quinta-feira, 2 de abril de 2009

PROFESSOR MICHAEL E A COMPANHIA DE RUA

Michael Rodrigues, 38 anos, é professor de Break ou Dança de Rua em Foz do Iguaçu. Esse guerreiro dedicou quase toda a sua vida com a dança e é envolvido há 20 anos na cultura Hip-Hop. A sua infância foi marcada por grandes dificuldades, morou por dois anos em uma praça na cidade de Viamão-RS, sofreu muito nas ruas, mas sobreviveu: “Eu às vezes deitava num banco da praça, aí vinha um outro morador de rua e me expulsava, dizia que aquele banco era dele, eu não entendia como alguém podia ser dono da praça, com o tempo fui compreendendo, aprendi a me virar sozinho”. Além das praças morou em diversas quebradas em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, em todas trabalhou com a dança, já passaram mais de 1000 alunos nessas duas décadas.

Há nove anos reside em Foz do Iguaçu, a sua vinda pra Foz se deu no ano 2000, veio para a cidade por acreditar que aqui o Hip-Hop já estava estabelecido e via na tríplice fronteira uma grande oportunidade de se apresentar e percorrer outros países. Mas foi uma desilusão, pois nesse ano o movimento começava a dar seus primeiros passos na cidade, e percebeu que a relação de fronteira com outros países não se davam conforme idealizava, e se “propagandeia” por aí, dessa forma ajudou a construir e fortalecer o movimento, iniciando aulas de Break na Fundação Cultural. Trabalhou 3 anos na fundação, mas não viu boa vontade por parte da instituição, que no fim dos espetáculos pegava o material que tinha sido cedido para a dança, como roupas e toucas para a apresentação.

Michael deixa claro que prefere trabalhar com criança, “é mais fácil de moldar, o adolescente é complicado, muitas vezes faltam com o respeito” dessa forma se posiciona como educador, exige uma postura dos alunos, busca estabelecer uma conduta aonde os alunos, não devem beber nem fumar. “Eu passei diversas dificuldades na vida, nunca usei droga, não bebi, não fumei, não quero que um aluno meu vá para esse lado”.

Para ele a praxes não se separa da cultura Hip-Hop, o Hip-Hop aparece em sua fala como posição política “política não é só subir numa plenária e falar, política é agir na vida das pessoas, e entrar no seu cotidiano, no seu mundo”.

Quando chegou na cidade, no ano 2000, montou uma crew de break chamada Companhia de Rua. A princípio a idéia era que se chamaria Street Company, mas achou muito americanizado e resolveu procurar um nome nacional. A CIA de Rua apresentou-se por toda a cidade de Foz do Iguaçu além das cidades de Marechal Candido Rondon, Serranópolis e Campo Mourão. Também já apresentaram-se no Paraguai e na Argentina. Já passou pela crew mais de 200 dançarinos entre B.Boys e B. Girls, mas atualmente, buscando o lado mais profissional e compromissado está com apenas duas pessoas.




A dupla Michael e Sérgio Sena trabalham com oficinas. Michael trabalha na Casa do Teatro e Escola Osvaldo Cruz, Sérgio Sena trabalha na KLP e no Centro Comunitário da vila C, também está com um projeto para ampliação das oficinas que serão levadas para os colégios públicos do bairro. Michael ainda trabalha no CIAADI (Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Infrator), busca através do hip-hop passar alguns ensinamentos, para os jovens e por ter sido morador de rua enxerga nesse trabalho a oportunidade que não teve: “Quando morei na rua, ninguém falou pra mim de hip-hop, dança, eu fui buscando esse caminho, hoje quero levar esse caminho para muita gente”. Ele afirma que a mesma forma que trabalha com os meninos do CIAADI, é a mesma forma que trabalha com alunos de outros lugares, “eu falo a mesma coisa para todos, a idéia é a mesma, cobro a mesma postura”. Se personifica no Rap e defende o movimento perante a sociedade, muitas vezes para o espetáculo quando percebe algum olhar ou comentário que não o agrada. Sobre esse processo ele explica: “não sou mal, sou fiel ao movimento e defendo meu trabalho” e complementa: “Devemos conhecer o movimento, antes de formar alguma crítica”.

Michael ainda faz severas críticas ao próprio movimento hip-hop, na sua opinião, o movimento bate hoje muito na mesma tecla “a gente fala muito de polícia e política, por que ficar falando desses caras, eles não estão nem ai pra gente, então por que ficar falando deles”. Para ele é necessário, trazer novas abordagens, dessa forma garante que o hip-hop nos anos de 1990 estacionou.

Michael renuncia ainda o direito a memória que o foi negado se colocando como atuante do movimento desde meados dos anos 80, enquanto residia em Porto Alegre e lá o movimento começava a dar seus primeiros passos “teve mais de mil pessoas que construíram o movimento e só falam do Thaide e DJ Hum”. Michael sobrevive da dança e do movimento hip-hop, da forma difícil e precária que vive a maioria dos produtores culturais do país, dessa maneira ele continua sobrevivendo.

2 comentários:

Dannybela disse...

Eu gostaria mto de fazer aulas de hip hop,quais seriam os tramites.....tenho um grupo de dança, trabalho voluntaria em um projeto e ensino o pouco q sei de dança, gostaria de aperfeiçoar para ensinar esses adolescentes e crianças...obrigada!!

Dannybela disse...

Gostaria de fazer aulas de hip hop pra ensinar meus alunos de um projeto social onde ensino dança voluntariamnete.obrigada