sexta-feira, 11 de julho de 2008

HIP-HOP NA FARTAL 2008

HIP-HOP NA FARTAL 2008

A FARTAL 2008 veio com novidades. Entre elas, a Noite do Hip-Hop, que rolou no sábado, dia 07 de junho, das 19:00 hs as 21:00 hs.

Sempre existiram no Movimento Hip-Hop, grupos de resistência, contra o Rap ocupar outros espaços fora da favela e essa resistência é importantíssima. Esse ano não seria diferente. Rendeu até um tópico em uma comunidade do ORKUT: “O que você acha do rap ta na FARTAL?”. A pesquisa causou polêmica no Movimento da cidade e dezenas de pessoas acessaram a página para deixar sua idéia a respeito do Rap ta participando de um evento que coincide com o dia do aniversário da cidade. Algumas idéias contra e outras a favor. Entre as mais expressivas estão Daniel LL: “aê tio na moral, o que temos pra comemorar lá?? o preconceito, o descaso a injustiça?? são vários mano que se vão a cada ano, isso é motivo pra comemorar?? penso eu que o rap é a música da favela, a nossa música, nossa música não ta aê pra ganhar prêmio no Grammy, ta aê pra fazer revolução, morô. Porém cada um tem consciência daquilo que faz entendeu. Mas é desse jeito tio, é como a rosa traz espinho morô, em todos os movimentos vai ter isso, porém, deixo claro meu respeito a todos. E a opinião vem de cada um; essa é a minha. Paz a todos. DEUS é mais!!”.
E Clan do Beco: “Então irmão, cada um é cada um, como já disseram antes. Respeitamos a opinião de todos. Eu sou a favor do Rap na Fartal, é uma porta que ta se abrindo pro Rap de Foz, pros Manos divulgarem a sua mensagem. É válido, mas nunca esquecendo das quebradas, porque ali sim estão os verdadeiros guerreiros... Salveee!!!”.

O Hip-Hop nasceu nas periferias, da necessidade de lutar por direitos humanos e por igualdade social. De início o movimento não se envolveu politicamente, mas se opôs ao capitalismo. Hoje várias organizações de Hip-Hop são também organizações políticas e têm rappers disputando o poder político, inclusive para prefeito. O Movimento ganhou as páginas de revistas e jornais e depois programas de televisão. E junto com tudo isso veio as críticas dos militantes: “O lugar do Rap é na favela; temos que criar nossas mídias independentes, porque se você for na televisão estará legitimando ela”. “O Rap tem que ocupar os meios de comunicação. Se o rap não for, o pagode vai, o funk e o sertanejo vão”. Muitos aceitam se apresentar em programas de televisão, desde que seja ao vivo, para os produtores não editar a matéria e levar ao ar só o que interessa para a emissora.
O certo é que faz tempo que o Rap ta na FARTAL: 2004 e 2005 (Zero Ponto Um), 2006 e 2007 (Quinto Naipe). O que diferenciou esse ano é que foram contratados oito grupos de rap, uma crew de break e um grafiteiro. “Quando a esmola é demais o Santo desconfia”, ainda mais em ano eleitoral.
Hoje o Rap e o Break ta nos teatros, o grafite nas galerias de arte, nos museus. Estamos sendo vistos por outros olhos que não sentiram na pele o que nós sentimos e ainda não nos acostumamos com isso. É muito estranho pra um Movimento que nasceu sabendo exatamente o que não quer, mas até hoje não sabe direito o que quer e como alcançar o que almeja. Então o debate é valido, só assim o Hip-Hop vai evoluir ideologicamente e chegar num consenso coletivo. Se os elementos do Hip-Hop não conversarem entre si, logo, logo pode desunir-se aquilo que o Afrika Bambaataa uniu na década de 70. A opinião de cada guerreiro - cantor ou ouvinte - é de suma importância.

RESPONDA:
- O que você acha do Hip-Hop ocupar outros espaços fora da Favela?

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