sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Para os Gigantes a Sociedade Civil Organizada (Por: Carol)


Bancada do Paraná participando da Conferência.

E foi assim que entre os dias 14 e 18 de Dezembro do falecido ano de 2009 que aconteceu em Brasília a etapa nacional da CONFECOM – Conferencia de Comunicação. O evento foi palco para discursos polidos dos nossos representantes com a participação entusiasmada da sociedade civil que mostrou que não estava ali para jogar bola e depois comer pizza. A abertura contou com participações importantes como o vaiado ministro Hélio Costa que teve que engolir a seco a insatisfação demonstrada pelos participantes que representavam entidades e movimentos sociais. Ainda esteve presente o Sr. Saad que teve um discurso neoliberal que foi interrompido por um grito de guerra que dizia “O povo não é bobo! Abaixo a rede Globo!”. E para finalizar os desastres ainda tivemos uma brilhante leitura do Sr. Presidente Luís Inácio Lula da Silva que enaltecia a luta pela organização da Conferencia mas se fez de despercebido quando questionado sobre as rádios comunitárias.
A briga entre crachás azuis (empresários), vermelhos (sociedade civil) e verdes (poder público) teve inicio na tarde seguinte quando os participantes foram divididos em GT´s (Grupo de Trabalho) para discutir e deliberar quais propostas seriam encaminhadas para a plenária final. As discussões dos GT´s ocorrerão em torno de três eixos temáticos “Produção de Conteúdo”, “Meios de distribuição” e “Cidadania: Direitos e Deveres”. Com um discurso conservador e autoritário os empresários estavam certos de que sairiam dali com muitas vitórias já que pagaram hora extra para que vários funcionários participassem da atividade e votassem no que favoreceria os grandes latifundiários da comunicação.



Questões como o controle público e social sobre os meios de comunicação, a abertura para a pluralidade de produção de empresas e entidades para ampliar e diversificar o mercado, a discussões sobre rádios e tevês comunitárias e a criminalização desses meios recheou o momento de luta.

Por Trás do Palco

Depois das vaias que o ministro Hélio Costa recebeu, algumas coisas ficaram mais visíveis ali. Enquanto nosso presidente lia um discurso sobre a importância da liberdade de expressão, e alguns militantes da ala esquerda da plenária pediam algumas explicações aos gritos, um senhor que estava filmando levantou-se para continuar a filmar. Foi quando o segurança aproximou-se e ordenou em tom mais que áspero que ele desligasse a filmadora.... Que liberdade em Mr. President!


Pessaol de Minas da radio comunitária Radio Favela


E o Hip-Hop?

Tive a oportunidade de conhecer militantes do movimento Hip-Hop de algumas partes do Brasil. E quem acha que maloquero só usa a cabeça pra segurar o boné se deu mal.
O movimento hip-hop esteve bem representado com os manos DJ Branco (Estação Hip-Hop), Mano Paulo e Mina Fernanda de Salvador, Rogério Beiçudo e Nelson de Belo Horizonte, Mano Marcos de Aracajú, Alex Street do GNA (Grupo Nacional Armado) da grande São Paulo e não posso esquecer da participação do GOG.
Entre os intervalos os militantes

conseguiram se organizar de forma a trocar endereços eletrônicos para que se possa estabelecer uma conexão entre os manos e as minas do país.
O mano Rogério da rádio Fala favela falou um pouco sobre a questão da inserção da mulher no movimento hip-hop e a divida que o homem possui com elas. “Machista? Não, não podemos ser! Não podemos excluir a mulher, não podemos deixar que ela se cale. O homem já explorou demais, não só o corpo, agente tem uma dívida histórica com as mulheres e temos que dar um jeito de pagar”.
E quando questionados sobre a CUFA, a má impressão é meio que geral. Em uma conversa o Mano Alex Street afirmou que “começou com uma meta, começou a dar certo mas acabou se tornando mais um manipuladinho da vida”. Com uma visão otimista sobre a participação dos locos nas decisões Alex ainda fala “a periferia ta se organizando, os manos tão invadindo, mas de pouco em pouco agente ta descobrindo que o poder não está só em letra tá no pensamento também, essa porra é nossa e agente tem que estar aqui” e ainda manda um salve pros maloqueros da tríplice fronteira:
“Aê Foz, manda na voz, cê ta ligado que é nóis o pesadelo do sistema o terror de vários algoz, mano nunca duvide, diretamente de São Paulo Alex Street, rimador maloquero sofredor lá em S.P. corintiano um beijo pras minas um abraço pros meus manos, aê Foz é nóis que ta falô!”

Nesse clima de protesto e de luta tivemos mais uma etapa vencida. Mais uma de muitas outras que ainda estão por vir.

Carol é estudante de letras em Foz e faz parte do grupo Teatral Arte em Si e do Coletivo de Hip-Hop Cartel do Rap)

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