segunda-feira, 7 de setembro de 2009

NEM TODO HIP-HOP SE CALOU

Hip-Hop Militante exige a retirada das tropas da ONU do Haiti.



O Hip-Hop brasileiro sempre se posicionou contra o imperialismo e contra as bases militares estadunidenses em outros países. Foi quem mais gritou contra a invasão do Iraque pelos Estados Unidos e também se manifestou em solidariedade a causa palestina. A respeito da ocupação do Haiti por tropas estrangeiras esperava-se que seria do mesmo jeito. O Haiti é um país latino-americano e esse país conseguiu sua libertação pela força do próprio povo. Uma revolta dos escravos iniciada em 1971 expulsou os franceses que escravizavam o povo haitiano, sendo reconhecida a sua independência no ano de 1804.

Apesar da revolução dos escravos, o Haiti foi alvo de vários golpes de Estado e de intervenções militares em defesa da manutenção de interesses estrangeiros associados às classes dominantes locais. Entre latifundiários e grandes burgueses, 3% da população, representada essencialmente por grandes empresários, forma a elite econômica que manda no país e submete à miséria o restante da população. Novamente o povo do Haiti se revoltou em defesa de sua sobrevivência, foi às ruas em grandes protestos, saques, fazendo até greves gerais. No início de 2004, aconteceu uma intervenção do governo dos Estados Unidos, forçando o então presidente (Aristide) a renunciar e deixar o país. O fato de o Brasil estar interessado em ocupar uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU faz com que esteja pronto a atender qualquer pedido daquela organização. O Brasil ocupou o Haiti em 2004 e lidera a operação que conta com tropas de mais 15 países.

Os interesses estrangeiros com a ocupação são representados pelos USA, que sempre acompanhou de perto os acontecimentos e exigiu que se adequasse o Haiti à receita imperialista subordinando-o aos organismos dos banqueiros internacionais. Um dos objetivos é controlar um país que está estrategicamente situado entre Cuba e Venezuela. E além disso, é muito interessante para o governo estadunidense a criação de mais um pólo de indústrias, onde corporações como Nike e Adidas possam produzir seus artigos esportivos pagando um salário de miséria aos trabalhadores.

Recentemente o rapper MV Bill apareceu no programa do Faustão, na Rede Globo defendendo a ocupação militar no Haiti. Isso abriu um grande debate no Movimento Hip- Hop brasileiro. Muitas organizações e grupos de Hip-Hop questionaram a veracidade dos depoimentos do referido rapper. Em reunião no Rio de Janeiro, organizações de Hip-Hop Militante decidiram realizar um ato unificado em solidariedade ao povo do Haiti. No período de 25 de agosto a 07 de setembro estará acontecendo um conjunto de atividades políticas e culturais em solidariedade a brava resistência do povo haitiano contra a ocupação das tropas da ONU liderada pelo Brasil. Esses eventos pretendem ser um marco político no Hip-Hop brasileiro que pela primeira vez em sua história consegue articular um ato nacional junto à juventude das periferias do Brasil com um caráter de solidariedade internacionalista.



(Grupo Teatral Arte em Si)


(Chileno que colou no Ato e participou com o grupo Versos de Honra. Viva a integração Latino Americana).

O Ato contou com Coletivos de Hip-Hop Militante de vários estados. Resistência Cangaço Urbano (CE), Coletivo de Hip Hop LUTARMADA (RJ), Movimento Hip Hop Organizado do Maranhão Quilombo Urbano (MA), Cartel do RAP (PR), Liberdade e Revolução (SP), Ministério das Favelas (MA) e Atividade Interna (PI). Além de shows e panfletagem o Ato contou com palestras e apresentação de vídeos mostrando todas as atrocidades que as tropas estão cometendo no Haiti.
Tudo foi filmado, fotografado e registrado, e todo o material será enviado para o Haiti e para organizações de direitos humanos e movimentos que repudiam a ocupação.


(Cartel do Break)

No Paraná quem ficou responsável foi o Coletivo de Hip-Hop Cartel do Rap, de Foz do Iguaçu. O Ato/Show foi organizado na Praça da Bíblia na noite de 29 de agosto. Além de apresentação dos grupos de Rap, rolou uma roda de Break, Poesia, e apresentação teatral com o grupo Arte em Si. Essa iniciativa mostra que nem todo Hip-Hop se calou e que nossos gritos aqui com certeza serão escutados por lá.


(Michael, CIA de Rua, participou do Ato).

Hip-Hop Militante unido por uma América-Latina unida contra o imperialismo!!!

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