quinta-feira, 2 de abril de 2009

SEMANA DA ARTE MODERNA - 87 ANOS

O ano de 1922 foi revolucionário no cenário artístico brasileiro. De 11 a 18 de fevereiro ocorreu em São Paulo no Teatro Municipal a Semana de Arte Moderna. O evento marcou época, pois mudou os conceitos artísticos: a poesia que antes era só escrita passou a ser declamada, a música que antes eram sem acompanhamento de orquestras sinfônicas foi apresentada por meio de concertos e as artes plásticas foram apresentadas em telas, esculturas e maquetes de arquitetura.
Capa de Di Cavalcanti para oCatálogo daExposição

O evento buscava a renovação da linguagem, a liberdade de criação e a ruptura com o passado apresentando uma arte moderna e inovadora. Os jovens modernistas negavam o academicismo nas artes. Por mais que estivessem influenciados pela arte européia, por tendências e movimentos como o Cubismo e o Expressionismo, eles buscavam esse novo formato tentando não perder o caráter nacional. Esse ano o Brasil comemorava o centenário da Independência, então os jovens modernistas tinham a idéia de se libertar das amarras que prendiam os artistas a padrões estrangeiros. A Semana de Arte Moderna se tornou um movimento pela Independência artística do Brasil.

Cartaz anunciando o último dia da Semana de Arte Moderna

O artista plástico Di Cavalcanti sugeriu o slogan: "uma semana de escândalos literários e artísticos, de meter os estribos na barriga da burguesiazinha paulistana". A imprensa da época ligada aos interesses da burguesia e a conservação dos bons costumes não cobriu o evento. Ele só teve publicação por parte dos participantes da Semana que trabalhavam em jornais como Mário de Andrade, Menotti Del Picchia e Graça Aranha. Os três eram conferencistas da Semana e depois das publicações suas idéias causaram grande alarde na imprensa.


Um dos cartazes da «Semana», satirizando os grandes nomes da música, da literatura e da pintura

Nessa época o contexto político-social brasileiro é também de muita agitação e mudanças. Várias crises na economia cafeeira abalaram o prestígio social da aristocracia rural paulistana. Expande-se a industrialização com conseqüente urbanização e maior mobilidade social. A pequena burguesia, que subira à cena política no início da república (1889), começa a dar sinais de inquietação. A grande burguesia se divide, com um segmento investindo na indústria nascente e hostilizando o segmento agrário que ainda controla o poder público.


Da esquerda para a direita: Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia, Oswald de Andrade e Helios Seelinger


Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade.Por ocasião da «Semana», Tarsila se achava em París e, por esse motivo, não participou do evento
E para inquietar ainda mais a burguesia brasileira da época, um mês depois da Semana da Arte Moderna, no dia 25 de Março é fundado no Brasil o PCB (Partido Comunista Brasileiro). É um partido de esquerda baseado nas ideologias de Karl Marx e Friedrich Engels e de organização baseada nas teorias de Lênin. O seu símbolo é uma foice e um martelo cruzados, simbolizando a união dos camponeses com os operários.

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