terça-feira, 15 de julho de 2008

Sobre a importância de nos verem fracos.

“Todos Juntos Somos Fortes Não Há Nada A Temer” (Chico Buarque)

Nós somos tão pequenos e inseguros que não confiamos na nossa força. Mas, ao mesmo tempo, somos tão grandes e imponentes que não conseguimos medir nossos passos. Nessa nossa dualidade, deixamos que um ventinho tolo e individualista apagasse nossa chama sem questionar. Nosso fogo, então, frágil e sem luz foi perdendo a força que tinha para resistir a imposições violentas e hipócritas. Nesta terra fria e apagada, que aprendemos a aceitar, muitas diferenças são inexplicáveis e inaceitáveis. São diferenças que nos agridem, porém não lhes atribuímos o nome de violência-palavrinha com um conceito bem amplo.

Para Pierre Bordieu, Sociólogo Francês, a violência pode ser conceituada como todo e qualquer ato de coerção de uma força sobre a outra, sem que seja percebida como tal por estar inserida nas tramas de relações de poder naturalizadas. Como, por exemplo, as pessoas que não podem assumir o que são; pessoas que são discriminadas pela sua cor; quando nos obrigam a ouvir e calar; se nos são negados subsídios básicos de sobrevivência como saúde, educação, moradia e cidadania. Quando nos ferem com sua selvageria, nos mostram como somos fracos e aceitando essa idéia não vemos soluções para nossos problemas.

Contudo, qual o interesse para nos verem apáticos e sem mobilidade? Eu penso que se nos chamam de fracos é por que sabem da força do nosso punho. Se nos chamam de incapazes é porque sabem da nossa capacidade de organização. E se somos tudo isso por que tanto medo? Eles sabem que vai chegar a hora em que cansaremos de ver as crianças nas ruas, que cansaremos de ser desrespeitados, que cansaremos de ficar pedindo esmola e que, finalmente, descobriremos a grandeza da nossa existência e da nossa importância na construção de um mundo mais justo.

(Carol é estudante de letras em Foz)

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