quinta-feira, 2 de abril de 2009

RAP E CAPITALISMO NÃO COMBINA

Saiba o que aconteceu no Espaço do Rap Paraná em Toledo.

O 1° DVD Espaço do Rap Paraná foi gravado em Toledo no dia 30 de agosto de 2008 no Ganesh Bar. Grupos de rap de todo o Paraná colou para se apresentar nesse evento que foi um marco na cena do Hip-Hop Paranaense. O salão encheu, mas muita gente ficou do lado de fora por ser menor de idade. No Ganesh Bar não pode entrar menor de 16 anos.

No dia 14 de março de 2009 rolou o evento para gravação do 2° DVD Espaço do Rap Paraná. O dono do Ganesh avisou o organizador do evento que para liberar os menores de idade teria que pegar um alvará e o bar só poderia funcionar até 00:30 hs. O organizador aceitou. Como o ingresso custava 10 reais ele foi pela lógica capitalista, quanto mais pessoas no evento, mais dinheiro no bolso. Menor de idade também paga ingresso, 100 pagantes a mais, 1000 reais a mais.

Até aí “tudo bem”.

O bar abriu as 21:30 hs e colou 20 grupos de Rap para cantar no evento. O primeiro grupo começou a cantar 22:00 hs. Qualquer pessoa em sã consciência perceberia que em 2 horas e 30 minutos não daria tempo de todos os grupos se apresentarem. Daria 7,5 minutos para cada grupo sem contar o intervalo de um grupo para o outro e os anúncios que rolam durante o show. Tem música de Rap que tem mais de 10 minutos. Muitos grupos não aceitaram cantar uma música somente, porque viajaram de muito longe. Um grupo cantou 2, outro 3, outro 4, outro 5 músicas, o que indignou o Mc Anderson de Cascavel que disse que o lema do Rap é “Paz, Justiça, Liberdade e Igualdade”. Protestou contra o direito de um grupo cantar mais músicas que o outro.

Resumindo:

Depois de muita insistência o dono do bar deixou o evento rolar até as 02:00hs da manhã, mas mesmo assim ficou 5 grupos sem se apresentar. Aí começou os protestos. A galera que vieram de excursão para incentivar os grupos de sua cidade começaram a protestar com gritos de guerra. No cartaz anunciava também uma super balada com os melhores DJs da região e algumas pessoas começaram a cobrar isso; outras pediam a devolução do dinheiro. O organizador do evento se escondeu e quem pagou o pato foi a galera que trabalhou no evento, o apresentador, os técnicos de som e os cinegrafistas, que tiveram que ouvir os xingamentos. Trinta minutos depois os ânimos se acalmaram e a galera foi se retirando aos poucos.

Apesar de todo esse constrangimento o show foi bom, até as 2 da manhã a galera curtiu, cantou, dançou e se divertiu. É até muito interessante esse protesto, mostra que os manos estão espertos e reivindicam seus direitos. O melhor foi que não rolou violência, ninguém se agrediu fisicamente, ninguém se machucou, ninguém trocou soco com ninguém.

No final terminou tudo bem, com um Freestyle do lado de fora, ao som do violão e do beat box. Uma confraternização com sorrisos, aplausos, abraços e rimas. Ótimo que terminou bem, mas poderia ter acabado em tragédia. Não podemos deixar que a ganância pelo dinheiro cause capítulos como esse.

Os manos que fazem o rap, que gravam cd, que ensaiam, que viajam para se apresentar nos eventos em outras cidades têm mais valor do que o dinheiro e merecem respeito.

Capitalismo e Rap não combina.












Um comentário:

Anônimo disse...

nos prestigiamos o evento e presensiamos a falta de responsabilidade do produtor e total iguinoransia.