sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Poesias e Pensamentos

O LOUCO

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
Aproxima-se mais à essência etérea.

Achou pequeno o cérebro que o tinha:
Suas idéias não cabiam nele;
Seu corpo é que lutou contra sua alma,
E nessa luta foi vencido aquele.

Foi uma repulsão de dois contrários;
Foi um duelo, na verdade insano:
Foi um choque de agentes poderosos:
Foi o divino a combater com o humano.

Agora está mais livre. Algum atilho
Soltou-se-lhe do nó da inteligência;
Quebrou-se o anel dessa prisão de carne,
Entrou agora em sua própria essência.

Agora é mais espírito que corpo:
Agora é mais um ente lá de cima;
É mais, é mais que um homem vão de barro:
É um anjo de Deus, que Deus anima.

Agora, sim - o espírito mais livre
Pode subir às regiões supernas:
Pode, ao descer, anunciar aos homens
As palavras de Deus, também eternas.

E vós, almas terrenas, que a matéria
Ou sufocou ou reduziu a pouco,
Não lhe entendeis, por isso, as frases santas,
E zombando o chamais, portanto: - um louco!

Não, não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria.
Pensa melhor que vós, pensa mais livre,
aproxima-se mais à essência etérea.
(Junqueira Freire)

Soneto para um lulismo sem sismo

Quem fala mal do Lula tem mordido
a língua. Eu, inclusive: se de amores
eu antes não morria, agora as dores
tomei dele e me rendo, convertido.

Reparo e, então, comparo. E me decido:
é Lula lá, apesar dos dissabores!
Bolsa-família, bolsa de valores,
vai tudo às maravilhas, sem partido.

Fez ele o que os rivais tucanos não
tiveram competência de fazer:
o mínimo do básico à nação.

Nem mesmo aboletar-se no poder
souberam, com seu dólar e apagão.
Que o Lula mais mandatos possa ter!

(Glauco Mattoso)

Anjo de uma asa só

eu o vejo
a semi caminhar
semi olhar
e semi voar
o desequilíbrio o impede
de ir além dos seus sonhos
além das planícies douradas
o sol poente se esconde e convida
mas ele não pode chegar
a sua asa está ferida
e sangra
o desequilíbrio é aparente...
vem meu anjo da-me a tua mão fria
juntos fazemos um par de asas
e ao encontro do poente iremos
enfim voar.

(Misk, Foz)


LOGO CEDO

Pela manhã um pouco fria, me sentei na calçada e, tão bela vista, me perdi em nenhum pensamento.
Foi quando soprou uma brisa que levou minha alma para um passeio.
Observei de perto o despertar dos raios de sol com suas retas perfeitas, ultrapassarem as nuvens escuras da noite.
Observei caras passando tão cedo... Em casas e caras tão fechadas.
Observei e me embalei na dança das folhas secas da calçada.
Observei de perto alguns pássaros voando como numa brincadeira de pega-pega.
Vi os raios de sol ganharem mais espaço para o despertar de um novo dia e me vi novamente na calçada.
Vi caras fechadas em casas trancadas em caixas trancafiadas, que não podem ver a beleza da vida. Perdendo assim a chance de se abrir.
Vi as folhas sumindo em meio ao luxo e ao lixo.
Não vi mais pássaros em meio aos prédios.
O que observei tive que guardar em minha caixinha, junto a todos os meus sentidos, depois de dividir com minha agenda. Pois quando quis falar estavam todos ocupados discutindo a cotação do dólar.

(Carol, Foz).


PARADOXO

Gosto
De vagar
Devagar
Pelo vagão
Da vida
Mas, tenho pressa
De perfeição


(Lizal, Foz).


CADA UM CADA UM

Toda pessoa tem seu caráter
E a sua forma de se expressar
Um jeito de receio
E uma forma de lutar

Todo ser tem uma defesa
Todo ser tem seu predador
E a sua presa

Todo ser tem uma experiência
Tem seu próprio costume
A sua sobrevivência
Seu hábito
Sua inteligência

Seu nicho ecológico
Seus alimentos
Seus bons momentos da vida
Seus sofrimentos

Um meio de comunicação
Um meio de ambição
Parentes paternos e maternos
Pai, mãe e irmãos

Teto solar
Como a lua
Lar não há mais
Filhos da rua

(Edson de Carvalho, Foz).

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