segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

AS MUITAS FACES DE FOZ DO IGUAÇU (Por: Danilo Georges e Eliseu Pirocelli)

Magrão BZ, Arte Periférica Combativa.



Anderson da Chagas Bezerra, conhecido como Magrão Bz, tem 33 anos, nasceu em Santos e veio pra Foz do Iguaçu com 2 anos de idade. O pai trabalhava em construção civil e veio passando de cidade em cidade até chegar em Foz, com a esperança de trabalhar na usina de Itaipu. Morou na Vila A, seu pai trabalhava em uma empreiteira que prestava serviço pra Itaipu. Moraram por 10 anos na Vila A e depois foram morar no Jd. Belvedere. Quando se casou mudou para o Jd. Petrópolis e hoje vive no bairro Cidade Nova. Começou a ouvir Rap através de seu irmão que era Dj e tinha alguns vinil desse gênero musical. Os primeiros discos que ouviu foi Holocausto Urbano do Racionais Mc's, Pepeu (Rap nome de meninas) e Ndee Naldinho. Depois ouviu mais intensamente o álbum Sobrevivendo no Inferno do Racionais. “Eu também escutava muito som gringo, que influenciou bastante, Cypress Hill, Das Efex, não entendia as letras mas gostava dos instrumentais e do ritmo”.

Ele percebe a importância dos movimentos Punk e Hardcore na cidade que antecedeu o Movimento Hip-Hop. “A diferença é só o instrumental. O peso. O Hardcore também tem protesto no meio. Eu curti DFC e Detrito Federal de Brasília, falavam de política. A diferença é o peso na guitarra e bateria. A banda Tumulto de Foz, banda Punk, tinha um vinil bem loko e influenciou o rap e os sons de protesto de Foz. Antigamente, tinha um evento chamado Rock no Subúrbio e hoje a gente tem o Rap na Quebrada. Interessante a gente notar as influências”.

Magrão começou a cantar rap em 2000, junto com o Vinícius, Rafael, Ta ligado, Hugo, Titi, Marcelo, Caê. Cantaram no show do SNJ e Da Guedes que inaugurou a pista de Skate em Foz. Participou de alguns eventos de rap na “Lua”, um bar onde o DJ Caê discotecava na época e também na pista de Skate do Amarelo. Os ensaios rolavam na casa dos integrantes do grupo, no Cohapar, no Jd. São Paulo, na Vila Claudia. Também se reuniam na pista de skate onde sempre encontrava um pessoal fazendo um grafite, montavam equipamento, faziam um rap e um Freestyle. Magrão que já desenhava desde os 10 anos de idade, passou a desenvolver ali a arte do grafite, que pratica até hoje. Em sua caminhada já participou dos grupos Enquadro Verbal, Juventude Consciente, Aliados da Periferia, Vulgo PT, Arsenal Periférico e integrou o Coletivo de Hip-Hop Cartel do Rap. Hoje está com um trabalho solo, mais voltado pro Rap Gospel com o nome de Testemunho Verídico. “Gosto de falar de tudo, de tudo um pouco, né. Tipo, o que a gente vê a gente tem que ser o cronista da periferia, certo. Onde a gente sobrevive, aquilo que a gente vê que ta errado, a gente procura colocar nas letras. Tentar colocar de um modo que você ache uma solução praquilo. Porque você só falar, só ver o problema e não tentar achar uma solução pra ele...”. “Porque tem muita gente que ta escutando”. Ônibus lotado, moleques no farol, homem de muleta pedindo, gente carregando sacolas de lixo pesadas, enchentes, enquadros policial, tudo isso vai para as letras de suas musicas. “O rap veio pra levantar a auto-estima do pessoal que é discriminado. O pessoal de quebrada, o pessoal que vive na dificuldade, sabe. Isso é uma linha de frente da periferia que tem tudo pra ser positivo”.

