sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Movimento Hip-Hop No Processo Político

Estamos vivendo um momento importante do ponto de vista político, histórico e econômico no Brasil. Nós somos frutos do nosso meio, como também espelho da nossa realidade. Quando falamos dessa importância nos referimos e consideramos as várias lutas travadas por jovens contra regimes de totalitarismo estabelecidos no mundo. Essa visão é importantíssima para que possamos ter uma compreensão menos simplista do quadro político atual, como também o quanto a política representa e influencia o nosso meio social. Para fazermos uma análise da conjuntura política em que vivemos, não podemos deixar de considerar a importância histórica e política dos mártires, pessoas vitimadas pela violência brutal impetrada no governo da ditadura militar no Brasil. O Movimento Estudantil foi fundamental no processo de reestabelecimento da democratização, que foi amordaçada e engessada pelo regime político militar vigente na década de 60, 70, 80, que não só negava o direito de ir e vir como tirava o direito a liberdade, de expressão e do livre pensamento.

Esse momento pesado da nossa história provou que a luta política é necessária e fundamental para qualquer nação soberana, que apesar das duras penas como torturas, assassinatos e exílio de muitos militantes jovens, que deram uma contribuição significativa no campo das ações e das idéias, possibilitaram uma visão socialista na construção de uma nova república democrática e progressiva.
Porém ressaltamos que as lutas devem ser permanentes para garantirmos as conquistas, e vigiarmos as já conquistadas, tendo em consideração as lutas que ainda temos pela frente. Nós sabemos que não só o Movimento Estudantil sofreu com a Ditadura Militar durante esse período, mas também os Negros e pobres das periferias, favelas e cortiços do Brasil. Como exemplo citamos o Movimento Black Power (ou Poder Negro), vanguarda do Movimento Hip-Hop, que foram perseguidos e fuzilados nos becos escuros das trincheiras urbanas pela polícia militar.

Algumas coisas mudaram de lá pra cá, menos as torturas e assassinatos, que até hoje vitimam jovens de periferia e das favelas do Brasil, sendo que muitos deles representam essa realidade no Movimento Hip-Hop. Só que diariamente o sangue dessa juventude mancha as páginas dos jornais, deixando como único registro histórico matérias nazistas do tipo “mais um bandido que resistiu à prisão e foi alvejado com 5 tiros na cabeça pelo Comando da Polícia Militar”. Esse é o nosso maior desafio, desmascarar e acabar com essa realidade, porque acreditamos que esse genocídio contínuo está relacionado com a falta do reconhecimento do Hip-Hop como um Movimento Sociocultural legítimo, e pelo fato de que sempre tivemos afastados dos debates para as construções políticas do Brasil, resultando nas dificuldades de manter uma força maior de representatividade política.

Gostaria de ressaltar que a ignorância política dos jovens do Movimento Hip-Hop é fruto das estratégias e ações minuciosamente elaboradas pelos órgãos de controle e repressão do estado brasileiro que existem desde a ditadura militar, patrocinado pelo setor conservador da sociedade que é a burguesia, para domesticar e alienar o povo brasileiro. Os meios de comunicação como Globo,Sbt, Record, MTV e rádiosAM e FM, ou seja, 90% dos meios de comunicação, estão nas mãos das mesmas 10 Famílias de Playboy, que são as mesmas que roubaram as terras dos Índios, e escravizaram os Negros há gerações atrás.

Precisamos recuperar o nosso prejuízo histórico, não só montando grupos de rap, break, graffite e dj's, mas politizando e criando novos militantes com total domínio de causa, promovendo a verdadeira visão crítica e protesto consciente, libertando a mente do domínio capitalista e consumista, como também rompendo com essas mídias conservadoras, racistas e hipócritas. Termos a plena convicção e clareza que “amigos da Globo, são nossos inimigos”, e que os Playboys nunca serão nossos aliados simplesmente porque tem as grandes gravadoras em poder, afinal isso nunca foi ideologia do Movimento Hip-Hop. Se alguém quiser fazer você acreditar nisso, reflita sobre a história do Movimento Hip-Hop e sua missão com a transformação social, a reivindicação, o protesto e o compromisso com a juventude, e não apenas com o lazer ou com ganhar dinheiro. A Nação Hip-Hop Brasil tomou um desafio e listou 69 nomes de pré-candidatos a vereador para as Câmaras Municipais das principais cidades do Brasil, para mostrar para a sociedade a nossa capacidade organizacional e como tomaremos o poder sem dinheiro. E isso acontece a exemplo de como já dominamos o cenário musical nacional sem dinheiro e sem ajuda da Globo.

ISSO É REVOLUÇÃO DE VERDADE, NÓS PODEMOS FAZER ISSO!

Em Curitiba e região Metropolitana está tudo errado, se esqueceram há tempos que não é mais aquela velha cidade somente para gringos. Curitiba é a minha e a tua Cidade, então deve ser a nossa casa também, temos direito e vamos conquistar esses direitos no voto, para lutar na garantia do acesso a moradia, trabalho alimentação saudável, transporte público (Passe Livre), e posto de saúde (em todos os bairros 24h), entre outros serviços e deveres que o Poder Público Municipal deve disponibilizar para seus habitantes.

Creio que esta pequena análise de conjuntura seja já o suficiente para percebemos de início que a política não é nossa inimiga, mas sim muitos políticos, que sempre fizeram política somente para os ricos. É desse ponto de vista que o Movimento Hip-Hop assim como a Nação Hip-Hop Brasil, pensa o seu projeto político para o Brasil. “Nós vamos para as cabeças” o maior projeto de guerrilha urbana é a tomada do poder, que sempre nos foi negado.

(Will Capa Preta, Militante do Movimento Hip-Hop em Curitiba).

“Por último não dá para misturar partes de um todo. O Hip-Hop sempre teve e sempre terá influência política, mesmo que o irmão diga que nisso ele não se envolve. Pois é a política que diz qual será o valor do seu CD, é uma política cultural que faz a música do Eminem e do 50 Cents chegar lá no Acre onde o rap do grupo de Brasília que é muito mais perto não chega. Relação perigosa do rap com a política é o cara cantar num palanque sem saber qual é a idéia do político que ele ta apoiando. Depois dos 15 minutos de fama, ele desce do palco todo malandrão dizendo que nem vai votar no cara. Aí sobe o KLB e faz um show por 50 mil. É extremamente necessário entender que hip-hop não é só cantar, dançar, graffitar, discotecar, vender discos, comprar ouro, pendurar no pescoço e andar de carro importado. Hip-hop é compromisso”.

(Aliado G Face da Morte).

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