sexta-feira, 9 de outubro de 2009

SOBRE CULTURAS E PERIFERIAS (Por Lizal)

Participei de um Seminário sobre Cultura Digital, na Fundação Cultural de Foz, no dia 28 de agosto. Entre as autoridades convidadas para dar a palavra estava o presidente da Fundação, Rogério Bonato. Estavam presentes representantes do Pontão de Cultura Kuai Tema, Projeto Ganesha, Coletivo Soylocoporti, Quixote Art e Eventos e TV Ovo. Rogério Bonato fechou sua fala dizendo “Em Foz não tem periferia. Não podemos falar que moramos na periferia de Foz, mas que moramos em Foz e pronto”. É uma afirmação um tanto “audaciosa”, vindo do presidente da Fundação Cultural que deveria reconhecer não só que a nossa cidade tem dezenas de bairros periféricos, mas também que ali se produz cultura e precisa de atenção. O que ele pretendia dizendo isso para os companheiros de Curitiba, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que vieram para ministrar as oficinas do evento? Posso ta ficando maluco, mas eu acredito que isso foi uma provocação por ter vários militantes do Movimento Hip-Hop de Foz presentes.

O Hip-Hop sempre levantou a bandeira da periferia e sempre criticou o desgoverno do Estado e a falta de incentivo por parte da Fundação Cultural para as culturas praticadas por moradores de periferias e favelas.

É claro que morar na periferia não quer dizer que é morar na favela. Somente um muro separa a Vila B da Favela do Jupira, pertinho da Favela do Jd. Paraná está localizado o condomínio fechado Porto Seguro, perto da Favela do Queijo estão acabando de construir um condomínio de luxo. Se estivermos no centro da cidade e caminharmos uns 5 minutos, chegamos na Favela do Monsenhor Guilherme. Em Foz desconstrói-se essa idéia da localização geográfica e nem sempre morar na periferia significa que esteja às margens da sociedade. Podemos usar os termos 'centro' e 'periferia' do capital. Quem vive no condomínio Porto Seguro ou na Vila B, vive na periferia (localização geográfica), mas vive no centro do capital (é quem vive no luxo, quem tem acesso ao conforto).

Foz é uma cidade segregacionista, enquanto trata muito bem os turistas deixa a maioria do seu povo abandonado. Com essa cultura de hospitalidade ao visitante aconteceu uma parada estranha, o centro da cidade à noite se assemelha a um cemitério. Os bares como o Capitão Bar, as casas de show como Agencia Tass, os restaurantes acabam ficando inacessíveis para a grande maioria da população iguaçuense. Isso criou uma efervescência nas periferias, basta você subir pela Av. República Argentina durante à noite pra perceber como estão lotados os bares, as pizzarias, as casas de show, a praça, a rua. Isso também ocorre na Av. Morenitas (Região do Porto Meira), Av. Silvio Américo Sasdelli (Região da Vila A), em Três Lagoas, no Morumbi, na Vila C e diversos outros bairros. Enquanto a prefeitura cria uma cartilha com os dez mandamentos de como receber bem o turista, afasta cada vez mais o contato do visitante com a população local.

Outra fala desastrosa de Rogério Bonato foi na Audiência Pública de Cultura onde ele afirmou que Foz do Iguaçu nunca investiu tanto em cultura como nessa administração.

Engraçado que eu não vi nada desse investimento.

Deve ser porque eu moro na periferia.

Um comentário:

Anônimo disse...

é isso mesmo se pedirmos algo pra fundação cultural é capaz deles chamar a policia pra nós não fazermos os eventos da cultura hip hop,onde esta esse dinheiro investido na cultura, pergunta pra quem faz parte não só da cultura hip hop mas pras variadas culturas que se encontran pelas varias camadas de foz onde esta indo esse investimento