segunda-feira, 7 de setembro de 2009

9 ANOS NA LUTA

MINI MEGA EVENTO:



O Bairro Cidade Nova está localizado na região norte da cidade, nas proximidades da UNIOESTE. Esse bairro foi construído no ano de 1996 num processo de desfavelização da cidade de Foz do Iguaçu onde ocupações consideradas “áreas de risco” foram removidas. Desde esse processo a comunidade desse local está “desassistida”, carente de atividades culturais que envolvam crianças, adolescentes e jovens. Lembrando que o bairro conta com aproximadamente 12 mil moradores, e estes não contam com a mínima infra-estrutura como praça, campo de futebol, biblioteca, centro cultural, pista de skate, a população desse local não sofre somente com a falta de estrutura, devido o afastamento dessa população do centro da cidade não há a possibilidade que os mesmos participem dos eventos e atividades que se concentram na região central.

Em setembro de 2007 ativistas culturais ligados ao movimento Hip-Hop de Foz do Iguaçu organizaram o 1° Mini Mega Evento no bairro Cidade Nova. O evento começou na sexta-feira e terminou no domingo, reunindo 15 grupos de Rap. Aconteceu ainda nesse evento batalhas de Dança de Rua e Batalhas de Rima, grafite e apresentação de DJs. Os shows foram gratuitos e teve boa aceitação por parte da população. Para este ano de 2009, o evento foi ampliado envolvendo outros segmentos culturais como teatro, circo e cinema. Lembrando que o bairro Cidade Nova tem um histórico de violência entre os jovens e que a cultura é reconhecida como um grande instrumento de conscientização e transformação dos indivíduos, é de suma importância a realização de eventos como esse. E sabendo que a cidade aspira um diálogo entre sociedade e cultura, pedimos que a câmara de vereadores reconheçam a importância de atividades culturais voltadas a comunidade local, que não vise somente a atividade cultural para o comércio e turismo, assim pedimos o apoio das instituições representativas – eleitas para desenvolver ações em prol da sociedade – que apóiem essa iniciativa.

PIÃO DE VIDA LOKA:



A primeira e terceira sexta feira de cada mês a rapaziada se reúne na praça do Mitre para dançar break e fazer freestyle. O evento é organizado pelo Cartel do Rap e Companhia de Rua e está acontecendo a partir das 20:00hs.

O local já é conhecido pela galera, pois diversas vezes o Movimento Hip-Hop esteve em movimento naquela praça que também é conhecida como Praça das Nações. O local está se transformando num ponto de encontro da rapaziada que sai dos bairros, onde não tem praça, área de lazer e nem opções de acesso a cultura e vão manifestar-se num local público no centro da cidade. É uma forma de ocupar esse espaço que é do povo e que está abandonado e retomar as praças como espaço de convivência das diferenças transformá-la em um espaço de lazer e cultura.


TCC
Em 2008 o Movimento Hip-Hop de Foz foi tema de um Trabalho de Conclusão de Curso. O trabalho desenvolvido pelo estudante Danilo George Ribeiro é intitulado ‘As Muitas Faces de Foz do Iguaçu a Partir do Movimento Hip-Hop’. Danilo cursou História na Universidade Estadual do Oeste do Paraná em Marechal Cândido Rondon e aproveitou os feriados e fins de semana para viajar pra Foz e fazer a pesquisa de campo. Em dois anos de pesquisa e estudo adquiriu com os manos do Hip-Hop local grande material fonográfico e informativo, além de fotos e diversas entrevistas. Alguns dos bairros visitados para fazer as entrevistas foram: Cidade Nova, Favela do Queijo, Favela da Mosca, Favela do Cemitério, Jd. Lancaster, além de acompanhar os shows que estão em constante movimento pelos bairros.

Nas palavras do autor, o trabalho propõe discutir, numa perspectiva histórica, as linguagens que expressam práticas e relações socioculturais vividas a partir do Movimento Hip-Hop e da análise de Fanzines constituídas pelas articulações do Movimento Hip-Hop. Busca-se apreender dinâmicas tecidas pelas tensões e disputas vividas naquela realidade pela juventude das periferias que produzem outras significações de pertencimento, as quais conflitam com a memória hegemônica da cidade e as apropriações concedidas pela indústria do turismo. Dessa forma pretende-se perceber a cidade a partir do viver urbano da experiência periférica, no qual o movimento Hip-Hop aparece como possibilidade de expressões e narrativas desses sujeitos.

Segundo Danilo a pesquisa teve por objetivo abordar a constituição das periferias na cidade a partir da trajetória desse movimento. Nesse sentido, considerou o autor, que o Hip-Hop age como uma espécie de tradutor das expressões de memórias de moradores das periferias iguaçuenses, que de outras formas dificilmente se manifestariam.

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