O POETA DA ROÇA (Patativa do Assaré)
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mio.
Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.
Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.
Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça,
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
Só canto o buliço da vida apertada,
Da liga pesada, das roça e dos eito
E às vêz, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sôdade que mora em meu peito.
Eu canto o cabôco com suas caçada,
Na noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.
Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o toro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão,
ULMUS MINAR
A folha, outra folha.
Onde a tua mão repousava,
O som de uma guitarra morre,
Esfacela-se na tarde sem remédio.
O jardineiro deixou mesmo de aparecer,
E não sei muito bem como medir-lhe
A ausência, o pequeno maço de Kentucky
Que escondia no bolso da farda,
Junto ao gasto coração.
Quem morre (e morre sempre
alguém em versos meus)
Faz de mim o espelho da sua derrota.
Mas nada posso dizer:
As folhas acumulam-se, nenhum jornal
Registrará o óbito do jardineiro,
Que sereia o terá levado,
Esse tipo de minúcias.
(Manuel de Freitas).
O grito
Eu quero
O grito mais alto
O tapa mais forte
O pulsar mais profundo
Insano
O soco na mesa
O sangue nos olhos
Saber o que quer
Lutar pelo que quer
Nada pode, ninguém contra ti
Nem você mesmo
Quebre o espelho que impede
Que de passos mais largos
Teu maior inimigo tem sua cara
A tua cabeça, teus olhos oscilantes
Não pode contra ti
Ninguém pode... ninguém!!!
(Mysk, Foz).
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
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