terça-feira, 11 de novembro de 2008

FIM DE NOITE (Por Carol)

A vi de perto. Seus olhos verdes cruzaram os meus e me sentenciaram. Essa visão por trás da janela me vinha mais real que antes. Agora percebo que foi mais que uma visão, foi um presságio. Eu estava sentada dentro do ônibus, quando de repente, ela do lado de fora, me fitou com seu olhar ameaçador e me sorriu. Acho que nunca vou esquecer esse riso, uma perfeita mistura de cinismo e maldade num tom de calma. Fiquei com medo. Tentei fugir, sair correndo, mas o ônibus não parou. Puxei a campainha e ele não parou. E ela ali...
Seu manto negro. Seu cajado. Sua tez branca. Seus olhos verdes me seguiram... E nestes mesmos olhos eu me via...

Me lembrei que recentemente sonhei que Deus e Diabo me disputavam como se eu fosse um Rei no tabuleiro. E agora isso... Uma visão, um chamado para atuar em outros planos astrais. Sempre sonhei com um minuto de paz, sem apanhar, sem ser disputada, sem ser mais um ser humano recheado de defeitos. Não consigo mais me concentrar... Tem alguém gritando meu nome... Eu pedi pra ele não fazer isso... Eu ia resolver as coisas... Mãe? E avó? Eu amo você...

De repente tudo pára. O ar muda, os prédios desaparecem depois as casas, depois as pessoas, depois as vozes, depois tudo... Restaram o silêncio e eu...
Eu e o fim da linha...
Na verdade eu sabia que aquela visão era mais que uma visão, era um presságio. Lembrei da adaptação do Marcos Prado no cd do Ultralyrics: “o sangue na rua já está pela cintura... as mulheres choram rios rubros de lágrimas...”

(Carol é estudante de letras em Foz)

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