deixam dizer,
Por ser homem bem disciplinado.
Deve, pois, só fazer pelo bem da nação
Tudo aquilo que for ordenado.
Pra ganhar um fuscão no juízo final,
E diploma de bem comportado,
Você merece, você merece.
Tudo vai bem, tudo legal.
Cerveja, samba e amanhã, Seu Zé,
Se acabarem com teu carnaval?

(Gonzaguinha)

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ESTÁDIO CHILE

Ah, canto,
Que mal me sai
Quando tenho que cantar espanto.
Espanto como o que vivo
Como que morro, espanto.

De ver-me entre tantos e tantos
Momentos de infinito
Em que o silencio e o grito
São as metas desse canto.

O que vejo nunca vi,
O que senti e o que sinto
Fará brotar o momento...

(Victor Jara).

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Não confie nas sombras após escurecer
Então meu amigo,
eu desejo que você possa ver.
Como um pássaro numa árvore
Os prisioneiros devem ser libertos.

(Bob Marley)

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