terça-feira, 11 de novembro de 2008

POESIAS E PENSAMENTOS

Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida.

(Carlos Drummond de Andrade)


Incompleto

No show
O silêncio
Na multidão
O vazio
No escuro
O quarto
No pensamento
Você

(Carol, Foz)

Tempos

Antes te amava
Agora te gosto

Antes te desejava
Agora te quero

Antes te beijava
Agora te espero.

(Carol, Foz)





Reflexos

Caminho descalça
Isenta de tempo
Despida de espaço
Só caminho e caminho
Inativa...
O chão é aspero, mas firme
A cabeça está leve e solta
Caminho descalça
Isenta de tempo

Sublime é o dia
Sublime é a estaçao
As folhas caem
E com elas as duvidas

Eu caminho tranquila
Saio do tempo rumo ao espaço
E faço assim delicada
Meu destino impreciso.


(Mysk, Foz)


Tenho tanto sentimento
Que é freqüente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço ao medir-me,
Que tudo isto é pensamento,
Que não senti afinal.
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

(Fernando Pessoa).



FARRAPOS (Gente Feliz)

O homem sorrindo
Sobe no morro
Acena pra foto
Pega no feto
Pede o voto.
Desce de costas
Esquece o fato
Foge da bosta.
Chuta o saco
Cospe no prato
Xinga o feio
Bate no fraco
Que bate na bola
Bebe cachaça
Samba na festa
Trepa na ripa
Enseba no trapo
Que cobre as tripas
De quem dorme em barraco.
Triste fiapo,
Canta contente
No fundo do prato
A fome da gente.

(Sergio Vaz).


PREFEITURA SEM PREFEITO

Nessa vida atroz e dura
Tudo pode acontecer,
Muito breve há de se ver
Prefeito sem prefeitura;
Vejo que alguém me censura
E não fico satisfeito
Porém, eu ando sem jeito,
Sem esperança e sem fé,
Por ver no meu Assaré
Prefeitura sem prefeito.

Por não ter literatura
Nunca pude discernir
Se poderá existir
Prefeito sem prefeitura.
Porém, mesmo sem leitura,
Sem nenhum curso ter feito,
Eu conheço do direito
E sem lição de ninguém
Descobri onde é que tem
Prefeitura sem prefeito.

Ainda que alguém me diga
Que viu um mudo falando
E um elefante dançando
No lombo de uma formiga,
Não me causará intriga,
Escutarei com respeito,
Não mentiu esse sujeito.
Muito mais barbaridade
É haver numa cidade
Prefeitura sem prefeito.

Não vou teimar com quem diz
Que viu ferro dar azeite,
Um avestruz dando leite
E pedra criar raiz,
Ema apanhar de perdiz
E um rio fora do leito,
Um aleijão sem defeito
E um morto declarar guerra,
Porque vejo em minha terra
Prefeitura sem prefeito.

(Patativa do Assaré).


ANJO
Deitado aqui vejo você
De pé translúcida sob a lua
Tua pele nua
Pálida e corada...
Seu rosto escondido
Pelo negro cabelo
E pela timidez aparente
Vem assim devagar
Vem pra mim meu anjo
Pureza e luxuria
Em mais uma noite outonal

(Mysk, Foz do Iguaçu)



UM AMIGO

Lati por que acorrentado não gosto
Farejei os teus passos
Vi você chegar do trabalho
Da escola
E dos ensaios

E aquele pingo de ouro foi você quem cultivou
Vi você regar à tarde
E toda manhã
Me deu alimento e abrigo
Me tirou do perigo
E agora cuido de sua casa e de seu quintal
O mesmo carinho e amor tenho por ti
Por isso que lati

Deitado de seu lado fiquei
Desde pequeno contigo brinquei
Fui buscar gravetos que por ti foram arremessados
Na sua casa
No mesmo gramado
Você se lembra daqueles animais que foram caçados
Dos carrapichos que em meu pelo foram grudados
E por ti é que foram arrancados
Estalas os dedos
Que também tenho sentimentos

(Edson de Carvalho, Foz)

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