Sempre atento aos caminhos que o Rap está seguindo, Magrão afirma não gostar do rap feito de maneira comercial, que segue mais a linha do rap norte americano, ele curte o som de enfrentamento e de pessoas que fazem primeiro por amor, depois pelo dinheiro. “Um cara que eu admiro pelo que aconteceu com ele e pelo que ele tem feito é o Cascão do Trilha Sonora do Gueto. É um cara que bate de frente, fala pra quem tem que falar, entendeu. O cara foi presidiário, ficou preso, saiu, hoje ta formado em advocacia, mas não é por isso que se elitizou. Continua sendo o Vida Loka que ele é”. “Você não pode levar o Rap de forma comercial. Tem que fazer ele pelo amor, se você for fazer o bagulho achando que vai ganhar dinheiro encima disso pode desistir”.

Magrão já trabalhou em construção civil, de servente de pedreiro, em mercado, no Paraguai carregando caixa e em dezenas de outras correrias. Questionado a respeito de o Rap falar bastante em suas músicas sobre o ladrão e não falar tanto do trabalhador, ele responde: “Pra se falar do trabalhador, primeiro tem que ter o emprego”.

Incentivo à cultura

“Em Foz falta incentivo pra cultura, em especial pra cultura Hip-Hop. Lá em Campo Mourão o SESC e a Secretaria de Cultura dão espaço pros manos fazer o movimento deles lá. Aqui em Foz do Iguaçu não se abre a porta”. “Se o Hip-Hop for respeitado como uma cultura, como uma cultura de rua, ser respeitado como um movimento cultural nacional, eu acho que isso vai gerar várias funções. O rap não é só você cantar, tem o lado do vestuário, tem o lado da divulgação, isso tudo gera trabalho. O movimento ia aumentar”.

Ausência do pai

“Geralmente, em muitas famílias de periferia o pai está ausente, né. Muitas vezes é a mãe que cria os filhos sozinha. Existem vários exemplos de mães que criam 03, 04 filhos sozinha, o pai abandona ou o pai é cachaceiro, vive nos botecos, não quer fazer a correria. A mulher sai pros corre, ela ta sempre buscando um apoio pros filhos. Eu como pai tento sempre dar o exemplo pros meus filhos, na medida do possível eu to sempre presente”.

Sonho:

“Poder divulgar um som, poder levar uma palavra que seja de refrigério pras pessoas, não quero elitizar nada, não quero fama, status nem nada, quero ser sempre o Mano Magrão, podendo levar o Rap pra vários lugares, várias quebradas, falando da palavra de Deus, pra mim aí já é o bastante. Poder divulgar no grafite. Futuramente, se Deus permitir aí eu fazer uma oficina de grafite, entendeu, essa aí é minha vontade pras crianças da periferia. Porque aqui nessa quebrada não tem nada, não tem um parque, não tem uma quadra, não tem um campo de futebol decente. As crianças é tudo ociosas mesmo, entendeu. Então se você tem algo pra colocar no lugar pras crianças poder desenvolverem alguma coisa, não só o grafite. Minha vontade é essa”.



“Esse daqui é mazela social, né, miséria. Isso daqui é comum se ver por aí, criança mesmo. Isso daqui representa o vazio, não só do estômago, mas do próprio corpo do ser humano por viver na miséria. Geralmente se vê por aí criança garimpando no lixo, e é o lixo geralmente da elite, né”.


“Esse daqui representa o Mc mandando a idéia. Nesse desenho eu coloco uma marca minha que é esse esfumaçamento aqui que significa como se fosse um vírus, o vírus da favela se proliferando por todos os lados”.


“Esse daqui são os elementos do Hip-Hop unidos fazendo o Movimento". "Na maioria dos meus desenhos está sempre presente os barracos da favela”.

Um comentário:

Anônimo disse...

REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA! 1parte
Viva Zumbi! Viva Che!Viva Hugo Chávez! Feliz 2010!
Conscientização Justiça Prosperidade Solidariedade
Fraternidade Amor Paz. Socialismo Quilombolivariano
Ao Nosso Povo Viva Brasil! Venceremos Feliz 2010!
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada a elite mundial, é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo este afro-ameríndio descendente vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosas quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT ,Record IURD,BAND e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc. Movimento Revolucionário Socialista QUILOMBOLIVARIANO

vivachavezviva.blogspot.com/

quilombonnq@bol.com.br
Organização Negra Nacional Quilombo
O.N.N.Q. Brasil fundação 20/11/1970
por Secretário Geral Antonio Jesus Silva


QUILOMBOLIVARIANO! Seja um, traga os manos e venceremos.