domingo, 5 de julho de 2009

GERAÇÃO “LOOK AT ME” (Por: Antonio Ozaí da Silva).



Tenho Orkut, MSN, vários blogs, grupos e participo de redes sociais: Café História, Plaxo, Unyk e Multiply. Mantenho vários emails e, claro, conta no YouTube, álbuns de fotos no Picasa e rádio na LastFM. Embora esteja próximo ao cinqüentenário, sou da geração Look at me (Olhe para mim). A geração Look at me está exposta full time na Web. Ela faz questão de se mostrar. De certa forma, vivemos a época do Big Brother World. Basta conectar-se e todos nos vêem e podemos vê-los. A revolução tecnológica, que inclui celulares e câmeras digitais, possibilita uma verdadeira devassa. Não faz muito tempo, ver fotos era uma atividade restrita à família e aos amigos mais próximos. Outro dia, fui à casa de uma família que não tem acesso à Internet. Após certo tempo, me trouxeram um monte de fotos para ver. Enquanto me mostravam as fotos, falavam sobre os contextos em que foram tiradas, quem eram as pessoas fotografadas, etc. Ela não tem câmara digital, mas já pensa em comprar. Hoje, basta ter uma câmera digital e registramos as festas familiares, confraternizações, encontros com os amigos, as férias na praia, etc. Depois, quase que instantaneamente, as fotos são disponibilizadas nos fotoblogs, Picasa e, claro, no Orkut. Talvez vivamos a época de maior exposição e risco à privacidade. As imagens são acompanhadas de palavras. A geração Look at me expõe sentimentos, declarações apaixonadas, comentários sobre as amizades, etc. Exibem o que deveria se restringir à intimidade das relações. Alguns aplicativos, como o BuddyPoke, representam situações íntimas e até mesmo ridículas. Namora-se pelo MSN, Orkut, etc. Tudo se torna público! Até é possível informar como está o estado psicológico e o que você está fazendo no momento. E somos estimulados a informar sobre estas coisas. Tudo com muito amor e bom-humor! Os sites de relacionamento permitem configurar e controlar quem tem acesso aos dados, fotos, vídeos, etc. Mas a geração look at me nem sempre tem a preocupação com a preservação da privacidade. O fundamental é aparecer, se mostrar. Nem sempre há o cuidado com o que se escreve e o que se deixa visível. Se antes expúnhamos nossas confidências e cotidiano apenas aos amigos mais próximos, agora temos dezenas e centenas de amigos virtuais. Muitas amizades e exposição, pouca intimidade. Não obstante, tecnologia potencializa as possibilidades de comunicação. Na Internet descobrimos pessoas que há muito não víamos e somos descobertos. Tem-se, então, a chance de resgatar amizades e relacionamentos que se perderam com o tempo. Por outro lado, essas redes de relacionamento também possibilitam o fortalecimento dos laços virtuais, amizades que podem até mesmo se tornarem reais. As redes de relacionamento virtuais, como o Orkut, transformam até mesmo a prática docente. Pedagogicamente, é importante que o professor conheça seus alunos e estes se deixam conhecer. Por sua vez, também nos expomos ao olhar perspicaz deles. Essa comunicação, ainda que virtual, contribui para fortalecer os vínculos necessários ao processo de ensino-aprendizagem. Outros recursos, como os grupos de discussão e o simples uso do email, também favorecem a relação pedagógica professor-aluno. Por outro lado, estes recursos nos permitem divulgar nosso trabalho, opiniões, produção acadêmica, etc. São estes objetivos que me levam a aderir, embora de maneira crítica, à geração look at me. É por isso que mantenho os sites, além dos blogs e grupos. Tudo isso me dá muito trabalho, mas é parte da minha práxis docente. E gosto e tenho prazer com o que faço. Ainda bem que inventaram a Web!

Fonte: www.antonio-ozai.blogspot.com

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