domingo, 5 de julho de 2009

A INVASÃO CULTURAL NORTE-AMERICANA



Será que os diferentes povos que compõe essa aldeia global conseguirão manter, daqui para frente, a riqueza contida em suas diversidades culturais? Ou será que o atual processo de mundialização da cultura norte-americana deixará todos eles com a mesma cara dos USA? O que acontecerá com a cultura brasileira, se até agora ainda estamos construindo nossa própria identidade cultural? Para responder a essas perguntas, a autora Júlia Falivene Alves transforma seu livro, A Invasão Cultural Norte-Americana (Editora Moderna, 2004), em um verdadeiro manifesto antropofágico [cultura comendo cultura], sem ufanismos e com alto teor crítico multifacetado. A autora percorre as variáveis que compõe a cultura brasileira, denunciando as conseqüências da invasão cultural norte-americana no Brasil. O mais grave nesse manifesto é a característica subliminar da invasão. Como se fosse um vírus, infiltrado dentro de nossas mentes. São invasores invisíveis, confundem-se com nossos valores, nossas crenças e nosso estilo de vida. Os invasores estão em nosso tênis (Nike), em nosso som (Punk Rock), são nossos ídolos (Nirvana), estão nos filmes (Star Wars), na nossa comida (McDonald's), na nossa bebida (Coca-Cola), nos nossos apelidos (baby), nos desenhos animados (Scooby-Doo), nos nossos sonhos (Hawaí), enfim. Indubitavelmente somos hospedeiros culturais made in USA.

O livro A Invasão Cultural Norte-Americana, percorre a história buscando a origem da doença. A autora mostra que desde o início de nossa industrialização, somos mantidos por capital estrangeiro, principalmente americano. O imperialismo americano mostra-se na desigualdade do intercâmbio econômico, na qual o Brasil é mero fornecedor de matérias-primas e alimentos e importador de manufaturados, tecnologia e capitais dos Estados Unidos.

Os USA tem o poder de influir sobre os assuntos de interesse público no Brasil, opondo-se e interferindo nas tentativas de emancipação que porventura possam ocorrer, usando para isso tanto pressões diplomáticas, sanções econômicas e campanhas publicitárias, como ainda operações secretas e intervenções militares. Segundo a autora, "durante a ditadura militar, a TV brasileira se transformaria em anestésico e analgésico socioculturais. Em decorrência, surgiam ante nosso olhos 'dois Brasis': um que a gente de fato vivia, e outro, que a gente apenas 'televia'.
Entender como programas e anúncios publicitários televisivos nos manipularam naquele período é meio caminho para nos livrarmos de possíveis manipulações nos dias de hoje". A autora cita como exemplo a Rede Globo. A emissora foi criada a partir do capital americano através de um consórcio de US$ 5 milhões com o grupo Time-Life. Inclusive nessa época foi aberta uma CPI para averiguar esse misterioso contrato. A CPI concluiu que o acordo infringia preceitos constitucionais, que proibiam a participação de estrangeiros na orientação intelectual e administrativa da TV brasileira. No governo militar de Costa e Silva (1967-1969), o caso foi arquivado.

Gilberto Gil, em seu discurso de posse como ministro do governo Lula, disse: "A multiplicidade cultural brasileira é um fato. Paradoxalmente, a nossa unidade de cultura – unidade básica, abrangente e profunda – também. Em verdade, podemos mesmo dizer que a diversidade interna é, hoje, um dos nossos traços identitários mais nítidos. É o que faz com que um habitante da favela carioca, vinculado ao samba e à macumba, e um caboclo amazônico, cultivando carimbós e encantados sintam-se – e, de fato, sejam – igualmente brasileiros. Como bem disse Agostinho da Silva, o Brasil não é o país do isto ou aquilo, mas o país do isto e aquilo. Somos um povo mestiço que vem criando, ao longo dos séculos, uma cultura essencialmente sincrética. Uma cultura diversificada, plural – mas que é como um verbo conjugado por essas pessoas diversas, em tempos e modos distintos.

Porque, ao mesmo tempo, essa cultura é una: cultura tropical sincrética tecida ao abrigo e à luz da língua portuguesa". Viva a cultura brasileira! Viva a produção nacional! Viva o novo! Viva o inédito! O livro A Invasão Cultural Norte-Americana é fruto de um estudo amparado por números e fatos que comprovam o colonialismo cultural que o Brasil se submete aos Estados Unidos. É um livro, é um manifesto, é uma luz que se acende nesse mar de penumbra cultural.

Fonte: www.granjadosolar.blogspot.com

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