segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

EPITÁFIO, A MORTE DE UM SONHO (Por: Danilo George)

Terça-feira, 2 de dezembro de 2009. Calor insuportável 39 graus. Após um dia entediante deitei na sala do meu apartamento; sem perceber comecei a cochilar. Num processo de transtorno mental acordei perturbado; refleti e pensei. Porra! meus personagens das crônicas, todos passaram um perrengue tremendo: prisão, exílio, perseguição policial, deficiência física, preconceito, doença, dificuldades financeiras. Não tiveram uma vida fácil e não prosperam uma melhora na atual conjuntura. Mas, os 9 personagens no qual pude conhecer suas histórias e tiveram aqui seus relatos, todos tiveram algo em comum: a vontade de mudar algo.

Alguns anarquistas, comunistas, militantes ou ativistas ou simplesmente humanistas, seres que se sensibilizaram para transformar; pessoas comuns que não tiveram fama, brilho e muitos não gozaram de uma vida digna. A intenção em escrever essas histórias era para alertar, pra tentar causar alguma discussão e valorizar seres humanos que ousaram fazer algo diferente, que não se conformaram com a fé e a poltrona da televisão. Em sua maioria só clamaram por seus direitos.

E receberam porradas, xingamentos, perseguição, alguns estão doentes, decadentes, esquecidos, abandonados em sua maioria. Outros seguem a vida sonhando com algo novo.

O padecimento dos meus personagens reflete a juventude de hoje. Estamos fodidos! O pior é que nossas crianças não querem mais lutar ou transformar algo por que vêem que os que lutam por um mundo melhor estão sempre arrasados. Não é para menos, pois o capitalismo se esforça bravamente para desumanizar tudo e perverter valores; o valor mercadológico está presente em todas nossas relações. Então como propor um mundo mais humano?

A vida nossa de todos os dias é a síntese da relação contraditória da nossa existência infame, aquela vida que quando chega no domingo a noite bate aquela tristeza: “ah! amanhã começa tudo de novo”. Ora se o capitalismo é bom, então por que sentimos isso? Por que lamentamos o começo de mais uma semana? Meus textos podem estar carregados de um pessimismo que predomina em minha mente, mas me comparo ao pintor surrealista Goya, que pintava quadros de horrores da sociedade do século XVII e XVIII. Mas acreditará ansiosamente na chegada de um novo dia em que só pintaria quadros de amor.

Bom, para Goya esses dias não vieram, veio sim a revolução burguesa e a sociedade se barbarizou ainda mais, mas para mim e para essa juventude tomara que tenhamos novos dias, e que o novo não seja assim tão velho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não achei com cara de um epitáfio de morte.