sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

UM GRAFITE



Liberdade

Não ficarei tão só no campo da arte,
E, ânimo firme, sobranceiro e forte,
Tudo farei por ti para exaltar-te,
Serenamente, alheio à própria sorte.

Para que eu possa um dia contemplar-te
Dominadora, em férvido transporte,
Direi que és bela e pura em toda parte,
Por maior risco em que essa audácia importe.

Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
Que não exista força humana alguma
Que esta paixão embriagadora dome.

E que por ti, se torturado for,
Possa feliz indiferente à dor,
Morrer sorrindo a murmurar teu nome.

(Marighella, São Paulo, Presídio Especial, 1939).

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